13 de agosto de 2022

Calado, por Alexandre Lucas

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Arquivo Pessoal).


O homem não disse nada. Ficou em silêncio enquanto a vida passava. Escutou as histórias que atravessaram os seus caminhos como um figurante, sem fala e nome. A porta da sua vida era trancada com fechadura enferrujada, a chave apartada em pedaços irreconciliáveis.

O homem parado seguia. Se segue parado. Sentou na praça, ergueu um chiclete, mascou até perder a sensibilidade. Enquanto mascava, a banda tocou. As crianças brincaram com milhos e pombos. A polícia bateu nos estudantes, tingiu a praça de sangue.  A chuva veio repentinamente forte e estralando os céus.  O homem continuava mascando chiclete. O homem não disse nada.

Quando perguntaram sobre o seu silêncio, o homem não disse nada. Já era tarde, assim como os livros que são queimados antes de serem lidos.

12 de agosto de 2022

20 anos do Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas em Nova Olinda (Ceará)

 

Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas. (FOTO / Professor Nicolau Neto)


Por Nicolau Neto, editor

Um dos equipamentos culturais do município de Nova Olinda, na região sul do Estado do Ceará, estará completando 20 anos. O Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas foi inaugurado em 19 de dezembro de 2002 pelo Governo do Estado do Ceará.

Hoje, para quem visita Nova Olinda, o espaço é um dos destinos a ser conhecido, principalmente para turistas, profissionais da educação, estudantes e pesquisadores(as) que têm no roteiro a Casa Grande- Memorial Homem do Cariri.

O Teatro se configura como um importante instrumento cultural, visto que recebe diversos espetáculos ligados à dança e a música, por exemplo, e foi entregue durante o governo de Tasso Jereissati (PSDB).

A denominação faz referência a ativista política e socióloga Violeta Arraes Gervaseau, assim como também as peças arquitetônicas dos engenhos de rapadura do Cariri cearense e teve como idealizadora Maria Eliza Costa.

Vem à Nova Olinda? Então, aproveita que vai passar pelo Museu Ciclo do Couro do Artesão Espírito Seleiro, Museu Casa Oficina de Dona Dinha e pela Fundação Casa Grande e passa também no Teatro.

Yury do Paredão se reúne com lideranças políticas em Juazeiro do Norte

Yury do Paredão se reúne com lideranças políticas em Juazeiro do Norte. (FOTO |Reprodução | WhatsApp)

O empreendedor Yury do Paredão, candidato a deputado federal, se reuniu com apoiadores e amigos, nesta quinta-feira, 11, no espaço Cuida Coworking, em Juazeiro do Norte. O objetivo da reunião foi apresentar seus projetos, caso seja eleito nas eleições de 2022.

Representando o Cariri, Yury do Paredão é um dos principais nomes da legenda para Câmara Federal. Com um trabalho árduo, o empreendedor vem conquistando apoiadores de diversas regiões do Ceará.

“Estou entrando em mais um desafio em minha vida e quero dar o meu melhor, para trazer mais benefícios para o Ceará, e em especial para o meu Cariri”. Falou Yury da importância de concorrer a uma vaga no legislativo federal.

É a primeira vez, que o empreendedor é candidato a deputado federal. “Nossa bandeira é o ‘Pensar Grande’ e vamos juntos, pensar grande para mais oportunidades para os jovens, saúde pública para todos, comida no prato e transporte público de qualidade. É dessa forma que podemos nos unir, e juntos conquistar uma sociedade mais justa”, afirmou. 

Yury reforçou a gratidão aos grupos de apoiadores. “Agradeço imensamente lideranças políticas, amigos e autoridades de Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Araripe, Nova Olinda, Aurora, Várzea Alegre e Granjeiro. Obrigada pela parceria de todos, e saibam que estarei lutando cada dia por um Ceará melhor”, concluiu.

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Texto encaminhado a redação do Blog por Gabrielly, do Blog do Boa.

O Grande Desafio, o filme [Resenha]

 

Equipe do debate montada pelo professor Thompson. (FOTO/ Reprodução).

Por Nicolau Neto

O Grande Desafio é um filme estrelado pelo ator Denzel Washington que no roteiro exerce o papel do professor Melvin Thompson. Amante dos livros, das palavras e de um bom debate, ele atua na escola com um objetivo a ser atingido: a transformação da realidade a partir dos alunos e das alunas.

Para isso, ele decide criar grupos de debatedores e colocar a pequena Wiley College, do Texas (EUA), no circuito dos campeonatos entre as universidades. A história que é baseada em fatos reais, traz como pano de fundo o racismo e as desigualdades que ele gera.  Ela ocorre nos anos 30 e perpassa pela trajetória do professor Melvin Thompson que decide formar uma equipe de debatedores negros dispostos a enfrentar a tradicional e imbatível campeã da modalidade, frequentada por brancos.

James Farmer Jr, garoto de 14 anos durante discurso.(FOTO/ Reprodução).

Um dos discursos mais eloquentes e emocionantes é de James Farmer Jr, um garoto de 14 anos. Pela frase “fazemos o que temos a fazer, a fim de fazer o que queremos fazer" já nos indica o tamanho da potencia que tem sua fala.

Abaixo você encontra disponível e de forma completa o filme no YouTube:

           

Carta aos brasileiros’ supera 1 milhão de assinaturas no dia em que as ruas defenderam as urnas

(FOTO/ Elineudo Meira/@fotografia75).

 

Com manifestações de rua neste final de tarde, como a avenida Paulista, em São Paulo, e a Candelária, no Rio de Janeiro, o 11 de agosto conseguiu mobilizar diferentes setores da sociedade para manter vigília em torno da democracia e do processo eleitoral. Muitos defensores do impeachment de 2016 desta vez participaram de atos pelo Estado de direito. O jurista Miguel Reale, por exemplo, esteve nesta quinta-feira (11) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), assim como o historiador Marco Antonio Villa.

E a leitura da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito ocorreu exatamente no dia em que o documento alcançou 1 milhão de assinaturas às 21h58 desta quinta. “A cartinha virou o jogo”, disse à Rádio Eldorado o diretor da faculdade, Celso Fernandes Campilongo. “Cartinha” foi como o presidente da República se referiu ao documento referendado por brasileiros de todos os segmentos sociais.

Compromisso com a liberdade

Para o jornalista Jamil Chade, a “intolerável ameaça autoritária” recebeu hoje, no ato do Largo São Francisco, “uma resposta inequívoca de uma sociedade plural e comprometida com a liberdade”. O ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia (AJD) Marcelo Semer avalia que o documento serviu de repúdio à “ameaça golpista” contra as eleições. “Não é uma carta libertária nem mesmo progressista. O consenso mínimo que a envolve é a legitimidade da eleição. De 2022. Não é mais do que isso, e ao mesmo tempo foi bastante”, escreveu.

Graduado em Direito justamente na USP, em 1990, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou o caráter “histórico” da ata. Prestes a assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na semana que vem, ele ressaltou em rede social a “solidez e a fortaleza” da democracia e do sistema eleitoral, “alicerces essenciais para o desenvolvimento do Brasil”.

Severa advertência

Outro ex-aluno das Arcadas (turma de 1969), o ex-ministro do STF Celso de Mello afirmou que o ato de hoje “representou, em sua dimensão política, gesto histórico de inequívoco apoio da cidadania ao regime democrático, de severa advertência ao Presidente Bolsonaro e aos seus epígonos e de veemente repulsa à pretensão liberticida de mentes sombrias e autocráticas!”.

Quanto o ato de hoje começou, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, às 10h05, a Carta somava exatas 928.956 adesões. Dez horas depois, às 20h05, atingia 986.904. O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, dava o tom: “Estamos aqui para defender a democracia, a legislação eleitoral, a Justiça Eleitoral e o sistema eleitoral, com as urnas eletrônicas. Que a vontade do povo brasileiro seja respeitada e seja soberana. Queremos eleições livres e tranquilas, queremos um processo eleitoral sem fake news“.

Leitura em Pernambuco

O documento foi lido em outras universidades. No Rio, por exemplo, na Uerj, UFRJ, UFF e PUC. Já na Federal de Pernambuco (UFPE) – precursora com a USP dos cursos jurídicos no Brasil, origem da celebração do 11 de agosto, há 195 anos –, além da leitura, em atividade na Concha Acústica Paulo Freire, houve apresentação da Orquestra Experimental de Frevo.

O ato da leitura no pátio da Faculdade de Direito da USP foi conduzido pela atriz e produtora cultural Roberta Estrela D’alva. “Esse é o compromisso de mais de 900 mil pessoas que assinaram essa carta, e em breve seremos milhões, afirmando e reafirmando que se, em algum momento, a democracia estiver em risco, nos juntaremos para dizer em alto e bom som que esse país tem memória”, afirmou. “Ditadura nunca mais. Tortura nunca mais. Estado de direito sempre!”

Por sua vez, a presidenta do Centro Acadêmico XI de Agosto, Manuela Morais, citou o jornalista negro Luiz Gama, defensor de escravos. “Neste dia histórico, pisamos no mesmo terreno em que Luiz Gama aprendeu a lutar por um país sem reis e sem escravos.” Assim, além da democracia, quase todos os discursos lembraram da Constituição, que completará 34 anos em outubro, mês das eleições.

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Com informações da RBA.

11 de agosto de 2022

Leitura de carta em defesa da democracia é acompanhada por mais de 7 mil pessoas em SP

 

Milhares de pessoas participaram do ato no Largo São Francisco. (FOTO/Mídia NINJA).


Em um ato histórico, o 11 de agosto volta a ser símbolo de luta pela defesa da democracia brasileira, eleições livres e contra o retrocesso no mesmo Largo São Francisco, no Centro de São Paulo, onde há 45 anos a Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) leu a primeira “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, na época contra a ditadura militar e pela redemocratização do país.

Neste ano, o ato reuniu cerca de 7 mil pessoas, segundo a organização. Dentro da Faculdade de Direito da USP, aproximadamente duas mil pessoas, entre juristas, estudantes, empresários, políticos, religiosos, artistas, ativistas e personalidades públicas, lotaram o salão nobre e o Pátio das Arcadas para acompanhar a leitura da carta. Do lado de fora, no Largo São Francisco, onde foi instalado um telão, mais de cinco mil, entre estudantes e integrantes de movimentos sociais, além da socidade civil, assistiram o momento. O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi rechaçado dentro e fora do ato.

A leitura no salão nobre ficou a cargo de José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça e orador da Carta aos Brasileiros de 1977. No salão nobre, os professoras da USP, Eunice Aparecida de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Bechara, junto ao advogado Flávio Bierrenbach, leram o documento que já possui quase um milhão de assinaturas. Também teve participação especial a presidenta do centro acadêmico 11 de Agosto, Manuela Moraes.

Nesse ato histórico, pisamos no mesmo terreno sobre o qual Luis Gama aprendeu a lutar por um país sem reis e sem escravos, é uma enorme honra ao 11 de agosto, continuar sendo construtor da estrada da liberdade da qual Gama foi fundamental”, diz trecho da carta lida por Manuela Moraes, presidenta do centro acadêmico 11 de Agosto.

Além da carta foram lembrados também vítimas da ditadura e assassinatos recentes que chocaram o país, como Marielle Franco, Bruno Pereira, Dom Phillips e, mais recentemente, Marcelo Arruda. Neste ano, o tom da leitura também defendeu a população negra, indígena e quilombola, a comunidade LGBTQIPA+ e todas as formas de preconceito.

Beatriz Lourenço do Nascimento, representante da Coalizão Negra por Direitos, veio a público ler o manifesto ‘Nós Não Andamos sozinhos’ que exige a erradicação do racismo que pratica o genocídio da população negra no Brasil. “Enquanto houver racismo no Brasil não haverá democracia”, declarou para uma platéia majoritariamente branca.

O jurista Oscar Vilhena enalteceu o dia 11 de agosto como um símbolo de luta pela democracia e o estado de direito e afirmaou que o manifesto também representa 60 milhões de trabalhadores através de centrais sindicais, organizações não governamentais, que aderiram o movimento. “Este é uma manifestação plural de diferentes segmentos da sociedade que se juntaram por uma única luta, pela democracia deste país”, declarou.

Para o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, a carta pela democracia que superou a marca de 970 mil assinaturas, é um marco para que a vontade do povo seja respeitada e soberana. “Queremos eleições livres e tranquilas, sem fake news”. E completou: “Estamos aqui para impedir o retrocesso e que esta mobilização nos coloque no caminho certo”.

No Largo São Francisco

Movimentos sociais e estudantis, além da sociedade civil, cantavam e tremulavam suas bandeiras e faixas estendidas por prédios e pelas ruas. Muitos jovens estudantes compareceram com o rosto pintado de verde e amarelo, e muitos usavam a camisa amarela da seleção brasileira, defendendo a bandeira que foi apropriada pelos bolsonaristas. A iniciativa foi promovida pela União Nacional dos Estudantes (UNE).

A presidente da UNE, Bruna Brelaz, discursou no Salão Nobre e declarou que o povo brasileiro não aguenta mais golpistas e que não há mais espaço para o autoritarismo no Brasil. Ela lembrou que a UNE lutou contra a ditadura militar e redemocratização do país e que os estudantes é a atual geração que se orgulha em defender o legado de milhares de brasileiros e brasileiras que lutaram para que ter o direito ao voto.

Esse é um momento emocionante de muita luta, mas também a certeza que a sociedade se une para garantir que a democracia prevaleça. O povo brasileiro jogará na lata de lixo da história aqueles que flertaram com o obscurantismo do passado”, afirmou.

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Com informações da Mídia Ninja.

“Cultivem em si a ousadia de transformar a realidade”, diz diretora da Menezes Pimentel no dia do estudante

 

Diretora Graciela Rodrigues durante roda de diálogo com estudantes da Escola Menezes Pientel. (FOTO/ Professor Nicolau Neto).

Por Nicolau Neto, editor

Há 95 anos o Brasil celebra o Dia do (a) estudante. A data é em referência a criação das duas primeiras faculdades do país ainda durante o primeiro império, a saber: a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo e a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco. As ações ocorreram 4 anos antes da abdicação de D. Pedro I.

A data, no entanto, só foi oficializada um século depois, em 1927 e ratificada posteriormente com a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE). Internacionalmente, a classe estudantil também é referenciada. O mês e o dia escolhidos é 17 novembro em alusão a memória de estudantes da Tchecoslováquia que lutaram contra a invasão nazista, em 1937.

No Brasil como em todos os países, a data deve ser vista como de reforço da importância do papel que cada estudante tem na construção de uma realidade melhor. Devem ser vistos como patrimônios, uma vez que são responsáveis ainda na educação básica por interpretar a História e construir caminhos para a transformação da sociedade.

Estudantes do 3º Ano "A" da Escola Menezes Pientel durante produção em aula de História sobre Nazi-fascismo. (FOTO/ Professor Nicolau Neto).

Graciela Rodrigues, diretora da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Menezes Pimentel, no município de Potengi, na região do cariri cearense, foi taxativa. “Estudantes, cultivem em si a ousadia de transformar a realidade que os cerca através da educação”, escreveu.

Para ela, o mais importante é focar no caminhar, no progresso, no agir e nunca no esperar.

Acreditem na força potente do levantar e ir atrás.

Desejem o sucesso, mas foquem no processo.

Lembrem-se que as travessias nem sempre são fáceis. É preciso coragem, determinação, perseverança, vencer medos e inseguranças para se alcançar sonhos.

Será sempre sobre agir, jamais sobre esperar”, asseverou antes de desejar feliz Dia do Estudante a todos e todas que estudam na Menezes Pimentel.

O professor de Geografia, José Sobrinho, também aproveitou o ensejo para parabenizar a todos e todas. “Querid@s estudantes do Menezes Pimentel, Feliz dia do estudante”, frisou. Sobrinho ofereceu a música “Coração de Estudante”, de Milton Nascimento. A música é símbolo de uma geração que lutou por liberdade nos anos da ditadura. A letra menciona o poder da juventude, a fé no jovem.

Laqueadura: Senado decide que mulher não precisa mais de autorização de marido para fazer cirurgia

 

Adolescente grávida no Centro do Rio (Foto: Gabriel de Paiva).

O Senado Federal aprovou o projeto de lei que derruba a necessidade autorização do marido para que a mulher possa fazer laqueadura, cirurgia que leva à esterilização feminina. A proposta revoga artigo que exigia o consentimento de ambos os cônjuges. Após votação simbólica nesta quarta-feira, o texto vai à sanção presidencial e entra em vigor 180 dias após a publicação no Diário Oficial da União (DOU).

Com o texto, a idade mínima para realizar a esterilização voluntária — ligadura de trompas em mulheres e vasectomia em homens — cai de 25 para 21 anos. A proposta define, ainda, que qualquer método e técnica de contracepção seja disponibilizado em até 30 dias.

Outra mudança é que gestantes poderão fazer laqueadura no parto, o que é atualmente vedado. Os critérios são que tenha se passado pelo menos 60 dias que ela manifestou esse desejo e que haja condições médicas para a cirurgia.

— Facilitar o acesso da população aos métodos contraceptivos é uma forma de garantir os direitos à vida, à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, ao trabalho e à educação — sustentou a relatora, Nilda Gondim (MDB-PB). — O sentido do projeto é exatamente este: a mulher ter o direito de assumir a sua identidade e a sua vontade. Isso não causa desarmonia na família, é uma opção dela.

A nova norma, que foi aprovada pela Câmara dos Deputados em março, também valerá para vasectomia. Pela lei atual, homens e mulheres casados necessitam da autorização do cônjuge caso decidam pela esterilização. Para mulheres, também era preciso ter pelo menos 25 anos ou dois filhos vivos.

A derrubada da autorização levou a um embate no plenário da casa. O senador Guaracy Silveira (Avante-TO) pediu que a autorização fosse mantida para evitar a “desarmonia na família”:

— Nós não podemos de maneira nenhuma pregar a desagregação, mulher inimiga do marido e marido inimigo da mulher, filhos, irmãos. A função política primordial é promover a harmonia. Então eu gostaria que nós fizéssemos uma revisão porque, quando pedimos aqui a revogação do artigo 3º (que dispensa a autorização), podemos padecer de inconstitucionalidade — afirmou.

Gondim rebateu o senador, reafirmando a decisão pela método contraceptivo cabe à mulher:

— Exatamente esse artigo é todo baseado para que a mulher tenha o direito de decidir o que ela quer, a sua vida. Que ela avise ao seu companheiro, ao seu marido, ao seu amigo, ou enfim, mas ela tem o direito de decidir se ela quer usar o método contraceptivo ou não — defendeu a relatora.

Médicos avaliam que essa cirurgia para evitar a gravidez é relativamente simples e de curta duração, cerca de 40 minutos. Funciona assim: as tubas uterinas (ou trompas) são cortadas e amarradas nas extremidades, o que impede a fecundação dos óvulos pelos espermatozoides.

Lei Maria da Penha e Agosto Lilás

Senadores analisam quatro projetos que tangem os direitos femininos em comemoração aos 16 anos da Lei Maria da Penha, que fez aniversário no último domingo. A Casa aprovou, também um projeto que institui o Agosto Lilás, mês de proteção à mulher: enquanto a cor foi escolhida por relembrar o sufrágio universal, com o voto feminino, o mês se deve ao aniversário da legislação contra violência doméstica.

Nesse contexto, a sessão foi presidida pela líder da bancada feminina da Casa, Eliziane Gama (Cidadania-MA), no lugar do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG):

— Eu queria dizer o quanto isso é importante para a bancada feminina. Nós temos avançado na legislação brasileira com a lei Maria da Penha, com a tipificação do feminicídio e de várias outras leis que possibilitaram o fortalecimento, sobretudo, do orçamento de gênero, que faz a proteção e a valorização da mulher brasileira — afirmou a senadora. — O combate à violência contra a mulher deve ser uma premissa de todos nós uma ação transversal de todos os poderes.

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Por Melissa Duarte, do O Globo e reproduzido no Geledés.