27 de março de 2022

“Falta de temática étnico-racial nas escolas causa desinteresse pela educação”, alerta pesquisadora

 

(FOTO/ Pixels).

As atitudes racistas geralmente se iniciam no ensino infantil, quando as crianças reproduzem falas e comportamentos aprendidos no meio familiar, ou ao serem vítimas de diferenciação no tratamento docente. Uma pesquisa recente feita em uma creche pública em Minas Gerais mostrou que bebês negros são vítimas dos próprios professores em atos simples como não terem direito a tomar banho.

Uma escola e um professor que não valorizam o pertencimento étnico-racial dos estudantes criam um desinteresse pela educação. A criança e o jovem passam a querer faltar, a não ligar para as tarefas, muitos ficam agressivos. A internalização de estereótipos também é um fator que leva à não aceitação de si mesmo, da sua origem”, explicou a pesquisadora e professora de História da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Ana Cristina Juvenal da Cruz, em entrevista ao jornal O Globo.

Ainda na reportagem sobre educação antirracista, Jaqueline Santos, consultora de equidade racial do Projeto Seta (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista), pontua que é preciso planejar uma gestão educacional entre governos e profissionais da educação. Ela também ressalta que é preciso reconstruir materiais didáticos e implementar atividades que tragam o debate para o ambiente escolar. “Secretarias de Educação e Ministério da Educação devem assumir essa agenda em todas as suas necessidades: fortalecimento do marco legal, formação de profissionais da educação, financiamento de pesquisa e produção de materiais didáticos e paradidáticos, gestão democrática com foco em equidade racial e comunidade escolar sensibilizada, comprometida e engajada na temática, condições institucionais com recursos financeiros, materiais e humanos e monitoramento e avaliação. Tudo isso dá base para a implementação efetiva da temática.”, explica a consultora.

Vale destacar que racismo é crime previsto na Lei 7.716/89 e sempre deve ser denunciado. A legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores. A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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Com informações do Notícia Preta.

26 de março de 2022

PCB e PCdoB celebram centenário

O PCdoB, por sua vez, realiza o Festival Vermelho, em Niterói (RJ). O evento tem início nesta sexta-feira (25) e encerra no sábado (26) com atividades culturais e políticas no centro cultural Caminho Niemeyer.(FOTO/ Reprodução).

O Partido Comunista do Brasil foi fundado há exatos 100 anos, em 25 de março de 1922. Duas siglas que seguem atuantes no cenário político do país festejam o centenário, completado nesta sexta-feira: PCB e PCdoB. Ambas as legendas têm origem no mesmo ato de fundação. No entanto, separaram-se em 1962. O PCB herdou a sigla, com uma sutil alteração no nome, para Partido Comunista Brasileiro. O PCdoB, com essa sutil mexida na sigla, herdou o nome de batismo, Partido Comunista do Brasil.

Para marcar a data, o PCB realizar um evento presencial em São Paulo. Neste sábado (26), os militantes do partido vão se reunir, às 16h, para o Samba Centenário, na sede do Sindicato dos Metroviários, próximo ao Tatuapé.

Em um texto publicado em seu site, o partido afirma que “o PCB segue leal a essa trajetória de luta revolucionária do proletariado brasileiro – e, como tal, legítimo herdeiro desse legado”.

Em Porto Alegre (RS), militantes do PCB fizeram uma série de intervenções na cidade resgatando o nome de lideranças políticas que foram ligadas ao partido.

PCdoB tem festival e presença de Lula

O PCdoB, por sua vez, realiza o Festival Vermelho, em Niterói (RJ). O evento, com início nesta sexta, vai até o sábado (26) com atividades culturais e políticas no centro cultural Caminho Niemeyer.

Com o tema “Floresce a Esperança”, o festival vai reunir diversas lideranças políticas como o ex-presidente Lula, o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a presidenta do PCdoB, Luciana Santos, a ex-deputada Manuela D’ávila, a vereadora Cida Pedrosa e o prefeito de Niterói, Axel Grael.

A programação inclui debates, lançamento de livros, feira gastronômica, shows, cinema e espaço para crianças. O acesso é livre e gratuito, mediante apresentação do comprovante de vacinação contra a covid-19.

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Com informações da RBA.

25 de março de 2022

Combate à desigualdade racial é decisivo na redução da pobreza 

 

(FOTO/ Fernando Frazâo/ Agência Brasil).


Neste ano, a Lei 12.711 de 2012 – mais conhecida como Lei de Cotas -, será reavaliada. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a presença de negros nas universidades dobrou de 9%, em 2011, para 18%, em 2019. Os números são referentes a estudantes que frequentam o ensino superior, entre 18 e 24 anos.

Segundo Wanderson Pinheiro, advogado do Movimento Negro Unificado, é inegável que o combate ao racismo seja um compromisso de toda a sociedade, mas não se pode negar o papel central do Estado na elaboração de ações afirmativas para o enfrentamento dos desafios. Exemplo disso é o comparativo de rendas mensais em nossa estrutura social: enquanto brancos ganham, em média, R$ 2.796 mensais, a renda de negros não passa de R$ 1.608. “Com dados tão discrepantes, manter a política de cotas é fundamental para promover uma sociedade mais igualitária”, afirma o advogado.

O modelo constitucional brasileiro propõe um sistema de discriminação positiva, com o intuito de alcançar a igualdade substancial, que é tratar os desiguais na medida de suas desigualdades. Nessa esteira, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a constitucionalidade da política de cotas, que foi capitaneada pela Universidade de Brasília (UnB). Segundo Pinheiro, nesse julgamento, o STF buscou reverter, no âmbito universitário, o quadro histórico de desigualdade que caracteriza as relações étnico-raciais e sociais no Brasil.

Assim, surgiu a Lei de Cotas, com a premissa de permitir a superação das desigualdades decorrentes de situações históricas. Todavia, esse marco legal prevê uma revisão única, que ocorrerá na próxima sessão legislativa, em 2022. Fato é que não serão 10 anos de vigência da lei de cotas que irão corrigir 348 anos de tráfico e tortura de pessoas negras relegadas à própria sorte após a abolição”, explicou Wanderson. Para ele, é de suma importância trazer luz aos projetos legislativos que têm sido farol na construção da perspectiva material do princípio constitucional da isonomia.

De acordo com a deputada estadual pelo PSOL-RJ, Dani Monteiro, a universidade é um sonho para a maioria dos jovens negros no Brasil. Com as cotas, o espaço privilegiado de excelência e saber tornou-se acessível. “Foi assim comigo. Na universidade, eu me formei militante e ativista, porque mesmo com o acesso facilitado, é preciso lutar pela permanência, já que a maioria de nós ainda tem de trabalhar enquanto estuda”, pontua.

Para a deputada, a estabilidade do aluno negro e pobre no ensino superior segue uma tarefa material e simbolicamente árdua. “Por isso mesmo, a luta pela melhoria do ensino superior público precisa ser uma bandeira de todos nós”, assegura. “Ainda temos uma batalha pela frente, por isso é importante que o assunto esteja sempre em nossas mentes, que as crianças pretas e pobres já sejam habituadas a pensar que, sim, elas têm direito e têm um lugar legítimo a ocupar. Como a educação e a boa formação, a universidade também é para nós”, conclui Dani Monteiro.

Também cotista pela Universidade Católica de Minas Gerais, a vereadora em Contagem pelo PT, Moara Saboia, lembra que a cota faz parte da história de sua família: os irmãos são estudantes cotistas da Universidade Federal de Minas Gerais e os pais se formaram depois dos 60 anos por intermédio, também, das cotas.

Ela diz acreditar que o sistema de cotas é uma grande possibilidade, a abertura de uma porta para os sonhos. “Você não vai escolher o que vai ser para sempre a partir da cor da sua pele. As cotas nos permitiram sonhar com sermos aquilo que exatamente quiséssemos: eu faço engenharia, meus irmãos também, mas a gente poderia ser médico, psicólogo, cientista social, a gente poderia ser qualquer coisa”, garante a vereadora.

De acordo com a filósofa e educadora Sueli Carneiro, as cotas permitiram que a universidade faça parte do sonho das famílias negras. Para ela, o fim da discriminação passa efetivamente pela política de cotas e pela consequente igualdade econômica. Confira suas ideias na entrevista exclusiva da Revista Mátria reproduzida abaixo:

Em 2010, a senhora foi convidada para uma audiência no STF sobre política de acesso ao ensino superior. Defendeu e ressaltou a importância das cotas e da igualdade econômica para o fim da discriminação. De lá para cá, como a senhora enxerga o percurso das cotas no Brasil?

Com as cotas raciais, promovemos a democratização do acesso ao nível universitário e tornamos os campi universitários num espetáculo inédito de diversidade racial e étnica; elas vêm permitindo ainda a ampliação do horizonte epistemológico em diferentes áreas do conhecimento com as novas perspectivas que os cotistas agregam aos estudos acadêmicos. Como efeito positivo adicional, é o fato de as cotas para negros nas universidades terem colocado a universidade no imaginário das famílias negras. Fazer uma faculdade não era uma ambição da minha geração; é ambição das atuais. E, por fim, as cotas raciais retiraram os racistas do “armário” e os obrigaram a saír em defesa dos privilégios que sempre desfrutaram no acesso às vagas das universidades públicas no Brasil.

Como a senhora vê a relação entre escravidão, o racismo e a atual onda de autoritarismo que vivenciamos no país?

Não se passa impunemente por quase 400 anos de escravidão, sucedida por uma abolição inconclusa, que não previu nenhuma estratégia de inclusão dos ex-escravizados à sociedade brasileira, mas que ao contrário foram considerados estoques populacionais indesejáveis no novo país que seria forjado pela República. Por isso, sob a influência do “racismo cientifico”, ideologia corrente à época, essas populações deveriam ser substituídas por imigrantes europeus, para criar um novo povo e embranquecer o país. As ideias de superioridade e inferioridade racial, propagadas pelo “racismo científico” sobre a diversidade humana, impactaram e permanecem impactando a sociedade brasileira, por mais falaciosas que sejam, como já foi amplamente demonstrado pelas ciências contemporâneas.

Um dos argumentos que sustentam a negação da aplicação das cotas é que ela não focaria na questão estrutural da desigualdade, que seria a pobreza. Como a senhora enxerga esse argumento?

Considero esse um argumento que está a serviço da postergação no enfrentamento do problema. Defende-se a luta para garantir uma escola pública universal, gratuita e de boa qualidade, como se isso não tenha sido uma prioridade na luta dos negros desde a abolição; basta assinalar que era a principal reivindicação da Frente Negra Brasileira na década de 1930. Os que se aferram a esse argumento entendem, a meu ver, que enquanto a escola pública de qualidade não vem, os negros devem esperar, de preferência “bem quietinhos”, pois a reivindicação de cotas raciais não seria suficientemente transformadora segundo alguns dos seus críticos.

Portanto, a defesa da escola pública de qualidade, velha reivindicação das classes populares, entra na retórica das classes média e alta como remédio para impedir que os excluídos do direito ao conhecimento de qualidade conspurquem com o seu ‘‘baixo nível’’ o reduto de reprodução das elites em que se constituem as universidades públicas por elas privatizadas.

Por outro lado, em diferentes estudos, sobretudo os realizados pelo IPEA, se demonstrou que o problema da pobreza no Brasil não resulta de falta de recursos, mas sim de um alto grau de desigualdade. A segunda constatação é que as políticas universalistas não têm sido capazes de reduzir as desigualdades. A terceira é que o combate à desigualdade tem impacto superior sobre a redução da pobreza do que via crescimento econômico. É mais rápido e mais barato.

Segundo a socióloga Márcia Lima, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na Pnad-2007, realizou projeções para a diminuição da desigualdade racial e apontou que seria necessário manter o mesmo ritmo de queda durante, ao menos, quarenta anos para que se consolidasse uma sociedade racialmente mais igualitária. Mas os opositores das cotas passam, intencionalmente, ao largo dessas evidências.

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Com informações do Geledés.

24 de março de 2022

A escravidão no Ceará não foi extinta em 1884, diz professor Darlan

 

Darlan Reis Jr. (FOTO/ Reprodução/ Facebook).

Por José Nicolau, editor

Darlan Reis Jr.,  professor  de História da Universidade  Regional do  Cariri (URCA), usou  as redes  sociais  para falar sobre a Data  Magna no Ceará, instituída como feriado estadual no dia 6 de dezembro de 2011, na gestão do ex-governador e atual senador Cid Gomes (PDT).

A versão contada e que embasou o texto aprovado na Assembleia Legislativa, destaca que o Ceará aboliu a escravização em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea e dando destaque a Francisco José do Nascimento, o "Dragão do Mar", o "Chico da Matilde" como o grande defensor do abolicionismo.

Segundo Darlan, Dr. em História,  "em 25 de março de 1884 a escravidão não foi extinta no Ceará, nem foi promulgada alguma lei neste sentido."  O que aconteceu foi "uma festa dos abolicionistas em Fortaleza, mas a escravidão continuou, por exemplo, em Milagres."

A luta contra a escravidão teve que continuar no Ceará assim como no restante do Brasil, destacou ele.

Darlan frisou  ainda que "se no ano de 2011, o 25 de março virou "Data Magna" e feriado, foi por motivação daqueles que querem promover a versão do abolicionismo gradual, feito também por membros da elite cearense".

A questão do processo de escravização e a luta pelo seu fim no estado cearense também tem outras versões que foram apagadas, como por exemplo, a preta Tia Simoa, negra liberta que foi crucial na greve dos jangadeiros e que junto com seu companheiro, o Napoleão, lideraram as lutas por liberdade e não se renderam a sociedade escravocrata. O professor Carlos Cesar, da Escola Lindalva de Moraes (Milagres) e a ativista e integrante do Grupo de Mulheres Negras Preta Simoa, Karla Alves, tem trabalhos desenvolvidos nesse sentido.

23 de março de 2022

Dia da Data Magna no Ceará: quando foi insttituido como feriado

 

Museu Senzala Negro Liberto. Na foto: Casa grande e objetos de época (carta de abolição dos escravos em Redenção) (foto: RAFAEL CAVALCANTE).


Na sexta-feira, 25, é comemorada a Data Magna do Ceará, instituída como feriado estadual no dia 6 de dezembro de 2011, na gestão do ex-governador e atual senador Cid Gomes (PDT). A iniciativa foi do então deputado estadual Lula Morais (PCdoB), o qual apresentou o projeto. O dia celebra o marco histórico do fim da escravidão no Ceará. O Estado foi a primeira província brasileira a libertar os escravos. As informações são da Assembleia Legislativa.

O Ceará se antecipou em quatro anos à abolição da escravatura em todo o Brasil, ocorrendo aqui no dia 25 de março de 1884, há 138 anos, enquanto no restante do País aconteceu somente em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea.

Um personagem teve papel fundamental na luta pela libertação dos escravos da província cearense, Francisco José do Nascimento, também conhecido como Dragão do Mar ou Chico da Matilde. Homem de origem humilde, participou ativamente no Movimento Abolicionista no Ceará.

Para saber mais sobre clique no link abaixo:

Tia Simoa definiu os rumos da abolição da escravidão no Ceará

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Com informações  do O Povo.

22 de março de 2022

Conheça o hotsite do ANANSI - Observatório da Equidade Racial na Educação Básica!

 

ANANSI - Observatório da Equidade Racial na Educação Básica!/Imagem: CEERT

Está no ar o hotsite do ANANSI - Observatório da Equidade Racial na Educação Básica. Confira neste link.

O Observatório visa contribuir no monitoramento e controle social da equidade racial na educação no Brasil, a partir da produção, troca e compartilhamento de conteúdos, além da incidência em políticas públicas. Lançado em dezembro, o projeto ganha o hotsite e fortalece também a mobilização de pesquisadores/as.

A produção de conhecimento objetiva subsidiar e qualificar o debate público para a agenda da equidade racial na educação e fortalecer o controle social do cumprimento da Lei 10.639/2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), obrigando o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira.

Além de produzir e compartilhar conteúdos e referências teórico-metodológicas, o ANANSI reunirá parceiros no campo da sociedade civil organizada e entidades públicas, articulando redes de observação, informação e ação coletiva no campo da educação básica.

Grupo de pesquisadores/as

Em evento realizado pelo CEERT em 9 de fevereiro, o grupo de pesquisadores/as e supervisores/as do Edital Equidade Racial na Educação Básica: Pesquisas Aplicadas e Artigos Científicos, debateu formas de contribuir e fortalecer o Anansi.

“O ANANSI está muito vivo no CEERT desde o primeiro semestre de 2021, quando a nossa conselheira Flávia de Oliveira nos impulsionou a compartilhar o rico acúmulo do CEERT na área da educação básica considerando o forte impacto da pandemia Covid19 na vida educacional do alunado negro brasileiro. Nossa atuação pode e precisa ser, incisiva, a partir do conhecimento de mais de 30 anos”, disse Cida Bento, conselheira da organização.

Cida ainda citou o ANANSI como um espaço importante para compartilhamento de resultados e impactos dos trabalhos de educação antirracista realizados pelos pesquisadores/as do Edital, nas cinco regiões do Brasil, em um ano tão emblemático, como o de 2022, onde nós temos um processo eleitoral e queremos incidir nos programas do Executivo e dos parlamentares, pressionando pela implementação da Lei 10.639/03

Objetivos

Segunda Maria das Graças Gonçalves, especialista do CEERT e Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), o ANANSI visa contribuir com informações que traçam cenários da temática e com ações estratégicas para a Lei 10.639/2003 seguir fortalecida como principal marco regulatório do combate ao racismo e a construção de equidade racial, como agenda norteadora das políticas educacionais brasileiras.

O segundo objetivo é analisar e acompanhar resultados de ações institucionalizadas, transversais nos sistemas de gestão, ensino e formação, dando transparência aos dados da situação educacional da população negra local, regional e nacional.

“Nosso principal interesse é agilizar as comunicações e por isso pensamos em diferentes redes, se articulando na nossa base. A gente pensa em colaboradores e parceiros alimentando e fortalecendo os dados de educação antirracista”, diz a professora.

Eixos

Na reunião com os pesquisadores, foram debatidos três dos eixos de ação do Anansi: advocacy, indicadores e projetos.

Daniel Bento Teixeira, diretor-executivo do CEERT, ressalta que as ações do eixo de Advocacy são estruturantes da missão central do observatório, envolvendo a defesa dos direitos da criança e do adolescente – sobretudo o direito à educação.

“Temos a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e sobretudo a LDB, juntamente com uma legislação internacional, como um arcabouço normativo. São os instrumentos legais que a gente tem para fazer o questionamento nas instâncias do poder executivo ou judiciário, junto ao Ministério Público. A ideia é que o ANANSI receba dos municípios as percepções e evidencias sobre a implementação da lei, em parceria com organizações locais da sociedade civil ligadas ao movimento negro, promovendo essa prática de defesa de direitos”, explica o diretor-executivo.

Já o Eixo Indicadores, segundo Mario Rogério, diretor do CEERT, contribui na sistematização e disponibilização de dados quantitativos e qualitativos.

“Temos focado na importância da coleta do quesito cor e na qualidade dos dados em pesquisas, com o objetivo de produzir indicadores e divulgar análises, criando uma ponte de acesso aos indicadores educacionais de uma forma fácil e simples. A ideia é que profissionais de educação tenham informações muito precisas para o dia a dia no avanço da equidade racial na educação básica”, explica Mario Rogério.

O Eixo Projetos e Materiais reúne estudos, pesquisas, formação e desenvolvimento de materiais no campo da educação básica, disponibilizando conteúdos para consultas, replicação e ampliação. É um espaço virtual para intercâmbio de experiências exitosas em ações antirracistas.

História

Em mais de 30 anos de atuação, o CEERT realiza ações visando a equidade racial na educação, a partir da formação de professoras/es, gestoras/es e subsídios ao ensino antirracista, reunindo significativo acervo. Desde 2020, o Edital Equidade Racial na Educação Básica identifica e apoia pesquisas aplicadas, que apontem soluções para os desafios da construção da equidade racial na educação básica no Brasil. Saiba mais sobre os resultados da iniciativa neste link.

O CEERT entende que a promoção da educação antirracista é essencial para o combate ao racismo estrutural e para a construção da equidade racial, como agenda norteadora das políticas educacionais brasileiras. Assim, o convite é tecer coletivamente a teia da educação as relações étnico-raciais.

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Com informações do Ceert.

20 de março de 2022

Quando se pede a lua ao prefeito

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução/ Facebook).

Por Alexandre Lucas, colunista

A democracia sofre fraturas diárias na luta pelo direito à cidade. Pensar em gestões democráticas e participativas é um desafio em construção, inclusive de compreensão. Equivocadamente e de forma recorrente, esse conceito, é posto como uma engenharia harmônica e consensual, desconsiderando neste caso a realidade concreta, marcada por disputas de narrativas, desigualdades sociais e antagonismo de classe.

Gestão democrática e participativa não é conceito dogmático, em que é constituída por pares e é erguida a partir de uma única verdade, mas é a partir do encontro das ideias conflituosas e de interesses distintos que a democracia se tempera, necessariamente, isso não acontece pelo diálogo. A história tem demonstrado que o conflito é algo presente quando existem interesses antagônicos.

Apesar do conceito de gestão democrática e participativa ser algo novo relativamente, a luta pelo direito de participar e decidir sobre a cidade é algo bem mais antigo. Entretanto, o recorte das lutas de classes continua sendo válido para compreensão da democracia e evitarmos cairmos na concepção de idealista e romantizada que desconsidera as contradições e as forças em disputa, na tentativa de erguer um falso discurso de equilíbrio social e de dialogicidade.

Conselhos setoriais, conferências, audiências e consultas públicas são espaços criados para aprofundar a democracia, essencialmente são esferas políticas que cabem a diversidade e pluralidade de ideias e de concepções políticas, inclusive, não distingue a participação das pessoas dos mais diferentes partidos políticos, até porque isso é uma prerrogativa constitucional. Enfatizar essa questão é desmascarar a suposta neutralidade das instâncias de participação social.       

A gestão democrática e participativa não deve ser compreendida como o quintal da nossa casa, mas como a casa de gregos e troianos, de muitas brigas, ocupações, construções e desconstruções e é a partir dessa síntese de confusões que a democracia vai se constituindo ou se destruindo.   

Cabe continuar insistindo no aprofundamento da democracia e na organização popular para construir uma nova realidade de participação e acessibilidade  social.

Democracia não é desfile militar, onde todos vestem a mesma roupa e dão as mesmas passadas.  É preciso se preparar para democracia recheada de assimetrias e desconfortos.

As gestões públicas devem romper com as velhas práticas abortivas sobre a decisão da cidade.  Optar por gestões democráticas e participativas vai além de eleger instâncias de participação e é um desafio que se coloca na ordem do dia, aliada aos princípios que regem a gestão pública e os direitos constitucionais da população.

As demandas da população são imensas e complexas, objetivas e subjetivas, viáveis e inviáveis e estão postas. Os gabinetes de gestão têm a tarefa de dar respostas, de orientar, de fazer com que os preceitos da carta magna sejam cumpridos, por  engavetar as demandas da população, é uma atrocidade as conquistas de 88, uma ataque à democracia.  Obviamente, quando for solicitado  ao prefeito a lua, ele ficará impedido de atender, mas isso não exclui a necessidade de justificar os motivos do não atendimento. Construir uma gestão democrática e participativa é aprender a dar respostas até para o pedido da lua.

Sueli Carneiro recebe título de honoris causa da UnB

Sueli Carneiro. (FOTO/ André Seiti / acervo Itaú Cultural).

A Universidade de Brasília (UnB) deu o título de doutora honoris causa para a filósofa e escritora Sueli Carneiro. A decisão foi tomada em reunião do Conselho Universitário (Consuni) da UnB nessa sexta-feira (18/3).

Carneiro é conhecida por sua produção intelectual sobre o feminismo negro, entre outros temas, e por seu ativismo no movimento antirracista. Além da atividade teórica e analítica amplamente difundida nos seus escritos, Carneiro fundou o Instituto Gelédes, que luta contra o racismo e o sexismo.

A vida de Sueli Carneiro é contada no livro “Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro”, escrito pela jornalista Bianca Santana.

A reitora da UnB, Márcia Abrahão, disse para a coluna que é “uma alegria e uma honra” para a universidade atribuir o título para Carneiro “principalmente no mês da mulher”.

Com esse gesto, a UnB dá mais uma demonstração de reconhecimento do valor da diversidade para a construção do conhecimento e de seu empenho no combate ao racismo. Eu me orgulho da decisão tomada pelo Consuni”, acrescentou.

O título de doutor honoris causa é dado a pessoas com “relevante projeção nacional ou internacional, que tenham contribuído de modo notável, para o progresso das Ciências, Letras, Artes ou Cultura em geral e/ou que tenham beneficiado de forma excepcional à humanidade ou o país”, explicou, em nota, a UnB.

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Com informações do Metrópole.