Três
anos depois de chegar ao Jornal Nacional, ela está fora.
Segundo
o comunicado da Globo, o prazo já estava estabelecido quando ela passou a fazer
companhia a Bonner no JN.
Como
pouca gente acredita na Globo, também a explicação oficial foi imediatamente
alvo de suspeição na internet.
Uma
das teorias conspiratórias sugeria que Dilma mandara demiti-la depois que ela
lhe apontou o dedo na já célebre entrevista concedida ao Jornal Nacional.
Mas
um momento: se isto for verdade – não dá para ter certeza sequer a respeito do
dedo – então Ricardo Noblat já deve estar esvaziando a gaveta.
Infração à etiqueta por infração à etiqueta, a de Noblat foi muito pior – além de comprovada.
Na
sabatina presidencial do Globo, Noblat mandou Dilma falar menos para que ele e
os colegas de Globo pudessem falar mais.
Noblat
diria a mesma coisa a algum Marinho, numa reunião da empresa?
Mas
é muito difícil acreditar que Dilma tenha pedido a cabeça de Patrícia. Dilma
não tem histórico de pedir cabeças de jornalistas, ao contrário de Serra, para
ficar num caso, e de Aécio, para citar outro.
Logo,
não existem razões para Noblat esvaziar preventivamente a gaveta.
Outra
especulação é que teria pesado contra Patrícia a informação, dada por Lauro
Jardim, da Veja, de que ela estaria comprando um apartamento de 12 milhões de
dólares de frente para o mar, no Rio.
“Os
caras da Globo ganham tanto assim?”, perguntou um internauta quando soube do
apartamento.
De
fato, mesmo sem levar a sério as teorias conspiratórias, é estranho a Globo
anunciar a saída dela tão perto das eleições, sobretudo depois da grande
repercussão das entrevistas do JN com os presidenciáveis.
As
empresas costumam anunciar este tipo de coisa em momentos de calmaria, e não no
calor de uma campanha presidencial.
Saiamos
das especulações e entremos nas coisas como concretas como o desempenho de
Patrícia. Estaria aí a razão da troca?
Sob
o ponto de vista do Ibope, ela foi mal. Pegou o JN com audiência média de 30%,
em 2011, e o entrega um terço menor.
Mas,
se fosse assim, Bonner também teria que ser despedido. Quando Bonner assumiu o
JN, em 1996, a audiência era superior a 40%.
Agora,
é metade disso.
Na
mesma linha, o editor do JN, Ali Kamel, também teria que ser substituído.
Mas
sejamos justos: a má qualidade responde apenas por uma pequena parte da queda
de audiência não apenas do JN mas de todos os demais programas da Globo.
O
impacto muito maior vem da internet.
A
internet é uma mídia disruptora. Ela vai pegando todas as demais. Revistas e
jornais sofreram primeiro, mas a tevê convencional é a próxima grande vítima.
Como
mostra a Netflix, a tevê vai ser uma atividade a mais dentro da internet.
Você
vai ver sua série favorita ou o telejornal de sua preferência na hora em que
quiser, em seu laptop ou em seu tablete.
A
famosa grade da Globo é insustentável na Era Digital.
Até
os eventos esportivos ao vivo vão marchando para a internet. Neste ano, pela
primeira vez, o site do US Open, um dos maiores torneios de tênis do mundo,
transmitia os jogos ao vivo.
Em
breve, você não precisará de uma tevê para ver esporte ao vivo, mas apenas de
wifi e um aparelho qualquer.
Contra
isso, até a Globo, com toda a sua força, é impotente.
Em
termos de JN, isso quer dizer que mesmo que fosse um telejornal esplêndido, a
audiência seria declinante na Era Digital.
Ninguém
imaginava até recentemente que a tevê se transformaria numa mídia decadente,
mas a internet fez isso.
Patrícia
Poeta não precisa ficar embaraçada se alguém disser que ela levou para baixo a
audiência do JN.
Nem
Bonner.
Nem
Kamel.
Nem,
a rigor, os Marinhos.
Schumpeter,
o grande economista, falou na “destruição criadora” que é a essência do
capitalismo.
Para
a Era Digital florescer, as mídias tradicionais serão forçosamente destruídas,
ou reduzidas a quase nada.
É
a “destruição criadora” em curso, ela que nunca se aquieta.
Via
Diário do Centro do Mundo