Ao se lançar ao Brasil, Eduardo esquece que seu partido participou dos erros e acertos do governo Lula/Dilma. Foto: Divulgação. |
O
programa partidário do PSB apresentou na noite de ontem ao país em rede
nacional de rádio e TV, Eduardo Campos. Ele que foi ministro da Ciência e
Tecnologia no primeiro governo de Lula, que se elegeu governador de Pernambuco
em 2006 com o apoio de Lula e cujo partido apoiou o governo Dilma até o mês
passado simplesmente fez de conta que isso não existiu na sua trajetória.
Porque na estratégia de campanha de Eduardo Campos, que será candidato a presidente da República com um discurso de oposição moderada, isso não interessa.
Nas
sociedades democráticas pode até se dizer que isso é natural. Mas também
deveria ser natural que antes de fazer a inflexão, o político honesto fizesse
uma reflexão pública sobre a mudança de rota.
O
fato é que os que têm se vendido como novo tem demonstrado grande habilidade na
arte da velhacaria política.
A
publicidade de Campos usou como principal peça do seu espaço na TV, um jogral
em que uma pessoa fala de algo bom no Brasil e outra de algo ruim. Sendo que o
assunto é o mesmo. Uma diz, por exemplo, que no Brasil todo mundo que quiser
pode ir a escola. Outra que muita gente não vai a escola. Uma diz que no Brasil
o governo criou o mais médicos. Outra que faltam medicamentos nos postos de
saúde.
Ou
seja, tem coisa boa no país. Mas tem muita coisa ruim também. Como se isso não
acontecesse em todos os cantos do mundo. E na vida de cada um de nós.
Parece
coisa boba, mas eficiente.
Porque
Eduardo ao fazer essa abordagem malandra, consegue fazer ignorar que seu
partido esteve durante 10 anos no governo até há menos de um mês e não fosse
também co-responsável pelos erros que este governo cometeu. Sendo apenas credor
dos acertos.
O
discurso com características esquizofrênicas, porém, tem seus atrativos. É bom
para quem quer votar num opositor com jeitinho mais manso. E provavelmente vai
lhe trazer dividendos nas próximas pesquisas.
Ou
seja, Eduardo Campos e Marina lançaram sua chapa hoje. E o fizeram de forma
despolitizada, mas bem conduzida do ponto de vista do marketing. Ponto para o
marqueteiro.
Mas
o que o Brasil ganha com isso? Mais uma opção eleitoral e não um outro jeito de
fazer política, como a dupla tem vendido. Aliás, muito pelo contrário, o
programa foi repleto de velhas matreiragens. E a principal delas é a de fazer
de conta que não se é isso nem aquilo, para não se comprometer com nada. O que
é o pior dos caminhos para se construir um debate político sério.
Nasceu
a oposição que Sarney havia previsto há algum tempo. Segundo ele, a oposição
que ameaçaria a hegemonia petista sairia do próprio governo. Naquele momento,
Marina e Eduardo Campos ainda estavam na base. Se vai dar certo é outra
história. Mas agora setores que não querem mais o PT tem algo mais do que o
PSDB.
Esse
algo mais pode ter até um discurso errático e pouco construtivo do ponto de
vista político, mas veio com uma boa embalagem de marketing.
Via
Pragmatismo Político/Blog do Rovai
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