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URCA promove mesa redonda sobre “Africanidades, Afrodescendência e o Diálogo com a Educação”



A Universidade Regional do Cariri (URCA), através da Pró-Reitoria de Extensão promoveu na manhã desta sexta-feira (11/11) uma mesa redonda com o tema “Africanidades, Afrodescendência e o Diálogo com a Educação” coordenada pela professora Drª. Cícera Nunes, do Departamento de Educação.

Como parte integrante da IV Semana de Extensão desta instituição de ensino superior que nesta edição trabalhou a Curricularização da Extensão: Um Desafio para o Século XXI, a mesa tinha como objetivo discutir temáticas atuais e importantes para toda a comunidade acadêmica, com enfoque para a Cultura Afro e Educação. Compuseram a mesa a professora Alexsandra Oliveira, da Escola João Carlos Lócio de Almeida e este professor, editor deste blog e membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec).

Alexsandra Oliveira discutiu acerca da tradição oral, tema de sua pesquisa de doutorado. No ensejo, a professora doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mencionou a importância da memória e da oralidade para estudar e compreender as histórias e culturas africanas e afrodescendentes. Ela fez um passeio sobre a Feira Livre em Bodocó(PE), trazendo elementos que coloca o negro como protagonista, possibilitando perceber o outro lado da história a qual sempre foi relegada e negada na história nacional.

Prof. Nicolau Neto discute sobre papel da universidade na formação de
professores para as relações étnico-raciais. Foto: Profª. Cícera Nunes.

Nicolau Neto - especialista em Docência do Ensino Superior - arguiu sobre “A Universidade e o Papel de Formar Professores para as Relações Étnico-raciais”. Aqui, foi enfocado que muitas são as lutas dos afrodescendentes e que há fortes resistências às reivindicações em virtude de um pensamento eurocêntrico que ao se arvorarem no discurso de que somos todos iguais referenciados pelo art. 5º da CF/88, acabam por negar a existência de um sistema de exclusão, e de perpetuação do racismo.

Citando o professor Henrique Cunha Jr. (UFC), Nicolau destacou que os professores trabalham com duas ideias que têm dificultado o avanço do trato dos temas de interesse dos afrodescendentes. A primeira é a Consolidação do ideário dos grupos dominantes sobre a “democracia racial. Ideias que não permitiram em diversos setores uma reflexão mais acentuada e problematizadora sobre as questões das estruturas étnicas vigentes na sociedade e acerca dos problemas daí decorrentes no trato com a cultura e a educação. E a segunda refere-se ao ideário da base nacional miscigenada e, portanto, negadora da particularidade. Essa visão da “Casa Grande e Senzala” tornou-se não só modelo de interpretação da sociedade, como também das razões políticas. Por ela, mascara-se a base racista e etnocêntrica e mascara de igual modo a base positivista, pois embora apareça na constituição e formação do Brasil a questão das três raças, é notório a presença de apenas uma como possuidora e depositária de processo civilizatório.

Para Nicolau a universidade tem um papel fundamental na superação desses entraves, pois é desse ambiente que sairá os professores que atuarão nas escolas da educação básica. Entender essa dimensão complexa é uma tarefa dos profissionais da educação. É uma missão, portanto, de uma universidade que se quer ser cidadã e não pode se eximir desse propósito, qual seja, incluir no seu currículo a questão étnico-racial, pensada de forma dinâmica e articulada tanto com os processos educativos escolares quanto não-escolares.

Mais fotos do evento abaixo: