Ciro Gomes vai gravar vídeo de apoio a Haddad, diz presidente do PDT


Ciro e Haddad durante o debate da TV Globo durante o primeiro turno. (Foto: Reprodução).


O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse nesta sexta-feira, 26, que Ciro Gomes irá gravar um vídeo no qual vai declarar voto e um apoio mais enfático ao presidenciável do PT, Fernando Haddad. Lupi evitou garantir, no entanto, que Haddad e Ciro irão se encontrar ou que haverá tempo para que eles façam um ato público juntos.

"Ele (Ciro) já declarou (voto no Haddad), vai reforçar isso. Eu estou indo para o Ceará para conversar com o Ciro para saber como vamos fazer, mas que a gente vai fazer, vai. Não sei dá tempo para isso (fazer ato público ou subir no palanque), mas para a rede social nós vamos gravar um vídeo sobre isso", disse Lupi.

Segundo Lupi, os pedidos para um gesto enfático de Ciro têm sido feitos pelo próprio Haddad. "Falei com o Haddad na quarta-feira e ele me apelou muito por uma posição mais firme em torno da candidatura dele. E eu já fiz várias ações, fiz pronunciamento, fiz essa ação contra esse fake news do Bolsonaro, mas agora o mais importante é o Ciro pela candidatura que ele representa", contou.

Ciro retorna ao Brasil nesta sexta-feira, após passar quase todo o segundo turno de férias pela Europa. Desde que deixou o Brasil, lideranças do PT passaram a pedir que ele retornasse e participasse, de forma mais explícita, da campanha de Haddad.

Mais cedo, Haddad fez um novo aceno ao pedetista, durante coletiva de imprensa em João Pessoa. "Eu sempre espero o melhor das pessoas, e eu sei que o Ciro tem muita coisa boa dentro dele", disse. "Eu acredito que ele vai, agora chegando no Ceará, fazer um gesto importante pelo Brasil. Ele sabe que não é por mim, é pelo Brasil que fará esse gesto", complementou.

Não está confirmado ainda se Haddad irá até o Ceará para se encontrar com Ciro. Uma das razões é que o próprio presidenciável espera uma declaração "dura" do pedetista.

"Tenho maturidade suficiente para entender o comportamento das pessoas, e na política você sempre tem que ter postura de acolhida, sobretudo com quem pensa parecido com você. O Ciro é meu companheiro de longa data. Tenho certeza que ele vai fazer uma fala dura nesta reta final e nós vamos vencer juntos", disse o candidato do PT, em entrevista por telefone à Rádio Super Notícia, de Minas Gerais. (Com informações do O Povo/Agência Estado).

60 motivos para não votar em Bolsonaro


(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil).


Um texto da jornalista Marília De Toledo Kodic, que circula nas redes sociais, lista 60 motivos que mostram que Jair Bolsonaro (PSL) não deve ser opção de escolha no segundo turno das eleições presidenciais.

Eu fiz o levantamento com rigor jornalístico. Passei algumas madrugadas pesquisando tudo para te escrever. Tenho todas as fontes de todas as matérias, estudos, entrevistas e vídeos. Sei que está enorme, mas valeu a pena escrever, e espero que valha a pena ler – mesmo que seja aos poucos, mesmo que seja só passando o olho. Quis incluir tudo”, disse a jornalista em sua página no Facebook.

SOBRE JAIR BOLSONARO

Corrupção

1. O PP (ao qual Bolsonaro foi filiado até dois anos atrás) é o partido com o maior número de deputados investigados pelo STF. Bolsonaro só saiu do PP porque não o admitiram como candidato à presidência. E, quando chegou ao atual, o PSL, houve uma cisão interna, e declararam, em comunicado oficial: “A chegada do deputado Jair Bolsonaro é inteiramente incompatível com o projeto de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa”.

2. No PSL, Bolsonaro admitiu receber R$ 200 mil de propina da JBS. Disse (está gravado em vídeo): “recebeu propina, sim, mas qual partido não recebe?”.

3. Nos últimos 12 anos (em que Bolsonaro e seus três filhos se dedicaram apenas à política), o patrimônio da família cresceu 427%, com indícios de lavagem de dinheiro. Um exemplo: adquiriram 2 casas num condomínio Barra da Tijuca por um terço do preço avaliado, e, matematicamente falando, as casas tiveram valorização de 450% nos últimos 8 anos – o que não aconteceu com nenhuma outra casa no mesmo condomínio. Como?

4. O irmão de Bolsonaro foi descoberto como “funcionário fantasma” da Alesp – ele recebia um salário de R$ 17 mil mas nunca apareceu no trabalho.

5. Foi descoberta uma “funcionária fantasma” de Bolsonaro – na teoria, era uma funcionária do gabinete parlamentar (paga com dinheiro público), na realidade, trabalhava na casa de veraneio dele em Angra dos Reis.

6. Bolsonaro pagou R$ 240 mil em dinheiro público a uma produtora de vídeo – que não existe a não ser no papel. Isso é gasto ilícito e crime de falsidade ideológica.

7. Quando questionado sobre o auxílio moradia que recebia (mesmo tendo diversas casas), Bolsonaro disse que usava o dinheiro público para “comer gente”.

8. O general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, escolhido por Bolsonaro para o Ministério da Defesa, recebia salário de R$ 59 mil (dinheiro público) no Comitê Olímpico Brasileiro. Segundo a lei, só poderia receber R$ 33 mil. Depois que isso foi divulgado, ele se demitiu.

9. Onyx Lorenzoni, além de ajudar a construir o programa de governo de Bolsonaro, é o seu articulador de apoios. No ano passado, ele confessou ter obtido R$ 100 mil em caixa 2 (dinheiro sujo = crime). “Vou ao ministério público e ao judiciário responder por este erro que cometi”, disse. Até hoje. não foi investigado por isso. Mas está investigado, no entanto, por caixa 2 no caso Odebrecht.

10. Paulo Guedes, responsável pela Economia no governo de Bolsonaro e escolhido como Ministro da Fazenda, está sendo investigado por fraude: captou R$ 1 bilhão de forma irregular. R$ 1 bilhão.

11. Bolsonaro está sendo acusado de usar caixa 2 nas eleições – um crime eleitoral. Ao menos 4 empresas financiaram com dinheiro sujo a compra de pacotes de distribuição de mensagens contra o PT por WhatsApp, no valor de 12 milhões de reais por pacote.

12. “Eu sonego imposto. Sonego tudo o que for possível”, disse Bolsonaro (em vídeo). Nada a acrescentar.

Atuação política

13. Muito se fala de o Brasil “virar uma Venezuela caso o PT ganhe”. Em 1º lugar, isso nunca aconteceu em anos de governo do PT. Em 2º, a Venezuela tem um governo civil autoritário com apoio militar – exatamente o que Bolsonaro defende. Numa entrevista à Veja anos atrás, Bolsonaro disse: “Chávez [presidente da Venezuela e símbolo da esquerda] é uma esperança para a América Latina e gostaria muito que essa filosofia chegasse ao Brasil. Ele vai fazer o que os militares fizeram no Brasil em 1964, com muito mais força. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar. Acho ele ímpar”.

14. O partido de Bolsonaro foi o mais fiel a Temer neste ano (mais do que o partido do próprio Temer), de acordo com análise de votações realizadas na Câmara. Com 82% de rejeição, Temer é o presidente mais impopular da história do país.

15. Bolsonaro votou a favor da PEC 241, que congela os gastos do governo em áreas como saúde e educação durante 20 anos. Ao longo de 27 anos como deputado, ele tem votado a favor do aumento dos salários, benefícios e gastos de deputados e senadores. Faz sentido?
16. Bolsonaro foi um dos dois deputados a votar contra a PEC das domésticas, que garantiu direitos básicos de trabalhador com carteira assinada a mulheres que trabalhavam em regime de semi-escravidão.

17. Bolsonaro foi o único deputado a votar contra o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, que visa diminuir a desigualdade direcionando recursos públicos para programas de nutrição, habitação, educação e saúde.

19. Bolsonaro defende esterilização de pobres como solução para miséria e crime. “Devemos adotar uma rígida política de controle da natalidade. Não podemos fazer discursos demagógicos, cobrando recursos e meios do governo para atender a esses miseráveis que proliferam cada vez mais por toda esta nação.” “Tem que dar meios para quem, lamentavelmente, é ignorante e não tem meios controlar a sua prole. Porque nós aqui controlamos a nossa. O pessoal pobre não controla.” “Só tem uma utilidade o pobre no nosso país: votar. Título de eleitor na mão e diploma de burro no bolso.”

20. Bolsonaro tentou fazer com que diversos projetos de lei controversos (para dizer o mínimo) fossem aprovados na câmara. Exemplos: uma lei que tira o direito das vítimas de violência sexual de terem atendimento emergencial, outra que desbloqueia o uso de celulares e radiotransmissores em presídios, e outra que faz com que nenhum homicídio cometidos por militares seja investigado.

21. Em 27 anos como deputado, Jair Bolsonaro aprovou o total de 2 projetos. Dois.


Jarid Arraes lança na França livro sobre Dandara, líder do movimento negro do Quilombo dos Palmares


A escritora Jarid Arraes nos estúdios da RFI Brasil, em Paris. (Foto: Elcio Ramalho - RFI Brasil).

Em turnê por várias cidades francesas para divulgar o lançamento de seu livro sobre Dandara, uma personagem histórica pouco conhecida do movimento negro brasileiro, a escritora Jarid Arraes se diz surpresa pelo interesse despertado pela obra.

Esse assunto tem despertado muito interesse, não apenas pela curiosidade, pelo Brasil, a escravidão. Mas também porque a França foi um país colonizador. A escravidão é um tema que também se relaciona com a França, e aqui também é um tema tabu. É algo que acrescenta”, garante.

Segundo Jarid, os encontros com estudantes brasileiros e franceses, brasilianistas e o público geral das cidades de La Rochelle, Rennes e Paris, tem gerado mais do que a simples curiosidade por um capítulo ainda pouco explorado na história do país. “É uma maneira de discutir esse tema, sem culpa, polêmica, mas com diálogo”, acrescenta.

Companheira de Zumbi dos Palmares, grande líder quilombola do século 17 contra a escravidão no Brasil, Dandara teve um papel ofuscado na história do movimento negro. “Ela também foi líder e guerreira, também estava na frente das lutas contra a escravidão”, lembra.

A ideia de escrever um livro partiu de um trabalho mais amplo de pesquisa sobre as mulheres negras que marcaram a história do país. Em uma reunião do movimento negro, do qual é militante, Jarid Arraes ouviu pela primeira vez o nome de Dandara, que se tornaria a futura personagem de seu primeiro livro.

Intrigada, Jarid buscou conhecer mais profundamente a personagem e, diante da constatação de que havia pouca informação sobre ela - considerada por muitos uma lenda - decidiu se lançar em um grande desafio.

Já que ela era uma lenda, decidi escrever sobre as lendas de Dandara, porque nem isso a gente tem. Daí surgiu a ideia do livro e a necessidade de resgatar essas mulheres que são muito inspiradoras”, argumenta.

Recorrendo à ficção para suprir dados históricos não conhecidos, como local, data de nascimento, origens e a própria condição de escrava, Jarid recheou o enredo com imaginação, muita religiosidade e a presença de orixás. “Adotei esses elementos para mostrar muitas religiões de origem africana que também são muito marginalizadas no Brasil e no mundo”, justifica.

Racismo e machismo

Em seu trabalho de pesquisa, a escritora identificou dois grandes obstáculos que impediram o resgate mais preciso e contundente da vida de uma mulher fundamental na existência do Quilombo dos Palmares.

A história da resistência contra a escravidão não foi contada nem registrada com todas as glórias, como o outro lado foi. Ali já começa o racismo”, afirma. Outro problema, segundo ela, é o de gênero. “É o machismo. Conhecemos o Zumbi, homenageado no dia 20 de novembro, transformado no Dia da Consciência Negra. Bem ou mal, superficialmente ou não, todos conhecem. Mas a Dandara, companheira dele, as pessoas não conhecem. Essa é uma tendência da história. As mulheres, companheiras ou namoradas, ficam ofuscadas, à sombra”, insiste.

Livro será adaptado para as telas

A primeira edição do livro “As lendas de Dandara” foi custeada do próprio bolso, por meio de um empréstimo e de forma independente, em 2015.

No ano seguinte, o livro foi publicado com o selo da Editora de Cultura. Com cerca de 12 mil exemplares vendidos até o momento, a obra se tornou um sucesso e os direitos já foram comprados pela rede Globo para transformar o livro em uma série. “Tive informações de que será um musical, o que ainda é mais interessante”, adiantou.

Mais do que a adaptação nas telas, seu maior orgulho é ver seu trabalho sendo transmitido pelos tradicionais meios de educação. “A repercussão é muito boa e é muito utilizado em escolas, que era o que eu mais queria”, afirma.

Na França, primeiro país que traduziu sua obra, “Dandara et les esclaves libres” ("Dandara e os escravos livres", em português) é uma aposta da editora Anacoana, especializada em literatura brasileira e novos autores do país.

Estou muito feliz, comecei esse livro sem ter nada, investindo dinheiro do próprio bolso. Hoje, vejo ele chegando em um outro país. Isso mostra o potencial, não da carreira de uma escritora, mas como algo que é coletivo e de uma história que é relevante, de algo que é uma reparação histórica”, conclui. (Com informações do Ceert).

CNBB se posiciona 'contra as armas do ódio e o discurso radical'


"Tem um candidato que não possui postura respeitosa, sem diálogo e com tom ameaçador", alerta bispo.
(Foto: José Cruz/Agência Brasil).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota sobre o segundo turno das eleições de 2018 nesta quarta-feira (24). Sem citá-lo no texto, os bispos se mantém contrários à postura do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, pedindo ao eleitor que recuse o "clima de violência, estimulado por notícias falsas, discursos e posturas radicais, que colocam em risco as bases democráticas da sociedade brasileira".

Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, nesta quinta (25), Dom Reginaldo Andrietta, bispo da Diocese de Jales, reforçou a orientação, se posicionando contra um candidato radical e que faz apologia à tortura. De acordo com ele, a igreja é contra as "extrapolações" e a "manipulação do eleitor"

"Nesse sentido, a CNBB se pronuncia a favor da paz social e do Estado democrático. As pessoas que querem o cargo no Executivo devem ser respeitosas, mas tem um candidato que não possui essa postura, sem diálogo e com um tom ameaçador", afirma ele.

O bispo lembra que, durante a ditadura civil-militar no Brasil, as igrejas eram "discretas" e seus seguidores temerosos. "Não se podia criticar o que acontecia, então esse não era o tipo de sociedade que devemos viver", explica.

Dom Reginaldo acrescenta que a igreja deve ser contra todo o sistema de dominação e autoritarismo. "Toda tendência militarista está associada a um sistema de dominação econômica. Os sinais dados por este determinado candidato são nesse sentido, de ditadura. Isso significa que um vai ter medo do outro, falta de confiança e divisão social. Precisamos criar condições para a paz", finaliza. (Com informações da RBA).

Em Crato, mesa debate os desafios do Ensino de História no Brasil na atualidade


Mesa de Debates Sobre os Desafios do Ensino de História na Atualidade no auditório do Geopark Araripe, em Crato.
(Foto: Enzzo Lima).

Com a participação dos professores André Veloso, Valdênia de Araujo, Lucivânia da Silva e Nicolau Neto e sob a mediação da professora da URCA, Telvira, o auditório do Geopark Araripe sediou na noite da última segunda-feira, 22, uma mesa de debate acerca do Ensino de História.

Os professores focaram suas falas sobre os desafios do ensino de História no Brasil. Para André Veloso, da Escola Wilson Gonçalves, o maior obstáculo dos docentes da área de ciências humanas, principalmente da disciplina de História, é discutir junto ao corpo discente os caminhos e as lutas travadas para a construção do regime democrático de direito diante da onda conservadora e retrógrada pelo qual passa o pais. Veloz ainda fez um relato da trajetória pela qual passou a história enquanto disciplina até a forma que se encontra hoje, como formadora de pensamento crítico e reflexivo.

Lucivânia, vinculada a Escola José Alves de Figueiredo, fez uma exposição relacionada a dados que presencia em sala de aula. “Nunca tive que estudar tanto para dar aula”, frisou ao comentar que tem que lhe dar com pensamentos e questionamentos de estudantes que ousam afirmar que no Brasil nunca houve ditadura civil-miliar. Outros ainda possuem argumentos considerados machistas. “Certa vez estava falando sobre a revolução industrial e frisávamos as dificuldades que as mulheres tinham nas fábricas e que hoje, apesar da lei proibir salários diferenciados para homens e mulheres que exerçam as mesmas funções, na prática não é o que ocorre. As mulheres continuam ganhando menos que homens”, pontuou. “Mas houve um estudante que afirmou que isso nunca existiu e chegou a um ponto de que destacou que tem mulheres que merecem mesmo morrer, pois são provocativas”. Segundo ela, os tempos são difíceis. “Parte de nossos alunos estão deixando de se formarem nas salas de aula para adquirirem dados disponíveis em redes sociais, como WhatsApp e vídeos no Youtube". Essas informações, segunda ela, vem de pessoas sem nenhuma formação na área educacional.

Valdênia de Araujo, da Escola Wilson Gonçalves, destacou aspectos externos que acabam influenciando negativamente no processo de ensino-aprendizagem. Questões como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Reforma do Ensino Médio foram relatadas por ela. “Enquanto estiverem produzindo livros na região sudeste, as outras regiões não serão contempladas da forma que realmente necessita ser”, destacou.

Universitários/as da URCA durante mesa de debates
sobre os desafios do ensino de História.
(Foto: Enzzo Lima).
O professor, membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras pelo Grunec, Nicolau Neto, enveredou, inicialmente, pelos deveres de todos os docentes, com destaque para os de História. Entre eles, Nicolau citou perceber o (a) estudante como sujeito histórico, pois isso contribui de forma decisiva para a construção da identidade; partir do cotidiano dos estudantes para poder dialogar sobre os conteúdos programáticos, uma vez que as realidades trazidas pelos alunos não podem e nem devem ser descartadas, mas aproveitadas; colaborar com a formação do pensamento crítico e reflexivo; educar para a cidadania e educar para a politização. “Tendo esse pensamento em mente e o executando diariamente em sala de aula, fica mais fácil vencer os desafios do ensino-aprendizagem”, disse.

O professor trouxe para o debate a constituição da História enquanto disciplina que se consolidou a partir do século XVIII e no século seguinte passou a sofrer influência do Positivismo e do Marxismo.  Para Nicolau, nesse contexto o ensino de História no Brasil foi colocado, durante grande parte do período republicano, sob uma perspectiva puramente narrativa ao apresentar personalidade (políticas ou ligados a ela), fatos pontuais, heróis ( e não heroínas), características políticas e econômicas de uma determinada sociedade que ia de acordo com o modelo político e público de educação.

Ele ressaltou que durante o século XX e com o advento do século XXI haverá uma série de avanços significativos que colocam o professor, a professora em situações cada vez mais desafiadoras, tais como professor(a) pesquisador; ampliação e difusão do material didático relacionado a História disponível; variedade de publicações, sejam elas impressas ou digitais em formatos de textos, vídeos e imagens ao alcance dos estudantes a qualquer momento. Diante disso, ele indagou: qual o papel do professor, da professora? Como fazer os estudantes a se interessarem por sua aula? Sem ter a intenção de deixar o caso por encerrado, mas tão somente apontar caminhos, Nicolau citou que é necessário romper com o currículo europeizante ainda reinante, fazer valer em sala as leis 10.639/2003 e 11.645/2018 que versam sobre a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira e História e Cultura Indígena, respectivamente. Por fim, mas não menos importante, ele tocou na necessidade da Formação Continuada para professores/as, da participação efetiva do corpo docente nas escolhas dos livros didáticos e, principalmente, que cada professor e professora possa estar cotidianamente conectado com os fatos do presente correlacionando com os conteúdos ministrados em sala de aula. “As escolas e as salas de aulas não podem e nem devem ser um mundo à parte”, frisou. Em um mundo onde as “desinformações advindas de redes sociais valem mais que fatos históricos comprovados e discutidos por professores em sala de aula, nós precisamos estar cada vez mais vigilantes e nos tornarmos além de professores pesquisadores, nos tornarmos de igual modo, professores ativistas e disputarmos narrativas”, concluiu.

A mesa foi uma organização do Núcleo de Apoio Pedagógico e Pesquisa em Ensino de História (Nuapeh), vinculado a Universidade Regional do Cariri (URCA), tendo como público universitários/as da própria instituição.