17 de janeiro de 2018

“O candidato do povo”, por Mino Carta


As manifestações contra a condenação de Lula começam dia 23, a partir da esquina democrática. (Foto: Ricardo Stuckert).
Dizia o general Golbery do Couto e Silva, singular personagem na qualidade de ideólogo do golpe de 1964 e do fim da ditadura por este precipitada: “Ou seremos capazes de mudar o País ou todos acabaremos pendurados em um poste, menos eu, que estarei morto”.

Golbery era um filho da Guerra Fria com uma visão maniqueísta do mundo dividido entre o império do Leste, a URSS, e o do Oeste, ou seja, o estadunidense, ao lado do qual sempre haveríamos de ficar.

No desequilíbrio social enxergava, porém, o maior problema do Brasil, a ser resolvido somente pela ação de um governo empenhado em enfrentá-lo em tempo útil antes da eclosão da revolta popular.

Nunca padecemos um estado de exceção igual a este que nos oprime, a favorecer a exígua minoria de ricos e super-ricos, a liquidar os bens da Nação e aprofundar o abismo entre casa-grande e senzala, entre sobrados e mocambos.

Estivesse aqui, Golbery diria “esta cousa vai acabar mal”, embora esteja claro que o mal de uns é o bem de outros. Com o julgamento de Lula pela segunda instância do Santo Ofício, 2018 começa muito quente e não se surpreendam caso se torne decisivo da nossa história.

Aqui se reúnem dia 24 os inquisidores do Santo Ofício. (Omar de Oliveira Feitosa/ Fotoarena).

Cito passagens do magistral artigo do ex-ministro Eugênio Aragão, publicado na semana passada por CartaCapital. As repetições ajudam.

“Em 2018, a massa assalariada vai conhecer a prática dos estragos sobre seus direitos, com as demissões dos celetistas para serem trocados por contratados temporários, sem férias e 13º, sem licença de gravidez, sem FGTS, sem aviso prévio, sem seguro-desemprego e com a precarização previdenciária (...) Trata-se da formalização do subemprego, a se espalhar rapidamente sem amparo sindical.”

• “Ao se aumentar a massa dos que pretendem votar em Lula, o roteiro dos golpistas tende a nos aproximar da convulsão social.

• “Por isso, a saída negociada é ainda a que oferece menos risco e pode desembocar num cenário de transição mais suave. Lula é esta saída. Fechá-la é abrir espaço para o descontrole do processo político que vitimizará em primeiro lugar os repressores e seus instigadores.”

Aragão prevê que qualquer manifestação de resistência popular ao desmando crescente provocará uma repressão cada vez mais violenta para engrossar o caldo de cultura da agitação social. Desde já algumas medidas de precaução foram tomadas na expectativa da chegada da caravana lulista em Porto Alegre na véspera do julgamento.

O PT convocou uma concentração na tarde do dia 23 na histórica Esquina Democrática, no centro da capital gaúcha. Dali os manifestantes iniciarão uma marcha até o lugar mais próximo possível do TRF4, ou seja, até os pontos protegidos pelos cordões da polícia, cuja exata localização ainda não foi anunciada.

Eugênio Aragão traça o roteiro do futuro.
(Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil).
Na moldura, surge um juiz federal insolitamente ponderado, Osório Avila Neto, disposto a negar a solicitação da Procuradoria de relegar a montagem de um acampamento do MST no Parque Farroupilha, a dois quilômetros e meio do tribunal. Avila Neto reduziu a um décimo a distância, e indicou o Parque da Harmonia, não se sabe se com toque irônico, a 250 metros de distância.

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., figura muito chegada ao MBL, o famigerado Movimento Brasil Livre, trincheira do prefeito paulistano João Doria, atirou-se à patética iniciativa de recomendar a presença do Exército e da Força Nacional no dia 24. Proposta recusada, felizmente. Comenta Alexandre Padilha, vice-presidente do PT e organizador da caravana lulista: “Posou de líder do MBL”.

A defesa do ex-presidente pede que ele seja ouvido pelos desembargadores gaúchos. Aceito o pedido, Lula certamente iria a Porto Alegre. A aceitação, contudo, é bastante improvável. Mesmo assim, Lula ainda não tomou a decisão final.

Certo é que dia 24 comparecerá a um ato programado na Avenida Paulista, em frente ao Masp, cenário impecável criado por Pietro Maria Bardi e Lina Bo, e diante do Parque Siqueira Campos, a oferecer sua paisagem frondosa. Com inesperada esperteza, o MBL desistiu de instalar na mesma avenida um telão para transmitir o julgamento. Informou o Movimento: “Não queremos atrapalhar o trânsito”.

Roberto Requião, companheiro ideal.
(Foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado).
A partir de 24 de janeiro, Lula joga a sua carta da manga, a candidatura a algo mais que a Presidência da República, que de resto será confirmada dia 25, a despeito da inevitável condenação, em reunião do PT Nacional, presentes governadores, deputados federais e senadores. Mas Lula vai além, candidata-se a líder do povo cada vez mais humilhado e ofendido.

Nunca o Brasil republicano viveu uma situação de tamanho desgoverno e desvario, em que autênticos quadrilheiros assaltam o poder. “Estamos condenados a radicalizar”, declara um eminente petista.

No fundo, melhor seria outro verbo: condenar parece significar uma pressão indesejada. A radicalização, entretanto, começa com Lula, ao identificar em dois símbolos peremptórios seus inimigos, a Globo e o mercado.

Com esta premissa, ele anuncia uma nova Carta aos Brasileiros, a seguir uma linha oposta àquela que precedeu a eleição de 2002, obra de Antonio Palocci, um trotskista convertido ao neoliberalismo, crente da conciliação das elites.

E já adianta este Lula de ideias límpidas: distribuição de renda não basta, é preciso distribuir a riqueza. E lá vem a promessa apavorante para ricos e super-ricos, os beneficiados do golpe de 2016: serão eles taxados, na medida mais justa.

A radicalização é transparente, inclusive na provável escolha de Roberto Requião para seu vice, ou mesmo um candidato de esquerda se preciso for, e nas conversas mantidas com Guilherme Boulos, líder dos sem-teto, movimento declaradamente de esquerda, como o MST de João Pedro Stedile.

Lula e Boulos: esta conversa revela objetivos comuns. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress).
A postura do seu fundador devolve o PT à plataforma inicial, ao assumir aqueles que hão de ser seus autênticos compromissos e responsabilidades. CartaCapital conhece os seus, e não hesita em louvar este retorno, assim como não hesitou em apoiar as duas candidaturas de Lula e as duas de Dilma Rousseff. Sabemos, com isso, que não traímos o jornalismo, muito pelo contrário.

Temos todo o direito à escolha, sem a desfaçatez dos verdadeiros traidores, que se dizem isentos, equidistantes, pluralistas. CartaCapital mais os enxerga como humoristas de escrita precária.

Nestas páginas já criticamos, às vezes asperamente, o PT e seus governos, nem por isso deixamos de apoiar o único líder popular de dimensão nacional e de considerar uma fraude a eleição sem ele. Às vezes chegamos a duvidar que existisse uma agremiação política de esquerda, embora haja no Brasil movimentos e personalidades de esquerda.

Palocci é um Trotskista convertido ao
neoliberalismo. (Foto: Heuler Andre/ AFP).
Certa é a inexistência de uma direita e de uma mídia conservadora, e deste ponto de vista permito-me discordar de Marcos Coimbra, por quem tenho infinita amizade e admiração. A casa-grande não é a direita, é apenas e tão somente medieval, anterior à Revolução Francesa, e sua sombra cobre o País. Conservadores foram Churchill e De Gaulle. Um jornal de direita é, por exemplo, Le Figaro. Nossa mídia é porta-voz da casa-grande.

O Brasil precisa de um grande e forte partido de esquerda para esclarecer o povo e conduzi-lo, juntamente com PCdoB, PSOL, PSB e PDT, à plena consciência da cidadania e dos seus interesses, muito além do futebol e do carnaval.

Cabe ao PT ocupar este espaço, e aos demais partidos de esquerda, para enfrentar a casa-grande, capaz de um golpe desferido pela aliança dos próprios Poderes da República, sustentados pela propaganda midiática e por setores da Polícia Federal.

Limito-me a perguntar aos meus inquietos botões se Lula teria esperado por este exato instante para se candidatar a líder do povo brasileiro, quem sabe na perspectiva da inelutabilidade da condenação. Tudo é possível, respondem os botões.

Até onde podem espraiar-se os inventores do estado de exceção, e até onde pode chegar o povo a ficar ciente dos vexames a que foi e é submetido? Será 2018 o ano do confronto? Sem Lula não há saída, para negociar esta ou liderar aquele.

Permito-me uma observação: o candidato do povo merece uma campanha mais atilada, mercadologicamente eficaz, do que aquela concentrada na pergunta: cadê as provas? O desafio de Lula está, em primeiro lugar, na defesa do País e de sua Nação.

Os assaltantes do poder multiplicam as exceções a seu bel-prazer e o Brasil é sua primeira vítima, e Lula é condenado sem provas porque surge como o entrave determinante aos propósitos dos quadrilheiros.

Acentuar a fraude do julgamento não é suficiente, mesmo porque é uma forma de aceitar o jogo deste Santo Ofício de ocasião. Se chegarmos à convulsão social que Eugênio Aragão desenha no horizonte, será porque neste momento Lula e o Brasil a ser salvo se confundem. (Com informações da CartaCapital).

16 de janeiro de 2018

Os ratos não foram os culpados pela propagação da peste bubônica na Europa do século 14, aponta pesquisa


Uma ilustração de 1551 mostra um rato preto; a autoria é de Conrad Gesner, naturalista que morreu pela peste bubônica em 1565. Ilustração: Science Photo Library.

Os ratos não foram os culpados pela propagação da peste bubônica na Europa do século 14, no surto que ficou conhecido como peste negra.

Até então, acreditava-se que os roedores e suas pulgas tivessem sido responsáveis pela transmissão da praga, levando a uma série de surtos no Velho Continente dos séculos 14 a 19.

Mas uma equipe das universidades de Oslo, na Noruega, e Ferrara, na Itália, agora diz que o primeiro destes surtos, a peste negra, pode ser "largamente atribuído a pulgas e piolhos humanos".
O estudo, publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Science, utiliza registros sobre os padrões de disseminação e a dimensão da epidemia.

Estima-se que a peste negra tenha matado 25 milhões de pessoas, mais de um terço da população da Europa, entre 1347 e 1351.

"Temos bons dados da mortalidade pelos surtos em nove cidades da Europa", disse Nils Stenseth, da Universidade de Oslo, à BBC.


"Então, fomos capazes de construir modelos da dinâmica da doença (naqueles cenários)."

Peste bubônica afeta os nódulos linfáticos e causa grangrena. Foto: Science Photo Library.

Explicação mais plausível      

Stenseth e seus colegas fizeram simulações de surtos da doença em cada uma dessas cidades, criando três modelos onde a praga era disseminada por:

- Ratos

- Transmissão aérea

- Pulgas e piolhos que vivem em seres humanos e suas roupas

Em sete das nove cidades estudadas, o "modelo do parasita humano" se mostrou uma explicação muito mais adequada para o surto.

O modelo refletiu a rapidez com que a praga se espalhou e o volume de pessoas afetadas.

"A conclusão foi muito clara", diz Stenseth. "O modelo dos piolhos se encaixa melhor."

"Seria improvável que (a doença) tivesse se espalhado tão rápido com a transmissão por ratos", acrescenta.

"Teria que ter passado por ciclos extras nos roedores, em vez de se espalhar de pessoa para pessoa."

Pulgas de roedores tem sido historicamente culpadas pela transmissão da peste bubônica. Foto: Science Photo Library.

Transmissões na atualidade

O professor diz que o interesse prioritário do estudo foi histórico, ou seja, de forma a usar os conhecimentos modernos sobre a doença para entender uma das mais devastadoras pandemias da história humana.

No entanto, ele ressalta, "entender o máximo possível sobre o que se passa durante uma epidemia é sempre bom para reduzir a mortalidade (no futuro)".

A praga ainda é endêmica em alguns países da Ásia, África e Américas, onde persiste em "reservatórios" de roedores infectados.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2010 a 2015 houve 3.248 casos da doença registrados em todo o mundo, incluindo 584 óbitos.

Se não for tratada, a doença tem um índice de mortalidade de 30% a 60%. Antibióticos, contudo, são efetivos se há diagnóstico precoce.

O mal pode ser difícil de identificar em seus estágios iniciais, porque os sintomas, que normalmente se desenvolvem após sete dias, parecem com o de uma gripe comum - um teste de laboratório pode confirmar o diagnóstico. A peste afeta os nódulos linfáticos e causa gangrena.

Em 2001, um estudo que decodificou o genoma da peste usou uma bactéria que havia infectado um veterinário nos Estados Unidos.

O homem, morto em 1992, tentava resgatar um gato preso sob a estrutura de uma casa quando o animal espirrou, transmitindo a doença.

"Nosso estudo sugere que, para evitar uma eventual nova transmissão, a higiene é o mais importante", alerta Stenseth.

"Também sugere que, se você está doente, deve evitar ter contato com muitas pessoas. Então, se você está doente, fique em casa." (Com informações da BBC Brasil).

MPF pede 386 anos de prisão para Eduardo Cunha e 78 anos para Henrique Alves



No âmbito da ação penal derivada da operação Sépsis, que investiga desvios no fundo de investimentos do FI-FGTS, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça que os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) sejam condenados, respectivamente, a penas de 386 anos e de 78 anos de prisão. Segundo a acusação, Cunha cometeu os crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e prevaricação. Henrique Alves responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.  Processo tramita na 10.ª Vara Federal em Brasília sob titularidade do juiz Vallisney de Souza Oliveira.

Os procuradores pedem, ainda, uma multa de R$ 13,7 milhões para Cunha e R$ 3,2 milhões para Alves.

Também são réus no processo o corretor Lúcio Bolonha Funaro, o ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto e seu funcionário Alexandre Margotto. Os três assinaram acordos de delação premiada.

De acordo com o MPF, os crimes imputados a Cunha e Henrique Alves eles são referentes apenas ao caso envolvendo a empresa Carioca Engenharia. O caso representa apenas 4% da propina recebido por Cleto enquanto vice-presidente de Fundos de Governo e Loteria da Caixa.

Ficou comprovado nestes autos, pelos elementos probatórios, assim como atualmente vem sendo descortinado em diversas operações realizadas, como é o caso das denominadas operações Sépsis, Cui Bono, Patmos e Lava Jato, entre outras, um esquema criminoso que utiliza ardilosamente a Administração Pública como forma de obter vantagens indevidas. Participavam desse conluio políticos, agentes públicos, operadores financeiros, empresários e outros agentes privados”, diz o MPF, na peça, conforme o blog do Fausto Macedo. 
De fato, restou demonstrado no curso da ação penal que Cunha e Alves possuem personalidades voltadas para o crime, para a corrupção em seu sentido mais amplo. São pessoas que não demonstraram ou comunicaram, ao menos até o presente momento, qualquer arrependimento por seus crimes”, dizem os procuradores.

A defesa de Cunha afirmou que “demonstrará em suas alegações finais que a acusação é frágil e tem certeza da absolvição”. (Com informações do Brasil 247).

Eduardo Cunha e Henrique Alves. (Foto: Reprodução/ Brasil 247).



15 de janeiro de 2018

Luciano Huck, a Globo e a memória seletiva dos 'novos'políticos'


Passados alguns dias da repercussão da entrevista – interpretadas como fala de candidato, em “campanha eleitoral” antecipada – de Luciano Huck, no palco do programa do Faustão no domingo 7, o apresentador negou que irá se candidatar à Presidência da República em 2018. Não foi uma negativa categórica por meio de nota oficial à imprensa – apenas um comentário pelas redes sociais, mas sem efetivamente descartar sua candidatura. Disse ainda que continuará atuando em movimentos cívicos para “oxigenar a política brasileira com novas cabeças, novas ideias e, principalmente, novas práticas”.

Já a TV Globo levou três dias para informar em nota oficial, que cumpre a legislação eleitoral e que não apoia qualquer candidato nas eleições de 2018. A afirmação só veio após parlamentares do PT entrarem com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a emissora por abuso dos meios de comunicação e de poder econômico.

Quando questionada pela imprensa a emissora justificou que a participação de Luciano Huck e Angélica no Domingão do Faustão havia sido gravada antes de o apresentador afirmar que não concorreria à Presidência. Mas isso sem explicar por qual razão a entrevista só foi ao ar agora, “fora do tempo”, e nem por que o telespectador não foi avisado de que se tratava de uma gravação.

A argumentação não convenceu. Negações como essa são como a fumaça que confirma o fogo.

Se ainda restava alguma dúvida de que a aparição de Huck no programa tinha discurso de candidato, uma notinha de sexta-feira (12), da jornalista Daniela Lima, da coluna Painel, da Folha de S.Paulo, deixou evidente a candidatura.

De acordo com a jornalista, "informação de que a entrevista de Luciano Huck ao “Domingão do Faustão” foi gravada em 11 de novembro esbarra em um dado. Durante a conversa, Fausto Silva diz que Huck 'deixou bem claro em comunicado enviado a todos os jornais que não seria candidato' a presidente."

O artigo em que o apresentador afirmou que não concorreria em 2018 foi publicado nos jornais no dia 27 de novembro. Portanto, o marketing político da Globo, no primeiro domingo do ano, foi quase dois meses depois de o apresentador anunciar que não seria candidato.

Além disso, a entrevista também ocorreu depois da divulgação de uma pesquisa Ipsos, no dia 23 de novembro, na qual Huck aparecia com e melhor avaliação de imagem junto ao eleitor.


Luciano Huck nunca abandonou o sonho de ser presidente da República.

Mesmo cobrando ética, Luciano Huck construiu casa em área
de preservação ambiental. (Foto: Raquel Cunha/ TV Globo).
No programa, o apresentador posou de bom moço, bom marido, o “novo”, o “não político”. Em relação à ideologia, Huck afirmou não ser de direita – e nem de esquerda.

Não é de hoje que o todo queridinho da Globo mostra pretensões políticas. Em 2007, durante o governo do presidente Lula, o apresentador que hoje se diz representar “o novo”, o “não político”, nem esquerda e nem direita, se engajou ferozmente na campanha para retirar R$ 40 bilhões (valores da época) por ano do orçamento do SUS, detonando a CPMF.

Fazendo a vez do pato amarelo, Huck se apresentou como mestre de cerimônia “voluntário” para um show gratuito promovido pela Fiesp – de Paulo Skaf – em São Paulo, contra a CPMF. Recheado de atrações famosas, a imprensa anunciava que os organizadores esperavam atrair um público de dois milhões de pessoas, mas só sete mil apareceram. Ao ser avisado sobre o público pífio, Luciano Huck cancelou sua participação na última hora, pouco antes de subir ao palco, alegando “problemas de agenda”.

Mesmo assim, a bancada demotucana (DEM e PSDB) no Senado, com ajuda do Psol, conseguiu detonar a CPMF e o empresário Luciano Huck ficou um pouco mais rico, ao manter em sua conta o dinheiro que pagava de CPMF e era usado para financiar a saúde pública.

Voltando ao programa do Faustão, ao discorrer sobre o atual cenário político, Huck falou sobre ética com declarações como “pequenas corrupções levam às grandes corrupções”.

Aparentemente, o apresentador não deve ter lembrado – ou terá tentado se aproveitar da tradicional "memória curta" do brasileiro – que em 2003, teve sua pousada em Fernando de Noronha (PE) interditada pelo Ibama, por ter sido construída em área de preservação ambiental.

Pela lei da época, só moradores que possuíam autorização de ocupação de solo poderiam construir em Fernando de Noronha, declarada pela ONU Patrimônio Natural da Humanidade.

Mas isso não foi problema: Huck, deu um “jeitinho” e a Pousada Maravilha foi construída pelo apresentador juntamente com os empresários João Paulo Diniz, Pedro Paulo Diniz e Ed Sá, no terreno onde morou o ex-chefe do Parque Nacional Marinho, José Gaudêncio Filho, o dono formal do empreendimento. Em 2011, Huck e os sócios, venderam a pousada ao cientista político filiado ao PSDB, Antonio Lavareda.

Luciano Huck também falou no programa sobre combate à corrupção. Ao mesmo tempo cobrou mais ética. “Os brasileiros estão envergonhados da classe política”, disse. Isso tendo o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB), criado o Decreto 41.921, que ficou conhecido como “Lei Luciano Huck”, para alterar a legislação sobre Áreas de Proteção Ambiental, e manter "protegida" uma mansão do apresentador numa reserva ambiental de Angra dos Reis (RJ), construída sobre rochas e um espelho d'água.

Faustão bem que poderia fazer novo convite a Luciano Huck e abrir o "Arquivo Confidencial" dele. (Com informações do Blog da Helena)


14 de janeiro de 2018

Historiador e Socióloga cria aplicativo que ensina idioma africano a crianças


Aplicativo Alfabantu. (Foto: Reprodução).

A história e a cultura afro-brasileira devem constar no currículo oficial da rede de ensino no Brasil, como prevê a Lei 9.394/1996. No entanto, a disponibilidade de material sobre o assunto e a aplicação da lei ainda são deficitárias em muitas escolas. Foi pensando nisso que o historiador Edson Pereira e a socióloga Odara Dèlé decidiram criar um aplicativo de celular, o Alfabantu, destinado ao ensino da língua falada pelo povo kimbundu, de Angola.

A ideia nasceu quando Pereira ainda cursava História na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Lá ele teve seu primeiro contato com o kimbundu, através de um curso ministrado pelo professor Nii.

Hoje, Odara é professora de Sociologia do ensino médio na rede estadual e Pereira, professor de História do ensino fundamental na rede municipal. Com a vivência escolar, foram percebendo que os professores tinham dificuldade em trabalhar a história da África com as crianças. “Não existe muita vontade dos professores e os que têm vontade não sabem como fazer, falta material didático”, conta Odara.

Com um interesse antigo no resgate histórico da cultura africana, o casal encontrou no idioma uma potencial forma de aproximar a África das crianças brasileiras que, muitas vezes, passam a infância sem conhecer a história dos seus povos originários.

Odara e Pereira, socióloga e historiador, criadores do aplicativo Alfabantu. (Foto: Arquivo Pessoal).

 
Inspirados pelo Asa – aplicativo criado por um nigeriano que percebeu que faltava às novas gerações um conhecimento mais profundo sobre seus antepassados, começaram a planejar o Alfabantu. O aplicativo Asa ensina a língua iorubá e traz conteúdos sobre a história e cultura da Nigéria e da África. Já o criado pelo casal se dedica, por enquanto, exclusivamente, ao ensinamento do idioma angolano.

Lançado em 21 de novembro, o aplicativo é voltado ao público infantil e está disponível apenas para celulares com sistema Android. Durante a pesquisa preliminar, Odara e Pereira encontraram dados significativos a respeito do uso do celular pelos brasileiros: crianças entre 5 e 14 anos costumam passar 80% do seu tempo livre com os aparelhos em mãos.

A gente está muito ligado ao celular, mas o importante é pensar quais conteúdos são vistos. Podemos potencializar esse uso de forma positiva. As crianças podem permanecer no celular, mas acessando conteúdo de qualidade”, avalia Odara.

A ideia do Alfabantu é proporcionar um aprendizado lúdico e interativo, algo que atraia o público infantil. O aplicativo é dividido em duas partes. Na primeira, há o contato inicial com a língua: são apresentadas frases do cotidiano, partes do corpo humano, números, animais e diversas outras palavras. Na segunda parte, a criança testa seu conhecimento através de um quiz. “A criança aprende e, ao mesmo tempo, se diverte”, segundo Odara.

Até a primeira semana de dezembro, mais de 600 downloads do Alfabantu já tinham sido registrados. Além de brasileiros, moradores de Angola, Moçambique, Reino Unido, Polônia e Portugal também baixaram o aplicativo.

O casal conta que pretende desenvolver versões mais completas do aplicativo. Além da adição de conteúdos, como cultura africana, querem ampliar o público-alvo, criando versões do Alfabantu para adultos. Contam, ainda, que pretendem criar materiais didáticos do aplicativo que possibilite sua expansão. O objetivo é trazer a África para perto de cada vez mais brasileiros. (Com informações do Jornal da USP).

O aplicativo está disponível para download neste link.

13 de janeiro de 2018

A mídia amiga e o criminoso silêncio


Desde a eleição de Dilma Rousseff, em 2014, até o golpe, em 2016, a mídia tradicional brasileira percorreu os mesmos caminhos da oposição ao governo petista: para não dizer em outras palavras que ela, a mídia, era a própria oposição disfarçada como veículo de conteúdo jornalístico. O discurso midiático, tantas vezes citado pelos parlamentares da então oposição, representava muito mais do que munição; o que na biologia se chama de simbiose; de conchavo, para a política; para muitos uma deflagrada campanha de conspiração que atingiu o seu alvo com a defenestração de Dilma.

Este interim (2014-2016) é apenas um recorte da declarada oposição da mídia tradicional aos governos petistas. Os editoriais dos grandes jornais estão espalhados pela internet e mostram como os chefes de redações, porta-vozes dos proprietários destes grupos, viam os governos de Lula e Dilma. Num período em que a oposição foi dissolvida pela grande popularidade destes governos, a mídia, incansável, continuava fazendo o seu papel que era alicerçar o golpe. Constituía-se, assim, uma oposição simbólica que encamparia o senso comum com a ideia de que o petismo havia instalado a corrupção no país.

Com o início da operação Lava Jato e o estabelecimento de Sérgio Moro como algoz dos corruptores (desde que fossem petistas), a mídia construiu um aqueduto de Curitiba para as grandes redações, de onde vazava informações cotidianas sobre processos, alguns deles em “segredo” de Justiça. Espetaculosas eram as prisões, os mandados de condução coercitiva, o assédio midiático sobre pessoas que depois, se provou, eram inocentes.

A TV Globo recebeu os áudios de uma conversa entre a então presidenta da República com um ex-presidente. E divulgou em seu mais assistido telejornal. Grupos rivais foram à Avenida Paulista, naquele mesmo dia, e por pouco não se criou uma conflagração social no centro de São Paulo. Depois, a própria TV Globo convocou manifestantes às ruas contra o governo e em apoio ao impeachment de Dilma. Não era, entretanto, a primeira vez que aquele grupo de mídia orquestrava um protesto político.

Com a ascensão de Michel Temer ao poder – e com ele as vozes de um reacionarismo doentio –, a mídia vaticinou a recuperação da economia; os grupos de mídia receberam e continuam recebendo verbas publicitárias astronômicas para propagandear que as reformas trarão benefícios ao povo. Enquanto Michel Temer destrói as redes de proteção social instaladas pelos governos anteriores (envolvido em múltiplos escândalos de corrupção que passam longe de qualquer pedalada fiscal), a imprensa solidária tentou esconder as malas de propina.

A mídia nunca questiona o fato de que não há um só político do PSDB preso na Lava Jato. Ou não questiona a proximidade (fotos) do juiz Sérgio Moro com políticos do PSDB; em matéria de blindagem, este falso jornalismo não perde para nada. A mesma gana que tem para blindar os seus favoritos, expõe com ferocidade para atacar os inimigos. Os inimigos declarados da grande mídia são perseguidos por um poder simbólico que mata reputações. Com um timming perfeito entre a hora de atacar quem deve ser atacado e silenciar sobre algo que o brasileiro não deve saber.

O silêncio da mídia tradicional sobre determinados assuntos é sintomático, mas antes de tudo criminoso. É sintomático porque mostra como a mídia neste país sempre teve lado e não é o lado do povo. É o lado das elites dominantes, do poder hegemônico do mercado, das negociatas por dinheiro, dos acordos para manter privilégios. O grande erro dos governos petistas talvez tenha sido a não regulamentação da lei de mídia. Estes monopólios que se impõem sobre os poderes da República não deveriam existir, senão dissolvidos.

O brasileiro é a representação da mídia que consome. Não o incomoda o fato de poucas famílias dominarem o mercado da mídia no Brasil. Não se importa em ver notícias num telejornal cuja imparcialidade não existe. Saber se a mala de propina foi para o presidente não é tão importante quanto saber quem são os jogadores convocados para a Copa. Se o brasileiro é, muitas vezes, fútil, reacionário e desinteressado pela ideia de coletividade, a culpa é da mídia que o forjou assim. E esta sociedade não será diferente enquanto o criminoso silêncio for institucionalizado por quem deveria falar. (Por Mailson Ramos, no Geledés).

Mailson Ramos é relações públicas e editor do site Nossa Política.

(Foto: Reprodução/ Geledés).

Executiva Nacional do PSOL divulga nota defendendo direito de Lula participar das eleições de 2018


O site Rede Brasil Atual reproduziu neste sábado, 13, nota da Executiva Nacional do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) em defesa da democracia e do direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputar as eleições.  

Os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) vão julgar, no próximo dia 24, em Porto Alegre, o recurso de Lula à sentença do juiz federal de primeira instância Sergio Moro, que o condenou sem provas, por supostas irregularidades envolvendo o tríplex do Guarujá.

O partido, que terá candidato próprio na disputa da eleição para a Presidência da República, acredita que Lula tem todo o direito de participar das eleições de 2018, apresentando suas propostas para o Brasil. “Por isso, denunciaremos a tentativa de restrição desse direito em todos os espaços”, diz o manifesto do Psol.

Confira a íntegra do documento:

O golpe institucional de abril de 2016 abriu um período de novos e profundos ataques à democracia, à soberania e aos direitos sociais. Parte desses ataques se expressa nas tentativas de restringir ainda mais os direitos civis, como demonstram a tentativa de limitação do direito ao habeas corpus ou da aceitação de provas ilegais, proposto pelo Ministério Público, ou as inúmeras condenações baseadas exclusivamente em delações de executivos envolvidos em atos de corrupção promovidos em parceria com agentes públicos, muitas delas sem quaisquer provas.

Parte considerável do Poder Judiciário, dessa forma, expressa também o avanço da agenda que restringe direitos e sufoca a democracia, legitimando o golpe e seu conteúdo reacionário. Enquanto milhares de jovens negros e pobres estão presos sem quaisquer prova, Aécio Neves e Michel Temer, flagrados em áudios que evidenciam diferentes crimes, beneficiam-se da impunidade que protege os ricos.

O inesperado julgamento do recurso do ex-presidente Lula no Tribunal Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, para o mês de janeiro é, no entender do PSOL, parte das tentativas de consolidar o golpe institucional de 2016. A condenação de Lula, em sentença proferida sem quaisquer provas na primeira instância pelo juiz Sérgio Moro, já seria um absurdo jurídico. Mas antecipar o julgamento do recurso para o mês de janeiro, logo após o fim do recesso do Judiciário, representa uma evidente tentativa de influenciar o quadro eleitoral deste ano e impedir o direito de Lula de se candidatar.

O PSOL terá candidatura própria à Presidência da República. Uma candidatura radical, popular e que aponte a necessidade de uma alternativa independente dos trabalhadores e trabalhadoras, sem-teto, sem-terra, da juventude e dos estudantes, das mulheres, negros e negras, da população LGBT e todos os oprimidos, sem se furtar ao debate sobre as diferenças de projeto que existem no campo das esquerdas. Mas acreditamos que Lula tem todo o direito de participar das eleições de 2018, apresentando suas propostas para o Brasil. Por isso, denunciaremos a tentativa de restrição desse direito em todos os espaços.

É preciso derrotar o golpe em todas as suas manifestações e a ofensiva reacionária de parte do Judiciário é uma delas. Nestas circunstâncias, defenderemos os direitos democráticos e o Estado de Direito, com suas imperfeições e limites, jamais aceitando o linchamento político, midiático ou judicial de quem quer que seja. A sociedade não pode aceitar a criminalização sem provas, nem contra Lula, nem contra qualquer cidadão ou cidadã.

Executiva Nacional do PSOL

13 de janeiro de 2018

Para o PSOL, a sentença sem prova de Moro é absurdo jurídico. E antecipar o julgamento do recurso para janeiro é evidente tentativa de influenciar o quadro eleitoral e impedir o direito de Lula se candidatar. (Foto: Roberto Stuckert).

12 de janeiro de 2018

Os 15 anos da Lei que instituiu o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira (Lei 10.639)


O ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana no Brasil celebra bodas desde a data de sua publicação no Diário Oficial da União, em 10 de janeiro de 2003. Lá se vão 15 anos, e a Lei 10.639 simboliza um marco histórico da luta antirracista no Brasil e transformação da política educacional e social brasileira.

A Lei que estabelece diretrizes e bases para a educação nacional, ressalta a importância do ensino da cultura negra direcionado às escolas, espaço onde o negro sempre foi apontado nas aulas de História como escravo. Nunca é demais esclarecer que o negro africano trazido à força para o Brasil e seus descendentes não eram escravos como uma condição natural, submissa, preconceituosa e depreciativa, mas sim escravizados.

Sigamos sempre em frente lutando por uma questão de fundamental importância para o fortalecimento das identidades étnicas afro-brasileiras, para além do efeito histórico afirmativo junto à população brasileira e valorização da contribuição econômica, cultural e social dos negros no processo de formação nacional, essa lei deve ser vista como parte estrutural do complexo de políticas que visam o direito à educação de qualidade para mais de 56% da população brasileira.

Uma conquista do Movimento Negro, hoje a Lei 10.639 ainda não é efetivamente cumprida em função de um conjunto de intolerâncias e discriminações enraizadas na sociedade brasileira. O não cumprimento dessa lei corrobora a história da África não contada no Brasil, que faz com que não tenhamos referências negras nas ciências; nas artes; na política e em tantas outras áreas do conhecimento registradas nos livros didáticos utilizados nas escolas de ensino fundamental e médio. A dificuldade também se encontra no campo de formação da maioria dos educadores, que não reconhecem a importância da história e da cultura africana para a compreensão da verdadeira história do Brasil.

A ausência de referências da história não contada sobre os negros mostra um país que entende que o negro só nasceu a partir da época da escravatura, mas sempre estivemos aqui para buscar as boas práticas que sirvam para que a lei seja efetiva e permanentemente executada.

Nosso trabalho é diminuir essa lacuna por meio de politicas públicas, de ações afirmativas, para que ela nasça com a pele escura e no menor tempo possível se torne negra. É um desafio, mas nós temos que fazer com que sejam cumpridas.

Mas ainda há muito o que fazer e transformar! Contamos com alguns importantes avanços no que se refere ao sistema de reserva de vagas oferecidas nos concursos públicos (Lei 12.990/2014) e o ingresso nas universidades públicas federais do país (Lei 12.711/2012).

Diante do expressivo e recorrente aumento dos casos de fraudes, em parceria com a sociedade civil e demais órgãos ministeriais que trabalham a transversalidade da pauta de promoção da igualdade racial, temos empenhado nossos esforços no monitoramento dessas ações afirmativas e na construção de um instrumento legal que determine que as universidades implementem suas próprias comissões de verificação.

As cotas são necessárias e deram certo. Agora o que precisamos é que as universidades e órgãos públicos possam juntos atuar para garantir o acesso do negro nos espaços acadêmicos e corporativos.

O sistema de cotas foi implantado no Brasil objetivamente para que pudéssemos colocar um negro e um não negro em um mesmo ambiente escolar e mostrar o óbvio, que o intelecto e a capacidade independem da sua cor de pele. O nosso desafio é mostrar para a sociedade que o racismo existe e que, primeiro tem que ser reconhecido para que possamos então, com a execução das políticas públicas existentes, ser o remédio para que as desigualdades realmente sejam superadas.

Jamais venceremos as desigualdades e o racismo latente no Brasil se não tivermos o recorte racial, mas não adianta falar de enfrentamento ao racismo se o Legislativo, Executivo e o Judiciário não se comprometerem com a política de promoção da igualdade racial. Precisamos conscientizar os gestores de que a política de promoção da igualdade racial não é uma despesa, pelo contrário, a criação de órgãos e conselhos de igualdade racial fomentará a movimentação positiva de recursos.

Importante trabalhar de forma justa e igualitária, exigindo que a valorização da diversidade, das relações sociais e identidades, seja muito mais do que um discurso. (Por Juvenal Araújo, no Geledés).

*Juvenal Araújo – É Secretário Nacional de Politicas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). 

Cultura afro-brasileira debatida em sala de aula. (Foto: Reprodução do Kit 'A Cor da Cultura').