É
provável que você conheça alguém chamado Ubiratan ou Jacira. Pode ser também
Iracema, Tainá, Cauã ou Jandira. Quem vive ou já visitou o Rio de Janeiro, com
certeza ouviu falar em Tijuca, Itaipu, Ipanema, Jacarépaguá, Itapeba, Pavuna
e/ou Maracanã. Em São Paulo, quem não conhece Itaim, Itaquaquecetuba, Butantã,
Piracicaba, Jacareí e Jundiaí? Não importa onde se viva, qualquer brasileiro já
teve contato com uma infinidade de palavras de origem indígena, sobretudo da
língua tupi-guarani (união entre as tribos tupinambá e guarani), como carioca,
jacaré, jabuti, arara, igarapé, capim, guri, caju, maracujá, abacaxi, canoa,
pipoca e pereba.
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Torração de farinha: Alimento descoberto pelos índios que faz parte de nossa cultura (foto: Chang Whan/Divulgação). |
Mas
não foi só na língua portuguesa que tivemos influência indígena. Sua herança e
contribuição para a formação da cultura brasileira vai além: passa da comida à
forma como nos curamos de doenças. Os índios, através de sua forte ligação com
a floresta, descobriram nela uma variedade de alimentos, como a mandioca (e
suas variações como a farinha, o pirão, a tapioca, o beiju e o mingau), o caju
e o guaraná, utilizados até hoje em nossa alimentação. Esse conhecimento das
populações indígenas em relação às espécies nativas é fruto de milhares de anos
de conhecimento da floresta. Lá, eles experimentaram o cultivo de centenas de
espécies como o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o tomate, o amendoim, o
tabaco, a abóbora, o abacaxi, o mamão, a erva-mate e o guaraná.
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Bolsa Karajá: artesanato da tribo indígena (Foto: Marcio Ferreira/Divulgação) |
Outro
benefício que herdamos da intensa relação dos índios e a floresta é em relação
às plantas e ervas medicinais. O conhecimento da flora e das propriedades das
plantas os fez utilizá-las nos tratamento de doenças. Por exemplo, a alfavaca
que tem função antigripal, diurética e hipotensora, ou o boldo que é digestivo,
antitóxico, combate a prisão de ventre e pode ser usado também nas febres
intermitentes (que cessam e voltam logo) são descobertas dos índios utilizadas
no nosso dia a dia.
O
artesanato também não fica de fora. Bolsas trançadas com fios e fibras,
enfeites e ornamentos com penas, sementes e escamas de peixe são utilizados em
diversas regiões do país, que sequer têm proximidade com uma aldeia indígena.
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Cerâmica figurativa: artesanato indígena (Foto; Mariana Maia/Divulgação). |
Segundo
Chang Whan, pesquisadora e curadora do Museu do Índio do Rio de Janeiro, embora
nós tenhamos o costume de separar a cultura indígena da cultura brasileira,
essa dissociação não está correta. “A
cultura brasileira resulta da conjunção de muitas influências culturais,
inclusive temos todas essas contribuições dos índios, com a influência na
toponímia (nome dos lugares), na onomástica (nomes próprios), na culinária e no
tratamento de saúde utilizando as ervas medicinais. Portanto, não devemos fazer
essa dissociação”, explica.
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