Pessoal,
desculpe-me a insistência. O Brasil passa por um dos momentos mais difíceis dos
últimos tempos. Penso que é mais que oportuno expor algumas ideias que não é o
meu desejo atingir ninguém na sua moral, mas tão somente convidá-los/as a
refletir.
A história é
fascinante porque é ela que nos permite perceber algo que muitas outras
disciplinas não nos outorga, até porque é dela - história e, portanto, dos
profissionais que a ela se dedicam - fazer esse tipo de trabalho, qual seja,
pensar, analisar, refletir e agir sobre as ações do homem no tempo.
É dever nosso,
portanto, se perguntar o porquê de tantas ausências de quem tem mais a
contribuir nesse desastroso cenário que foi minado e que foi concluído com
desrespeito a vontade da maioria da população no processo eleitoral, com a
afronta à constituição federal de 1988, colocando em risco a nossa nova e frágil
democracia. Falo de engenheiros (as), advogados (as), juízes (as), arquitetos (as),
médicos (as), professores e professoras, até mesmo aqueles que por força maior
não estão em sala, mas pela formação é professor, é professora.
Muito
pouco se viu desses profissionais em relação a se manifestarem acerca do
processo de afastamento da presidenta Dilma Rousseff (PT). Seja a favor ou
contra. Martin Luther King disse certa vez “O
que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos,
dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons”.
Levemos ao pé da letra esse chamamento do Luther King e logo perceberemos que não
é se omitindo dos debates que o Brasil irá melhorar. Não. Muda-se com atitude,
com ação e isso só ocorre com formação de opinião. É preferível que você fale,
emita sua opinião, pois nenhuma nação se faz no silêncio. Paulo Freire afirmou “não é no silêncio que os homens se fazem,
mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”.
Foi por nos manter no silêncio que o Brasil ficou durante muito tempo refém de
Portugal. Foi por nos mantermos no silêncio que nosso país passou por vários processos
de sucateamento da máquina pública e, por tanto, por momentos de torturas
físicas e mentais – a legalização da escravidão, o estado novo e o regime civil-militar
dão uma dimensão do que ora falo.
Foi
por grande parte de profissionais se ausentarem do debate, não se mobilizarem
na organização popular que estamos passando mais uma vez por um período em que
a democracia conquistada a duras penas está correndo sérios riscos de ser destruída.
Mas ainda é tempo. Não basta ter certificados e mais certificados se o
conhecimento não é compartilhado. Anos e anos de estudo se tornarão apenas
papeis sem serventia a sociedade e tão somente o reforço de ego profissional. Um ignorante
sem acesso à educação é fácil entender e isso pode ser resolvido com acesso à
escola, mas o ignorante alfabetizado é triste. Costumo sempre dizer tu podes
ter mestrado, doutorado ou phd, mas se não utilizas o conhecimento adquirido
para desenvolver a capacidade crítica nas pessoas e não se posicionar ante aos
fatos continuará sendo um IGNORANTE.
Não
podemos ficar inerte vendo tudo acontecer e ficar alheio. Me entristece muito
perceber que estamos à beira de um caos e muitos ausentes, como se estivesse em
outro pais. Muitos ainda não acordaram para a vida e talvez quando acordarem
pode ser tarde demais. Muitos ainda estão na condição do que fala a música do
Zé Geraldo que abaixo reproduzo alguns trechos:
“Enquanto esses comandantes loucos ficam por
aí
Queimando pestanas organizando suas
batalhas
Os guerrilheiros nas alcovas
preparando na surdina suas
Mortalhas...
A cada conflito mais escombros
Isso tudo acontecendo e eu aqui na
praça
Dando milho aos pombos
Isso tudo acontecendo e eu aqui na
praça
Dando milho aos pombos....”
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Imagem puramente ilustrativa/Divulgação. |