9 de setembro de 2016

O impeachment de Dilma Rousseff prova que o país carece de saúde mental, diz Mino Carta


Quem, ainda dotado de um resquício de espírito crítico embora dado à autoflagelação, se dispôs a assistir às sessões de segunda 29 e terça 30, derradeiros quadros do ato da farsa trágica intitulado Impeachment, o segundo, provavelmente, terá de cair em depressão profunda.
Publicado originalmente na Carta Capital


O conjunto da obra imposto ao País, desde a eclosão do escândalo da Petrobras até os dias de hoje ao longo de um enredo tortuoso e apavorante na sua insensatez, levará aquele cidadão, peculiar em relação à maioria, a se render à evidência: o maior problema do Brasil, muito antes do desequilíbrio social e da corrupção, é o quociente de inteligência baixo, baixíssimo. Um país que se permite um golpe desta natureza carece de saúde mental.

E é o caso de rir?
No palco o espetáculo engloba a plateia por inteiro, mesmo que muitos se suponham meros espectadores, e representa um povo primitivo, da cúspide da pirâmide à base. Cordial não é certamente, como sinônimo de alegre, bonachão, malemolente. E a pirâmide, a bem da verdade, é mais um estranhíssimo contubérnio com um cone, ponta de agulha em vez da cúspide e uma base imensa e compacta. Um Frankenstein geométrico e social.

 A resignação na base explica-se ao evocar três séculos e meio de escravidão, que deixaram a marca da chibata no lombo de dezenas de milhões de cidadãos privados da consciência da cidadania e geraram um preconceito feroz, conquanto hipocritamente negado até por quem, a despeito do “pé na cozinha”, agregou-se, ao enricar, a uma aristocracia de fancaria.

A resignação do povão merece pena em lugar de tolas interpretações. Ao cidadão ainda em condições de exercer o espírito crítico há de doer entre o fígado e a alma a forma pela qual a prepotência vinga e o cenário se aquieta, como se a farsa trágica em andamento fosse obra dos fados, gregos, obviamente.

Está claro, de todo modo, que o golpe de 2016 é infinitamente mais grave do que o de 1964. Este provocou reações fortes, criou uma resistência e até uma luta armada, além do anseio de democracia autêntica, como jamais se dera até então, passível de ser atingida tão logo se fossem os ditadores.

A eleição de um ex-metalúrgico à Presidência da República
pareceu a prova da democracia conquistada. Pareceu....
Se falo por mim, a ditadura me levou ao entendimento da real serventia do jornalismo e me reteve no País graças a esse entendimento, destinado a oferecer motivação a um cético convicto ao excitar seu otimismo na ação.
O golpe destes dias devolve o Brasil aos tempos mais remotos e demole inexoravelmente todos os avanços ocorridos depois de 1985. Não foram demolidas a casa-grande e a senzala, mas avanços se deram, e o maior deles está na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.

Foi divisor de águas na história brasileira tornar um ex-metalúrgico o primeiro mandatário. Aquele momento aparentou ser a prova provada da habilitação do Brasil à prática da democracia.

Lula teve méritos inegáveis, já apontados largamente por CartaCapital e reconhecidos mundialmente. Hoje o vemos perseguido por razões inconsistentes e até ridículas, com a pronta colaboração de uma polícia que se presta ao serviço outrora entregue pela casa-grande a capatazes e jagunços, e o beneplácito de uma Justiça de mão única.

Imaginar que a farsa trágica se encerra com o impeachment é ilusão ou parvoíce. Não faltam escribas para outro ato, o terceiro, grand finale, e nele Lula é excluído à força da disputa presidencial de 2018.

Cabe uma pergunta a quem ainda trava diálogos com seus botões: se houver eleições presidenciais em 2018, de que feitio serão? O golpe, ao rasgar a Constituição, manda às favas o presidencialismo republicano para substituí-lo pela lei do mais forte. Que surgirá dos escombros? E os eleitores, acreditarão na validade do pleito se a pesquisa de opinião e a prepotência de uma gangue sinistra que age a mando da casa-grande anulam o voto popular? Mais: se o candidato favorito é excluído ao sabor de falsas acusações?

Botões atentos responderão que a prisão de Lula é perfeitamente possível, se não provável, já que a quadrilha manda, a mesma que precipita o impeachment de Dilma Rousseff sem prova de crime de responsabilidade. A presidenta impedida defendeu-se em plenário com os argumentos justos e irretocáveis como se dirigisse a uma Câmara Alta digna da contemporaneidade do mundo e da confiança dos eleitores, e horas e horas a fio os defendeu com empenho e elegância. Aos meus botões pergunto, contudo, se não teria sido melhor dirigir-se ao povo brasileiro para ler, pacatamente, mas sem retoques, a ficha criminal daqueles que se arvoraram a julgá-la.

Sérgio Moro ainda não entendeu a possibilidade de comparar
Brasil e Itália.
Sempre tive admiração pela figura de Sansão, ele disse no lance final da sua aventura bíblica, “morra, Sansão, com todos os filisteus”, e pontualmente executou a ameaça. Dilma não dispõe da musculatura de Sansão, tampouco da mentalidade do “perdido, perdido e meio”, apesar da coragem que soube mostrar em situações diversas. Não lhe faltou energia para aguentar dois dias de uma pantomima celebrada para tornar a decisão tomada faz meses, e prolongada conforme um ritual ibérico, tão inútil quão humilhante.

Dilma teve de suportar situações deploráveis, recheadas pela retórica mais hipócrita, pelas lacunas culturais dos interrogadores, frequentemente pela lida difícil com o vernáculo, e pela aterradora atuação do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, avalista do desastre.

Pergunta Aécio Neves algo assim como “a senhora não se sente responsável pela alta do desemprego?” Dilma responde com uma aula sobre as origens e os desenvolvimentos da crise econômica mundial em vez de desancar o torquemadinha mineiro. Será que querem puni-la por causa do desemprego?

De todos, mais deplorável e revelador, o víscido desempenho do senador Cristovam Buarque. Sim, ele reconhece, Dilma é uma mulher honesta e lhe merece muita simpatia, mas as “pedaladas” são criminosas e ele tem de se render às suas responsabilidades de cidadão e de parlamentar para cumprir a missão de condená-la.

Abjeta tentativa de se mostrar como varão de Plutarco, enquanto participa de um crime, este sim irrefutável. Honra ao mérito, em contrapartida, aos digníssimos senadores Roberto Requião e Lindbergh Farias.

Buarque prefere apostar no QI baixo, ao rés do chão, e nesta confiança não se diferencia dos demais golpistas. Parlamentares, juízes, promotores, policiais, empresários rentistas, barões midiáticos e seus sabujos. Muitos, entre estes, também não primam pelo brilho da mente. Umas dúvidas me assaltam em relação ao juiz Sergio Moro. Será que acredita no que diz ao afirmar a semelhança entre a Lava Jato e a Mani Pulite?

Com inefável candura, continua a afirmar que os vazamentos para a mídia foram uma arma eficaz da operação italiana. Saberá ele que a mídia peninsular está nas antípodas da nativa, no sentido de que se abre em leque em sintonia com ideologias e tendências políticas a representar todos os estratos da nação?

Como sabemos, a mídia nativa é do pensamento único, na linha do vento a soprar das alturas da casa-grande, mesmo porque seus patrões são inquilinos cativos da mansão senhorial. Moro já percebeu isso tudo e sabe que a Suprema Corte da Itália costuma agir como sentinela da lei e da sua aplicação, bem ao contrário do nosso altamente politizado STF?

Mani Pulite não pretendeu alvejar um partido e os seus líderes, e sim um sistema corrupto. Da investida escapou tranquilamente o Partido Comunista de conduta irrepreensível, em um país onde a Constituição permanece a mesma desde 1948.

A respeito do QI baixo de inúmeras personagens da farsa trágica, não tenho dúvida, bem como de uma classe A e B1 (adoto as terminologias correntes) nunca alcançada pelas lições do Iluminismo, estupidamente exibicionista, ignorante até a medula, arrogante e vulgar. Não são melhores os seus aspirantes, os brasileiros sequiosos de chegar lá, e mesmo aqueles que estão longe disso e se antecipam ao comungar com idênticas, parvas pretensões.

o víscido comportamento de alguém que pretende ser varão de Plutarco.
Com este gênero de brasileiros, um diálogo baseado na razão e na lógica é simplesmente impossível. Sabem tudo de antemão, nutridos pela torpe narrativa midiática, ou de ouvidos postos no que sai da boca dos graúdos.

Inúteis esperanças foram as de quem pretendeu trafegar pela realpolitik  e, embora de esquerda e desenvolvimentista, tentou agradar aos senhores e fez genuflexão ao deus mercado. Como se deu com a própria Dilma, ao chamar Joaquim Levy para a Fazenda.

Em sua defesa da presidenta afastada, dia 25 de agosto, o professor Belluzzo não deixou de apontar o erro grave, e nem por isso passível de punição pelo impeachment. Sem contar que Joaquim Levy jamais será tido como inimigo dos golpistas. Aliás, quem imagina ser possível um entendimento com a casa-grande comete um erro fatal: no Brasil, conciliação só das elites.

Diálogo equilibrado deste lado é também inviável, e buscá-lo exibe um QI frágil. No poder o PT enredou-se nas suas próprias carências, entre elas a ausência de crenças arraigadas por parte até de alguns de seus líderes, e portou-se como todas as demais agremiações políticas, melhor, clubes recreativos.

Muitos dos comportamentos de uma esquerda tão distante das consignas iniciais revelam, a seu modo, o QI baixo. Sem excluir os jovens revolucionários de tempos idos, tão desnutridos de leituras e de ideias, radicais extremados em nome da moda passageira.

Não tenho conhecimento suficiente para dissertar a respeito do exato significado de inteligência. Sei apenas que cada qual ao nascer recebe a sua horta de neurônios, cujo tamanho depende de uma série de fatores, a começar pelo DNA. Para dar frutos, a horta precisa ser cultivada, pelo estudo, pela leitura, pela busca do conhecimento. Nem todos têm a chance de cumprir a tarefa.

No Brasil de um Estado desinteressado da saúde mental e física do povo, certamente muito poucos. Não há como apurar quantos gênios são desperdiçados em um país onde o povo é valor descontável, quando é, de verdade, um tesouro inexplorado.

E esta também, e sobretudo, é prova de um quociente de inteligência baixo, baixíssimo.  A gritaria e os fogos ouvidos no encerramento do segundo ato da farsa trágica são próprios da festa da pobreza de espírito.

8 de setembro de 2016

Negro Nicolau: O Brasil precisa parar de fingir que é inclusivo, por Valéria Rodrigues*



Ridículo perceber a falsa pregação de inclusão social, quando pessoas portadoras de necessidades especiais, negros, pobres, homossexuais e até mesmo pessoas que não tem religião ou são de uma religião diferente da que predomina em maior quantidade de adeptos (católica), sofrem críticas, não são bem vistas e de certa forma deixados de lado. Que tipo de inclusão é esta onde a própria mídia trata este grupo de forma isolada?

Vamos refletir um pouco: nas novelas da Globo e não apenas desta emissora, os negros e pobres costumam ter um papel de coadjuvante, e quando tem um papel de protagonista é da forma que se passa em malhação, um negra, que é faxineira e pobre. Por que ela não poderia ser rica?

Por que ela não poderia ser a patroa? Por que tem que ser a empregada?

Por que ela precisa passar pelas humilhações e preconceito de sua irmã branca?

E não podemos esquecer da cruel e de certa forma desumana diferença entre a cobertura das Olimpíadas e das Paralimpíadas, onde a nossa "querida Globo e demais emissoras(Record, Band, entre outras)" pararam sua programação para a o evento de abertura das Olimpíadas, enquanto que as Paralimpíadas ganhou apenas um pequeno espaço nos jornais, mostrando é claro, os melhores momentos deste evento.

E ainda assim se fala em inclusão?

Acredito que nosso país precisa fazer muito mais do que simplesmente fingir que incluí as pessoas, e sim incluí-las de verdade, na prática.

Quem sabe um dia conseguimos!

Há de chegar o dia em que o nosso país, descobrirá que melhor do que fingir para o mundo uma realidade que não existe, é mostrar quem realmente somos, um povo forte, batalhador e acima de tudo humano!

*Valéria Rodrigues é professora com Bacharelado e licenciatura em Biologia pela Universidade Regional do Cariri (URCA).





7 de setembro de 2016

Negro Nicolau: O cariri gritou FORA TEMER e pelo Restabelecimento da Democracia



Os municípios de Crato e Juazeiro do Norte, na região metropolitana do cariri cearense, foram palco neste dia 07 de setembro de manifestações organizadas por movimentos sociais, professores, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras que tinham como base o FORA TEMER e o restabelecimento da democracia.

Em Crato, o Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), a Caritas Diocesana e a Associação Cristã de Base (ACB) protagonizaram o momento que através do tema “vida em primeiro lugar” e lema "este sistema é insuportável: Exclui degrada e mata” durante realização do XXII Grito do Excluídos gritaram não só a saída do presidente Michel Temer, mas pediram o restabelecimento da democracia no país, do ministério do desenvolvimento agrário- MDA e protestaram ainda contra a retirada de direitos previdenciários e trabalhistas.

A página da Cárita Diocesana de Crato, no facebook compartilhou diversas imagens com cartazes e faixas. Os manifestantes seguravam uma das faixas que dizia “em defesa da democracia. Diga não ao golpe”. Do mesmo modo a ACB também compartilhou e uma das faixas levava o clamor “gritamos por: reforma agrária e reforma política já”.

Segundo Maria Eliana, do Grunec, o grito dos excluídos que uniu movimentos sociais, ONGs, Pastorais Sociais, Instituições, Sociedade Civil organizada, todos ligados às populações da cidade e do campo (trabalhadorxs, mulheres, jovens, idosxs, homens, negritude, estudantes, professores(as) da zona rural estavam lá para em uma só voz dizer “não ao golpe, fora Temer e lutar pela democracia, diretas Já, reforma agrária e direitos”.

Já em Juazeiro do Norte foi realizado o 1° Grande Ato Fora Temer do Cariri. Segundo os organizadores o manifesto ocorreu de forma pacífica e contaram com a compreensão e participação da grande maioria dos espectadores e dos estudantes que desfilaram no 07 de setembro. Segundo ainda os organizadores, houve o diálogo com a população mediante panfletos, cartazes, faixas e palavras de ordem, e o mais importante, disseram eles “constatamos que a grande maioria da população também repudia o golpe de estado orquestrado pela elite brasileira”.

Não foi divulgado o número de participantes nas duas cidades. Abaixo fotos (compartilhadas nas redes sociais pelos autores das manifestações) em Crato e juazeiro do Norte.










6 de setembro de 2016

Negro Nicolau: Juíza desnuda meritocracia nas redes sociais


A meritocracia” é o processo de alavancamento profissional e social como consequência dos méritos individuais de cada pessoa, ou seja, dos seus esforços e dedicações.

Quem defende a teoria da meritocracia, acredita que qualquer pessoa possa chegar onde quiser apenas através do seu esforço.

Publicado originalmente no Pragmatismo Político

De outro lado, muitas pessoas criticam essa ideia, principalmente em um país cuja sociedade é desigual, racista, machista, homofóbica.

A juíza de direito do Tribunal de Justiça do Paraná Fernanda Orsomarzo escreveu um post no seu Facebook contando sua história de muito esforço, porém também de muito privilégio, para afastar a ideia de meritocracia. O post já passa de 50 mil curtidas.

Fernanda se classifica como branca e parte de uma família classe média, o que a possibilitou de frequentar boas escolas, cursinhos e universidades. “Todos têm suas lutas e histórias de vida. Todos enfrentam dificuldades e desafios. Porém, enquanto para alguns esses entraves não passam de meras pedras no caminho, para outros a vida em si é uma pedra no caminho”, afirmou.

Confira a íntegra do texto:

Ralei duro para ser Juíza de Direito. Cheguei a estudar 12 horas por dia em busca da concretização do tão almejado sonho. Abdiquei de festas, passei feriados em frente aos livros, perdi momentos únicos em família. Sim, o esforço pessoal contou. Mas dizer que isso é mérito meu soa, no mínimo, hipócrita.

Em primeiro lugar, nasci branca. Faço parte de uma típica família de classe média. Estudei em escola particular, frequentei cursos de inglês e informática, tive acesso a filmes e livros. Contei com pais presentes e preocupados com a minha formação. Jamais me faltou café da manhã, almoço e jantar. Nunca me preocupei com merenda ou material escolar.

Todos têm suas lutas e histórias de vida. Todos enfrentam dificuldades e desafios. Porém, enquanto para alguns esses entraves não passam de meras pedras no caminho, para outros a vida em si é uma pedra no caminho. Meu esforço individual contou, mas eu nada seria sem as inúmeras oportunidades proporcionadas pelo fato de ter nascido – repito – branca e no seio de uma família de classe média minimamente estruturada.

O mérito não é meu. Na linha da corrida em busca do sucesso e realização, eu saí na frente desde que nasci. Não é justo, não é honesto exigir que um garoto que sequer tem professores pagos pelo Estado entre nessa competição em iguais condições. Nunca, jamais estivemos em iguais condições.

O discurso embasado na meritocracia desresponsabiliza o Estado e joga nos ombros do indivíduo todo o peso de sua omissão e da falta de políticas públicas. A meritocracia naturaliza a pobreza, encara com normalidade a desigualdade social e produz esquecimento – quem defende essa falácia não se recorda que contou com inúmeros auxílios para chegar onde chegou.



Direção do Senado remove enquete apontando que 93% querem “diretas já”



Depois que o Estadão descobriu que uma pesquisa do site do Senado registrava que 93% dos 190 mil entrevistados desejavam novas eleições para presidente, já agora em outubro, junto com as eleições municipais, a direção da casa fez “sumir” a enquete.

Publicado originalmente no Tijolaço

Aliás, pela segunda vez, já que o jornal informa que ocorreu o mesmo no dia em que foi lançada, em maio, e recebeu em poucas horas cerca de 50 mil acessos.

A nota nos jornais ontem, provocou o mesmo e apareceu, de novo, um providencial “problema técnico” impede as pessoas de se manifestarem.

A velha teoria de “tirar o sofá da sala”, como se sabe, só funciona para as aparências.


Mas não deixa de ser curioso que o Senado da República adira aos métodos do Datafolha para esconder a repulsa a Temer.




Leandro Karnal: O limite da liberdade de expressão


Conquistamos com dificuldade a liberdade de expressão. Ela é um direito constitucional e um esteio do pacto social. A própria lei já estabelece limites: não posso defender ou incitar crime. Não posso, em nome da liberdade de expressão, defender racismo ou violência contra mulheres ou pedofilia. A liberdade é ampla, mas não absoluta.

Publicado originalmente em sua página no facebook

O professor Jairo José da Silva é titular da Unesp e com consagrada carreira acadêmica. Tudo indica tratar-se de pesquisador sério e reconhecido em muitos bons centros. Isto não impediu de afirmar algo muito difícil no seu facebook. Diante do fato de uma aluna Deborah Fabri, de 19 anos, ter sido atingida no olho por bala de borracha e ter perdido a visão, o docente comentou que era uma notícia potencialmente boa que ela ficasse cega.

Posso discordar da manifestações. Posso, com bons argumentos, ser contra o partido A ou B. Posso condenar quem depreda patrimônio público ou privado. Posso ser do PSOL ou do DEM. A sociedade precisa desta diversidade de posicionamentos. Nunca posso defender violência contra uma pessoa. Nada justifica isto. Este é o limite da liberdade de expressão, pois além deste limite começa o mundo da barbárie. Todos podemos dizer coisas que, refletindo melhor, pensamos ser um equívoco. Cabe, então, veemente pedido de desculpas. Até ele ocorrer, somos co-autores da violência defendida. Violência é o fim do diálogo. Como professor, fico intensamente chocado quando alguém se alegra com uma aluna perdendo a visão. Fico mais chocado com alguém que, tendo os dois olhos, seja tão cego.

Temos um longo caminho pela frente. Aprender a ser crítico sem destruir, aprender a ser policial sem cegar, aprender a discordar sem apoiar violência e, acima de tudo, aprender a dialogar.


5 de setembro de 2016

Com 100 mil pessoas na rua, CUT defende votação direta para legitimar governo



Para Vagner Freitas, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e um dos líderes da Frente Brasil Popular, o ato de hoje na Avenida Paulista é fechado em três temas: “É o Fora Temer e esse desgoverno ilegítimo; nenhum direito a menos, porque o que se apresenta é a retirada de direitos dos trabalhadores e sociais e da democracia; e o povo quer lutar. Consideramos esse governo ilegítimo e seria importante, para voltar à normalidade democrática, que a população pudesse ser atendida em uma votação direta para legitimar o governo”, disse.
Publicado originalmente na Rede Brasil Atual

Freitas disse não esperar por confrontos no protesto de hoje. “Da nossa parte, não. Mas não tenho dúvida nenhuma de que a imprensa deve denunciar ao mundo a escalada de violência que vive o Brasil. É lamentável que uma menina perca a visão, não sei se perdeu, espero que não, mas essa possibilidade dela perder a visão, e a polícia não fazer nada e o secretário não dar uma reclamação sobre isso."

Segundo o presidente da CUT, os manifestantes decidiram fazer uma caminhada – e não ficar parados na Avenida Paulista, para indicar que “estão em movimento”. “Movimento é movimento. Queremos demonstrar que estamos em luta e na rua e não vamos ficar parados”.

Polêmica

O protesto deste domingo começou com uma polêmica. Na última quinta-feira (1), após uma sequência de protestos violentos diários na cidade de São Paulo (em todos eles, com forte repressão policial), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que o protesto deste domingo estaria proibido. O protesto havia sido convocado pela internet pelos movimentos Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, para o horário das 14h, em frente à sede da Fiesp. Mais de 30 mil pessoas confirmaram presença ao ato nas redes sociais.

Uma das razões para a proibição do protesto foi a de que este poderia prejudicar a passagem da Tocha Paralímpica, no mesmo local, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Outro motivo foi o fato de que os organizadores não tinham avisado o órgão sobre o ato. Em nota, a secretaria ressaltou que, conforme determina a Constituição, é obrigatória a comunicação de hora, local e trajeto em que se realizarão os atos públicos.

"Para que sejam preservados os direitos das pessoas que não participam das manifestações e garantida a ordem pública, será evitado o fechamento das vias importantes da cidade. A SSP informa ainda que até o momento não recebeu qualquer comunicado oficial de movimentos organizados dando ciência da realização de manifestações públicas nos próximos dias”, diz a nota nota.

Na sexta-feira (2), a secretaria divulgou nova nota, informando que, em reunião com organizadores e o prefeito Fernando Haddad, o protesto seria liberado, sob a condição de ser adiado para mais tarde, às 16h30, para prejudicar a passagem da Tocha Paralímpica, entre as 13h20 e 14h10. “A Secretaria de Segurança Pública, após entendimentos com a Prefeitura de São Paulo e os organizadores da manifestação convocada para este domingo (4), informa que será permitida a concentração de manifestantes na Avenida Paulista a partir 16h30. A SSP esclarece que, no horário acordado, o evento de passagem da tocha paralímpica, cerimônia oficial da Rio 2016, já terá sido encerrado”, dizia a nota da secretaria enviada à imprensa na sexta-feira (2).

Em primeiro lugar, não entendemos que caiba à Secretaria de Segurança ou à Polícia "permitir" ou não uma manifestação popular. A Constituição nos assegura este direito. De toda forma, não é de nosso interesse prejudicar a passagem da tocha. Por essa razão, buscamos a informação exata do horário de passagem da tocha na Avenida Paulista, que será das 13:00 as 14:10”, escreveu o MTST, que compõe a Frente Povo Sem Medo, em nota enviada à imprensa na última sexta-feira.

Não pretendemos qualquer conflito e esperamos que a PM tenha o equilíbrio necessário para lidar com o evento, garantindo a liberdade de manifestação. Reiteramos que não iremos impedir nem prejudicar a passagem da tocha paraolimpica. Ainda buscando uma solução que não seja o enfrentamento com a PM estamos alterando a concentração para a frente do Masp”, acrescentou o movimento.

Passeata caminha em direção à Consolação para depois seguir pra o Largo da Batata.

4 de setembro de 2016

Conheça os movimentos que participarão do 1° Grande Ato Fora Temer do Cariri


Dia 31 de agosto de 2016, um grupo de golpistas se apossou do Estado Brasileiro para governar para os mais ricos. Para governar para aqueles que sempre se beneficiaram à custa dos menos favorecidos. Eles querem acabar com o SUS e privatizar as universidades públicas; querem que trabalhadoras e trabalhadores do Brasil se aposentem aos 70 anos; querem vender o patrimônio brasileiro para empresas internacionais. O golpe é contra você, o golpe é contra o Brasil!!!

O FORA TEMER NO CARIRI

O 1° Grande Ato Fora Temer do Cariri se dará no dia 07 de Setembro a partir das 07h30, na Av. Ailton Gomes e a concentração do Ato será em frente à Loja Gigi Tecidos. "Iremos para a rua defender nosso país, nossa democracia e o direito de todos os brasileiros. O povo não vai se calar", afirmam os organizadores.

Segundo informações da fanpage “Movimento Fora Temer – Cariri” a mobilização conta com vários movimentos, dentre os quais assinam a presente nota:

• Movimento Fora Temer – Cariri;
• O Coletivo Juntos – Cariri;
• Grêmio Ernesto Che Guevara - Liceu de Juazeiro do Norte;
• Coletivo Marias;
• União da juventude Socialista – UJS;
• Coletivo Camaradas;
• Levante Popular da Juventude - LPJ;
• Grupo de Estudos SÉTIMA de Cinema;
• Revista SÉTIMA de Cinema;
• Juventude do Partido dos Trabalhadores - Juazeiro do Norte;
• Frente de Juventude Kizomba – Cariri;
• O Movimento Estudantil da UFCA;
• Coletivo Amar e Mudar as Coisas-EEMGAB;
• Associação Cearense dos Estudantes Secundaristas – ACES;
• Programa de Assessoria jurídica estudantil - P@je;
• Coletivo Enegrecer;
• MariAZ;
• Centro Acadêmico de Psicologia da Unileão;
• União Brasileira de Mulheres – UBM;
• Centro Acadêmico Florestan Fernandes - URCA;
• Serviço Social da FALS;
• Coletivo Marcha da Maconha Cariri;
• Centro Acadêmico Xico Sá de Jornalismo;
• Centro Acadêmico de Letras Mestre Noza;
• Marcha Mundial das Mulheres;
• Movimento Barbalhe-se;
• Estudantes de Serviço Social da Unileão;
• A Urca Nunca Foge à Luta;
• RUA - Juventude Anticapitalista – Cariri;
• Coletivo Comunicadores Cariri – CCC;
• Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social – ENECOS – Cariri.

O cariri gritará #ForaTemer neste dia 07 de setembro.