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Eduardo Cunha confirma ao Ministério Público que só estava calado porque vinha sendo pago pela JBS


O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o empresário Lúcio Funaro, apontado como operador de propinas de Cunha, estão concluindo acordos de delação premiada e devem começar a prestar depoimentos aos procuradores da Lava Jato nos próximos dias, informa Severino Motta, do BuzzFeedNews.

Do 247 - Eles confirmaram ao Ministério Público que só estavam calados porque vinham sendo pagos pela JBS – o que confirma a delação do empresário Joesley Batista. Nas gravações do Palácio do Jaburu, em março deste ano, Joesley disse a Michel Temer que vinha pagando a dupla e teve o consentimento do ocupante da presidência, que pediu: "tem que manter isso, viu?".

As delações também devem embasar a próxima denúncia a ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer pelo crime de obstrução à Justiça. Segundo o BuzzFeed, "os cardápios das delações, uma espécie de roteiro das ilegalidades a serem descritas e os personagens envolvidos, já foram entregues pelas respectivas defesas".


1 em cada 3 integrante do congresso nacional recebeu dinheiro da JBS em 2014


Um em cada três integrantes do atual Congresso recebeu dinheiro do g[rupo JBS na eleição de 2014, segundo planilha entregue pelos delatores à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Juntos, quase 200 congressistas receberam mais de R$ 107 milhões da empresa. De acordo com os delatores, a maior parte dos recursos era propina, mesmo em casos de doação oficial registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram beneficiados pela JBS 167 deputados federais, de 19 partidos, e 28 senadores. Os valores são maiores, já que nem todos foram identificados claramente no documento. Vários congressistas atribuem as doações aos seus partidos.

Na linha de sucessão de Temer, Rodrigo Maia e Eunício aparecem entre os financiados pela empresa.
Foto: Gilmar Félix/ Agência Câmara.

Do Congresso em Foco - Na lista estão políticos que declararam legalmente o recebimento da contribuição à Justiça, mas também doações de caixa dois e produto de corrupção, conforme os depoimentos de Joesley Batista e Ricardo Saud, presidente e diretor de Relações Institucionais da J&F. O documento não especifica, porém, a situação de cada político. Entre os nomes financiados pela JBS estão os dois da linha sucessória de Temer: os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Maia aparece como beneficiário de R$ 100 mil. Já no caso de Eunício não há valor. Em depoimento, Joesley disse ter dado R$ 6 milhões ao peemedebista.

Pelas contas da empresa, os deputados eleitos levaram R$ 49 milhões e os senadores, R$ 58 milhões. Os partidos que mais receberam foram o PSDB (R$ 35,9 milhões), o PP (R$ 20,4 milhões), o PT (R$ 14,5 milhões), o PR (R$ 8,5 milhões) e o PMDB (R$ 8,5 milhões). A planilha também lista doações para 16 governadores, a ex-presidente Dilma Rousseff e 179 deputados eleitos. O número de candidatos agraciados, porém, foi bem superior: 1.829 políticos receberam mais de R$ 500 milhões.

Desse montante, a maior parte foi direcionada a nomes que perderam a eleição. É o caso, por exemplo, do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o campeão de arrecadação da JBS entre os congressistas. Em 2014, ano em que chegou ao segundo turno na corrida ao Palácio do Planalto, o tucano levou R$ 30,4 milhões da empresa. Reeleita, Dilma recebeu R$ 78,3 milhões do grupo. Também há referência a doações para senadores que concorreram ao governo de seus estados.

Até o momento, apenas o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) admitiu ter recebido via caixa dois para sua reeleição. Segundo ele, foram R$ 100 mil transferidos por uma subsidiária do grupo. O nome de Onyx não aparece na planilha dos deputados eleitos financiados pela JBS, mas em registro feito à mão em outra parte do documento. O deputado, que admitiu ter recebido R$ 100 mil de uma empresa do grupo, pediu perdão aos eleitores e disse que vai se explicar ao Ministério Público e à Justiça.

Tive o cuidado de perguntar se o dinheiro era lícito, de origem limpa”, afirmou.

Propina, caixa dois, dinheiro em espécie…

Alguns parlamentares já se manifestaram publicamente sobre o assunto, informando que as doações recebidas foram legalmente registradas. É o caso dos senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Fernando Coelho Bezerra (PSB-PE) e do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), eleito pelo PSB.

Há curiosidades na relação. Alguns deputados aparecem ao lado de valores irrisórios como R$ 84 e R$ 210. Também há registro de R$ 2,5 milhões em doação para nove partidos (PTC, PMN, PPS, PRP, PRTB, PSDC, PSL, PPL e PEN), sem especificar nomes de parlamentares.

“Nós fizemos doação oficial de uns R$ 400 milhões e pagamos mais uns R$ 100 milhões de nota fiscal fria. Dos R$ 500 milhões então, total, pode se considerar que, dos R$ 500 milhões, R$ 400 milhões foram contrapartida a ajustes ilícitos feitos pelos políticos. Naquela hora, pagamos”, contou Joesley Batista.

Tem pagamento via oficial, caixa 1, via campanha política, tem via caixa 2, tem via dinheiro em espécie. Basicamente essa é a forma de pagar. Normalmente acontece o seguinte: se combina o ilícito, se combina o ato de corrupção com o político, com o dirigente do poder público, e daí pra frente se procede o pagamento. Os pagamentos são feitos das mais diversas maneiras. Seja nota fiscal fria, seja dinheiro, caixa 2, até mesmo doação política oficial”, acrescentou.

Lobista da J&F, Ricardo Saud disse não acreditar que os candidatos não soubessem que o dinheiro era resultado de propina. “É importante a gente trabalhar que desses R$ 500 milhões, quase R$ 600 milhões que estamos falando aqui, praticamente, tirando esses R$ 10, R$ 15 milhões aqui, o resto tudo é propina. Tudo tem ato de ofício, tudo tem promessa, tudo tem alguma coisa.”

A distribuição do dinheiro da JBS entre os parlamentares, por partido: