(FOTO | Fábio Pozzebom/ABr). |
(FOTO | Fábio Pozzebom/ABr). |
Ciro Gomes em evento do PDT em Brasília. (FOTO/ Divulgação). |
O
pré-candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, disse neste
domingo (1º), que a reforma trabalhista promoveu “golpes profundos” contra o trabalhador e propôs diálogo para “corrigir distorções”.
Ciro
participou de um ato, em Brasília, em comemoração ao Dia do Trabalho e ao
centenário Leonel Brizola, fundador do partido.
“[A Reforma Trabalhista] Na medida em
que trouxe algumas atualizações necessárias, aproveitou também para praticar
golpes profundos contra o trabalhador e contra os sindicatos”,
disse Ciro.
O
pré-candidato do PDT afirmou também que os governos do ex-presidente Michel
Temer e do presidente Jair Bolsonaro usam pretextos para “subtrair direitos
básicos” do trabalhador, além de promoverem o que chamou de uma “propaganda de
terror”.
"Os governantes de plantão, muito
especialmente os governos Temer e Bolsonaro, usaram e continuam usando de todos
os pretextos para subtrair os seus direitos básicos e elementares. Ora fazem
chantagem e a política do medo, alardeando os danos da crise econômica que eles
mesmo criaram; ora mistificam e manipulam a leitura dos efeitos da virada
tecnológica que vive o mundo, sempre fazendo uma propaganda de terror contra o
trabalhador", disse.
Ciro
afirmou ainda que abriria "uma
grande mesa de diálogo com os trabalhadores e os empresários para corrigir as
distorções" e atualizar a legislação trabalhista "de acordo com as melhores práticas
internacionais".
“Se eu tiver a confiança dos brasileiros de
me tornar presidente, abrirei uma grande mesa de diálogo com os trabalhadores e
os empresários para corrigir as distorções e atualizar nossa legislação de
acordo com as melhores práticas internacionais”, afirmou.
Em
seu discurso, Ciro também disse que mais de 65 milhões de brasileiros e
brasileiras estão inadimplentes, criticou o governo pela alta inflação e disse
que o salário mínimo de R$ 1212 é o segundo mais baixo da América Latina.
“Os trabalhadores, que já tiveram parte de
seus direitos subtraídos no governo Temer, encontram-se mais que nunca
maltratados, abandonados e humilhados., disse o pré-candidato do PDT.
________
Com informações do G1.
Falando à multidão, Lula lembrou alta de 77% do salário mínimo durante governos do PT - João Paulo Rodrigues/MST. |
O
ex-presidente e pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
afirmou neste domingo (1º) que quer que trabalhadores e sindicatos voltem a ser
ouvidos pelo governo para discussões sobre condições de trabalho, aposentadoria
e investimentos em saúde. Em discurso no ato promovido por centrais sindicais
para o 1º de Maio em São Paulo (SP), Lula evitou falar como candidato, mas
disse que o Brasil vai eleger um presidente melhor que o atual em 2022.
“Aí,
ao invés de vocês ficarem xingando presidente na rua, vocês serão convidados
para sentar em uma mesa de negociação para a gente restabelecer as condições de
trabalho e os direitos dos trabalhadores, para discutir com seriedade a
aposentadoria dos trabalhadores e para discutir a política de saúde e render
todas as homenagens ao SUS”, afirmou Lula, em discurso na Praça Charles Miller,
em frente ao estádio do Pacaembu.
Sem
criticar explicitamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula disse que o
Brasil está “destruído”. No entanto, afirmou que é possível recolocar o país no
caminho do crescimento e desenvolvimento ouvindo estudantes, trabalhadores e
toda a população.
“Quem
sabe o que precisa não é capitão [das Forças Armadas]. É um povo trabalhador, é
o estudante, são as mulheres”, declarou, dizendo que pretende voltar a fazer
conferências públicas para discussão de temas importantes para o país.
Lula
falou que a volta de uma política de valorização do salário mínimo é necessária
para o Brasil. Lembrou que, durante seu governo, o piso nacional era reajustado
com base na inflação e no crescimento da economia. Isso fez com que o salário
mínimo subisse 77% durante os governos do PT. Mesmo assim, a inflação
manteve-se dentro do controle, ao contrário do que o atual governo tem feito.
“Vocês
leram nos jornais que a inflação do mês foi a maior em 27 anos. Isso quer dizer
que o salário diminuiu, que o carrinho tem menos compra, que na mesa tem menos
coisas para vocês e a família de vocês”, pontuou o ex-presidente.
Para
Lula, o trabalhador precisa voltar a ter um salário decente e emprego de boa
qualidade. Lembrou que, durante os governos do PT, 22 milhões de empregos com
carteira assinada foram criados. O ex-presidente também defendeu o controle
estatal sobre a Petrobras e a Eletrobras.
Afirmou,
por fim, que o Brasil precisa voltar a ser um país “civilizado”. “As
instituições vão se respeitar, pai não vai ficar brigando com filho, vizinho
não vai brigar com vizinho. Precisamos voltar a ter uma sociedade em que o amor
supera o ódio.”
Importância das eleições
No
palco do evento, o discurso de Lula foi precedido por falas de lideranças do campo
democrático e apoiadores.
A
presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, deputada federal pelo Paraná, criticou
Bolsonaro e afirmou que ele governa com interesses pessoais. Tanto é assim que
hoje, no Dia do Trabalhador, convocou protestos contra o Supremo Tribunal
Federal (STF).
“A
tristeza do trabalhador não é causada pelo STF”, disse ela. “A causa da
tristeza do povo é não ter um projeto para o país. É ter gasolina cara, gás de
cozinha caro”.
Ex-prefeito
da capital paulista e pré-candidato a governador do estado de São Paulo,
Fernando Haddad (PT) destacou a crise vivida pelo Brasil. As eleições de 2022,
disse Haddad, são uma oportunidade para recolocar o país no caminho do desenvolvimento.
“Vivemos
um momento muito delicado, em que todas as centrais [sindicais] estão sendo
destruídas para garantir que os lucros aumentem às custas do trabalhador”,
afirmou. “Vamos colocar esse país no trilho da democracia e do desenvolvimento
social.”
Guilherme
Boulos (PSOL), pré-candidato a deputado federal, disse que há jovens
trabalhando 12 horas por dia sem qualquer direito por conta da reforma
trabalhista idealizada e sancionada pelo governo do ex-presidente Michel Temer
(MDB). Boulos disse que o Brasil precisa de mudança e, por isso, a eleição
deste ano não é uma eleição qualquer. “Serão os direitos contra os privilégios.
Será a democracia contra a barbárie”, afirmou. “Vamos enfrentar o fascismo e
vencer.”
Trabalhadores reclamam
Os
discursos de Lula e outras lideranças foram acompanhados por centenas de
trabalhadores e manifestantes. Eles reclamaram da situação econômica do país,
principalmente da precarização das condições de trabalho e da inflação alta.
A
prévia da inflação de abril deste ano ficou em 1,73% e é a maior para o mês
desde 1995, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15
(IPCA-15). Desde janeiro, os preços subiram em média 4,31%. Nos últimos 12
meses, 12,03%.
Ao
mesmo tempo, o Brasil tem hoje 11,9 milhões de pessoas desempregadas (aqueles
que perderam suas ocupações e seguem em busca de emprego), de acordo dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada
em 29 de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
O
número segue estável em relação ao mês anterior. Mas isso ocorre porque parte
das pessoas que perderam suas ocupações deixaram de procurar emprego e, por
isso, não são contabilizadas entre os desempregados. Em outras palavras, não
houve um crescimento na busca por trabalho. A população ocupada caiu 0,5%, o
que representa 472 mil pessoas a menos no mercado de trabalho.
Janaína Cristina da Silva, 35 anos, por exemplo, é formada em pedagogia e não conseguiu emprego na área. Hoje, trabalha como vendedora informal de camisetas de temática política. Ela foi à Praça Charles Miller neste domingo para acompanhar o ato e também para buscar o sustento da família.
“Estou
administrando o caos”, resumiu. “Sempre tem uma conta atrasada. Eu não consigo
mais ir ao mercado e fazer uma compra. Eu compro o que está faltando",
expôs a vendedora informal.
Janaína
defende que os trabalhadores se unam neste ano, pensando nas eleições, para que
tenham um governo favorável às suas pautas. “Temos que organizar os
trabalhadores, rever esse jeito liberal de pensar”, afirmou.
Marlene
Bueno dos Santos, 62 anos, auxiliar de enfermagem e funcionária pública, também
pediu mudanças. Afirmou que o ato deste 1º de Maio deve deixar claro a
insatisfação da população com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O
ato é um é um papelzinho numa numa fornalha. Ele vai ajudar. Todo mundo que
está aqui já está consciente do que precisa ser feito”, afirmou.
__________
Com informações do Brasil de Fato.
(FOTO |Ricardo Stuckert). |
O
ex-presidente Lula (PT) prometeu acabar com os inúmeros clubes de tiro, criados
sob estímulo do governo de Jair Bolsonaro (PL). “Os clubes de tiro vão fechar. Nós queremos clubes de leitura. Vamos
espalhar bibliotecas pelo país. Vamos trocar armas por livros”, declarou,
durante conferência eleitora do PSOL, na noite deste sábado (30).
O
evento formalizou o que já havia sido definido pelo Diretório Nacional do PSOL,
que aprovou o apoio à pré-candidatura de Lula para a presidência da República.
O partido também definiu seu programa político que será defendido nas eleições.
Lula
ressaltou a importância de receber o apoio do PSOL nas eleições deste ano: “Minha relação com o PSOL é de confiança e
agradecimento. O PSOL teve um papel extraordinário no impeachment da Dilma e
durante minha prisão. Foi muita solidariedade”, destacou.
O
ex-presidente disse, ainda, que agradece não só pelo apoio, mas porque o PSOL
teve a coragem de criar um partido político.
Ele
também ressaltou a importância de se negociar na política, característica que
passou a usar ao longo de sua trajetória. “Antes,
eu era 100% ou nada. Agora, aprendi a lição. Mas, quando começamos a negociar
temos de entender que há um limite até onde podemos ir”.
O
ex-presidente relembrou a perseguição que sofreu por parte da mídia
tradicional, durante o período que antecedeu sua prisão. “Foram 13 horas em nove meses do Jornal Nacional me chamando de ladrão.
A imprensa foi manipulada, principalmente pelo Moro. Mas ele vai pagar aqui na
Terra”, apontou.
Ex-presidente disse que, além do
ministério, vai criar um Comitê de Cultura
Lula
mencionou as inúmeras conquistas dos seus governos, principalmente no aspecto
da inclusão social e revelou que, além do ministério, vai criar um Comitê de
Cultura, que vai ter um peso grande em seu eventual futuro mandato.
O
petista voltou a criticar Bolsonaro. “Ele
diz que é cristão, mas é um fariseu e um pecador da pior espécie".
Anunciou, também, que vai acabar com "essa
excrescência que é o orçamento secreto”. Além disso, o ex-presidente falou
que pretende, caso seja eleito, criar uma moeda para a América Latina. “Não podemos mais depender do dólar”.
____________
Com informações da Revista Fórum.
Henrique Cunha. (FOTO/ Danny Abensur). |
Por José Nicolau, editor
O Núcleo
de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais (NEGRER)
da Universidade Regional do Cariri (URCA) divulgou na tarde deste sábado, 30,
em suas redes sociais que o professor Henrique Cunha Junior da Universidade
Federal do Ceará-UFC estará em Crato para ministrar palestra.
A
palestra terá como tema “Territórios
negros, bairros negros e os currículos da educação brasileira” e ocorrerá
na próxima terça-feira (03) a partir da 19h00 no Geopark Araripe.
Para
Henique Cunha, “territórios negros e
bairros negros são lugares de pertencimento cultural, social, político e
econômico, são lugares de formação das identidades negras. Nesses territórios
foram criados se processaram artefatos da cultura negra”. Em que pese ao
currículo, ele destaca que um “currículo
necessário para as populações negras é um currículo produzido pela reunião dos
nossos patrimônios culturais, daqueles que produzem a nossa identidade individual
e coletiva e dos marcadores das produções da nossa vulnerabilidade social, dos
meios de dominação que são impostos e das formas de redução e combate a ação
deles”. (ver aqui).
O
evento promovido pelo Negrer tem como parcerias o mestrado profissional em
educação-URCA, o mestrado profissional em ensino de história-URCA a partir do edital
“Educar para Igualdade Racial na Educação Básica do Centro de Estudos das
Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT.
Henrique Cunha Júnior possui mestrado em Dea de Historia - Université de Nancy- França (1981) e Doutorado Em Engenharia Elétrica pelo Instituto Politécnico de Lorraine (1983) e orienta doutoramentos e mestrados em educação com temas relacionados a história e cultura africana, espaço urbano, bairros negros.
O prazo é o mesmo para a transferência de local de votação e atualização de dados pessoais.(FOTO |Reprodução TSE). |
Crato. (FOTO | Reprodução). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
A revisão do Plano Diretor do Crato/CE, fruto de uma exigência legal prevista no Estatuto da Cidades é um momento oportuno de juntar olhares, evidenciar as feridas urbanas, fraturas de acessibilidade social, perceber o crescimento desigual do capital e o desordenamento urbano, redescobrir e planejar cidade a partir de quem ocupa o seu solo. É um momento oportuno também para colocar a cultura na centralidade do seu aspecto transversal e como parte inseparável do acesso a uma cidade com redução de impactos ambientais, promotora da saúde preventiva e impulsionadora da antropofagia cultural na sua dimensão plural, diversificada, universal e civilizatória.
O Plano Diretor do Crato é de 2009, conforme ordena o Estatuto da Cidade, os planos diretores devem ser revistos a cada dez anos, ou seja, no Crato a revisão deveria ter acontecido em 2019. Precisamos discutir de forma sincera e distante da publicidade os “caminhos do Crato” para que ele não se assente no asfalto e distante dos movimentos sociais e das demandas de acessibilidade à cidade.
Os Planos de Diretores são espaços de disputa do capital, o setor imobiliário tem interesse na discussão para ampliar a sua rentabilidade, muitas vezes agindo de forma predatória ampliando o desequilíbrio ambiental.
Esse é um bom momento para refletir sobre o propagado e fakeado conceito de “capital da cultura” que não se sustenta quando mostramos o conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade, a partir dos equipamentos públicos municipais: Museus, teatros, bibliotecas, escolas e praças, os quais apresentam estruturas inadequadas e concentradas e a ausência de outros espaços como galerias, salas para exibições de filmes e espaços de memórias.
Neste sentido, é importante no processo de revisão do Plano Diretor atentar para os dois marcos legais da cultura do Município que são o Sistema Municipal de Cultura, no qual a o atual Governo Municipal não tem dado a devida atenção em suas duas gestões, o que fica evidente quando se observa as condições e o uso dos equipamentos culturais. O outro é a Lei Municipal do Cultura Viva ( Pontos de Cultura), uma política pública revolucionária no campo da cultura de base comunitária que é experienciada em 17 países da América Latina e que tem uma íntima ligação com o Direito à Cidade e a redescoberta da pluralidade e diversidade estética, artística, literária e cultural da urbe. A aprovação da Lei do Cultura Viva no Crato é um avanço, mas para funcionar precisa de recursos públicos de forma sistematizada. O Município certificou já 31 Pontos de Cultura que somados aos certificados pelo Estado do Ceará, totalizam 37 Pontos, o que é um número bastante significativo. O Cultura Viva vem avançando no aspecto jurídico e pode ser a principal referência para reconfigurar espacialmente o “Crato das Culturas”. Apontando novos rumos para integração comunitário e territorial da cidades a partir de aspectos da memória afetiva e do reconhecimento das estruturas urbanas e arquitetônicas que tem significado para o patrimônio material e imaterial e o desenvolvimento social.
É preciso colocar a cultura na centralidade do Plano Diretor, a partir do seu caráter transversal. Os Pontos de Cultura, as organizações e ações de cultura de base comunitária, talvez sejam um caminho possível e necessário para fazer uma escuta mais apurada e perceber os movimentos e as paisagens culturais e sociais que não aparecem no olhar da excludente “capital da cultura”.
É evidente que existe no Crato, lugares e territórios em que são negados o direito à cidade. O que não é uma particularidade para usarmos a expressão tão nossa: “Só no Crato mesmo”, pelo contrário é uma característica trivial da fabricação das cidades sob a ordem do capital.
Possivelmente, se pensamos a cidade, também a partir da escuta da cultura de base comunitária e dos Pontos de Cultura teremos uma dimensão de desenvolvimento e planejamento urbano estruturante e transversal, pavimentado pela permeabilidade de uma nova cultura política capaz de reduzir os danos da inacessibilidade da cidade.
Cida Bento. (FOTO/ Reprodução). |
Se
em algum momento pudemos ter dúvidas sobre o quanto ecoam nas periferias e
favelas as vozes de intelectuais e ativistas que lutam por um país que
reconheça a força da cultura que emana de sua população, os Carnavais dos últimos
anos não deixam dúvidas.
A
maioria das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro (oito em 12
escolas) e de São Paulo (sete em 14 escolas) trouxe para a avenida enredos que
homenagearam personalidades negras, a cultura afro-brasileira e o protagonismo
negro na história do país. E fizeram duras críticas ao racismo e ao assassinato
da juventude negra.
O
recado foi dado!
Esse
processo não começa agora e não ocorre por acaso, mas atinge um pico neste
período de nossa história, no qual, não por coincidência, alcançamos um nível
de violência racial que é o maior dos últimos 30 anos, em cidades como o Rio de
Janeiro, segundo demonstra o Mapa da Violência no Brasil.
Personalidades
negras queridas e respeitadas pela população brasileira que haviam sido
atacadas nos últimos seis anos por órgãos do governo federal numa tentativa de
desonrá-las foram exaltadas, homenageadas nas ruas, por milhares de sambistas.
Num dos maiores e mais lindos espetáculos a que temos o privilégio de assistir.
E é
assim que constatamos que o que acontece de negativo no Legislativo, no
Executivo e no Judiciário, muitas vezes na calada da noite, vem sendo
acompanhado por olhares atentos e críticos das periferias e favelas.
As
escolas de samba são um território complexo onde muitas vezes não temos na liderança
pessoas negras, como, aliás, acontece na maioria das organizações brasileiras e
onde a luta pelo poder pode repetir a mesma lógica violenta e excludente que
observamos em outras instituições brasileiras.
Mas
é também um espaço de aquilombamento, de compartilhamento das raízes culturais
pela música, pela dança e pelo teatro. E, nesse sentido, é território fértil
para a ampliação da crítica social e da democracia, já que múltiplas vozes,
LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência, pessoas negras e indígenas buscam se
manifestar.
E um
diferencial marcante nesse contexto de Carnaval vem sendo a maneira crescente
com que aparece a valorização das religiões afro-brasileiras.
Num
país que é laico, segundo a Constituição de 1988, não poderiam ocorrer relações
de dependência com nenhum culto e, principalmente, não poderia haver
perseguição ou impedimento do funcionamento de cultos de qualquer natureza.
Mas
isso vem acontecendo!
A
despeito de nossa Constituição ter consagrado o princípio de liberdade de
crença, de culto, de liturgias e de organização religiosa, crescem as denúncias
de violações de direitos no campo do credo religioso contra judeus, muçulmanos,
dentre outros grupos. E as religiões afro-brasileiras vêm sendo duramente
atingidas por diferentes formas de violência, como agressões físicas e verbais
a religiosos, ameaças, pichações em templos e lugares públicos e propagandas de
ódio veiculadas na internet.
São
frequentes, ainda, as denúncias de invasão dos templos, praticadas por maus
policiais, sem mandado judicial e a qualquer hora do dia ou da noite.
Assim
é que foi muito animador ver as escolas de samba, em 2022, trazerem para a rua
os orixás: narrarem a história de Oxóssi, cantarem Exu ou Oxalá, divindades das
religiões de matriz africana.
Isso
nos lembrou que a laicidade do estado brasileiro não é um elemento de restrição
do pertencimento e expressão religiosos, pelo contrário, é uma riqueza que marca
nossa sociedade tão diversa.
?Assim,
que possamos contribuir para que essa crítica de parcela expressiva da nossa
população à violência social, em particular a religiosa que se manifestou na
avenida, se manifeste também nas eleições. Com a certeza de que podemos e vamos
fazer a diferença.
_________________
Texto publicado originalmente em sua Coluna na Folha de S. Paulo e reproduzido no CEERT.
(FOTO | Reprodução |WhatsApp). |
Por Naju Sampaio*
A
ação Poste Poesia será realizada neste sábado, dia 30, às 15:30. A atividade
tem como ponto de encontro a sede do Coletivo Camaradas e depois percorrerá o
Território Criativo do Gesso para as colagens. Desenvolvida desde 2013, pelo
Coletivo Camaradas, a ação tem caráter comunitário e possui como objetivo
contribuir com a construção de uma cultura leitora e com o acesso à literatura.
As
poesias são selecionadas de acordo com um formulário virtual que é
disponibilizado nacionalmente e ficam armazenadas em um banco de dados. Para
utilização na atividade é selecionado um trecho, juntamente com o nome do autor
ou autora. A intervenção já foi feita em mais de 50 cidades através do
fornecimento desse banco para diversas organizações.
Segundo
Tayná Batista, coordenadora do Poste Poesia, a intervenção auxilia na
divulgação das poesias, e facilita o acesso das pessoas à escrita e à
literatura, principalmente por conta da dificuldade de publicação de livros e
partilha das escritas. Em todo último sábado do mês é reunido um grupo de
pessoas que desejam contribuir com a ação e são feitas as colagens nos postes
do Território Criativo do Gesso.
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* Naju Sampaio é estudante de jornalismo e bolsista/integrante do Coletivo Camaradas.