Candidatos que fizeram o ENEM 2017 já podem consultar suas notas


Candidatos que realizaram o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2017 já podem consultar suas notas. O acesso ao desempenho de cada participante foi liberado nesta quinta-feira (18) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do MEC (Ministério da Educação) responsável pela organização do exame. No entanto, por volta das 12h30, o site do Inep enfrentava instabilidade, o que prejudicava muito as consultas. Os próprios estudantes relatavam nas redes sociais as dificuldades em acessar o sistema. O ministro da Educação, Mendonça Filho, apenas se limitou a pedir calma na hora de fazer a consulta e demonstrou descaso sobre o problema: “Com todo o respeito, eu não posso conceder uma entrevista falando sobre o funcionamento do sistema, porque eu não estou operando o sistema”. A verdade é que isso é um reflexo da piora em toda a estrutura do Enem, que, no governo de Michel Temer, deixou de apresentar a mesma eficiência anterior. A consulta pode ser efetuada no site do Inep, caso esteja disponível.

O boletim de desempenho traz as notas alcançadas pelo candidato em cada uma das quatro áreas de conhecimento avaliadas no Enem (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza), além da prova de redação. Para consultar as notas, o candidato deve ter em mãos seu CPF e a senha cadastrada no período da inscrição. Caso o aluno tenha esquecido ou perdido a senha, é possível recuperá-la.

Das mais de 4,7 milhões de redações corrigidas no Enem 2017, 6,5% receberam nota zero, ou seja, cerca de 309 mil dos textos. Dentre os motivos, destacou-se o aumento de redações que fugiram ao tema.  A divulgação das notas máximas e mínimas foi feita na manhã desta quinta antes da liberação do acesso dos participantes às suas notas individuais.

O MEC também anunciou que a abertura das inscrições do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) foi antecipada para 23 de janeiro. Segundo Mendonça Filho, o prazo para que os participantes do Enem tentem uma vaga em instituição pública de ensino superior de seu interesse será de 23 a 26 de janeiro. Além disso, 27 universidades portuguesas já aceitam a nota do Enem como critério para ingresso.

Após disputa na Justiça poucos dias antes da prova do Enem no ano passado, ficou decidido: o candidato que desrespeitar os direitos humanos não terá nota zero na redação automaticamente, mas poderá perder pontos. A decisão da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), foi dada às vésperas da aplicação do exame. O MEC não recorreu e prometeu acatá-la.

No entanto, apesar de não zerar automaticamente a nota da redação, ferir os direitos humanos pode levar à perda de até 200 pontos na prova – a nota máxima a ser alcançada por um candidato é 1.000. Isso porque são cinco as competências avaliadas na redação, cada uma valendo 200 pontos. Na competência 5, é avaliada a capacidade do candidato em “elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos”. No ano passado, o tema da redação foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”.

Mais caro


Outra mudança para pior, na gestão de Temer: em 2017, o Enem ficou mais caro e sem certificar para o ensino médio. No ano passado registrou 7,6 milhões de inscritos – o menor número desde 2013, quando 7,8 milhões se inscreveram para a prova. Já a taxa de inscrição, que era de R$ 68, passou para R$ 82. Segundo o Inep, o reajuste foi feito para repor a inflação dos últimos anos. Além disso, houve mudanças também nas regras de isenção para participantes de baixa renda, que incluíram pela primeira vez um cruzamento de dados com o Cadastro Único do governo federal. (Com informações do UOL e da Revista Fórum).

(Foto: Agência Brasil).

Professor e Jurista diz penhora do triplex da OAS impede condenação de Lula


Por Afrânio Silva Jardim, em seu FACEBOOK – CONDENAÇÃO DO EX-PRESIDENTE LULA. NÃO FOSSE TRÁGICO, SERIA ATÉ MUITO ENGRAÇADO !!!
VAMOS PENSAR JUNTOS:

1 – PRIMEIRA REFLEXÃO, COM UMA CERTA DOSE DE IRONIA …

Pela condenação do ex-presidente Lula, passamos a ter algumas situações jurídicas insólitas:

1) Visitação e/ou vontade de comprar: quem visitar um apartamento para eventual e futura compra adquire a sua propriedade.

2) Receber um apartamento significa … (não sei. Alguém sabe?) O ex-presidente não teve a posse do apartamento, sequer algumas horas, apenas o visitou …

3) Sugerir benfeitorias em um imóvel de outrem significa ter algum benefício próprio? As benfeitorias não se incorporam ao imóvel alheio?

Por outro lado, segundo o Juiz Sérgio Moro, agora temos duas espécies de propriedade:

a) proprietário “de direito”, de bens imóveis!!!

b) proprietário “de fato”, de bens imóveis !!!

Caso o ex-presidente Lula seja condenado defintivamente, será que esta sentença penal poderá ser transcrita no Registro Geral de Imóveis, declarando o triplex?

Seria uma sentença penal declaratória de propriedade, como se fosse uma sentença de usucapião ???

Poderia o tríplex ser declarado no inventário de D. Maria Letícia para fins de futura partilha?

Se o triplex é de propriedade do ex-presidente Lula, como poderia ser penhorado para pagamento de dívida da empreiteira OAS?

O ex-presidente Lula está devendo imposto de transmissão pela transferência “de fato” deste imóvel?

De qualquer forma, aconselho aos leitores para não deixarem algum amigo usar seus imóveis e, muito menos, nele, deixarem realizar uma benfeitoria. Se a “turma” de Curitiba souber, você pode não mais ser proprietário deste bem e o amigo pode ser acusado de lavagem de dinheiro e proprietário de fato !!!

Enfim, já “bagunçaram” o Direito Penal e o Direito Processual Penal. Será que vão conseguir “bagunçar” também o Direito Civil ???

Ademais, parece que o magistrado resolveu alterar a essência de sua motivação no processo que cuida do Triplex de Guarujá. Digo parece, porque está tudo muito confuso. Aliás, a “confusão” começa com a longa, tormentosa e nebulosa denúncia do Ministério Público Federal.

Agora, após os embargos de declaração da defesa do ex-presidente Lula, o juiz sentenciante esclarece que a vantagem de dinheiro (que dinheiro ???) atribuída ao ex-presidente Lula não mais seria o Triplex, mas sim o fato de que o valor do imóvel teria sido abatido de uma conta de uma determinada empreiteira, escrituração esta que se destinaria a computar as doações que estariam sendo feitas ao Partido dos Trabalhadores…

Ora, se tal conta existisse (na realidade, uma mera escrituração unilateral), o numerário que poderia abastecê-la era de seu titular, a sociedade empresária OAS. Aqui a finalidade desta contabilidade não tem relevância jurídica. O fato é que, com ou sem tal anotação contábil, o ex-presidente não auferiu qualquer vantagem econômica. Se o valor do Triplex estivesse nesta conta, lá ficou … Apenas a empreiteira iria deixar de fazer uma doação maior ao Partido dos Trabalhadores. É até mesmo intuitivo (coloquei todos os verbos no tempo condicional, porque é duvidosa a existência desta contabilidade).

De qualquer forma, a sentença não pode julgar o réu por fato que não foi objeto da imputação feita na denúncia, tendo em vista o princípio da correlação entre acusação e sentença, expresso no art.384 do Cod.Proc.Penal. Tal princípio é uma consequência de dois outros de assento constitucional, quais sejam, o princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa.

Se a acusação não atribui ao réu determinado fato, é lógico que a defesa não tem como dele se defender.

Esta condenação, com base em fato (não provado) que não foi imputado ao réu, é absolutamente nula.

SEGUNDA REFLEXÃO:

1) Se considerarmos a imputação da conduta de “receber” indevida vantagem, vamos precisar de prova de que, em algum momento, o patrimônio do Lula foi acrescido. Sem aumento do patrimônio, o agente não “recebeu”. Lula não teve o seu patrimônio aumentado pelo fato de ter visitado o Triplex, ter usado um sítio, em comodato, ou alugado um apartamento no prédio em que mora.

Lula não teria aumentado seu patrimônio, mesmo que tivesse solicitado a realização de obras no apartamento Triplex (ademais, não há prova desta solicitação).

Lula não teria seu patrimônio aumentado, mesmo que ele tivesse combinado verbalmente com a OAS que, no futuro, ficaria com o imóvel” (o que não ocorreu e, por isso, não tem disso não se tem prova).

Note-se que todas estas benfeitorias aumentaram o patrimônio dos proprietários do imóvel e não o do ex-presidente Lula.

2) Se consideramos apenas as condutas de “solicitar” ou “aceitar promessa”, fica contraditória a acusação e condenação pelo crime de lavagem de dinheiro. Como “lavar” algo que apenas foi prometido ou solicitado ???

Tudo isso é uma questão de pura lógica e mesmo um leigo em Direito compreende claramente.


Finalmente, qual o ato ilegal do ex-presidente, praticado ou omitido, que estaria vinculado à suposta doação do Triplex ??? Vale dizer, qual o ato de ofício do ex-presidente Lula? O que seria o tal “ato de ofício indeterminado”, mencionado na sentença condenatória ??? Nunca tinha ouvido falar disso !!! (Com informações do Brasil 247).

(Foto: Reprodução/ Brasil 247).

“O candidato do povo”, por Mino Carta


As manifestações contra a condenação de Lula começam dia 23, a partir da esquina democrática. (Foto: Ricardo Stuckert).
Dizia o general Golbery do Couto e Silva, singular personagem na qualidade de ideólogo do golpe de 1964 e do fim da ditadura por este precipitada: “Ou seremos capazes de mudar o País ou todos acabaremos pendurados em um poste, menos eu, que estarei morto”.

Golbery era um filho da Guerra Fria com uma visão maniqueísta do mundo dividido entre o império do Leste, a URSS, e o do Oeste, ou seja, o estadunidense, ao lado do qual sempre haveríamos de ficar.

No desequilíbrio social enxergava, porém, o maior problema do Brasil, a ser resolvido somente pela ação de um governo empenhado em enfrentá-lo em tempo útil antes da eclosão da revolta popular.

Nunca padecemos um estado de exceção igual a este que nos oprime, a favorecer a exígua minoria de ricos e super-ricos, a liquidar os bens da Nação e aprofundar o abismo entre casa-grande e senzala, entre sobrados e mocambos.

Estivesse aqui, Golbery diria “esta cousa vai acabar mal”, embora esteja claro que o mal de uns é o bem de outros. Com o julgamento de Lula pela segunda instância do Santo Ofício, 2018 começa muito quente e não se surpreendam caso se torne decisivo da nossa história.

Aqui se reúnem dia 24 os inquisidores do Santo Ofício. (Omar de Oliveira Feitosa/ Fotoarena).

Cito passagens do magistral artigo do ex-ministro Eugênio Aragão, publicado na semana passada por CartaCapital. As repetições ajudam.

“Em 2018, a massa assalariada vai conhecer a prática dos estragos sobre seus direitos, com as demissões dos celetistas para serem trocados por contratados temporários, sem férias e 13º, sem licença de gravidez, sem FGTS, sem aviso prévio, sem seguro-desemprego e com a precarização previdenciária (...) Trata-se da formalização do subemprego, a se espalhar rapidamente sem amparo sindical.”

• “Ao se aumentar a massa dos que pretendem votar em Lula, o roteiro dos golpistas tende a nos aproximar da convulsão social.

• “Por isso, a saída negociada é ainda a que oferece menos risco e pode desembocar num cenário de transição mais suave. Lula é esta saída. Fechá-la é abrir espaço para o descontrole do processo político que vitimizará em primeiro lugar os repressores e seus instigadores.”

Aragão prevê que qualquer manifestação de resistência popular ao desmando crescente provocará uma repressão cada vez mais violenta para engrossar o caldo de cultura da agitação social. Desde já algumas medidas de precaução foram tomadas na expectativa da chegada da caravana lulista em Porto Alegre na véspera do julgamento.

O PT convocou uma concentração na tarde do dia 23 na histórica Esquina Democrática, no centro da capital gaúcha. Dali os manifestantes iniciarão uma marcha até o lugar mais próximo possível do TRF4, ou seja, até os pontos protegidos pelos cordões da polícia, cuja exata localização ainda não foi anunciada.

Eugênio Aragão traça o roteiro do futuro.
(Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil).
Na moldura, surge um juiz federal insolitamente ponderado, Osório Avila Neto, disposto a negar a solicitação da Procuradoria de relegar a montagem de um acampamento do MST no Parque Farroupilha, a dois quilômetros e meio do tribunal. Avila Neto reduziu a um décimo a distância, e indicou o Parque da Harmonia, não se sabe se com toque irônico, a 250 metros de distância.

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., figura muito chegada ao MBL, o famigerado Movimento Brasil Livre, trincheira do prefeito paulistano João Doria, atirou-se à patética iniciativa de recomendar a presença do Exército e da Força Nacional no dia 24. Proposta recusada, felizmente. Comenta Alexandre Padilha, vice-presidente do PT e organizador da caravana lulista: “Posou de líder do MBL”.

A defesa do ex-presidente pede que ele seja ouvido pelos desembargadores gaúchos. Aceito o pedido, Lula certamente iria a Porto Alegre. A aceitação, contudo, é bastante improvável. Mesmo assim, Lula ainda não tomou a decisão final.

Certo é que dia 24 comparecerá a um ato programado na Avenida Paulista, em frente ao Masp, cenário impecável criado por Pietro Maria Bardi e Lina Bo, e diante do Parque Siqueira Campos, a oferecer sua paisagem frondosa. Com inesperada esperteza, o MBL desistiu de instalar na mesma avenida um telão para transmitir o julgamento. Informou o Movimento: “Não queremos atrapalhar o trânsito”.

Roberto Requião, companheiro ideal.
(Foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado).
A partir de 24 de janeiro, Lula joga a sua carta da manga, a candidatura a algo mais que a Presidência da República, que de resto será confirmada dia 25, a despeito da inevitável condenação, em reunião do PT Nacional, presentes governadores, deputados federais e senadores. Mas Lula vai além, candidata-se a líder do povo cada vez mais humilhado e ofendido.

Nunca o Brasil republicano viveu uma situação de tamanho desgoverno e desvario, em que autênticos quadrilheiros assaltam o poder. “Estamos condenados a radicalizar”, declara um eminente petista.

No fundo, melhor seria outro verbo: condenar parece significar uma pressão indesejada. A radicalização, entretanto, começa com Lula, ao identificar em dois símbolos peremptórios seus inimigos, a Globo e o mercado.

Com esta premissa, ele anuncia uma nova Carta aos Brasileiros, a seguir uma linha oposta àquela que precedeu a eleição de 2002, obra de Antonio Palocci, um trotskista convertido ao neoliberalismo, crente da conciliação das elites.

E já adianta este Lula de ideias límpidas: distribuição de renda não basta, é preciso distribuir a riqueza. E lá vem a promessa apavorante para ricos e super-ricos, os beneficiados do golpe de 2016: serão eles taxados, na medida mais justa.

A radicalização é transparente, inclusive na provável escolha de Roberto Requião para seu vice, ou mesmo um candidato de esquerda se preciso for, e nas conversas mantidas com Guilherme Boulos, líder dos sem-teto, movimento declaradamente de esquerda, como o MST de João Pedro Stedile.

Lula e Boulos: esta conversa revela objetivos comuns. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress).
A postura do seu fundador devolve o PT à plataforma inicial, ao assumir aqueles que hão de ser seus autênticos compromissos e responsabilidades. CartaCapital conhece os seus, e não hesita em louvar este retorno, assim como não hesitou em apoiar as duas candidaturas de Lula e as duas de Dilma Rousseff. Sabemos, com isso, que não traímos o jornalismo, muito pelo contrário.

Temos todo o direito à escolha, sem a desfaçatez dos verdadeiros traidores, que se dizem isentos, equidistantes, pluralistas. CartaCapital mais os enxerga como humoristas de escrita precária.

Nestas páginas já criticamos, às vezes asperamente, o PT e seus governos, nem por isso deixamos de apoiar o único líder popular de dimensão nacional e de considerar uma fraude a eleição sem ele. Às vezes chegamos a duvidar que existisse uma agremiação política de esquerda, embora haja no Brasil movimentos e personalidades de esquerda.

Palocci é um Trotskista convertido ao
neoliberalismo. (Foto: Heuler Andre/ AFP).
Certa é a inexistência de uma direita e de uma mídia conservadora, e deste ponto de vista permito-me discordar de Marcos Coimbra, por quem tenho infinita amizade e admiração. A casa-grande não é a direita, é apenas e tão somente medieval, anterior à Revolução Francesa, e sua sombra cobre o País. Conservadores foram Churchill e De Gaulle. Um jornal de direita é, por exemplo, Le Figaro. Nossa mídia é porta-voz da casa-grande.

O Brasil precisa de um grande e forte partido de esquerda para esclarecer o povo e conduzi-lo, juntamente com PCdoB, PSOL, PSB e PDT, à plena consciência da cidadania e dos seus interesses, muito além do futebol e do carnaval.

Cabe ao PT ocupar este espaço, e aos demais partidos de esquerda, para enfrentar a casa-grande, capaz de um golpe desferido pela aliança dos próprios Poderes da República, sustentados pela propaganda midiática e por setores da Polícia Federal.

Limito-me a perguntar aos meus inquietos botões se Lula teria esperado por este exato instante para se candidatar a líder do povo brasileiro, quem sabe na perspectiva da inelutabilidade da condenação. Tudo é possível, respondem os botões.

Até onde podem espraiar-se os inventores do estado de exceção, e até onde pode chegar o povo a ficar ciente dos vexames a que foi e é submetido? Será 2018 o ano do confronto? Sem Lula não há saída, para negociar esta ou liderar aquele.

Permito-me uma observação: o candidato do povo merece uma campanha mais atilada, mercadologicamente eficaz, do que aquela concentrada na pergunta: cadê as provas? O desafio de Lula está, em primeiro lugar, na defesa do País e de sua Nação.

Os assaltantes do poder multiplicam as exceções a seu bel-prazer e o Brasil é sua primeira vítima, e Lula é condenado sem provas porque surge como o entrave determinante aos propósitos dos quadrilheiros.

Acentuar a fraude do julgamento não é suficiente, mesmo porque é uma forma de aceitar o jogo deste Santo Ofício de ocasião. Se chegarmos à convulsão social que Eugênio Aragão desenha no horizonte, será porque neste momento Lula e o Brasil a ser salvo se confundem. (Com informações da CartaCapital).

Os ratos não foram os culpados pela propagação da peste bubônica na Europa do século 14, aponta pesquisa


Uma ilustração de 1551 mostra um rato preto; a autoria é de Conrad Gesner, naturalista que morreu pela peste bubônica em 1565. Ilustração: Science Photo Library.

Os ratos não foram os culpados pela propagação da peste bubônica na Europa do século 14, no surto que ficou conhecido como peste negra.

Até então, acreditava-se que os roedores e suas pulgas tivessem sido responsáveis pela transmissão da praga, levando a uma série de surtos no Velho Continente dos séculos 14 a 19.

Mas uma equipe das universidades de Oslo, na Noruega, e Ferrara, na Itália, agora diz que o primeiro destes surtos, a peste negra, pode ser "largamente atribuído a pulgas e piolhos humanos".
O estudo, publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Science, utiliza registros sobre os padrões de disseminação e a dimensão da epidemia.

Estima-se que a peste negra tenha matado 25 milhões de pessoas, mais de um terço da população da Europa, entre 1347 e 1351.

"Temos bons dados da mortalidade pelos surtos em nove cidades da Europa", disse Nils Stenseth, da Universidade de Oslo, à BBC.


"Então, fomos capazes de construir modelos da dinâmica da doença (naqueles cenários)."

Peste bubônica afeta os nódulos linfáticos e causa grangrena. Foto: Science Photo Library.

Explicação mais plausível      

Stenseth e seus colegas fizeram simulações de surtos da doença em cada uma dessas cidades, criando três modelos onde a praga era disseminada por:

- Ratos

- Transmissão aérea

- Pulgas e piolhos que vivem em seres humanos e suas roupas

Em sete das nove cidades estudadas, o "modelo do parasita humano" se mostrou uma explicação muito mais adequada para o surto.

O modelo refletiu a rapidez com que a praga se espalhou e o volume de pessoas afetadas.

"A conclusão foi muito clara", diz Stenseth. "O modelo dos piolhos se encaixa melhor."

"Seria improvável que (a doença) tivesse se espalhado tão rápido com a transmissão por ratos", acrescenta.

"Teria que ter passado por ciclos extras nos roedores, em vez de se espalhar de pessoa para pessoa."

Pulgas de roedores tem sido historicamente culpadas pela transmissão da peste bubônica. Foto: Science Photo Library.

Transmissões na atualidade

O professor diz que o interesse prioritário do estudo foi histórico, ou seja, de forma a usar os conhecimentos modernos sobre a doença para entender uma das mais devastadoras pandemias da história humana.

No entanto, ele ressalta, "entender o máximo possível sobre o que se passa durante uma epidemia é sempre bom para reduzir a mortalidade (no futuro)".

A praga ainda é endêmica em alguns países da Ásia, África e Américas, onde persiste em "reservatórios" de roedores infectados.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2010 a 2015 houve 3.248 casos da doença registrados em todo o mundo, incluindo 584 óbitos.

Se não for tratada, a doença tem um índice de mortalidade de 30% a 60%. Antibióticos, contudo, são efetivos se há diagnóstico precoce.

O mal pode ser difícil de identificar em seus estágios iniciais, porque os sintomas, que normalmente se desenvolvem após sete dias, parecem com o de uma gripe comum - um teste de laboratório pode confirmar o diagnóstico. A peste afeta os nódulos linfáticos e causa gangrena.

Em 2001, um estudo que decodificou o genoma da peste usou uma bactéria que havia infectado um veterinário nos Estados Unidos.

O homem, morto em 1992, tentava resgatar um gato preso sob a estrutura de uma casa quando o animal espirrou, transmitindo a doença.

"Nosso estudo sugere que, para evitar uma eventual nova transmissão, a higiene é o mais importante", alerta Stenseth.

"Também sugere que, se você está doente, deve evitar ter contato com muitas pessoas. Então, se você está doente, fique em casa." (Com informações da BBC Brasil).

MPF pede 386 anos de prisão para Eduardo Cunha e 78 anos para Henrique Alves



No âmbito da ação penal derivada da operação Sépsis, que investiga desvios no fundo de investimentos do FI-FGTS, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça que os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) sejam condenados, respectivamente, a penas de 386 anos e de 78 anos de prisão. Segundo a acusação, Cunha cometeu os crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e prevaricação. Henrique Alves responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.  Processo tramita na 10.ª Vara Federal em Brasília sob titularidade do juiz Vallisney de Souza Oliveira.

Os procuradores pedem, ainda, uma multa de R$ 13,7 milhões para Cunha e R$ 3,2 milhões para Alves.

Também são réus no processo o corretor Lúcio Bolonha Funaro, o ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto e seu funcionário Alexandre Margotto. Os três assinaram acordos de delação premiada.

De acordo com o MPF, os crimes imputados a Cunha e Henrique Alves eles são referentes apenas ao caso envolvendo a empresa Carioca Engenharia. O caso representa apenas 4% da propina recebido por Cleto enquanto vice-presidente de Fundos de Governo e Loteria da Caixa.

Ficou comprovado nestes autos, pelos elementos probatórios, assim como atualmente vem sendo descortinado em diversas operações realizadas, como é o caso das denominadas operações Sépsis, Cui Bono, Patmos e Lava Jato, entre outras, um esquema criminoso que utiliza ardilosamente a Administração Pública como forma de obter vantagens indevidas. Participavam desse conluio políticos, agentes públicos, operadores financeiros, empresários e outros agentes privados”, diz o MPF, na peça, conforme o blog do Fausto Macedo. 
De fato, restou demonstrado no curso da ação penal que Cunha e Alves possuem personalidades voltadas para o crime, para a corrupção em seu sentido mais amplo. São pessoas que não demonstraram ou comunicaram, ao menos até o presente momento, qualquer arrependimento por seus crimes”, dizem os procuradores.

A defesa de Cunha afirmou que “demonstrará em suas alegações finais que a acusação é frágil e tem certeza da absolvição”. (Com informações do Brasil 247).

Eduardo Cunha e Henrique Alves. (Foto: Reprodução/ Brasil 247).



Luciano Huck, a Globo e a memória seletiva dos 'novos'políticos'


Passados alguns dias da repercussão da entrevista – interpretadas como fala de candidato, em “campanha eleitoral” antecipada – de Luciano Huck, no palco do programa do Faustão no domingo 7, o apresentador negou que irá se candidatar à Presidência da República em 2018. Não foi uma negativa categórica por meio de nota oficial à imprensa – apenas um comentário pelas redes sociais, mas sem efetivamente descartar sua candidatura. Disse ainda que continuará atuando em movimentos cívicos para “oxigenar a política brasileira com novas cabeças, novas ideias e, principalmente, novas práticas”.

Já a TV Globo levou três dias para informar em nota oficial, que cumpre a legislação eleitoral e que não apoia qualquer candidato nas eleições de 2018. A afirmação só veio após parlamentares do PT entrarem com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a emissora por abuso dos meios de comunicação e de poder econômico.

Quando questionada pela imprensa a emissora justificou que a participação de Luciano Huck e Angélica no Domingão do Faustão havia sido gravada antes de o apresentador afirmar que não concorreria à Presidência. Mas isso sem explicar por qual razão a entrevista só foi ao ar agora, “fora do tempo”, e nem por que o telespectador não foi avisado de que se tratava de uma gravação.

A argumentação não convenceu. Negações como essa são como a fumaça que confirma o fogo.

Se ainda restava alguma dúvida de que a aparição de Huck no programa tinha discurso de candidato, uma notinha de sexta-feira (12), da jornalista Daniela Lima, da coluna Painel, da Folha de S.Paulo, deixou evidente a candidatura.

De acordo com a jornalista, "informação de que a entrevista de Luciano Huck ao “Domingão do Faustão” foi gravada em 11 de novembro esbarra em um dado. Durante a conversa, Fausto Silva diz que Huck 'deixou bem claro em comunicado enviado a todos os jornais que não seria candidato' a presidente."

O artigo em que o apresentador afirmou que não concorreria em 2018 foi publicado nos jornais no dia 27 de novembro. Portanto, o marketing político da Globo, no primeiro domingo do ano, foi quase dois meses depois de o apresentador anunciar que não seria candidato.

Além disso, a entrevista também ocorreu depois da divulgação de uma pesquisa Ipsos, no dia 23 de novembro, na qual Huck aparecia com e melhor avaliação de imagem junto ao eleitor.


Luciano Huck nunca abandonou o sonho de ser presidente da República.

Mesmo cobrando ética, Luciano Huck construiu casa em área
de preservação ambiental. (Foto: Raquel Cunha/ TV Globo).
No programa, o apresentador posou de bom moço, bom marido, o “novo”, o “não político”. Em relação à ideologia, Huck afirmou não ser de direita – e nem de esquerda.

Não é de hoje que o todo queridinho da Globo mostra pretensões políticas. Em 2007, durante o governo do presidente Lula, o apresentador que hoje se diz representar “o novo”, o “não político”, nem esquerda e nem direita, se engajou ferozmente na campanha para retirar R$ 40 bilhões (valores da época) por ano do orçamento do SUS, detonando a CPMF.

Fazendo a vez do pato amarelo, Huck se apresentou como mestre de cerimônia “voluntário” para um show gratuito promovido pela Fiesp – de Paulo Skaf – em São Paulo, contra a CPMF. Recheado de atrações famosas, a imprensa anunciava que os organizadores esperavam atrair um público de dois milhões de pessoas, mas só sete mil apareceram. Ao ser avisado sobre o público pífio, Luciano Huck cancelou sua participação na última hora, pouco antes de subir ao palco, alegando “problemas de agenda”.

Mesmo assim, a bancada demotucana (DEM e PSDB) no Senado, com ajuda do Psol, conseguiu detonar a CPMF e o empresário Luciano Huck ficou um pouco mais rico, ao manter em sua conta o dinheiro que pagava de CPMF e era usado para financiar a saúde pública.

Voltando ao programa do Faustão, ao discorrer sobre o atual cenário político, Huck falou sobre ética com declarações como “pequenas corrupções levam às grandes corrupções”.

Aparentemente, o apresentador não deve ter lembrado – ou terá tentado se aproveitar da tradicional "memória curta" do brasileiro – que em 2003, teve sua pousada em Fernando de Noronha (PE) interditada pelo Ibama, por ter sido construída em área de preservação ambiental.

Pela lei da época, só moradores que possuíam autorização de ocupação de solo poderiam construir em Fernando de Noronha, declarada pela ONU Patrimônio Natural da Humanidade.

Mas isso não foi problema: Huck, deu um “jeitinho” e a Pousada Maravilha foi construída pelo apresentador juntamente com os empresários João Paulo Diniz, Pedro Paulo Diniz e Ed Sá, no terreno onde morou o ex-chefe do Parque Nacional Marinho, José Gaudêncio Filho, o dono formal do empreendimento. Em 2011, Huck e os sócios, venderam a pousada ao cientista político filiado ao PSDB, Antonio Lavareda.

Luciano Huck também falou no programa sobre combate à corrupção. Ao mesmo tempo cobrou mais ética. “Os brasileiros estão envergonhados da classe política”, disse. Isso tendo o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB), criado o Decreto 41.921, que ficou conhecido como “Lei Luciano Huck”, para alterar a legislação sobre Áreas de Proteção Ambiental, e manter "protegida" uma mansão do apresentador numa reserva ambiental de Angra dos Reis (RJ), construída sobre rochas e um espelho d'água.

Faustão bem que poderia fazer novo convite a Luciano Huck e abrir o "Arquivo Confidencial" dele. (Com informações do Blog da Helena)


Historiador e Socióloga cria aplicativo que ensina idioma africano a crianças


Aplicativo Alfabantu. (Foto: Reprodução).

A história e a cultura afro-brasileira devem constar no currículo oficial da rede de ensino no Brasil, como prevê a Lei 9.394/1996. No entanto, a disponibilidade de material sobre o assunto e a aplicação da lei ainda são deficitárias em muitas escolas. Foi pensando nisso que o historiador Edson Pereira e a socióloga Odara Dèlé decidiram criar um aplicativo de celular, o Alfabantu, destinado ao ensino da língua falada pelo povo kimbundu, de Angola.

A ideia nasceu quando Pereira ainda cursava História na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Lá ele teve seu primeiro contato com o kimbundu, através de um curso ministrado pelo professor Nii.

Hoje, Odara é professora de Sociologia do ensino médio na rede estadual e Pereira, professor de História do ensino fundamental na rede municipal. Com a vivência escolar, foram percebendo que os professores tinham dificuldade em trabalhar a história da África com as crianças. “Não existe muita vontade dos professores e os que têm vontade não sabem como fazer, falta material didático”, conta Odara.

Com um interesse antigo no resgate histórico da cultura africana, o casal encontrou no idioma uma potencial forma de aproximar a África das crianças brasileiras que, muitas vezes, passam a infância sem conhecer a história dos seus povos originários.

Odara e Pereira, socióloga e historiador, criadores do aplicativo Alfabantu. (Foto: Arquivo Pessoal).

 
Inspirados pelo Asa – aplicativo criado por um nigeriano que percebeu que faltava às novas gerações um conhecimento mais profundo sobre seus antepassados, começaram a planejar o Alfabantu. O aplicativo Asa ensina a língua iorubá e traz conteúdos sobre a história e cultura da Nigéria e da África. Já o criado pelo casal se dedica, por enquanto, exclusivamente, ao ensinamento do idioma angolano.

Lançado em 21 de novembro, o aplicativo é voltado ao público infantil e está disponível apenas para celulares com sistema Android. Durante a pesquisa preliminar, Odara e Pereira encontraram dados significativos a respeito do uso do celular pelos brasileiros: crianças entre 5 e 14 anos costumam passar 80% do seu tempo livre com os aparelhos em mãos.

A gente está muito ligado ao celular, mas o importante é pensar quais conteúdos são vistos. Podemos potencializar esse uso de forma positiva. As crianças podem permanecer no celular, mas acessando conteúdo de qualidade”, avalia Odara.

A ideia do Alfabantu é proporcionar um aprendizado lúdico e interativo, algo que atraia o público infantil. O aplicativo é dividido em duas partes. Na primeira, há o contato inicial com a língua: são apresentadas frases do cotidiano, partes do corpo humano, números, animais e diversas outras palavras. Na segunda parte, a criança testa seu conhecimento através de um quiz. “A criança aprende e, ao mesmo tempo, se diverte”, segundo Odara.

Até a primeira semana de dezembro, mais de 600 downloads do Alfabantu já tinham sido registrados. Além de brasileiros, moradores de Angola, Moçambique, Reino Unido, Polônia e Portugal também baixaram o aplicativo.

O casal conta que pretende desenvolver versões mais completas do aplicativo. Além da adição de conteúdos, como cultura africana, querem ampliar o público-alvo, criando versões do Alfabantu para adultos. Contam, ainda, que pretendem criar materiais didáticos do aplicativo que possibilite sua expansão. O objetivo é trazer a África para perto de cada vez mais brasileiros. (Com informações do Jornal da USP).

O aplicativo está disponível para download neste link.