A
Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc), por intermédio da 18º Coordenadoria
Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede 18), realizou na última
quinta-feira, 01/06, o I Seminário "Escola: Espaço de Reflexão”.
O
Seminário teve como tema central “Respeito à Diversidade” e para Luciana
Brito, Coordenadora da Crede 18, a ideia é desenvolver de foram estruturada práticas
pedagógicas que corroborem para o pensamento crítico e reflexivo dos alunos e
alunas da rede estadual primando pela abordagem de temas relacionados à cultura
do respeito às diferenças e afirmou que essa ação já é resultada de um encontro
maior que ocorreu em Fortaleza nos dia 04 e 05 de maio.
Luciana
realçou ainda que esse momento ora centrado nas 20 Credes será expandido para
as unidades de ensino que precisam criar e organizar um calendário permanente que
trabalhe com temáticas ligadas a pluralidades de ideias e a cultura do
respeito.
Maria
Alexandre, uma das organizadoras do seminário, ressaltou acerca da importância
do momento ao reunir representantes de todas as escolas atendidas pela
coordenadoria, ao passo que frisou acerca da necessidade de pautar as
discussões como questões de gênero, preconceito racial, diversidade religiosa,
violência contra a mulher e direitos humanos. Segundo ela, é perceptível que
nas escolas ocorrem diversas situações inusitadas e na grande maioria das vezes
gestores e professores não estão preparados para lhe dar com elas.
Pela
manhã, houve uma mesa de debate com o professor especialista pela FCC e membro
do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), Nicolau Neto, a professora
doutora da URCA, Renata Marinho, a Delegada Titular da Delegacia da Mulher de
Crato, Wannini Galiza, a doutoranda em ciências sociais pela UFRN, Eudivânia
Oliveira e o especialista em Direito Constitucional pela URCA, Robson Gomes.
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Da direita para a esquerda - Robson Gomes, Renata Marinho, Nicolau Neto, Eudivânia de Oliveira e Wanini Galiza. durante seminário promovido pela Crede 18. Foto; Professora Luciana Brito. |
De
forma didática, cada palestrante teve 15 minutos para expor seu tema, sendo
destinado, tão logo, as apresentações, tempo para perguntas dos participantes.
Fala dos (as) Palestrantes
Ao discorrer acerca do Preconceito Racial, Nicolau
Neto apresentou dados que demostram que o Brasil, apesar de ser o país mais negro
fora da África, é extremamente racista e que isso é uma herança histórica que
pouco se tem feito para eliminar essa prática que excluiu e continua excluindo
negros, negras e índios dos espaços de poder. Inicialmente, o professor chamou
a atenção para a representatividade do auditório que sediou o seminário. "Esse
auditório nos representa"?, indagou.
Para
Nicolau, mesmo com algumas políticas publicas e ações afirmativas que visam à
correção das desigualdades raciais, bem como a promoção da igualdade de
oportunidades, tendo obtidos resultados satisfatórios, o cenário ainda é de
muita luta, pois o racismo está em todos os espaços e nas formas mais
"sutis", e se constitui forte obstáculo à formação de uma consciência
coletiva, de um sentimento de pertencimento. O professor frisou a importância
do seminário. “É prova que as instituições
estão se abrindo para falar de nós, negros e negras. Mas essas ações são momentâneas,
esporádicas. O que não tira seu caráter reflexivo. Precisamos alcançar nosso
público, os alunos e alunas, envolvendo as escolas”, disse. “Por entender que a escola deve ser um local
privilegiado para arejar essas temáticas, foi que aceitei o convite", complementou.
Citando o professor português Boa Ventura de Sousa Santos, “temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”, Nicolau arguiu que a grande ação que as escolas precisam fazer é promover a igualdade, preservando a diferença e reforçou a urgência da construção de um currículo que reconheça e valorize grupos historicamente excluídos, como negros (as) e indígenas e uma das medidas que podem contribuir para tal é o cumprimento das leis 10.639/03 e 11.645/08.
Citando o professor português Boa Ventura de Sousa Santos, “temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”, Nicolau arguiu que a grande ação que as escolas precisam fazer é promover a igualdade, preservando a diferença e reforçou a urgência da construção de um currículo que reconheça e valorize grupos historicamente excluídos, como negros (as) e indígenas e uma das medidas que podem contribuir para tal é o cumprimento das leis 10.639/03 e 11.645/08.
Renata
Marinho centrou sua discussão nas questões religiosas. A professora trouxe a
luz do debate um histórico de intolerância nesse cenário. Segundo ela, o fato
de o Brasil ser predominantemente católico permite que a diversidade
religiosa que tão bem caracteriza a sociedade não seja respeitada. Aliado a
isso, ela trouxe dados do último censo do IBGE (2010) em que conta o
crescimento de protestantes, agravando ainda mais a intolerância religiosa,
principalmente para com as de matrizes africanas – a Umbanda e Candomblé. As
pesquisas têm demonstrado, afirmou Renata, que os pentecostais e neopentecostais
são os que mais desferem e destilam preconceitos aos religiosos umbandistas e
do candomblé, destruindo seus centros sagrados. A professora clamou para que as
relações sociais sejam baseadas na alteridade.
Robson
Gomes frisou sobre a crise de valores na sociedade, principalmente no âmbito
jurídico ao tratar do tema “direitos humanos”. Para tanto, percorreu os tempos
históricos, do absolutismo, onde inexistia a liberdade de expressão, a contemporaneidade,
onde há pessoas que usam da liberdade conquistada a duras penas para ferir a moral
e a dignidade do outro.
Gênero
também foi alvo do debate ao ser tocado por Eudivânia. Para ela, a sociedade precisa
falar sobre, porém sem as amarras do destino biológico que já determina o que
as famílias vão ter – ou menino ou menina. Citando a escritora e filósofa Simone
de Beauvoir com a frase que se tonou conhecida do público estudantil no ENEM de
2015 – “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, Eudivânia deu o tom de como essa
questão precisa ser desenvolvida nas instituições, a começar pelo universo
familiar, sendo aprimorado no seio educacional. “Temos vários gêneros e estes mudam com o tempo, por isso o currículo
escolar precisa atender a comunidade LGBT”, frisou.
Wannini
Galiza pontuou os vários tipos de violência sofridos pela mulher no cariri e
chamou atenção para o fato que a maneira mais eficiente de sanar os casos é a
denuncia.
O
Seminário foi organizado por uma comissão regional composta pela técnica da Crede 18, Maria Alexandre Gomes, pela diretora Regilania Gomes de Oliveira, pelo professor Esdra Nascimento Ribeiro e o aluno Francinildo Alves de Lima. Esta mesma comissão é responsável propagar e participar das ações nas escolas e manter um canal de comunicação entre a comissão escolar e o grupo de trabalho da Seduc.
O evento desta quinta foi sediado no auditório da EEEP Violeta Arraes, em Crato e contou com representantes de todos os municípios atendidos pela Crede 18. As representações vieram de diretores (as), coordenadores (as), professores (as) e alunos (as), totalizando um público equivalente a 120 pessoas.
O evento desta quinta foi sediado no auditório da EEEP Violeta Arraes, em Crato e contou com representantes de todos os municípios atendidos pela Crede 18. As representações vieram de diretores (as), coordenadores (as), professores (as) e alunos (as), totalizando um público equivalente a 120 pessoas.
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