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Petição pública propõe substituição da estátua de Borba Gato por uma de Tereza de Benguela

(FOTO/ Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor

Um abaixo-assinado organizado pela vereadora Luana (PSOL-SP) propõe a substituição da estátua de Borba Gato que foi queimada durante a manifestação pelo "Fora Bolsonaro" no último dia 24 de julho, em São Paulo, por uma da líder quilombola Tereza de Benguela.

Na descrição do documento, há a justificativa de que a estátua do colono, bandeirante e escravagista é uma homenagem absurda e desde então os “movimentos sociais, negros e indígenas, à técnicos de preservação do patrimônio, juristas, historiadores e outros profissionais defendem que a história deve ser contada como ela realmente foi, e não com homenagens em praça pública aos algozes do povo brasileiro” e que por isso a defesa da substituição se faz necessária.

Rainha Tereza foi uma mulher negra escravizada que se tornou líder quilombola. No século XVIII, enfrentou os genocidas e escravocratas para acolher e defender negros e indígenas perseguidos e escravizados, até ser morta pelo Exército Colonial em 1770. O Quilombo do Piolho (também conhecido como Quariterê), abrigava mais de 100 pessoas, sendo este apenas uma das diversas experiências de resistência afro-indígena do nosso país”, diz o abaixo-assinado. “Tereza de Benguela ficou eternizada como símbolo da força das mulheres deste território, relembrada nacional e internacionalmente no dia 25 de julho, dia das mulheres negras, latinas e caribenhas”, complementa.

Na petição que está disponível para assinatura (clique aqui para assinar), tem ainda a defesa do debate que é “falar da vida do povo trabalhador que construiu esse país nas costas e não aceitar mais que os assassinos do nosso povo sejam homenageados em praça pública.”

Saiba mais sobre Borba Gato clicando aqui.

Liderança quilombola, Tereza de Benguela lutou contra o patriarcado no século 18

 

(FOTO/ Reprodução).

Desde 2014, o Brasil celebra, no dia 25 de julho, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Conhecida também como Rainha Tereza, a líder quilombola representa um símbolo na luta contra o racismo e o patriarcado do século 18.

Assim como parte do apagamento da contribuição dos povos africanos no Brasil, há poucos dados históricos sobre a vida de Tereza. Historiadores acreditam que ela tenha nascido na Angola, outros apontam o Brasil como o seu local de nascimento. O que se sabe é que Tereza foi uma mulher escravizada que, junto com o marido José Piolho, eram os representantes do Quilombo do Quariterê, (1730-1795), no Vale do Guaporé, atual estado do Mato Grosso.

Há quem acredite que ela só comandou o quilombo após a morte do marido, que foi assassinado por colonizadores. O fato é que Tereza foi uma revolucionária e adotou um sistema de organização responsável por manter o quilombo, que abrigou negros e indígenas por duas décadas. Informações do Anal de Vila Bela, de 1770, indica que o Quilombo do Quariterê funcionava em modo de Parlamento, tendo uma divisão política destinada para a administração, manutenção e segurança dos mais de três mil moradores da comunidade.

Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais, Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo", diz um trecho do documento.

Sob o comando da Rainha Tereza, o sustento dos quilombolas vinha da agricultura. A comunidade também produzia algodão para a confecção de tecidos, que eram trocados em feiras por armas e equipamentos utilizados na proteção da comunidade contra os invasores colonizadores.

Visionária, Tereza sabia que essa estrutura seria responsável por manter o Quilombo, que resistiu sob a sua liderança até 1770, quando ela foi presa e morta pelos colonizadores Bandeirantes. Uma outra versão é de que ela teria se matado após a prisão. O que não muda é que o final trágico marca a trajetória de uma mulher que morreu sob as terras do Brasil Colônia com um único objetivo: proteger os seus na busca pela liberdade.

O legado de Tereza de Benguela mostra como a organização de uma mulher preta é capaz de inverter toda uma estrutura sociopolítica. A história dessa mulher negra, líder e guerreira, se traduz na fala da filósofa norte-americana Angela Davis, que diz: "Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela".

A vida e morte da Rainha reverbera até os dias atuais, tanto que, em 1992, mulheres negras latinas e caribenhas se reuniram, pela primeira vez, na República Dominicana como um levante contra todo tipo de opressão e racismo que atingem a comunidade negra. O Brasil, local da vida e morte de Tereza de Benguela, só incluiu o dia 25 de julho, data da celebração de Tereza, na agenda nacional em junho de 2014, durante o governo da presidenta Dilma Rousseff.

Em 1994, a escola de samba Unidos do Viradouro fez uma homenagem a Tereza de Benguela durante o desfile de Carnaval, que teve como tema: "Tereza de Benguela: Uma Rainha Negra no Pantanal". No ano passado, a Barroca Zona Sul fez um volta triunfal após 15 anos com a história da líder quilombola no enredo "Benguela… A Barroca Clama a ti,Tereza". Escute abaixo:

             

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Por Dindara Ribeiro, no Alma Preta.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Tereza de Benguela


A presidente Dilma Rousseff sancionou, no dia 2 (dois) de junho, a Lei Nº 12.987, que instituiu o 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e também da Mulher Negra. A lei que já tinha sido aprovada em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça – CCJ da Câmara dos Deputados em 1º de junho teve sua publicação no Diário Oficial da União no dia 3 (três).

Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 índios. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770 – alguns dizem que a causa foi suicídio; outros, execução ou doença.

Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era cultivado o algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos. Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros.

Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entravam os deputados, sendo o de maior autoridade, tido por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais. Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executavam à risca, sem apelação nem agravo” (Anal de Vila Bela do ano de 1770)

Após ser capturada em 1770, o documento afirma: “em poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe cortou a cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou para memória e exemplo dos que a vissem”. Alguns quilombolas conseguiram fugir ao ataque e o reconstruíram – mesmo assim, em 1777 foi novamente atacado pelo exército, sendo finalmente extinto em 1795.

Injustiças centenárias

Números do IBGE apontam que ser mulher negra no Brasil significa sofrer com uma intensa desigualdade, como no campo profissional por exemplo. 71% das mulheres negras estão em ocupações precárias e informais, contra 54% das mulheres brancas e 48% dos homens brancos. O salário médio da trabalhadora negra continua sendo a metade do salário da trabalhadora branca. Mesmo quando sua escolaridade é similar à escolaridade de uma mulher branca, a diferença salarial gira em trono de 40% a mais para esta.

A história da “Rainha” foi relembrada em 1994 pela escola de samba Unidos da Viradouro no samba-enredo “Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal”.






Sancionada lei que institui dia nacional da mulher negra


A presidente Dilma Rousseff sancionou, no último dia 2 (dois) de junho, a Lei Nº 12.987, que instituiu o 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e também da Mulher Negra. A lei que já tinha sido aprovada em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça – CCJ da Câmara dos Deputados em 1º deste mês teve sua publicação no Diário Oficial da União no dia 3 (três).

Segundo informações da Agência Câmara de Notícias, o deputado Evandro Milhomen (PCdoB – AP), relator do projeto, sustentou que “Tereza de Benguela foi uma líder quilombola que viveu no Mato Grosso do Sul. Sob sua liderança, o Quilombo Quariterê resistiu à escravidão por duas décadas, e sobreviveu até 1770.

A ex-senadora e autora do texto Serys Slhessarenko destacou, conforme a Agência que, o Brasil era o único país da América Latina que ainda não comemora o Dia Internacional da Mulher Negra em 25 de julho. “É preciso criar um símbolo para a mulher negra, tal como existe o mito Zumbi dos Palmares. As mulheres carecem de heroínas negras que reforcem o orgulho de sua raça e de sua história”, frisou.

A comissão aprovou também o PL 5371/09, da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), em análise conjunta, que inclui, no calendário comemorativo nacional, o dia 25 de julho como Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

Conheça um pouco de Tereza de Benguela

Teresa de Benguela chegou a liderar durante o século XVIII o quilombo Quariterê, localizado no Mato Grosso e agregou negros, brancos e indígenas para defender esse espaço por muitos anos. Ela é tida como uma rainha e heroína em virtude de sua bravura na luta pela causa negra

No momento em que o Movimento Negro se revigora nessa luta constante, não se pode deixar de reconhecer as grandes contribuições de outrem. Então, viva Teresa de Benguela! Viva a mulher negra.