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Falando à multidão, Lula lembrou alta de 77% do salário mínimo durante governos do PT - João Paulo Rodrigues/MST. |
O
ex-presidente e pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
afirmou neste domingo (1º) que quer que trabalhadores e sindicatos voltem a ser
ouvidos pelo governo para discussões sobre condições de trabalho, aposentadoria
e investimentos em saúde. Em discurso no ato promovido por centrais sindicais
para o 1º de Maio em São Paulo (SP), Lula evitou falar como candidato, mas
disse que o Brasil vai eleger um presidente melhor que o atual em 2022.
“Aí,
ao invés de vocês ficarem xingando presidente na rua, vocês serão convidados
para sentar em uma mesa de negociação para a gente restabelecer as condições de
trabalho e os direitos dos trabalhadores, para discutir com seriedade a
aposentadoria dos trabalhadores e para discutir a política de saúde e render
todas as homenagens ao SUS”, afirmou Lula, em discurso na Praça Charles Miller,
em frente ao estádio do Pacaembu.
Sem
criticar explicitamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula disse que o
Brasil está “destruído”. No entanto, afirmou que é possível recolocar o país no
caminho do crescimento e desenvolvimento ouvindo estudantes, trabalhadores e
toda a população.
“Quem
sabe o que precisa não é capitão [das Forças Armadas]. É um povo trabalhador, é
o estudante, são as mulheres”, declarou, dizendo que pretende voltar a fazer
conferências públicas para discussão de temas importantes para o país.
Lula
falou que a volta de uma política de valorização do salário mínimo é necessária
para o Brasil. Lembrou que, durante seu governo, o piso nacional era reajustado
com base na inflação e no crescimento da economia. Isso fez com que o salário
mínimo subisse 77% durante os governos do PT. Mesmo assim, a inflação
manteve-se dentro do controle, ao contrário do que o atual governo tem feito.
“Vocês
leram nos jornais que a inflação do mês foi a maior em 27 anos. Isso quer dizer
que o salário diminuiu, que o carrinho tem menos compra, que na mesa tem menos
coisas para vocês e a família de vocês”, pontuou o ex-presidente.
Para
Lula, o trabalhador precisa voltar a ter um salário decente e emprego de boa
qualidade. Lembrou que, durante os governos do PT, 22 milhões de empregos com
carteira assinada foram criados. O ex-presidente também defendeu o controle
estatal sobre a Petrobras e a Eletrobras.
Afirmou,
por fim, que o Brasil precisa voltar a ser um país “civilizado”. “As
instituições vão se respeitar, pai não vai ficar brigando com filho, vizinho
não vai brigar com vizinho. Precisamos voltar a ter uma sociedade em que o amor
supera o ódio.”
Importância das eleições
No
palco do evento, o discurso de Lula foi precedido por falas de lideranças do campo
democrático e apoiadores.
A
presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, deputada federal pelo Paraná, criticou
Bolsonaro e afirmou que ele governa com interesses pessoais. Tanto é assim que
hoje, no Dia do Trabalhador, convocou protestos contra o Supremo Tribunal
Federal (STF).
“A
tristeza do trabalhador não é causada pelo STF”, disse ela. “A causa da
tristeza do povo é não ter um projeto para o país. É ter gasolina cara, gás de
cozinha caro”.
Ex-prefeito
da capital paulista e pré-candidato a governador do estado de São Paulo,
Fernando Haddad (PT) destacou a crise vivida pelo Brasil. As eleições de 2022,
disse Haddad, são uma oportunidade para recolocar o país no caminho do desenvolvimento.
“Vivemos
um momento muito delicado, em que todas as centrais [sindicais] estão sendo
destruídas para garantir que os lucros aumentem às custas do trabalhador”,
afirmou. “Vamos colocar esse país no trilho da democracia e do desenvolvimento
social.”
Guilherme
Boulos (PSOL), pré-candidato a deputado federal, disse que há jovens
trabalhando 12 horas por dia sem qualquer direito por conta da reforma
trabalhista idealizada e sancionada pelo governo do ex-presidente Michel Temer
(MDB). Boulos disse que o Brasil precisa de mudança e, por isso, a eleição
deste ano não é uma eleição qualquer. “Serão os direitos contra os privilégios.
Será a democracia contra a barbárie”, afirmou. “Vamos enfrentar o fascismo e
vencer.”
Trabalhadores reclamam
Os
discursos de Lula e outras lideranças foram acompanhados por centenas de
trabalhadores e manifestantes. Eles reclamaram da situação econômica do país,
principalmente da precarização das condições de trabalho e da inflação alta.
A
prévia da inflação de abril deste ano ficou em 1,73% e é a maior para o mês
desde 1995, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15
(IPCA-15). Desde janeiro, os preços subiram em média 4,31%. Nos últimos 12
meses, 12,03%.
Ao
mesmo tempo, o Brasil tem hoje 11,9 milhões de pessoas desempregadas (aqueles
que perderam suas ocupações e seguem em busca de emprego), de acordo dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada
em 29 de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
O
número segue estável em relação ao mês anterior. Mas isso ocorre porque parte
das pessoas que perderam suas ocupações deixaram de procurar emprego e, por
isso, não são contabilizadas entre os desempregados. Em outras palavras, não
houve um crescimento na busca por trabalho. A população ocupada caiu 0,5%, o
que representa 472 mil pessoas a menos no mercado de trabalho.
Janaína
Cristina da Silva, 35 anos, por exemplo, é formada em pedagogia e não conseguiu
emprego na área. Hoje, trabalha como vendedora informal de camisetas de
temática política. Ela foi à Praça Charles Miller neste domingo para acompanhar
o ato e também para buscar o sustento da família.
“Estou
administrando o caos”, resumiu. “Sempre tem uma conta atrasada. Eu não consigo
mais ir ao mercado e fazer uma compra. Eu compro o que está faltando",
expôs a vendedora informal.
Janaína
defende que os trabalhadores se unam neste ano, pensando nas eleições, para que
tenham um governo favorável às suas pautas. “Temos que organizar os
trabalhadores, rever esse jeito liberal de pensar”, afirmou.
Marlene
Bueno dos Santos, 62 anos, auxiliar de enfermagem e funcionária pública, também
pediu mudanças. Afirmou que o ato deste 1º de Maio deve deixar claro a
insatisfação da população com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O
ato é um é um papelzinho numa numa fornalha. Ele vai ajudar. Todo mundo que
está aqui já está consciente do que precisa ser feito”, afirmou.
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Com informações do Brasil de Fato.