Projeto “Escola sem partido” não alcança quórum e será arquivado


Se nossos mandatos servirem só para impedir a crueldade contra a educação brasileira, já servem para muita coisa'.
(Foto: LULA MARQUES/PT NA CÂMARA)

O Projeto de Lei (PL) 7.180/14, conhecido como Escola sem Partido, foi arquivado no início da tarde de hoje (11) em comissão especial que analisava a matéria. Após oito reuniões, o presidente da comissão, deputado Marcos Rogério (DEM-RO) encerrou as discussões por falta de quórum, sem votação do parecer do relator.

Não haverá mais reuniões da comissão neste ano. Arquivada, a matéria poderá ser revista pela próxima turma de legisladores que assume o mandato em 1º de fevereiro de 2019. Durante todas as sessões, o número de presentes não superou a 12 deputados 12, e o quórum mínimo para apreciação da matéria é de 16.

A oposição trabalhou durante todas as sessões para tentar impedir a matéria, que prevê censura a professores em temas relacionados a sexualidade e política. Entretanto, Rogério criticou a própria situação: "Se esse projeto não será votado nessa legislatura é por consequência da falta de compromisso dos deputados que são favoráveis à matéria, porque a oposição chega aqui cedo, senta e fica sentada, ouvindo, debatendo e dialogando", disse.

Já PT, PCdoB e Psol comemoram o feito da oposição. "É vitória. Depois de tentarem votar o projeto da escola com mordaça, eles não conseguiram. Nossa obstrução deu resultado e essa matéria não volta a ser votada no ano de 2018. Se quiserem voltar para 2019, terão de votar tudo de novo, do zero. Parabéns aos estudantes, professores, profissionais de educação de todo o Brasil que se mobilizaram contra a mordaça", disse o deputado Glauber Braga (Psol-RJ).

Sempre uma das primeiras a chegar na comissão, a deputada Erika Kokay (PT-DF) também comemorou. "Me sinto muito feliz. Se nossos mandatos servirem só para impedir a crueldade contra a educação brasileira já, servem para muita coisa. O mandato foi o instrumento para isso, para nós que estivemos na resistência. Particularmente as mulheres que resistiram. Sofri uma série de ameaças, mas as convicções são grandes. Os parlamentares não deram quórum porque sentiram a pressão da sociedade que favorece as violências que acontecem, inclusive a violência sexual." (Com informações da RBA).

Nova Olinda receberá a “Primavera das Cidades”


Nova Olinda receberá a "Primavera das Cidades". (Foto: Reprodução/Redes Sociais).

Um grupo de jovens do município de Nova Olinda, na região metropolitana do cariri, resolveram fazer educação e cultura de uma maneira diferente da tradicional. Constituído por universitários de cursos distintos e estudantes da educação básica, eles estão buscando desenvolver ações que visem repensar as cidades e vivenciar as culturas.

Foi desse pensamento que surgiu o projeto “Armazém dos Saberes” e têm como finalidades “fomentar as produções e ações no âmbito das culturas e educação”, “democratizar e pluralizar o acesso aos produtos e serviços culturais” e “valorizar os produtores criativos, mestres e artesãos”.

Para subsidiar esse pensamento inovador na região, o “Armazém dos Saberes” irá desenvolver entre os dias 14 e 15 de dezembro, em Nova Olinda, uma série de ações compiladas no que eles denominaram de “Primavera das Cidades”.

Na primavera, a natureza floresce e as paisagens ganham cor. Mas você já pensou em uma primavera diferente? E se a nossa cidade florescesse com conhecimento, artes e culturas?”, indagam ao descrever as ações.

Assim, diferentes práticas e conhecimentos se reunirão nesses dois dias para discutir e vivenciar a cultura através de uma pluralidade de vozes.

Confira abaixo a programação:

Sexta-feira, 14/12.

Local - no Centro de Artesanato Antônia do Ó, Av. Jeremias Pereira, S/N – Centro.
Horário – 18h às 21h.

I - Pocket Show de Lara Alencar.
II - Exposição fotográfica “Nós Outros Kariris” por Joedson Kelvin.
III - Mesa Redonda “Políticas públicas culturais e seus impactos sociais”, com a mestra Angelina Umbelina, o quadrilheiro Elison Laurentino e o presidente da Fundação Arca (em Altaneira-CE) Carlos Alberto Tolovi.
IV - Apresentação musical – Armazém da Música.

Sábado 15/12

Horário: 08:00h – 11:30h.

Local: E.E.M. Padre Luís Filgueiras, Rua Professora Nanô, S/N, Cruzeiro.
Oficinas e rodas de conversa (inscrições neste link ou presencialmente no dia).

Horário: 18:00h – 22:00h

Local: Rua Manoel Ferreira Lima (ao lado do Centro de Artesanato Antônia do Ó).
I - Arrastão de pífanos;
II - Espetáculo infantil “Emília no Reino da Fantasia” – Grupo de Teatro Dionísio;
III - Atração musical – grupo do Projeto Vocalize;
IV - Sarau – Armazém Literário;
V - Atração musical – Na Base da Chinela.



#Altaneira60Anos. Esperando a tua voz, a tua ação



O Brasil passa por um dos piores momentos em 518 anos de História. Uma crise que, como já tivemos a oportunidade de registrar, passa não só pela economia, cultura, educação, pelo agravamento do racismo, pelo aumento desenfreado da discriminação a homossexuais, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, mas também e principalmente pela política partidária. 

Esperando a tua voz, a tua ação, por Nicolau Neto.
(Foto: Kevin Leite)
Uma crise que extrapola esses pilares que mexem com os direitos humanos e caminha sem nenhum pudor na imoralidade e na ética (na sua falta evidentemente).

Temos tudo para desconstruir essa hipocrisia que a cada dia é aplicada - seja pelos representantes das grandes indústrias, pelos grandes fazendeiros, falsos líderes religiosos, seja pela grande mídia - na pele dos brasileiros e brasileiras como que se vacina contra a gripe H1N1, mas não o fazemos.

Contamos com um dos maiores veículos de comunicação a nosso favor e não os utilizamos para tal finalidade, citemos aqui o rádio e a internet. Mas na infantilidade e nos arriscaria a dizer no falso discurso de neutralidade e, ou isenções, acabamos por usá-los de maneira diferente da esperada.

Mas o que esperamos?

Esperamos que se tenha participação política efetiva. Não aquela que estamos acostumados a ver nas interpretações de muitos. Onde o que prevalece é a defesa desenfreada de partido político y e a condenação do partido político x. Não! Queremos uma participação política que seja capaz de se posicionarem para além de oposição e situação. O momento exige isso. Não cabe mais isolamento político. Não tem mais espaços para neutralidade. Faz-se necessário e urgente a tomada de partido - me permitam usar a primeira pessoa agora -  meus alunos sabem bem de que tomada de partido falo.

Não podemos usar as mesmas argumentações de muitos falsos representantes do povo nos legislativos. Não podemos fazer como a grande maioria dos membros da Câmara Federal e tocar sempre no nome de deus em cada fala ou escrita nossa. Lá no legislativo federal eles usaram a entidade “divina” para bater na democracia e na cara do povo brasileiro. Aqui se usa constantemente o nome do “divino” para silenciar, para se isentar das discussões. É como se estivéssemos morando em outro país que não o Brasil. Mas quando afirmamos isso, até mesmo os que se silenciam perdem, por que em outros recantos já há tomada de decisões. Jornais e pessoas do mundo inteiro já se deram conta do que se passa no Brasil e, portanto, já opinaram.

E você cidadão já opinou? E vocês representantes de classes já se manifestaram? E você professor e tu professora já adequou os conteúdos de sala com o momento que ora passamos ou vão continuar sendo estrangeiros na própria terra? 

Afinal de contas, democracia se constrói e se fortalece com respeito aos direitos humanos. Se faz e se amplia com cidadania.


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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).


Estrela de ‘Pantera Negra’ vai lutar pela igualdade de gênero na ONU


O poder das mulheres negras pela equidade de gênero / Foto: Reprodução - Hypeness.

Se você sentiu saudades da General Okoye, pode se acalmar. A Organização das Nações Unidas acaba de anunciar que a atriz e dramaturga Danai Gurira, umas das estrelas de Pantera Negra, será embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres.

A norte-americana terá como missão principal dar apoio e visibilidade ao trabalho das Nações Uniidas em prol da igualdade entre homens e mulheres. A estrela de outro sucesso, Vingadores: Guerra Infinita, recebeu o título honorário da ONU em lugar mais que especial.

Gurira foi oficializada no cargo durante o Festival Global Citizen Mandela 100, que aconteceu em Joanesburgo, na África do Sul. Antes do anúncio da nomeação, Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da ONU Mulheres, reconheceu a importância da atriz para a equidade de gênero.

Como autora, artista e ativista em busca do empoderamento feminino e da igualdade de gênero, com seu olhar aguçado para os direitos humanos, ela está unicamente qualificada para comunicar e inspirar”.

Danai Gurira não poderia estar mais feliz com a notícia. Durante a cerimônia na África do Sul, local marcado pela expressividade da luta de Nelson Mandela, ela explicou como o amor feminino se reflete na sua obra.

Minha paixão pelas mulheres e meninas (sempre) foi o foco das narrativas que eu crio, bem como dos papeis que consegui interpretar. Sempre busquei romper os limites e contar as histórias daqueles que são frequentemente marginalizados e ignorados. Estou muito feliz em me unir à ONU Mulheres para amplificar muitas outras histórias de todo o mundo e para dar voz aos que estão trabalhando incansavelmente para tornar a igualdade de gênero uma realidade.”, declarou a atriz, de origem norte-americana e zimbabuense.

A consagração de um dos destaques de Pantera Negra como embaixadora da Boa Vontade aconteceu em meio às atividades da ONU para os 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. O tema deste ano é #MeEsctueTambém, com enfoque na solidariedade e inclusão de sobreviventes de agressões.

Ainda na África do Sul, Guirra e Mlambo-Ngcuka vão se reunir com mais de 200 jovens mulheres negras da Academia Africana de Liderança para debater desafios e experiências das ativistas na instituição.

É do Brasil

Quem também deu passo importante na trajetória foi Marta. A jogadora de futebol é mais uma das embaixadoras da Boa Vontade pela ONU Mulheres.

Marta, atualmente com 32 anos, vai dedicar seus esforços para incentivar a luta pela igualdade de gênero e empoderamento em todo mundo. A ideia é inspirar mulheres e meninas a romper estereótipos para que elas consigam seguir em busca de seus sonhos. Inclusive no esporte.

Garantir que mulheres e meninas em todo o mundo tenham as mesmas oportunidades que homens e meninos têm para realizar seu potencial. Eu sei, a partir da minha experiência de vida, que o esporte é uma ferramenta fantástica para o empoderamento”, declarou a atleta. (Com informações do Hypeness).

Ex-secretário de Alckmin investigado por fraude e improbidade é o futuro ministro do Meio Ambiente


(Foto: Reprodução/Revista Fórum).

Jair Bolsonaro (PSL) divulgou neste domingo (9) a escolha do ex-secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo, na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), Ricardo de Aquino Salles, para o Ministério do Meio Ambiente. Também foi secretário particular do tucano. Salles concorreu ao cargo de deputado federal pelo Novo, mas não se elegeu. O militar fez o anúncio, como de costume, por intermédio de sua conta no Twitter. Salles é o 22º e último ministro do futuro governo.

De acordo com informações do G1, o ex-secretário do estado de Meio Ambiente é investigado em uma ação civil pública por favorecer empresas de mineração na escolha do mapa de zoneamento do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Tietê. Na avaliação do Ministério Público, ocorreu fraude nas mudanças, que podem prejudicar o meio ambiente.

O MP pediu, em março de 2017, a anulação do plano de manejo e o afastamento do então secretário Salles, o que foi negado em primeira instância. Em segunda, um desembargador acatou o pedido do MP e anulou o plano, em um processo avaliado em mais de R$ 50 milhões. Salles pediu demissão e deixou o governo em agosto de 2017.

O futuro ministro de Bolsonaro também é alvo de um processo por improbidade administrativa, por violação aos princípios constitucionais da administração pública, e responde a um processo civil por danos ao erário.

De acordo com a promotora de Justiça Miriam Borges, em junho de 2017, Salles era suspeito de participar, no governo estadual, como interlocutor de interesses de empresas, tendo sido investigado em inquéritos policiais por enriquecimento ilícito e advocacia administrativa. Um dos processos penais foi trancado pela Justiça, por solicitação da defesa.

Salles é advogado e criador do movimento Endireita Brasil. Também virou notícia por incitar crimes contra a esquerda inúmeras vezes em suas redes sociais. (Com informações da Revista Fórum).

#Altaneira60Anos. Condenado a esperança


#Condenado a Esperança, Por Nicolau Neto. (Foto: Lucélia Muniz).

Não é fácil conviver. Não é simples conviver. Ou melhor, simples é. Nós é que acabamos por complicar o que parece fácil e simples.

Complicamos quando colocamos interesses particulares acima do coletivo; quando achamos que a nossa religião é a verdadeira e as dos outros não; Que o meu deus salva e o do outro não; Quando isolo ou expulso o outro ou a outra de um determinado lugar – mesmo que esse lugar seja o que convencionou-se chamar de “sagrado” – só porque ele ou ela não crê em deus; complicamos ainda quando só o meu partido político pode fazer uma boa administração e outro irá apenas se beneficiar e esquecer os interesses sociais;

Complicamos mais quando achamos que só os homens podem ocupar cargos políticos e que as mulheres devem apenas acompanha-los em cerimônias; quando pensamos e agimos de tal modo que somente homens e mulheres brancas é que devem ocupar os mais variados espaços de poder – exercendo, por exemplo, as funções de secretários/as municipal de educação, cultura, assistência social, saúde, infraestrutura, agricultura, meio ambiente; diretor/a e coordenador/a de escolas; complicamos também quando deixamos perpetuar o racismo, a homofobia e o machismo no ambiente político partidário, pois se olharmos bem não há hoje no legislativo municipal nenhum negro e nenhum homossexual, pelo menos que tenha se declarado.

Conviver acaba por se tornar difícil e complicado quando quem mais poderia ajudar a superar as desigualdades sociais são os que fazem de tudo para que ela permaneça, pois sem ela não há como se manter nos mais variados cargos políticos. Ter uma infinidade de pessoas passando necessidades em casa, tendo que vender a janta para almoçar no dia seguinte se torna um prato cheio para os políticos de carreira, pois é a sua garantia da volta ao poder, ou permanecer nele. Irônico, não é?

Nos entristece quando vemos e ouvimos que temos que trabalhar por amor e que qualquer tentativa que frustre esse delirante pensamento é tachado como um ato de rebeldia extrema e que o simples fato de lutar por melhores condições de trabalho pode ser visto como um fato político partidário aos olhos de quem está no poder. Entre o trabalhar por e com amor há uma distância considerável. Nos deixa enojado quando uma causa que é de todos, acaba não sendo abraçada por todos. Nenhum espaço de trabalho pode ser visto como um templo religioso e nenhum trabalhador pode se deixar confundir com um sacerdote, embora a realidade nos mostre que muitos se tornam um.

Infelizmente essa é a realidade, onde a regra do jogo é pré-estabelecida e a grande maioria não tem a audácia de muda-la.

Mas há espaços para a esperança? Esperança de um mundo onde o princípio constitucional estabelecido em seu Art. 5º que diz “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...” seja respeitado? É possível manter a esperança em uma país onde os direitos que custaram mais caro ao povo como a direito de escolher seus próprios representantes não está sendo levado em conta por simples apego ao poder? Devemos nos manter esperançosos em um pais onde a cor da pele ainda define que lugar ocuparemos na sociedade? Podemos ter esperança onde a religião ainda reina absoluta condenando quem possui orientação sexual divergente da que elas acreditam ser a correta? Há espaços em nossas mentes para nos manter esperançosos onde números valem muito mais que pessoas, principalmente na educação?

Sim. É possível um mundo melhor. É necessário mantermos as esperanças vivas e bem vivas. As poucas luzes no fim do túnel acenam que o caminho é a educação. Quando vemos jovens alunos tanto do ensino básico quanto do superior ocupando escolas e universidade e se juntando aos poucos professores em luta, enquanto que outros que deveriam estar em luta, mas não estão. Acreditamos que a situação ainda pode ser revertida. A esperança se mantém quando testemunhamos alunos fazendo o que muitos professores e professoras não fazem – lutar por um espaço de estudo melhor para si para seus mestres, além de questionar as estruturas políticas de seus municípios.

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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).


“Globo parte para o ataque e JN faz matéria de sete minutos sobre “Bolsogate”


(Foto: Reprodução/TV Globo).

Ao que tudo indica, a Globo resolveu partir para o ataque contra Jair Bolsonaro. A edição desta sexta-feira (7) do Jornal Nacional dedicou sete minutos para divulgar uma ampla reportagem sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que registrou movimentações financeiras atípicas de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro. O caso está sendo chamado de “Bolsogate”.

William Bonner faz a introdução da matéria relatando a descoberta do Conselho. Em seguida, o repórter Paulo Renato Soares conta que o relatório do Coaf faz parte da investigação que prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro no mês passado e traz informações sobre 75 servidores da Assembleia Legislativa (Alerj), que apresentaram movimentação financeira suspeita.

Entre eles está Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito pelo PSL, Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente eleito Jair Bolsonaro. Segundo o Coaf, em apenas um ano, Fabrício de Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em uma conta. O relatório aponta que Fabrício ganhava R$ 23 mil por mês.

Ele cumpria a função de motorista de Flávio Bolsonaro e também tinha vínculo com a PM. O jornal O Estado de S.Paulo revelou o caso ontem (quinta) e a TV Globo também teve acesso ao relatório. O documento lista várias operações bancárias suspeitas e menciona a possibilidade de que isso tenha sido feito para ocultar a origem ou o destino do dinheiro.

Primeira-dama

Uma das movimentações de Fabrício tem como favorecida a futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. O relatório cita que a ex-secretária parlamentar e atual esposa de Jair Bolsonaro recebeu R$ 24 mil.

Hoje (sexta), Bolsonaro explicou o depósito na conta da mulher. Ele falou com o site O Antagonista. Disse que o valor se refere a uma dívida do ex-assessor com ele próprio. O presidente eleito afirmou que eles eram amigos e emprestou o dinheiro a Fabrício porque o ex-assessor do filho estava com problemas financeiros.

Bolsonaro contou que não foram só R$ 24 mil e sim R$ 40 mil. Afirmou que se o Coaf pegar dados anteriores vai chegar a esse valor. O presidente eleito disse que Fabrício de Queiroz fez dez cheques de R$ 4 mil. Bolsonaro diz que poderia ter botado na conta dele, mas foi para a conta da esposa porque ele não tem tempo de sair.

Sobre a movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, Bolsonaro falou que se surpreendeu com a identificação do Coaf e que cortou contato com o amigo até que ele se explique para o Ministério Público.

Na conta de Fabrício de Queiroz, o Coaf também encontrou saques em dinheiro, que somam R$ 324 mil ao longo de um ano; R$ 159 mil sacados de uma agência bancária do prédio da Assembleia Legislativa.

Família

Fabrício foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro. A mulher de Fabrício, Márcia de Oliveira Aguiar, e duas filhas, Natália e Evelyn Mello de Queiroz, também trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro, como revelou o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Márcia aparece na folha de pagamento da Alerj de agosto de 2017 como consultora parlamentar e salário de R$ 9.200. Natália trabalhou com Flávio Bolsonaro na Alerj entre 2007 e 2016. Menos de uma semana depois de ser exonerada, Natália foi nomeada para exercer, no gabinete do deputado federal Jair Bolsonaro, o cargo de secretária parlamentar.

Natália deixou o cargo na Câmara Federal no mesmo dia em que o pai saiu do gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, 15 de outubro deste ano. Natália é citada em dois trechos do relatório do Coaf.

O documento não deixa claro os valores individuais das transferências entre ela e seu pai. Mas junto ao nome de Natália está o valor total de R$ 84 mil.

A outra filha de Fabrício, Evelyn Mello de Queiroz foi nomeada em dezembro de 2016 como assessora parlamentar de Flávio Bolsonaro, na vaga da irmã Natália. O nome de Evelyn está na última folha de pagamento que aparece no site da Alerj, em setembro, com salário líquido de R$ 7.500.

MPF

O Ministério Público Federal, responsável pelas investigações, diz que nem todos os nomes citados no relatório foram incluídos nas apurações, porque nem todas as movimentações atípicas são necessariamente ilícitas. E não divulgou se deputados da Alerj que não foram alvo das operações estão sendo investigados ou podem vir a ser.

Hoje (sexta), jornalistas questionaram dois futuros ministros do governo Bolsonaro sobre as informações do relatório do Coaf. Onyx Lorenzoni, que vai ser o ministro chefe da Casa Civil, se irritou, e Sérgio Moro, que vai assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, preferiu não responder.

No fim da tarde, Flávio Bolsonaro disse que conversou com o ex-assessor sobre a informações do Coaf e que recebeu explicações “plausíveis”. Ao final da reportagem, Bonner disse que não conseguiu contato com o ex-assessor Fabrício de Queiroz, a mulher e as filhas dele. (Com informações da Revista Fórum).


#Altaneira60Anos. A educação por um triz


A educação por um triz, por Nicolau Neto. (Foto: Lucélia Muniz).

Se eu lhe perguntar qual o melhor caminho para a transformação social, para a construção de um lugar onde haja comida e bebida para todos, você me dirá que é a educação.

Um dos maiores pensadores do Brasil já alertava para esse fato. Paulo Freire dizia “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”. Ele sabia bem da importância dela para a vida, para o ato de cidadania. Afinal, não basta só ter acesso à educação. É preciso permanecer nela. Mas é muito pouco só permanecer na escola, na universidade. É fundamental que haja aprendizado e que este seja uma arma contra a tirania, contra os ditadores e contra os falsos democratas. É fato que para que isso aconteça aquele ou aquela que tem o poder de transmitir os “saberes” também tenha esse desejo.

É sabido que educar para a cidadania e para a politização é educar para a vida. É acima de tudo um dever social, pois garante que o educando seja agente transformador da sua própria história. Mas também é sabido que essa tem sido a tarefa mais árdua e difícil de se construir por vários motivos. O principal deles porque temos uma elite governante (a grande maioria) que não está preocupada com isso. Não é satisfatório para quem está no poder ter mentes pensantes. Recorro mais uma vez a Paulo Freire que afirmava “seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica”.

As palavras de Freire ganham cada vez mais força diante de um cenário triste em que o Brasil passa, principalmente na educação. Primeiro a possibilidade já anunciada por Temer de acabar com a obrigatoriedade constitucional de se gastar com Educação 18% da receita resultante de impostos; em segundo lugar, some-se a isso a ideia de se acabar com todas as políticas públicas que fortalecem o acesso à educação a grupo que sempre lhes foram negadas oportunidades como negros e indígenas. Aqui, a ideia é acabar com o sistema de cotas e impedir que o Brasil seja de fato o que é, um país predominantemente negro; cortes nos investimentos nas universidades; Em terceiro, o governo não quer quem pesquisa; Quarto, suspendeu as novas vagas para o Pronatec, ProUni e Fies e a última ideia repugnante quer acabar com os programas que tem como finalidade reduzir o analfabetismo.

Por fim, o presidente eleito em outubro último é uma versão piorada do que ai está.

Pensem em um adjetivo para quem destrói a educação pública. Pensaram? Então lhes apresento Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PSL). A educação está por um triz.
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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).