Prefeito do Crato faz enquete sobre aniversário do município e ativista ironiza



Maria Eliana ironiza enquete do prefeito de Crato.
(Foto: Reprodução/Facebook).
O município de Crato, na região metropolitana do cariri, fará no dia 21 de junho 254 (duzentos e cinquenta e quatro) anos de emancipação política. Conhecido por muitos como o "Oásis do Sertão" pelas características climáticas mais úmidas e favoráveis à agropecuária; por abrigar artistas e intelectuais; Crato também passa a figurar como uma cidade elitista, de fortes traços preconceituosos e um dos espaços mais violentos quando o assunto é a mulher.

Na véspera do seu aniversário, o prefeito Zé Ailton (PP) promoveu uma enquete visando saber da população qual atração comporia os festejos que teve início na tarde desta quinta-feira, 14, no Palácio Alexandre Arraes, sede da Prefeitura. No ensejo, foi realizada uma homenagem ao Mestre do Reisado Serraria, Antônio Higino Teixeira.

A enquete foi ironizada por Maria Eliana, membra do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec).

Oche! 
Cadê que o Prefeito faz uma enquete para saber opiniões sobre políticas sociais (a Saúde, funcionamento do CAPS e Postos de Saúde, como estão os medicamentos. Como são e estão as Praças, como está a Educação, sobre necessidades de creches; Escutar professores (as) do município, sobre Lazer, política para a juventude, crianças, idosos sobre política de enfrentamento à violência contra mulheres. Sobre Educação contextualizada no Campo e Assentamento; Sobre situação da Agricultura familiar; Política de enfrentamento ao racismo,lgbtfobias; Saber sobre qualidade da merenda escolar, o que o povo pensa sobre a Segurança do município) e sobre infra-estrutura (transporte, estrada, saneamento, água sem aumentos abusivos e para todos(as); Sobre buracos nas ruas, sobre CANAL DO RIO GRANGEIRO. Muita coisa....”, indagou ela.

Eliana foi além e sugeriu que o prefeito fizesse uma enquete para saber o que o povo pensa acerca da sua administração. “Quem sabe O PREFEITO MELHORA muita coisa. O povo tem opinião sobre tudo. É só perguntar”, pontuou ela.

Para ela, nesses 254 anos “pobres, periferias e zona rural são tratados com descaso POR GESTORES DO MUNICÍPIO... Salvo um ou outro prefeito, coisinha aqui outras ali (para não generalizar)”.

Abaixo integra da nota de Maria Eliana divulgada em sua rede social facebook:

254 anos do município do Crato, Ceará, dia 21 de Junho...
E antes de qualquer coisa, amo o Crato. E exatamente por isso, ser Cratense e amá-lo que direi o seguinte: Olha isso, a Prefeitura do Crato está fazendo uma "enquete para escolha de atração musical para animar o aniversário" do município. Ou seja, convidando desavisados para compartilhar com gasto desnecessário.... 
Oche!
Cadê que o Prefeito faz uma enquete para saber opiniões sobre políticas sociais (a Saúde, funcionamento do CAPS e Postos de Saúde, como estão os medicamentos.Como são e estão as Praças, como está a Educação, sobre necessidades de creches; Escutar professores(as) do município, sobre Lazer, política para a juventude,crianças, idosos sobre política de enfrentamento à violência contra mulheres. Sobre Educação contextualizada no Campo e Assentamento;Sobre situação da Agricultura familiar; Política de enfrentamento ao racismo,lgbtfobias; Saber sobre qualidade da merenda escolar, o que o povo pensa sobre a Segurança do município) e sobre infra-estrutura (transporte, estrada, saneamento, água sem aumentos abusivos e para todos(as); Sobre buracos nas ruas, sobre CANAL DO RIO GRANGEIRO. Muita coisa.... Faça uma enquete pra saber o que o povo pensa sobre sua administração (Quem sabe O PREFEITO MELHORA muita coisa). O povo term opinião sobre tudo. É só perguntar.
SERIA O MELHOR PRESENTE: PERGUNTAR E RESPONDER EFETIVAMENTE.... Tornar o Crato capaz de gerar felicidade para o povo.....
Ademais, são 254 anos de administrações onde pobres, periferias e zona rural são tratados com descaso POR GESTORES DO MUNICÍPIO... Salvo um ou outro prefeito, coisinha aqui outras ali(para não generalizar)
Lamentável....
Mas, desejo que o Prefeito substitua seu olhar pelos olhares do povo Cratense..Falo do povo sujeitos de direitos... 
Fonte da informação sobre essa enquete:
Portal da Ouvidoria - Notícias: "Prefeitura realiza enquete FESTCRATO".
 



Faxineira que lutou contra pobreza e racismo fará palestra em universidade de Nova York


Aline Parreira fará palestra na Cuny University. (Foto: Divulgação/ Reprodução/ Extra).

Nascida no sertão mineiro, Alline Parreira foi adotada ilegalmente quando ainda estava na barriga da mãe. Negra e pobre, passou pelo seio de duas famílias adotivas e aprendeu cedo a lutar contra o racismo e a driblar as adversidades da vida. Para se sustentar, ela já catou latinhas, vendeu cigarros e fabricou doces. Há dois anos, decidiu ir morar em Nova York, onde trabalha como faxineira. Hoje, aos 27 anos, Alline se prepara para escrever um novo capítulo em sua história de superação. Ela, que nunca cursou uma faculdade, contará sua trajetória no auditório da CUNY University, a Universidade da Cidade de Nova York.

O evento acontecerá na próxima sexta-feira e será transmitido pela internet. O convite partiu do Coletivo Brado NYC, grupo que se define na internet como um "comitê pela defesa da democracia". A jovem mineira hesitou diante da ousada proposta, mas venceu o medo e decidiu aceitar o desafio. De acordo com ela, o objetivo principal da palestra será narrar o caminho percorrido em sua busca pela construção identitária.

— A vida foi a minha universidade. Sem curso superior, sem nada, eu adquiri todas essas informações, aprendo e pesquiso muito. Minha construção identitária é baseada no que aprendi lendo os autores acadêmicos Angela Davis e Frantz Fanon — diz ela, sem esconder o orgulho de chegar onde chegou: — Para nós, mulheres negras, não foi permitido narrar nossas histórias em primeira pessoa. Eu quebro esse paradigma, eu que conto minha história, para mim é muito importante.

Alline é natural de Manga, um município com cerca de 20 mil habitantes localizado próximo à divisa com a Bahia. Ao nascer, foi entregue por sua mãe biológica aos cuidados de uma mulher que a abandonou três meses depois. Foi adotada, então, por uma senhora de 65 anos, cuja família tinha pouca estrutura financeira.

— Quando se fala de uma criança negra adotada por uma família branca, logo se imagina que a família seja rica, mas a minha era muito pobre. Não tínhamos luz elétrica, cozinhávamos em fogão a lenha, por falta de gás — conta ela.

Aos 4 anos, ao ver crianças usando uniforme escolar, Alline pediu à mãe adotiva que a matriculasse numa escola. Como não havia vagas na rede pública, a idosa juntou as economias e pagou a primeira mensalidade em uma instituição privada. A partir do segundo mês, Alline foi contemplada com uma bolsa de estudos integral e seguiu no mesmo colégio por onze anos. Como a escola só oferecia estudos até a 1ª série do ensino médio, Alline cumpriu o resto dos estudos em um colégio estadual.

Após concluir o ensino médio, a jovem decidiu estudar para concurso público. Sua primeira tentativa foi para um concurso de gari da prefeitura de Juvenília, localizada a 70 quilômetros de sua cidade natal. Passou em primeiro lugar, mas no dia em que ia ocupar o posto o resultado concurso foi contestado na Justiça.

— Eu achava que o único lugar que podia ocupar era esse. Ser gari, faxineira. Não via representatividade de outros negros. Quando eu dizia que queria entrar para a universidade, as pessoas diziam que eu não podia. Então consegui passar no concurso, mas no dia em que ia tomar posse começou uma ação na Justiça. Se não fosse isso, eu provavelmente estaria até hoje varrendo o chão de Juvenília — diz ela.

Confiante após a primeira aprovação, Alline viajou para Brasília com o objetivo de prestar novos concursos. Trabalhou por três meses como babá e conseguiu passar em um novo processo seletivo da Polícia Militar do Distrito Federal. A partir daí começou a conciliar o trabalho com viagens e cursos técnicos de diversas áreas, desde hotelaria até sommelier.

Em 2014, enquanto passava uma temporada na cidade de Paraty, Alline desenvolveu um trabalho de confeitaria no qual fazia doces com os nomes de escritores e brincava com as poesias escritas por eles através do paladar. Uma de suas criações foi o doce Drummond, feito com sete especiarias e flambado no conhaque, que foi inspirado no "Poema de sete faces". O trabalho chamou a atenção de um morador de Moçambique que passava pelo local. Ele sugeriu que Alline se inscrevesse em um edital do governo federal para levar o projeto ao país africano. Assim viajou para a África, onde ela diz ter finalmente se conectado com suas raízes.

— Quando relato minha trajetória, as pessoas se surpreendem: Fui adotada de forma ilegal, cresci em uma família branca e extremamente pobre, completamente disfuncional. Vivi muitas opressões tanto da minha família adotiva, quanto na escola. Ninguém nunca esperou nada de bom de mim — diz ela, que espera servir de inspiração para outras histórias de superação como a dela. (Com informações do Extra).

Pra não dizer que não falei da Copa por Raimundo Soares Filho



Raimundo Soares Filho. (Foto: Reprodução).
Minha primeira Copa do Mundo foi em 1978, assistíamos aos jogos pelo rádio, normalmente perto de um posto de energia elétrica.

Lembro bem que o Brasil se classificou com um gol de Roberto Dinamite contra a Áustria, que garantiu nossa primeira vitória na Copa, comemorado com sacos de bombom jogados na rua (hoje Calçadão) por Roso Bitu. Eu já tinha um pôster de Dinamite Campeão Brasileiro de 1974.

Alguém (não lembro quem) teve a ideia de colocar uma antena em cima da grande Caixa D´água ao lado da prefeitura e assistimos aos jogos finais em uma tv improvisada na sombra daquele monumento desativado.

O Brasil começou a crescer na competição, ancorado no bom futebol de Dirceu, Roberto Dinamite e Nelinho. A seleção venceu a grande seleção peruana por 3x0 e empatou com a Argentina.

Naquela Copa testemunhamos a primeira maracutaia da Fifa, mas não tínhamos senso para assimilar aquilo, só queríamos ver gol. Antes da terceira rodada, a FIFA, de maneira unilateral anunciou a mudança no horário do jogo Argentina e Peru. Com isso, a Argentina sabendo de quanto deveria ganhar para passar à final. O Brasil protestou mas não adiantou. A seleção ganhou de forma brilhante da forte seleção polonesa por 3x1, mas a Argentina conseguiu o improvável. Com o Peru andando em campo, abrindo mão do direito de jogar, e com um goleiro no gol que era argentino de nascimento, perdeu de 6x0 para os portenhos, que tinham que vencer por no mínimo 4x0 para chegar à final.

Muitos protestaram dizendo que o Peru se vendeu, mas nós já estávamos torcendo para a disputa do terceiro lugar. Brasil e Itália, fizeram um jogo disputado e violento. A Itália abriu o placar, mas o Brasil conseguiu a virada, sendo que Nelinho marcou um golaço, com um chute de fora da área, quase na lateral do campo, que enganou o grande goleiro Dino Zoff. O outro gol foi do vascaíno Dirceu.

Iludidos comemoramos "O Brasil como o campeão moral da Copa!", por perder o título sem perder nenhuma partida.

Fui torcedor fanático, fui presidente de Associação Esportiva, mas tinha futebol como seu carro chefe, fui árbitro de futebol, fui jogador de futebol, fui dono de time, meu time foi “roubado” várias vezes, mas somente no dia 13 de abril de 2014 decidi que futebol não era minha praia.

Uma frase replicada por um altaneirense ilustre na manhã do dia seguinte mostrou o que realmente é o futebol: “ROUBADO É MAIS GOSTOSO” postou na rede social, assim mesmo em caixa alta, em foto com a camisa do seu time.

Nunca mais assisti a uma partida de futebol.

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Texto do Advogado e Blogueiro Raimundo Soares Filho encaminhado via correio eletrônico a redação do Blog Negro Nicolau (BNN).
 



Universidade brasileira instala “lixeiras” para descartar racismo, machismo e LGBTfobia


(Foto: Divulgação). 

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) encontrou uma maneira bem-humorada de combater o preconceito de todas as formas. O Parque Tecnológico da instituição acabou de inaugurar uma galeria de arte a céu aberto, composta por obras de artistas da Escola de Belas Artes. Uma delas recebeu o nome de “Recicláveis”, de Thales Valoura. Ele transformou mobiliários de coleta seletiva em lixeiras para racismo, machismo e LGBTfobia.

Segundo o blog do Ancelmo Gois, de O Globo, a ideia é que o público possa depositar nessas lixeiras bilhetinhos, reconhecendo seus preconceitos ou reclamando de problemas relacionados com isso pelos quais tenha passado. (Com informações da Revista Fórum).


Professora Zuleide Queiroz irá disputar vaga na Câmara Federal pelo Psol


Professora Zuleide teve sua pré-candidatura a deputada federal neste sábado, 09, na sede do GRUNEC em Crato.
(Foto: Reprodução/Fanpage "Resistência").

Na tarde do último sábado, 09, na sede do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), foi lançada a pré-candidatura a deputada federal da professora universitária ligada ao Departamento de Educação da Universidade Regional do Cariri (URCA), Zuleide Queiroz, pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

De forte ativismo e presença nos movimentos sociais, como no próprio Grunec e na Frente de Mulheres do Cariri, Zuleide já disputou outros cargos eletivos como ao executivo municipal de Crato e a reitora da instituição em que leciona. Segundo ela, a pré-candidatura representa uma construção coletiva em busca de romper com a política como ora se apresenta em que mulheres, negros e a comunidade LGBT não são representadas e não estão ocupando os espaços de poder. Ela afirmou que se não estivesse nessa disputa outros estariam e frisou que a presença dos movimentos sociais no evento lhe fortalece.

Há mais de vinte anos mora aqui no cariri e acompanho a situação vivida pelas mulheres na região, em situação de violência, muito mais acrescida nesses últimos anos, com a juventude e com o recorte muito forte na juventude negra. Esse contexto que a gente vive de participação efetiva nos movimentos sociais nos leva a ter que tomar uma decisão muito importante na nossa vida”, disse ela em entrevista ao Jornal do Cariri e completou “queremos iniciar essa discussão partindo da pauta dos movimentos de mulheres, LGBT, da juventude e da educação, com as greves que se constituem nos municípios, e a saúde que é um dos principais problemas”.

Também em entrevista ao referido periódico, Valéria Carvalho, representante do Grunec, afirmou que Zuleide é uma delas e que o congresso precisa passar por mudanças. “Como ela é uma de nós, não tem como não estarmos juntas, não existe essa possibilidade”, pontuou.  O mesmo sentimento foi partilhado por Verônica Isidório, da Frente de Mulheres do Cariri, que completou arguindo que “o mundo que está ai, construído pelas mãos do capital e do machismo, não serve para nós, e vamos ter que desconstruir muita coisa para termos novas conquistas”.

Na fanpage “Resistência” criada para divulgar o nome de Zuleide consta que o evento contou com muitas falas de apoio e o lançamento marca a construção coletiva de uma alternativa negra, feminista e socialista para o Cariri e Ceará.





Professores Nicolau Neto e Cícera Nunes participam de evento na Universidade Federal de Campina Grande


Cícera Nunes e Nicolau Neto durante evento de lançamento da 9ª Edição do Artefatos da Cultura Negra na UFCG, campus Cajazeiras, Paraíba. (Foto: Kássia Mota).

A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus Cajazeiras (PB), promoveu durante todo o dia desta segunda-feira, 11, ciclo de palestras voltadas a temáticas da Africanidade e Afrodescendência no país. O evento faz parte do lançamento da 9ª edição do Artefatos da Cultura Negra.

Na universidade, a ação tem a coordenação da professora doutora Kássia Mota e do professor doutor Alexandre Joca, ambos do curso de Pedagogia que explicaram a necessidade de se implantar dentro da instituição discussões mais efetivas acerca do combate ao racismo e de fomento a articulações com outros sujeitos históricos engajados nessa luta.

Para tanto, foram convidados a professora doutora Cícera Nunes, vinculada à Universidade Regional do Cariri (URCA) e o professor especialista Nicolau Neto, membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC). Ambos discorreram sobre a relação “Movimento Negro e a Universidade na Luta Antirracista”.

A professora universitária Cícera Nunes fez um balanço das oito edições do Congresso Artefatos. Segundo ela, o evento começou no ano de 2009 dentro do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza, como o nome “Artefatos da Cultura Negra do Ceará”, tendo como compromisso de socialização dos estudos e pesquisa com a temática das relações raciais. Em 2010 foi realizada uma edição em Juazeiro do Norte como parte da atividade do programa de pós-graduação. Aqui foram defendidas a tese de doutorado de Cícera Nunes que pesquisou “Os Congos de Milagres e Africanidades na Educação do Cariri Cearense” e a dissertação de Kássia Mota com enfoque sobre “Entre a Escola e a Religião: Desafios para Crianças de Candomblé em Juazeiro do Norte”. 

Nas edições seguintes o evento cresceu, ganhou destaque e visibilidade e passou a ser promovido de forma itinerante. A professora relata que o congresso veio para a URCA (Crato) em 2011. Ela discorre que somente em 2013 é que o congresso é transferido para o Cariri. Na URCA, ele está alocado dentro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais (NEGRER) e do Departamento de Educação. 

Da Esq. para Dir. (Kássia Mota, Nicolau Neto, Risomar
e Cícera Nunes). Foto: Anderson Varella.
Cícera conta ainda que o artefatos é uma realização coletiva que agrega instituições de ensino superior, a exemplo da URCA, UFCA, da Universidade do Tennessee e IFCE (Juazeiro) e movimentos sociais, com destaque para o Grunec, a Cáritas Diocesana de Crato e a ONG Aldeias. Para ela, o diferencial deste congresso para os demais é que a cada ano há uma novidade, como o acampamento da juventude em 2016 e a I Mostra de Cinema Africano do Cariri Cearense, com exibições de documentários acompanhadas de rodas de conversa em várias comunidades da região do Cariri cearense: quilombos, ONGs, escolas de educação básica, praças públicas e outros lugares, parte integrante da edição deste ano.

Já o professor Nicolau trouxe para a discussão uma reflexão acerca do papel do movimento negro. Segundo ele, é preciso partir da premissa de que enquanto coletividade, que promove ações políticas, educacionais e culturais, ele reeduca a si próprio, a sociedade e o estado acerca das relações étnico-raciais no país. O movimento negro tem que ter um objetivo explícito e não pode fugir dele, tratando-se de emancipar os sujeitos que sempre tiveram e ainda tem sua história negativada. É a partir dessa perspectiva que o movimento negro pode e deve atuar, como um sujeito político que politiza, emancipa e ressignifica a raça.

O professor fez menção as várias formas de atuação e de mudança pela qual passaram os movimentos negros, tendo como recorte temporal a proclamação da república onde o pensamento europeizante era mais sentido. A Frente Negra Brasileira (anos 30), O Teatro Experimentral Negro (décadas de 40 a 60), A Imprensa Negra Paulista (anos 60 ) e os Fóruns da Política Educacional, tendo tido discussões sobre raça na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 1961. Todos estes movimentos ao trazerem para o público o debate sobre o racismo e a necessidade de se construir estratégias políticas e educacionais para a superação das desigualdade raciais, contribuíram para ressignificar a raça, dando-lhe forma não inferiorizante de se manifestarem.

Da Esq. para a Dir. (Willyan, Cícera Nunes, Kássia Mota,
Anderson Varella e Nicolau Neto). Foto: Risomar.
Citando a pedagoga brasileira Nilma Lino Gomes, Nicolau afirmou que a partir dos anos 80 do século passado houve confluência de determinados fatores do racismo, principalmente durante a ditadura civil-militar, que permitiram a formação de uma organização coletiva de caráter nacional, como o Movimento Negro Unificado. É aqui que ativistas negros passam a concluírem graduações e iniciam uma trajetória acadêmico-político, tendo intelectuais engajados e com pesquisas sobre o negro e a negra e suas historicidades como objetos/sujeitos de estudos. Ainda segundo Nicolau, é nessa conjuntura que irá aparecer as ações afirmativas como demanda real, com destaque para a modalidade cotas. Ao mencionar a criação do Grunec em 2001, ele ressaltou que a partir de 2013 é perceptível algumas mudanças fruto de muita luta, como por exemplo, a Lei 10.639/03, as cotas raciais, as cotas nos concursos públicos e o Estatuto da Igualdade Racial). Elas representam mecanismo de reconhecimento do racismo e ao mesmo tempo significa medidas de combate as desigualdades raciais. Nicolau ainda frisou no campo dos avanços, o I Seminário de Ações Afirmativas: a Implantação do Sistema de Cotas realizado na URCA em fevereiro de 2017.  Para cada um desses avanços o membro do Grunec citava um retrocesso sob o pano de fundo do aumento desenfreado de ondas conservadoras e racistas.

Por fim, ele citou que a pouca presença de negros e negras nas universidades tem mobilizado pouco estas instituições e trouxe a luz da conversa os dados do censo da educação superior que apontou que entre 1997 e 2011 o percentual de negros/as no ensino superior passou de 4 para 19,8%, o que em termos numéricos significa algo de 13 milhões de jovens. Apesar disso, disse ele, os números não são animadores vistos que somos um pais de maioria negra, afirmando outrossim que há nesse caso um problema estrutural e institucional grave que precisa ser resolvido. O debate sobre o racismo e as desigualdades dele resultante sempre esteve posto, mas se faz necessário e urgente um enfrentamento mais efetivo por parte das instituições governamentais, completou.

Após as falas, universitários/as e professores/as fizeram intervenções. Destaque para a fala de Anderson Varella, do curso de Pedagogia, que pontuou a necessidade do debate e a urgência do ato de se reconhecer negro. Para ele, isso é um ato político.

A noite o evento seguiu com a palestra “A pesquisa acadêmica em diversidade e a formação do sujeito pesquisador: compartilhando experiências” desenvolvida por Kássia Mota, Alexandre Joca e Cícera Nunes. A universitária Valesca, do curso de pedagogia abri e fechou o evento com músicas que refletem as causas negras. 


Foi um dia de produção de conhecimento, de diálogo, de ideias, de articulações.  Agradecemos a parceria de Cicera Nunes e Nicolau Neto. Até o Artefatos na URCA!”, disse Kássia Mota ao classificar o evento.




Por que você não deve votar em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018


(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

Fórum fez uma lista de dez motivos, baseados em fatos reais, para que você possa enviar para o seu amigo que está pensando em votar no Bolsonaro. O diálogo e o convencimento são os temperos principais da democracia. Xingar só interessa a quem não tem argumento.

Homofobia

Jair Bolsonaro já deu inúmeras demonstrações de homofobia. Uma delas, em 2015, rendeu ao deputado a obrigatoriedade de pagar uma indenização de R$ 150 mil por danos morais ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDDD), criado pelo Ministério da Justiça. A ação foi ajuizada pelos grupos Diversidade Niterói, Cabo Free de Conscientização Homossexual e Combate à Homofobia e Arco-Íris de Conscientização.

Durante o programa CQC, na época exibido pela TV Bandeirantes, Bolsonaro afirmou que nunca passou pela sua cabeça ter um filho gay, porque seus filhos tiveram uma “boa educação”, com um pai presente, e que não participaria de um desfile gay porque não promoveria “maus costumes”, pois acredita em Deus e na preservação da família. Em outra oportunidade, o deputado deu uma declaração dizendo que não contrataria um motorista gay para levar seu filho na escola. Outra frase reveladora do deputado: “Ter filho gay é falta de porrada”.

Golpe militar

Em 2014, o deputado federal ingressou com um pedido para realizar uma sessão de homenagem ao golpe militar de 1964. Porém, o presidente da Câmara dos Deputados da época, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), derrubou o pedido do parlamentar. A decisão foi tomada após uma discussão com os líderes dos partidos, que chegaram à conclusão de que tal homenagem iria causar desgaste à Casa.

Quando votou pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016, ele justificou sua decisão favorável ao afastamento homenageando o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), que foi torturador de Dilma.

Misoginia

Bolsonaro ganhou destaque no tradicional jornal francês “Le Monde” em 2014, por conta de seu ataque à deputada Maria do Rosário (PT-RS). Durante uma discussão, ele disse que só não a estupraria porque ela “não merece”, o que lhe rendeu um processo. O “Le Monde” o chamou de “misógino, homofóbico, racista e atrevido”. É dele, também, a seguinte frase: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.



Parlamentar inoperante

A Câmara dos Deputados aprovou no dia 16 de junho de 2015, por 433 votos a favor e 7 contra, uma emenda à proposta de reforma política, que previa que as urnas eletrônicas passassem a emitir um “recibo” para que os votos nas eleições pudessem ser conferidos pelos eleitores. A emenda foi de autoria de Bolsonaro. O detalhe é que foi a primeira vez, em 25 anos ininterruptos de legislatura, que ele conseguiu aprovar uma proposta no Congresso Nacional.

Direitos humanos

Em 2016, em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, Bolsonaro se mostrou contrário à atuação de Organizações Não-Governamentais (ONGs) ligadas aos direitos humanos. “Eu cortaria todos os recursos para ONGs de direitos humanos. Esse pessoal vive da violência e vive dentro do governo. Nós arquivamos um projeto, que daqui a pouco será desarquivado, que é o Estatuto do Encarcerado. Se você lê aquilo, você pensa em ser bandido, porque o documento busca garantir diversas vantagens ao presidiário, tais como o direito de visitar familiares doentes e a uma cela individual”, disse ele.

Racismo

Bolsonaro também não esconde posturas racistas. Durante uma palestra no clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em 2017, prometeu acabar com todas as reservas indígenas e comunidades quilombolas do Brasil, caso seja eleito. Em sua opinião, as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia. “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí”, destacou. “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem pra procriador ele serve mais”, soltou.

Tortura

O show de horrores protagonizado por Bolsonaro começou há muitos anos. Em entrevista ao programa Câmera Aberta, da TV Bandeirantes, datada de 1999, Bolsonaro foi explícito: “Sou a favor da tortura. Através do voto, você não muda nada no país. Fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil, começando com o (então presidente) FHC. Não deixar pra fora, não, matando. Se ‘vai’ morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente”, declarou.

Auxílio-moradia

Mesmo tendo um imóvel em Brasília, Bolsonaro e um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro, recebem dos cofres públicos R$ 6.167 por mês de auxílio-moradia. Ambos são deputados federais. O apartamento de dois quartos (69 m²), em nome do Bolsonaro pai, foi comprado no fim dos anos 90, quando ele já recebia o benefício público, mas ficou pronto no início de 2000.

O deputado recebe da Câmara o auxílio-moradia desde outubro de 1995, ininterruptamente. Seu filho Eduardo, desde fevereiro de 2015, quando tomou posse em seu primeiro mandato como deputado. Ao todo, pai e filho embolsaram, até dezembro de 2017, R$ 730 mil, já descontado o Imposto de Renda.

Amazônia

Em maio deste ano, Bolsonaro concedeu entrevista ao El País onde deixou bem claro que pode simplesmente vender a Amazônia para empresários internacionais, caso seja eleito presidente. “A Amazônia não é nossa. Aquilo é vital para o mundo. A Amazônia não é nossa e é com muita tristeza que eu digo isso, mas é uma realidade e temos como explorar em parcerias essa região”, ressaltou.

Denúncia

Em janeiro deste ano, a Folha de S.Paulo divulgou uma ampla reportagem, na qual revela o crescimento vertiginoso do patrimônio da família Bolsonaro. Segundo a matéria, quando entrou na política, em 1988, Bolsonaro declarava ter apenas um Fiat Panorama, uma moto e dois lotes de pequeno valor em Resende, no interior no Rio de Janeiro, valendo pouco mais de R$ 10 mil em dinheiro atual.

Hoje, ainda de acordo com a Folha, o presidenciável e seus três filhos, que também exercem mandato, são donos de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões, a maioria em pontos altamente valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca. Os bens dos Bolsonaro incluem, também, carros que vão de R$ 45 mil a R$ 105 mil, um jet-ski e aplicações financeiras, em um total de R$ 1,7 milhão, conforme consta na Justiça Eleitoral e em cartórios. (Com informações da Revista Fórum).