Mostrando postagens com marcador Democratização da Mídia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Democratização da Mídia. Mostrar todas as postagens

Democracia Midiática: Globo detém, sozinha, 35% de verba publicitária



Não se pode falar em democracia midiática se um dos requisi
tos que propicia isso é monopolizado
O dia 11, próxima quinta-feira, entrará para a história como um dos atos mais emblemáticos no Brasil. Na oportunidade, os trabalhadores irão para as ruas em todo o país e movimentos sociais vão realizar um ato contra o monopólio da Rede Globo em cinco estados. São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul e Sergipe se mobilizarão a favor da democratização dos meios de comunicação.

Cerca de 70% das verbas publicitárias repassadas aos principais veículos de comunicação durante os 18 meses do governo Dilma, a Rede Globo, sozinha, arrematou 35% destes recursos. Além disso, a empresa de comunicação detém poder de veto na definição dos canais da NET e da SKY, que possuem 80% do mercado midiático nacional.

Vale registrar que esse domínio e monopólio midiático travestido de Rede Globo não são de agora, mas faz-se necessário cobrar iniciativas urgentes para a tão sonhada democratização midiática.

Mesmo disposto a ouvir as vozes roucas do povo nas ruas, fato notoriamente percebido pelos pactos propostos pela presidenta Dilma, algo louvável, embora haja resistência da classe política partidária conservadora, o mesmo não se pode dizer de boas intenções e, ou de preocupações do palácio do planalto quando o assunto em pauta é a sadia crítica ao monopólio da comunicação. Afinal, nenhuma resposta foi dada pelo governo federal, uma vez que os cinco pactos lançados, no dia 24 de junho, como equilíbrio fiscal, mobilidade urbana, saúde, educação e reforma política, esta última enterrada via plebiscito pelos conservadores de plantão, em nada interferem na concentração que marca o sistema midiático brasileiro.

Outro exemplo claro disso foi o anúncio de outras medidas, no dia 1º de julho, onde a presidenta, tão logo se reuniu com a equipe ministerial, se recusou a discorrer sobre o assunto que mexe com os grandes setores empresariais de comunicação.

A democratização da mídia é assunto pra já e precisa ser discutido de forma clara e com a participação da sociedade civil em todos os espaços sociais deste país.  Não se pode falar em sociedade democrática se um dos requisitos que propicia isso é monopolizado.


Texto da Redação do INFORMAÇÕES EM FOCO

Em Fortaleza e no Rio, manifestantes protestam contra a Globo e o monopólio da mídia






Um grupo de pessoas do Centro de Estudos de Mídia Barão do Itararé, no Rio, se reuniu e conseguiu realizar uma manifestação para protestar diante da TV Globo, na rua Lopes Quintas, Jardim Botânico, por causa da sonegação fiscal de milhões de reais na compra dos direitos da Copa de 2002 e pela proposta de lei de iniciativa popular de democratização da mídia. Como já era de se esperar o evento foi vigiado de perto por seguranças/policiais não identificados, mas não foi divulgado.

“Foi uma manifestação pacífica, mas com muito sangue nas veias! Não quebramos nada, mas xingamos. Ah, como xingamos! Imagine mil pessoas na porta da Globo mandando o Merval e Jabor pra aquele lugar. Imagine mil pessoas ouvindo discursos sobre o mensalão que a Globo levou dos Estados Unidos para apoiar o golpe de 64. Imagina mil pessoas exigindo que o Ministério Público investigue a sonegação bilionária da Vênus Platinada”, era o que ecoava entre os que protestavam.
Evento diante da TV Verdes Mares, afiliada da Globo em
Fortaleza. Foto divulgada por Daniel Pearl Bezerra

O microfone era aberto. Qualquer um que se inscrevia, podia falar, caracterizando o caráter genuinamente democrático da manifestação. Diferente de algumas recentes onde só diretores de Ongs tem voz…

Importante: foi uma manifestação com foco. Uma coisa é reunir 20 mil pessoas numa manifestação esquizofrênica, com um grupo pedindo a volta da ditadura, outro pedindo o anarquismo, outro espancando militantes partidários, outro pedindo socialismo, outro pedindo “bolsa Louis Vitton”. Não. Eram mil pessoas com um foco: protestar contra a Globo, contra o monopólio da mídia.
O refrão mais cantado foi o mesmo que esteve presente nas grandes manifestações, mas que a grande mídia, naturalmente, escondeu:
“A verdade é dura! A Globo apoiou a ditadura!”
Claudia de Abreu, coordenadora da Frente Ampla pela Liberdade de Expressão (Fale-Rio), um dos movimentos sociais que lideram os debates sobre democratização da mídia no estado do Rio, fez belíssimos discursos, sempre pontuando que não estávamos ali para uma catarse emocional, mas preparando ações concretas para acabar com o monopólio da grande mídia.
Miguel do Rosário, do O Cafezinho, arguiu que a ficha criminal da Globo vai muito além dessas estrepulias em paraísos fiscais. “A Globo cometeu crimes históricos contra o Brasil. Lutou contra a criação da Petrobrás. Fez parte do golpe que levou ao suicídio de Vargas. Consolidou-se financeiramente, com dinheiro estrangeiro de um lado, e de golpistas internos, de outro, sobre o cadáver da nossa democracia. Essas coisas têm de ser ensinadas no colégio, para que nossas crianças, adolescentes e jovens parem de sofrer lavagem cerebral dos platinados”, completou.
Quantos milhões de brasileiros não deixaram de se alimentar porque a Globo patrocinou e sustentou um golpe de Estado que interrompeu o processo de modernização democrática que apenas se iniciava com João Goulart?
Quantos milhões de brasileiros foram humilhados pela miséria, pela fome, pela falta de escolas, hospitais e emprego, para que a família Marinho se tornasse uma das mais ricas do mundo!
O ministro Paulo Bernando também foi alvo dos manifestantes. Todos muito indignados com a gestão reacionária, entreguista e covarde do Ministério das Comunicações. Sua recente entrevista a Veja, tentando dar uma facada nas costas dos movimentos que defendem a democratização da mídia, foi a gota d’água. A incompetência da ministra Helena Chagas que não propõe à presidenta a abertura de uma mísera conta de twitter, deixando a direita midiática pautar a agenda política nacional, também foi muito questionada pelos manifestantes.
O momento alto do evento foi quando centenas de pessoas levaram uma fita listrada e “lacraram” a Rede Globo, numa alusão ao que a Polícia Federal costuma fazer com as pequenas rádios comunitárias acusadas de alguma mísera irregularidade burocrática. A Globo pode dever bilhões, pode fraudar, e ninguém faz nada. Os manifestantes fizeram simbolicamente. Lacraram a TV Globo.
A quantidade de policiais era impressionante. Havia mais PM na porta da Rede Globo do que protegendo a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro naquela manifestação que terminou em depredação da Alerj. Mais do que em frente à sede do governo. A gente conversou com o major, explicamos o programa da nossa manifestação e nos comprometemos a não deixar nenhum “infiltrado” cometer atos de violência. Mas fizemos questão de pontuar, ao microfone, que o pior vandalismo no Brasil vem das Organizações Globo. Um vandalismo informativo, moral e político. Alguns garotos irresponsáveis quebraram alguns vidros da Alerj. Depredaram uma ou duas cadeiras. A Globo, ao apoiar o golpe de 64, ajudou a destruir os alicerces de todas as assembléias legislativas do país, inclusive da principal, em Brasília.
Houve muitas cantorias. Uma das mais fortes, mais emocionantes, foi “Amanhã vem mais! Amanhã vem mais! Amanhã vem mais!”, que deve ter feito os platinados tremerem com a possibilidade de trazermos dezenas ou mesmo centenas de milhares de pessoas para protestar à sua porta, e à porta de todas as suas filiadas Brasil à fora.
Foram distribuídas quase quinhentos exemplares da revista Retrato do Brasil, do jornalista Raimundo Pereira, que denuncia, com fartura de documentos, a farsa do mensalão, outro golpe patrocinado pela Globo. Vale lembrar que a Globo, aliada a forças obscuras, tem procurado manipular o sentido dos protestos para pressionar o Supremo Tribunal Federal a agir ao arrepio da Constituição. A Globo, além de sonegadora, é adepta de linchamentos – de seus adversários, é claro.
Os manifestantes saíram satisfeitos com o resultado do ato. O deputado Protógenes Queiroz deu as caras e se dispôs a criar uma CPI da Globo e os presentes afirmaram que dariam apoio, mas que, dessa vez, tinha que ser pra valer. Não adianta só colher assinaturas. Tem de ser efetivamente criada e conduzida com coragem, não por nenhum “Odarelo”.
Mais importante que tudo, porém, é que foi produzido um ato político que por si só pode ajudar a conscientizar as pessoas de que a concentração da mídia, do jeito que existe no Brasil, representa um perigo à estabilidade democrática. Porque a mídia é golpista, reacionária e anti-trabalhista, de um lado; e detêm um poder financeiro monstruoso, de outro. A concentração apavorante da mídia brasileira em mãos de meia dúzia de herdeiros da ditadura é uma anomalia que os amantes da democracia devem combater com todas as suas forças.
A presidenta Dilma tem de entender que, se não combater a mídia golpista, não vai conseguir fazer o Brasil avançar. A mídia já está patrocinando greves patronais de caminhoneiros, possivelmente está em conluio com alguns industriais para sabotar a economia, tenta manipular o sentido das manifestações, tudo para trazer a direita de volta ao poder em 2014. O plebiscito proposto pela presidenta, por exemplo, pode vir a se tornar um tiro no pé sem uma nova e mais ousada estratégia de comunicação, e sem um contraponto decente à Globo. A Vênus Platinada, que é a líder do principal partido conservador, quer enterrar o plebiscito, para desmoralizar o governo. Ou então levá-lo adiante, mas dominar o debate, fazendo aprovar seus itens mais nocivos ao povo, como o voto distrital.
Veja mais:
Democratização da Mídia: Movimentos de comunicação marcam ato na sede da Rede Globo

Via Viomundo/O Cafezinho com adaptações

Democratização da Mídia: Movimentos de comunicação marcam ato na sede da Rede Globo



O protesto deve ser realizado na próxima quarta-feira(3)
A ideia é aproveitar a efervescência política para pautar a
democratização da mídia
Movimentos que defendem a democratização dos meios de comunicação realizaram na noite de ontem (25) uma plenária no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo, para traçar uma estratégia de atuação. A ideia é aproveitar o ambiente de efervescência política para pautar o assunto. Concretamente, cerca de 100 participantes, decidiram realizar uma manifestação diante da sede da Rede Globo na cidade, na próxima quarta-feira (3).

A insatisfação popular em relação à mídia foi marcante nas recentes manifestações populares em São Paulo. Jornalistas de vários veículos de comunicação, em especial da Globo, foram hostilizados durante os protestos. No caso mais grave, um carro da rede Record, adaptado para ser usado como estúdio, foi incendiado.

Na plenária de ontem, o professor de gestão de políticas públicas da Universidade de São Paulo, Pablo Ortellado, avaliou que os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, a revista Veja e a própria Globo, por meio de editoriais, incentivaram o uso da violência para reprimir os manifestantes. Mas em seguida passaram a colaborar para dispersar a pauta de reivindicações que originaram a onda de protestos, ao incentivar a adoção de bandeiras exteriores à proposta do MPL – até então restrita à revogação do aumento das tarifas de ônibus, trens e metrô de R$ 3 para R$ 3,20.

Os movimentos sociais, no entanto, ainda buscam uma agenda de pautas concretas para atender a diversas demandas, que incluem a democratização das concessões públicas de rádio e TV, liberdade de expressão e acesso irrestrito à internet.

“Devíamos beber da experiência do MPL (Movimento Passe Livre) aqui em São Paulo, que além de ter uma meta geral, o passe livre, conseguiu mover a conjuntura claramente R$ 0,20 para a esquerda”, exemplificou Pedro Ekman, coordenador do Coletivo Intervozes. “A gente tem que achar os 20 centavos da comunicação. Achar uma pauta concreta que obrigue o governo federal a tomar uma decisão à esquerda e não mais uma decisão de conciliação com o poder midiático que sempre moveu o poder nesse país”, defendeu.

“A questão é urgente. Todos os avanços democráticos estão sendo brecadas pelo poder da mídia, que tem feito todos os esforços para impedir as reformas progressistas e para impor uma agenda conservadora, de retrocesso e perda de direitos”, afirmou Igor Felipe, da coordenação de comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A avaliação é que apesar de outras conquistas sociais, não houve avanços na questão da democratização da mídia. “Nós temos dez anos de um processo que resolveu não enfrentar essa pauta. Nós temos um ministro que é advogado das empresas de comunicação do ponto de vista do enfrentamento do debate público”, disse Ekman, referindo-se a Paulo Bernardo, da Comunicação.

Bernardo é criticado por ter, entre outras coisas, se posicionado contra mecanismos de controle social da mídia. “Eu não tenho dúvida que tudo isso passa pela saída dele. Fora, Paulo Bernardo!”, enfatizou Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC e coordenador do programa Praças Digitais da prefeitura de São Paulo.

Amadeu acusa o ministro de estar “fazendo o jogo das operadoras que querem controlar a Internet” e trabalhar para impedir a aprovação do atual texto do Marco Civil do setor. “Temos uma tarefa. Lutar sim, para junto dessa linha da reforma política colocar a democratização”, afirmou.

Rosane Bertotti, secretária nacional de comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e coordenadora geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, enfatizou a importância da campanha de coleta de assinaturas para a proposta de iniciativa popular de uma nova lei geral de comunicação.

O projeto trata da regulamentação da radiodifusão e pretende garantir mais pluralidade nos conteúdos, transparência nos processos de concessão e evitar os monopólios. “Vamos levá-lo para as ruas e recolher 1,6 milhão de assinaturas. Esse projeto não vem de quem tem de fazer – o governo brasileiro e o Congresso –, mas virá da mão do povo”, disse.


Via Brasil de Fato/Viomundo/Rede Brasil Atual