Além de Marielle: as lideranças negras assassinadas na história brasileira

(FOTO/ Vinicius de Araujo / Alma Preta).

Há 1.461 dias, em 14 de março de 2018, a vereadora e ativista negra Marielle Franco (PSOL) foi assassinada a tiros, junto com seu motorista, Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. Nestes quatro anos de investigação – marcados pela falta de respostas sobre o crime – o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ainda não sabe quem matou Marielle e Anderson, muito menos tem certeza sobre a motivação do crime.

A suspeita do MP é de que o crime foi cometido por dois ex-policiais militares: Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Denunciados e presos em penitenciárias federais fora do Rio de Janeiro, ambos vão a júri popular. A audiência ainda não tem data marcada para acontecer.

Marielle Franco, no entando, não foi a única vítima negra engajada com a política brasileira a ser assassinada ou ser dada como desaparecida pelo Estado. Informações da Comissão da Verdade de São Paulo mostram que no período da didatura militar (1964-1985), 41 lideranças do movimento negro do Brasil sumiram ou foram mortas. Os dados ainda apontam registros de perseguição à luta antirracista até 1981, quatro anos antes do fim do regime.

Para além do regime ditatorial brasileiro, outras figuras negras foram mortas por motivações políticas.

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As informações são da Alma Preta. Clique aqui e confira seis lideranças negras que foram alvo da violência, fato que custou suas vidas. Relembre casos. 

Prêmio Educar completa 20 anos com novidades!

 

Prêmio Educar completa 20 anos com novidades. (FOTO | CEERT).

A iniciativa busca identificar e valorizar práticas pedagógicas exemplares de professoras/es e gestoras/es da educação básica, com o propósito de construção da equidade racial e de gênero.
Segundo Jucelino Alves, consultor do CEERT, a iniciativa se consolida como uma tradicional premiação que visa concretizar com qualidade o direito ao pleno desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens.

Como surgiu

O Prêmio Educar surgiu em 2002, de forma pioneira, a partir de debates promovidos no Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), a partir de 2000, em parceria com diversos atores do movimento negro e da área da educação.

De acordo com o geógrafo e educador Billy Malachias, o projeto surgiu antes mesmo da implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que alteram a LDB 9.394/96 para incluir a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura africana, afro-brasileira e indígena, nas escolas de todo o país.

Billy acompanhou o Prêmio desde a sua criação e atualmente é consultor do CEERT, pesquisador do Laboratório de Geografia Política da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro de Estudos Periféricos da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

“A criação do Prêmio é uma contribuiçao do CEERT para a luta antirracista no Brasil. A educação é um lugar de mobilidade social, mas também sempre foi um espaço de reprodução dos preconceitos. Modificar isso é uma responsabilidade do ativismo negro”, explica.

Ainda de acordo com o educador, o CEERT criou o Prêmio, antes mesmo da lei, para identificar o que os professores faziam de positivo para o enfrentamento do racismo. Depois da criação da Lei, a referência a ela no projeto passa a ser um dos critérios de seleção.

“O Prêmio passou a ser um incentivo à leitura da Lei e uma ação de difusão das diretrizes curriculares. Isso foi de caráter inovador, além de todos aspectos valorativos de reconhecimento para a vida individual de diversos educadores e educadoras.”

Importância histórica

Segundo Maria das Graças Gonçalves, especialista do CEERT e Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), o Prêmio é uma marca do CEERT e tem um registro histórico de práticas pedagógicas antirracistas de Norte a Sul do Brasil, promovendo a discussão e reconhecendo e incentivando os projetos.

Todo esse conhecimento resultou em uma importante coleta de dados para o CEERT, apoiando pesquisas na área de educação e fornecendo materiais didáticos e pedagógicos nos setores públicos e privados. A divulgação dos projetos desenvolvidos passou a desempenhar um papel formativo, a partir do debate de relações étnico-raciais. Conheça alguns deles aqui.

O combate ao racismo institucional dentro da escola é o ponto de encontro entre todas as edições - nos materiais de ensino, nos espaços escolares, na epistemologia eurocêntrica e na ausência de história das pessoas negras e indígenas. “Nesta edição, certamente a pandemia irá desnudar o agravamento de diversas questões, como a saúde mental dos educadores e dos alunos, além da desigualdade na educação”, explica a educadora.

Desafios

Na avaliação da equipe do Prêmio Educar 2022, a conjuntura atual está impactada pela pandemia da Covid-19. Foram agravados e escancarados os problemas estruturais do racismo, sexismo, exclusão social e o desigual acesso aos serviços e equipamentos básicos. Como consequência, a população negra e indígena está no topo dos piores índices de contaminação, óbitos e vacinação.

Na esfera da educação, assistimos a maior paralisia do sistema educacional da história moderna. Segundo dados publicados em 2021 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), 99,3% das escolas do país suspenderam as atividades presenciais, revelando também que o país obteve a média de 279 dias sem atividades presenciais durante o ano letivo de 2020, considerando escolas públicas e privadas. Os/As estudantes negros/as possuem menos acesso a computadores e internet, tendo mais dificuldades para seguir aprendendo.

De acordo com um estudo divulgado pela Fundação Carlos Chaga, pela Unesco, pelo Itaú Social e pelo Instituto Península (2020), 53,8% dos/das professores/as declararam que houve o aumento da ansiedade e depressão dos alunos, além da diminuição da aprendizagem e altos índices (88%) de despreparo dos professores para o ensino remoto, com a ausência de treinamento e de suporte emocional.

Oportunidades

No contrapeso desse contexto, profissionais da educação básica de todo o país criaram estratégias para desenvolver o trabalho, aplicando esforços excepcionais. É por isso que um dos objetivos do Prêmio Educar 2022 é saber mais sobre esse fazer da gestão escolar, assim como o fazer das práticas pedagógicas antirracistas desenvolvidas durante o período mais agudo de isolamento social, com o objetivo de apoiá-las e difundi-las para que se tornem força inspiradora de novas iniciativas!

Quem pode participar

Podem se inscrever professoras/es que estejam em atividade nas diferentes etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e de todas as Modalidades de Ensino (Educação de Jovens e Adultos; Educação Escolar Quilombola; Educação Indígena; Educação Profissional e Tecnológica; Educação Especial e Educação à Distância).

Também podem participar gestoras/es de escolas (diretoras/es e coordenadoras/es pedagógicas/os) que estejam em atividade na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e de todas as Modalidades de Ensino (Educação de Jovens e Adultos (EJA); Educação Escolar Quilombola; Educação Indígena; Educação Profissional e Tecnológica; Educação Especial e Educação à Distância).

O Prêmio é dividido em duas categorias: Professor e Escola. A categoria Professor é dividida em duas modalidades: práticas pedagógicas executadas – realizadas entre 2019 e 2021 e projetos de práticas pedagógicas ainda não executadas. Já a categoria Escola conta apenas com a modalidade Gestão com Equidade e Antirracista (GEA).

Prêmio

Na Categoria Professor, serão eleitas oito propostas para cada modalidade, totalizando 16. Cada uma levará o prêmio de 7 mil reais, além de um kit de livros na temática da equidade racial de gênero na educação básica e a participação em curso virtual de formação continuada na temática da equidade racial de gênero na educação básica.

Na categoria Gestão de Escola, cada uma das oito propostas eleitas na etapa final do processo de seleção receberá equipamentos para a escola, elegíveis numa listagem fornecida pelo CEERT, dentro do valor de 10 mil reais, além de um kit de livros na temática da equidade racial de gênero na educação básica e a participação em curso virtual de formação continuada na temática da equidade racial de gênero na educação básica.

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Com informações do CEERT.

Discurso do Professor José Nicolau como Paraninfo da Turma de Redes de Computadores da Escola Wellington Belém de Figueiredo

 

Professor José Nicolau durante discurso como Paraninfo do Curso Técnico em Redes de Computadores, da EEEP Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda. Foto: Professora Lucélia Muniz.

Discurso do Paraninfo da Turma do Curso Técnico em Redes de Computadores e representante de todos os paraninfos das turmas de Agronegócio, Edificações e Finanças, da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda-CE.

Professor José Nicolau *

Excelentíssima Srª. Diretora desta instituição de ensino Professora Lúcia Silva Santana;

Ilustríssima Srª. Coordenadora Escolar Professora Ana Maria Batista;

Ilustríssimo Sr. Coordenador Escolar Professor Francisco de Assis Batista;

Ilustríssimo Sr. Coordenador de Estágio Professor Paulo Robson;

Ilustríssimas e ilustríssimos patronos;

Ilustríssimas e ilustríssimos paraninfos;

Ilustríssimas e ilustríssimos professores coordenadores de cursos;

Meus caros companheiros e companheiras professores e professoras aqui presentes;

Secretárias desta escola;

Vigilantes, porteiros;

Merendeiras;

Zeladoras;

Jardineiros;

Prezados pais, parentes, amigos e amigas dos (as) formandos (as);

Minhas amigas e meus amigos formandos (as) das primeiras turmas da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo.

As minhas palavras iniciais são de gratidão. Gratidão por ter tido a oportunidade de fazer parte da vida e da história de cada um de vocês. Com imensa alegria recebi o convite para ser paraninfo da turma de Redes de Computadores. Um coletivo que tive a honra de ter sido o diretor de turma. Confesso que mesmo na minha saída ainda me sentia nas funções – professor e diretor de turma. Pois a relação que conseguimos foi muito além daquela ao qual estávamos propostos a ter. Fomos e seremos mais do que professor e alunos (as). Fomos e seremos amigos, parceiros. Nossa relação teve e sempre terá como pilares o respeito, a lealdade, a politização e o exercício da cidadania. Sem isso, nosso convívio não teria vingado. Amizade, respeito, fidelidade e confiabilidade de mim para com todos (as) e de vocês para comigo foram e são os nossos maiores prêmios.

Feliz também fiquei por ter sido escolhido para representar os demais paraninfos e estar agora proferindo estas poucas, mas sinceras palavras. Sei que qualquer outro (a) que aqui estivesse também honraria o convite.

Dirijo-me de forma especial a todos (as) os formandos (as). Sei o quanto este momento é importante para cada um (a), como também o é para seus pais – a quem quero externar o meu respeito e gratidão pelo companheirismo, respeito e apoio que a eles (as) deram no decorrer dessa caminhada inicial dos estudos. Pois vocês – pais - mais do que ninguém são conhecedores de que a conclusão deste curso é uma realidade, mas não se configura como a chegada, o ponto final. É verdade que não deixa de ser um grande passo para a realização profissional, mas os estudos só estão começando. Aliás, agora de fato é que se deve dar mais atenção a eles (estudos). Peço licença para citar um provérbio popular – “Os ignorantes, que acham que sabem tudo, privam-se de um dos maiores prazeres da vida: aprender”. A ideia de sempre querer aprender e ensinar é antiga. Aristóteles, filósofo grego, dizia “a alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais”. Sendo assim, que vocês, formandos, não aceitem parar de aprender. De igual modo, não aceitem menos do que aprender a pensar e aprender pensando. Sem isso a aprendizagem é um desastre, não lhes servirá.

Caros alunos concludentes, fiquei pensando a manhã deste sábado (21/01/2017) o que poderia dizer em um momento tão relevante no histórico estudantil de cada um. Pensava apenas em desejar sucessos, mas isso seria simples demais, vazio demais para a ocasião. Por isso, fiz um resgate do nosso tempo de convivência ao qual disponho de lembranças maravilhosas. Conviver aqui reavivou a esperança de que podemos sim alcançar uma sociedade menos elitista, menos patrimonialista, menos desigual, menos preconceituosa e mais justa, mais igual, mais plural, mais, mais, mais, definitivamente mais HUMANA. Cada um na sua singularidade e particularidade me reanimou e fez com que um sentimento que estava adormecido acordasse – o desejo de construir uma educação voltada para a diversidade étnica-racial e uma educação reconhecedora dos valores dessa pluralidade que tão bem caracteriza nosso país.

Vocês me fizeram continuar a acreditar que é possível romper as barreiras do sistema. Me fizeram como nunca antes sentir o prazer de reuni-los/as - mesmo sem ser em momentos de aulas - e falar sobre tudo, debater sobre tudo e questionar tudo. Afinal é esse o ofício correto do professor e o de vocês enquanto alunos (as) é o de nos desafiar a derrubar os muros do comodismo. Cito aqui um dos maiores líderes sul-africano e um dos maiores ícones internacional na defesa das causas humanitárias – Nelson Mandela -  a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

Vivenciamos distintos momentos. Uns regados de descontração, de alegria. Outros sérios e polêmicos, mas em todos eles predominou o diálogo e o respeito as opiniões, pois sem essas características a sociedade democrática de direito, da qual a escola é um espaço importante, está fadada ao fracasso. Paulo Freire, o mais célebre educador brasileiro, já nos alertava sobre a importância do diálogo e do respeito a opinião do outro. “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”, dizia.

Meus queridos e minhas queridas, há um mundo para além dos muros da escola. Mas a forma com que encaramos a vida lá fora depende da educação. A vida vai fazer com que assumamos responsabilidades e procurar caminhos que podem nos levar ao sucesso ou ao fracasso e que podem abrir as portas para o conhecimento que levarão ou não ao crescimento pessoal e profissional. Vai depender de que tipo de escolha vocês farão. Vai depender também que leitura vocês escolherão fazer da realidade. Mario Quintana disse uma vez que "os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem". No nosso modelo de sociedade tem muitos (as) doutores (as) por formação, mas analfabetos em posicionamentos diante da realidade. Passaram anos e anos entre quatro paredes na companhia de professores/as, obtiveram títulos e mais títulos, mas são incapazes de utilizá-los em benefício da coletividade e da transformação da realidade para melhor. O comodismo e a obediência cega ao sistema os impedem disso.

É o meu desejo que vocês possam ser os (as) letrados (as) que leem, interpretam e sejam capazes de transformar o ambiente em que vivem. Rubem Alves - psicanalista, educador, teólogo, escritor e ex-pastor presbiteriano brasileiro, tem um texto brilhante que nos ajudará a entender o que ora estou afirmando. Muitos optarão por seguir a formação técnica, outros a complementarão com o curso de nível superior e outros ainda seguirão por outros cursos superiores, por isso, substitui - mas sem prejuízo para a compreensão - a palavra “escola” por “universidade”:

Há universidade que são gaiolas e há universidades que são asas.

Universidades que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.

Universidades que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Por isso, formandos, deixo aqui e já encerrando as minhas palavras, os últimos conselhos. Não aceitem ser menos do que sujeitos. Não aceitem ser menos do que pessoas críticas e atuantes. Aceitem apenas ser o protagonista da história.

Por fim, mas não menos importante, cito Cora Carolina que nos lembra "o que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher".

Iniciei agradecendo e concluo também com o sentimento de gratidão pelo carinho de todos (as) e pela generosidade da escolha para paraninfo da turma de Redes de Computadores e de igual modo para representar a todos (as) os paraninfos. Podem ter a certeza de que esse momento ficará gravado em minha vida pessoal e profissional, pois me engrandece enquanto professor.

Desejo uma ótima formatura. Uma ótima noite. E muito, muito sucesso.

Gratidão, gratidão e gratidão!!!

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Discurso proferido em 21 de janeiro de 2017 e publicado originalmente no Blog em 23 de janeiro do mesmo ano e é um dos mais acessados.

* Professor de História, integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais (NEGRER), colunista do site Intelectual Orgânico e administrador/editor do Blog Negro Nicolau.

Um panorama da imprensa negra do Brasil pós-abolição até os dias de hoje

(FOTO/ Reprodução).

Os jornais impressos sempre foram locais estratégicos para a publicidade das ideias e análises de homens e mulheres negros, que pelo domínio da escrita, do acesso à educação formal e pelo ativismo social se apresentaram como pensadores e intelectuais do seu tempo. Escapando das amarras de se entender a população negra somente a partir da sua corporeidade, como nos lembraria Stuart Hall, em que se reserva ao corpo negro a lógica do trabalho, do perigo, do exotismo, da sensualidade e se abomina ou descarta a sua capacidade intelectual e criativa.

A escrita é uma das expressões da cultura, em sentido amplo, a partir da qual se exerce a mediação das explicações que integram os modelos conceituais com os quais representamos o mundo. E em um mundo em transformação, como foi a passagem do século 19 para o 20, o que homens e mulheres negros fizeram no pós-abolição? Será que se portaram como críticos sociais e idealizadores de outros projetos de futuro?

As publicações da imprensa negra entram em cena para cultivar e colher um mercado de opiniões sobre temas sensíveis para a coletividade negra, como racismo e raça, o lazer e a cultura, os valores morais do trabalho, a noção de nação, os entendimentos sobre cidadania, os repertórios de urbanidade e respeitabilidade. E a celebração de personagens negros, como Luiz Gama, a Mãe Preta, Henrique Dias, Zumbi dos Palmares, José do Patrocínio. Além de ventilar a situação da população da diáspora africana em outros cantos do mundo. Também se analisava o funcionamento das instituições e sobre como o mundo do escravismo modificava-se e, depois da abolição, transbordava para os novos tempos republicanos.

Nos jornais da imprensa hegemônica, a população negra, na maioria das vezes, aparecia por um viés racializado: nas charges, nas vagas de empregos, nas análises sociais, nas páginas policiais, nos cadernos de cultura e esporte, que criavam um repertório acerca dos afrodescendentes e conformava visões de mundo excludentes, hierárquicas ou estereotipadas. Como não poderiam publicar nessa imprensa, ou quase nunca tinha acesso para tensionar essa torrente negativa de textos e imagens, a criação de jornais negros foi uma saída e uma urgência, inclusive para pautar os temas que lhes interessavam.

As publicações negras pipocaram, em todo o território nacional, desde o século 19. O marco foi o pasquim, O Mulato ou O Homem de Cor, publicado pelo tipógrafo fluminense Paula Brito, no ano de 1833, que trazia questões sobre as falhas da cidadania conferida a negros livres e libertos, contrariando os princípios da Constituição brasileira de 1824, e alertava sobre a precária situação dos “homens de cor” não escravizados. Ana Flávia Magalhães nos deixa a par de outras publicações da incipiente imprensa negra brasileira do século 19, como o Brasileiro Pardo e O Lafuente, que circularam na corte na década de 1830, e O Homem, que apareceu no Recife, em 1876, e tinha como objetivo “promover a união, a instrução e a moralização dos homens de cor pernambucanos” e denunciava que já não havia “mais nesta província um só emprego de alta importância e consideração que seja exercido por homem de cor”, apontando como o critério racial foi sendo introduzido como linha de corte para a ocupação de certos cargos públicos, à medida que o século 19 avançava.

Quando a abolição veio, em 1888, e a partir do advento da República, a imprensa em geral assumiu um papel “civilizador” contra o analfabetismo e as práticas ‘incultas’, além de divulgar interesses de grupos políticos desempenhando um papel de peso no jogo eleitoral, mas também na formação da opinião pública. Nesse período, também vimos o surgimento de jornais alternativos que criaram repertórios de luta e identidade, de pedagogia e solidariedade, para grupos sociais específicos, como a população negra, mas também operários, mulheres, imigrantes. Nessa fase, temos o jornal Exemplo, de Porto Alegre, que circulou entre 1892 a 1930, e também A Alvorada, de Pelotas, publicado entre 1907 e 1965, com algumas interrupções. Ainda no Rio Grande do Sul, temos A Tesoura (1924), A Revolta (1925), O Tagarela (1929). Sobre os jornais negros de Minas Gerais, temos A Verdade (1904), que circulou na cidade de Pouso Alegre, e o Raça (1935), de Uberlândia.

Saltando para São Paulo, temos A Pátria, de 1889, e O Progresso, cujo primeiro número é de 1899. Na primeira metade do século 20, houve uma profusão de publicações negras paulistas, como O Baluarte e Getulino, de Campinas; na capital circularam O Menelick (1915), O Xauter (1916), A Rua (1916), O Bandeirante (1918), O Alfinete (1918), A Liberdade (1919), A Sentinela (1920), Kosmos (1922), Clarim d’Alvorada (1924), Elite (1924), Progresso (1928) e A Voz da Raça (1933). Sendo que A Voz foi a publicação oficial da mais importante organização negra da primeira metade do século passado, a Frente Negra Brasileira, que funcionou entre 1931 e 1937.

Embora com vida efêmera, pelas dificuldades de sustentar sua publicação regular e contínua, boa parte dos jornais negros teve esta marca: eram órgãos dos locais de reunião da população negra e serviam para lançar sua programação e a vida social dos seus membros. E neles os associados e convidados publicavam suas análises e impressões sobre variados temas. Naquilo que Ana Flávia Magalhães, já citada, chamaria de “jornais feitos por negros; para negros; veiculando assuntos de interesse das populações negras”. Embora o público leitor fosse muito além e o debate e denúncias ali gerados reverberassem em toda a sociedade. Outras publicações surgiram ao longo da segunda metade do século 20, principalmente nos momentos de democracia, como entre 1945 e 64, como os jornais O Novo Horizonte, Mundo Novo, A Voz da Negritude, o Mutirão, Notícias de Ébano, Nosso Jornal e as revistas Senzala (1946) e Níger (1960).

Nos anos finais da ditadura militar e durante a redemocratização do país, a sociedade civil se rearticularia com mais vigor. Em 1978, foi fundado o Movimento Negro Unificado (MNU), que trouxe à tona novos temas e diretrizes para o movimento e o mais importante: a contestação ao “mito da democracia racial” que, desde os anos 30, serviu para demover as denúncias do racismo estrutural, o que foi piorado pelo cerceamento do regime militar, que via com maus olhos o debate racial e a ação dos movimentos sociais.

Nessa fase, foram fundados vários jornais por muitas pessoas que passaram pelo MNU. Foi o caso do Tição (1977), de Porto Alegre, ou o Objetivo (1977), da cidade mineira de Uberaba, e a Voz do Negro (1984); em BH, o Áfricas Gerais (1995). Em Salvador, na primeira metade da década de 80, os jornais Nêgo, AfroBrasil, Elêmi. Ou em São Paulo, ainda na década de 70, os jornais O Saci, Negrice, Jornegro, Vissungo; ou o Irohin (1996), em Brasília. Tantos outros órgãos da imprensa negra vieram a lume, em diversos lugares do país: no Rio, em São Luís, no Recife, em Florianópolis.

Foi o caso da revista Raça, de circulação nacional e grande apelo estético e comercial, cuja primeira edição é de setembro de 1996. A existência material das publicações, a linha editorial adotada, a busca pelos anúncios, os textos e imagens selecionados, as escolhas de quem e o que devia ser publicado, os diálogos travados com outros sujeitos sociais, as noções a respeito da liberdade de imprensa e de pensamento foram atos políticos, por excelência, quando a luta contra o racismo moldou a história da imprensa negra, desde sua origem. Mas ela não pára por aí, tanto no formato escrito quanto no digital.

Atualmente, ela continua amplificada no que chamamos de “mídia negra”, que engloba sites, blogs, páginas e perfis em redes sociais, canais no YouTubepodcasts nos tocadores digitais e até um canal de televisão com conteúdo majoritariamente produzido e voltado para o público negro, a Wolo TV. Exemplos dessa mídia negra são o Alma Preta, o Portal Geledes, o Afropress, o História Preta, o Nossos passos vêm de longe, o Atlântico Negro, o Pensar Africanamente, e uma infinidade de outros veículos. No pós-abolição, esse tempo em aberto em que as demandas e tensões a partir da ideia de raça são parte constituinte do mundo atual, a escrita e as vozes da gente negra, na sua múltipla experiência e agência, são centrais para a compreensão da sociedade brasileira.

Os jornais negros trazem análises potentes para além dos lugares limitantes, em várias áreas do conhecimento, sobre a trajetória da população negra. Desde a década de 1950, existem preciosos estudos sobre o seu significado e potência. O interessante é que boa parte dos jornais negros podem ser acessados no site da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, o que facilita a vida dos curiosos dessa história e os pesquisadores de várias áreas.

A imprensa negra é um lugar privilegiado para ir ao encontro das escritas dessa ‘gente de cor’, da história vista de baixo para cima, como incita a pensar o historiador Eric Hobsbawm. São textos que trazem novas leituras sobre a população negra, que também nos permitiu pavimentar uma identidade coletiva positiva e afastar a ideia de que ficamos à margem, em um eterno estado de anomia social e resignação infrutífera. Lutou-se! E luta-se! Pelas palavras, ideias e projetos coletivos também!

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Por João Paulo Lopes, originalmente no Mídia Negra e Feminista e reproduzido no Instituto Búzios.

Sistema Verdes Mares lança 1ª rádio com transmissão em TV aberta do Brasil

Verdinha lança nova programação, amplia abrangência e se torna multiplataforma de jornalismo popular. (FOTO/ Kid Jr / SVM).

O Sistema Verdes Mares (SVM) lança, nesta segunda-feira (14), a primeira rádio com transmissão simultânea em televisão aberta do Brasil. Serão 14 horas de programação jornalística e esportiva, das 5h às 20 horas, transmitida para todo o País. 

A novidade da "Verdinha" amplia a abrangência para além das ondas do rádio e se torna multiplataforma de jornalismo popular, com exibição do conteúdo sincronizado em todas as plataformas da TV Diário e da Verdinha (site, rádio e televisão). 

O diretor Comercial e Marketing do SVM, Erick Picanço, explica que a essa expansão transforma a Verdinha em um grande modelo de jornalismo popular.

"O público passará a contar com mais conteúdo jornalístico, incluindo reportagens especiais direto das principais regiões do Estado e mais comentários", detalha. 

Veja como assistir e ouvir a nova programação 

Agora ficou muito mais fácil ficar consumir jornalismo popular de credibilidade de qualquer lugar. Veja abaixo as cinco maneiras de ficar bem informado. 

Ouça sintonizando o rádio na frequência AM 810;
Assista pelo site da Verdinha
Assista também pelo site TV Diário
Na TV, sintonize no canal da TV Diário, disponível em TV aberta no canal 22; VIVO HD, no canal 322.1 em Fortaleza; SKY HD, 323.1, em Fortaleza, e Multiplay, canal 522 , também na Capital. 
Também é possível acessar a programação da rádio, ainda, através de aplicativo disponível nos sistemas Android e IOS.  
 
65 anos de história

Há 65 anos no ar, a Verdinha é uma das emissoras mais tradicionais do Estado. A cobertura atenta do futebol profissional, a presença do humor tipicamente cearense, a credibilidade da informação, a animação de seus comunicadores e o compromisso de estar perto do ouvinte são fatores que determinam sua liderança de audiência.
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Com informações do Diário do Nordeste.

Conheça a história da discriminação do cabelo crespo no Brasil

(FOTO/ Reprodução/The J Report).

O cabelo crespo, característica estética encontrada em boa parte da população negra, carrega em si alguns tabus. Em uma cultura que valoriza traços e aspectos brancos e eurocêntricos, o preconceito contra quem não faz parte deste grupo ainda existe no Brasil, apesar de pretos e pardos representarem a maior parte do conjunto populacional do país.

Um estudo publicado em 2021 na revista Social Psychological and Personality Science mostrou que candidatas negras aos mais diversos cargos de emprego no mundo todo – com penteados naturais ou usando tranças afro – são percebidas como menos profissionais do que negras com cabelos alisados.

No entanto, não é de agora que o cabelo crespo sofre com microagressões de cunho racista, ou até mesmo é colocado em uma posição de “feio”, “sujo” e “duro”. É o que explica a socióloga Anita Pequeno, autora do artigo “História Sociopolítica do Cabelo Crespo”.

As mulheres negras conhecem a violência do racismo desde muito cedo, principalmente através da maneira como a sociedade taxa o cabelo crespo como ‘ruim’. Acredito que esse é um dos discursos racistas mais abertamente postulados”, afirma a socióloga.

Anita explica que, de modo geral, os primeiros esforços de transformação do corpo negro começam na infância, com o desejo de mudar uma parte específica do corpo: o cabelo crespo, através do alisamento capilar. No entanto, embora compartilhem da crença na importância simbólica do cabelo, de acordo com ela, os estudiosos das relações raciais mostram que a importância específica do cabelo para negros e negras é irrefutável, devido ao seu legado histórico e político específico.

No contexto das relações raciais, o cabelo pode significar relações com a África, construções da negritude, memória da escravidão, autoestima, rituais, estética, técnicas de cuidado apropriadas, imagens de beleza, política, identidade e, também, a intersecção de gênero e raça. Fora todas as tensões que existem quando ideias culturais e sociais são transmitidas através dos corpos”, ressalta a pesquisadora.

Marca identitária

De acordo com a professora universitária e escritora estadunidense Ingrid Banks, na obra “Hair Matters”, nos anos 1960, debates sobre o que as práticas com o cabelo crespo representam entre mulheres negras surgiram na academia. Quando o Feminismo Negro chega às universidades, está fortemente associado à necessidade de autodeterminação das mulheres negras sobre a sua própria estética.

A geração de feministas negras pós-movimento Black Power construiu, em continuidade, uma nova celebração do “cabelo natural” e da ancestralidade africana, mas com ênfase na autonomia, na irmandade e na diversidade sexual. Esse processo desafiou as convenções de gênero em um mundo no qual o cabelo longo é sinônimo de feminilidade”, diz Banks, em um trecho da obra.

No livro “400 years without a comb”, que aborda a importância dos cabelos para a população negra, o autor Willie Morrow afirma que o pente garfo era um artefato cultural muito valorizado na África. A escravidão, no entanto, forçou os escravizados a abandonar essa tradição, sendo retomada mais tarde, por meio do avanço na discussão da estética negra.

Além de deixar o pente para trás, a escravidão também significou a perda da liberdade, da dignidade e do amor-próprio. Os homens negros, por exemplo, diante da nova realidade de negação da sua humanidade e, consequentemente, da sua beleza, muitas vezes cortavam os cabelos extremamente curtos – o que era muito perigoso devido à exposição ao sol no trabalho escravo”, diz o livro.

Junto com a imposição de um novo padrão estético, os pentes africanos, ideais para o cabelo crespo, foram substituídos por novos artefatos completamente inapropriados para o trato com aquele cabelo. Não é à toa que, frequentemente, é dito que alisar o cabelo é mais simples e fácil de cuidar; ora, isso é verdade, se o regime de cuidado é moldado por assunções da branquitude”, complementa a socióloga Anita Pequeno.

Cabelo crespo no Brasil

A negação da beleza negra é parte estruturante do racismo, que busca desumanizar suas vítimas. O cabelo crespo surge como uma questão desde muito cedo na vida dos negros, sobretudo, das mulheres. A manipulação dessa parte do corpo tende a protagonizar os seus rituais de beleza, mesmo durante a infância”, salienta Anita.

No Brasil, o artigo História Sociopolítica do Cabelo Crespo explica que no final do século XIX, já perto do fim da escravidão, tomava força um modelo racial de análise em resposta à miscigenação, a qual era tida, naquele contexto, como um grande “tumulto”.

Diante do enfraquecimento da escravidão, que resultou em seu fim, e da necessidade de realização de um novo projeto político para forjar uma identidade para o país, os modelos raciais se tornaram um caminho de negação à civilização dos negros e negras.

O artigo ainda pontua que o mito da democracia racial, ao negar uma realidade, criava uma dificuldade maior para o povo preto: a de ter de enfrentá-la e superá-la. Nesse momento, segundo a socióloga e autora do artigo, era preciso “reeducar a raça”.

Ela explica que no Brasil pós-abolição, com a voz dos negros endereçada aos negros, a ideia era eliminar os estereótipos consagrados pelos séculos anteriores: a preguiça, a deseducação, o “vício da cachaça” e a hiperssexualidade da população preta. Para isso, concursos de beleza foram promovidos por esse grupo a fim de, além de auxiliar na construção de um conceito de beleza negra, responder à imagem da “mulata promíscua” que surgiu na escravidão .

A pesquisadora pondera ainda que apesar de as três primeiras décadas do século XX terem ficado marcadas pelos resquícios do período escravista, a imprensa foi fundamental para disseminar voz e dar visibilidade e espaços de sociabilidade aos negros.

Tanto que o que a publicidade ‘vendia’ era um ideal de beleza eugênico, historicamente construído e perpassado por relações de poder. Naquele contexto de romper com os estereótipos, o alisamento capilar também era uma maneira de ascender. Ou seja, a busca por uma inserção social passava pela estética, ainda que isso custasse uma profunda manipulação de seu corpo”, ressalta.

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Com informações do Alma Preta. Leia o texto completo aqui.

Bolsonaro sanciona lei sobre retorno de gestante ao trabalho presencial

 

Estudos mostram maior mortalidade por covid entre gestantes mesmo sem comordidades. (FOTO/ Agência Senado).

O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quinta-feira (10) a Lei 14.311, que regulamenta a volta de gestantes ao trabalho presencial durante a pandemia, ainda em vigor. Pela nova lei, o patrão pode requerer o retorno presencial de trabalhadoras grávidas após estas terem tomados ao menos duas doses das vacinas CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer, ou a dose única da Janssen. A lei não prevê obrigatoriedade da terceira dose ou dose de reforço.

A sanção altera uma lei que estava em vigor desde 2021, e que garantia às mulheres grávidas o afastamento do trabalho presencial sem prejuízo do salário. Isso porque ficou demonstrada a alta de mortes de gestantes por covid, apesar da ausência de comorbidades. Com a sanção presidencial, confira a seguir as hipóteses em que o retorno ao regime presencial é obrigatório para mulheres grávidas.

Quando o retorno da grávida ao trabalho presencial é obrigatório?

Encerramento do estado de emergência; após a vacinação (a partir do dia em que o Ministério da Saúde considerar completa a imunização); se ela se recusar a se vacinar contra o novo coronavírus, com termo de responsabilidade; se houver aborto espontâneo com recebimento do salário-maternidade nas duas semanas de afastamento garantidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O afastamento do trabalho presencial só continua mantido para a mulher que ainda não tenha completado o ciclo vacinal.

O empregador poderá exigir o retorno presencial da gestante?

Sim. Caso o empregador opte pelo retorno, a trabalhadora gestante deverá retomar o trabalho, desde que esteja com o ciclo completo de vacinação, ou mesmo se não quiser se vacinar, desde que assine o termo de responsabilidade.

O empregador poderá manter a trabalhadora grávida no home office?

Sim. O empregador poderá manter a empregada grávida em teletrabalho com a remuneração integral, se assim desejar.

Para os casos em que as atividades presenciais da trabalhadora não possam ser exercidas remotamente, ainda que se altere suas funções, respeitadas suas competências e condições pessoais, a situação deve ser considerada como gravidez de risco até a gestante completar a imunização e poder retornar ao trabalho presencial.

Durante esse período, ela deve receber o salário-maternidade desde o início do afastamento até 120 dias após o parto ou, se a empresa fizer parte do programa Empresa Cidadã de extensão da licença, por 180 dias. Entretanto, não poderá haver pagamento retroativo à data de publicação da lei.

O que acontece com a gestante que optar por não se vacinar?

De acordo com a lei, não se vacinar é uma “expressão do direito fundamental da liberdade de autodeterminação individual” da gestante. Ou, seja, é opção da trabalhadora.

Mas, caso decida por não se imunizar, a gestante deve assinar um termo de responsabilidade e livre consentimento para o exercício do trabalho presencial.

As empresas podem demitir as gestantes que não se vacinarem?

De acordo com entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a trabalhadora – ou trabalhador – que não tomar a vacina pode comprometer o bem coletivo e ser demitido, inclusive com justa causa, salvo peculiaridades de cada caso e em situações de restrições médicas que contraindiquem a vacina.

Sobre a mesma lei, Bolsonaro vetou a previsão de pagamento de salário-maternidade às gestantes que não completaram a imunização e que não podem realizar trabalho remoto. E também vetou o pagamento do benefício para mulheres que tiveram a gravidez interrompida. Nesse caso, a lei previa pagamento do benefício desde o início do afastamento até 120 dias após o parto ou período maior, nos casos de prorrogação.

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Com informações da CUT e RBA.

Projeto Político-Pedagógico das Escolas Quilombolas do Ceará

 

Projeto Político-Pedagógico das Escolas Quilombolas do Ceará. (FOTO/ Seduc - CE).

A Secretaria da Educação do Estado (Seduc) lançou, no último dia 24 de fevereiro, o documento Projeto Político-Pedagógico das escolas quilombolas do Ceará. A iniciativa é da Coordenadoria da Diversidade e Inclusão Educacional (Codin) e visa contribuir para o enriquecimento das discussões sobre essa temática no interior de cada unidade de ensino.

A cerimônia de apresentação e divulgação do documento contou com a presença de secretários municipais de Educação, técnicos e lideranças do Movimento Quilombola do Ceará. No dia 25, às 9h, a Seduc promoveu o Encontro Formativo virtual para Técnicos das Secretarias Municipais de Educação (SMEs) e das Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Credes) dos 24 municípios com escolas localizadas em territórios quilombolas.

O documento integra o conjunto de ações da Seduc em atendimento à Resolução CNE/CEB nº 8/2012 e às reivindicações do Movimento Quilombola do Ceará.

Organização

Como resposta às demandas apresentadas pelo Movimento Quilombola, a Seduc publicou um chamamento público, selecionou e contratou consultoria especializada na área de Educação Escolar Quilombola para subsidiar a elaboração do documento. A construção do material primou por respeitar a participação das comunidades e escolas quilombolas, legitimando os ideais e as práticas construídas por seus diversos sujeitos. Assim, foram realizados encontros regionais com participação ampla e colaboração daqueles que pensam o projeto de sociedade e de escola dos quilombos do Ceará.

Os encontros resultaram na construção de um documento de referência para as comunidades, escolas, SMEs, Credes e Seduc. O documento apresenta mais do que orientações para a elaboração dos PPPs, trazendo também inspirações para pensar a escola e a educação quilombola como um todo, permeada pelo conceito de Pedagogia de Quilombo e seus Eixos, cunhados nas discussões desenvolvidas nos encontros.

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Com informações do Portal da Seduc - CE. Clique aqui e confira o documento.