(FOTO | Bernardo Guerreiro | PSOL). |
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) decidiu compor a base do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no parlamento. De acordo com a deliberação da reunião do Diretório Nacional da legenda ocorrida neste sábado (17), em São Paulo (SP), a agremiação não indicará nomes ao novo governo, mas se filiados forem convidados, poderão assumir cargos a partir de 2023. Durante o encontro também foi realizado um balanço eleitoral do desempenho da legenda no pleito de 2022.
Para Juliano Medeiros, presidente nacional do partido, o resultado da reunião foi bastante positivo. “Conseguimos ajustar as diferenças internas no PSOL e reafirmar nosso apoio ao governo Lula para reconstruir o Brasil. Ao mesmo tempo, manteremos nossa essência combativa em defesa das políticas de justiça social, ajudando o novo presidente a entregar um país melhor para todos daqui quatro anos”, afirmou o dirigente.
Na parte da manhã a direção fez um balanço do desempenho da sigla nas eleições 2022 que "reconhece o grande acerto político do PSOL em compor a coligação que elegeu Lula presidente desde o primeiro turno das eleições, o que fica comprovado com o acirrado resultado da eleição presidencial". A resolução também comemora o crescimento da legenda, que assume a condição de "segundo maior partido de esquerda do país, com a maior bancada parlamentar de sua história".
Polêmica
O período da tarde foi reservado à polêmica decisão sobre compor ou não a base do governo Lula no parlamento e sobre a própria participação do PSOL na nova gestão. Quadros psolistas já vinham participado do governo de transição e há cerca de 10 dias o presidente do partido, Juliano Medeiros, já havia declarado não acreditar que o PSOL viraria as costas para um governo que ajudou a eleger, embora tivesse reforçado que a decisão seria tomada na reunião do diretório.
A coordenadora da bancada da agremiação na Câmara, deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), entretanto, defendia a tese de independência, ou seja, de que o partido não devia compor a base da gestão Lula, e acreditava que a posição teria maioria na reunião deste sábado. "A gente quer ter liberdade para se posicionar como o PSOL sempre se posicionou, como a ala à esquerda no Congresso Nacional, e vocalizar pautas que a gente sabe que ninguém vai pautar", disse Sâmia na ocasião. A posição ainda tinha apoio dos também deputados federais Talíria Petrone (RJ), Glauber Braga (RJ) e Fernanda Melchiona (RS).
Tese derrotada
A posição da parlamentar, entretanto, não obteve maioria na reunião deste sábado. O PSOL decidiu compor a base do governo Lula no parlamento, ou seja, seguirá orientação de voto na Câmara. Isso não significa que os deputados e deputadas do partido não possam divergir pontualmente, mas a liderança manterá articulação com a base do governo no parlamento, compondo a bancada governista. Medeiros argumenta que a sigla pode manter sua autonomia mesmo integrando a base do novo governo.
A resolução da legenda também garante a possibilidade de participação de quadros do PSOL no governo Lula, caso filiados sejam convidados a assumir cargos. A participação na administração ficou condicionada ao licenciamento do filiado ou filiada de funções de direção que ocupe no partido. "Destacamos que o PSOL preserva sua autonomia de organização e , portanto, os filiados que, no caso de convidados, optem por ocupar funções no governo federal, devem se licenciar dos espaços de direção partidária. A eventual presença nesses espaços não representa participação do PSOL", diz o texto aprovado.
Um dos principais quadros do PSOL, a liderança indígena Sônia Guajajara, é cotada para assumir o Ministério dos Povos Originários. Seu nome, inclusive, consta na carta aberta ao presidente eleito Lula enviada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em que são sugeridos três possíveis nomes para comandar a pasta.
Narrativa
Alguns integrantes da ala que era contra o apoio divulgam a decisão como vitoriosa. "Diretório nacional do PSOL acaba de decidir não compor cargos no governo Lula. Não precisamos de cargos para defender medidas a favor do povo. Por outro lado, nossa independência é fundamental para enfrentar a extrema direita e o centrão", escreveu a deputada Fernanda Melchionna, que ainda completou "Nossa melhor contribuição é lutar por uma nova correlação de forças a favor dos trabalhadores e trabalhadoras e manter a defesa de um programa anticapitalista!".
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Com informações da Revista Fórum.
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