Escolas ensinam jornalismo por meio da diversidade e do olhar periférico


Formatura da turma de 2017 da Énois. 'Fico feliz por não precisar ter feito uma graduação para dizer que sou jornalista', diz  Jeferson, um dos formandos. (Foto: Reprodução/ Facebook/Énois).

Com um método de ensino voltado ao olhar da comunidade, escolas como a Énois e a Você Repórter da Periferia vão além dos padrões dos jornais tradicionais e seus estereótipos, levando diversidade e perspectiva para os jovens. Essa é a definição que seus integrantes e ex-alunos dão aos cursos.

Jornalista e co-fundadora da Énois, Amanda Rahra explica que é importante ensinar o aluno a ter seu primeiro olhar voltado à periferia. "A agenda pública é importante para o jornalismo, mas o jovem não está representado", diz ela, que defende a diversidade de pauta como um método para disputar a narrativa com os veículos tradicionais.

A Énois completará 10 anos em 2019. Fundada também pela jornalista Nina Weingril, a escola possui um portal online com cursos gratuitos apresentados por meio de videoaulas, instrutores especialistas e materiais de referência em um formato de tutorial, inovando a linguagem utilizada para a educação online. A plataforma conta com mais de 4 mil alunos cadastrados, além dos 500 jovens que já se formaram presencialmente desde 2009.

Jeferson Delgado é um dos jornalistas formados pela Énois, onde ele diz que "se descobriu". Antes, trabalhava como vendedor de bebidas alcoólicas, quando soube da escola. "Nunca fui de estudar, odiava a matéria de português na escola. Porém, eu já fazia jornalismo por conta do meu canal no YouTube, o Favela Business. Nesse momento percebi que eu já praticava jornalismo, com as entrevistas e a apuração do canal, isso tudo sem nunca ter pisado numa faculdade", conta.

O curso Você Repórter da Periferia, do Coletivo Desenrola e Não Enrola, é outro que forma comunicadores e está com inscrições abertas para uma nova turma até o próximo dia 22. Julia Cruz, estudante de Jornalismo e integrante do coletivo, diz que as aulas são marcadas por três sentidos: a identidade, o território e repertório.

"Se você vai pautar a periferia, sempre se fala da violência, falta de políticas públicas etc, mas a gente sai da dinâmica engessada das universidades. Falam que nós ensinávamos a fazer 'jornalismo comunitário', mas não é isso, nós pautamos o jornalismo por meio das periferias e para elas", explica.

Diploma?

Um dos desafios das duas escolas é abrir o espaço de fala para o jovem periférico. Com pouco espaço dentro das faculdades, os projetos servem como um estímulo para que continuem a estudar depois de concluir o ensino médio.

"Nós somos desestimulados todo o tempo ouvindo que não temos que estar nas universidades. Os jovens estão no ensino médio e acham que devem sair de lá e arrumar um emprego, mas não é isso. Nós mostramos outras alternativas. A gente vê o pessoal falando que quer entrar na faculdade, estamos levando uma perspectiva de vida melhor", relata Julia.

A co-fundadora da Énois acrescenta que essas escolas são uma plataforma de expressão para a juventude. "Eles têm uma vivência em um mundo que é mais urgente, e podem usar esse conhecimento no jornalismo, que é uma leitura de mundo, já que nem todos podem chegar na faculdade."

Jeferson, que já publicou matéria no portal UOL e também escreve para o site do Kondzilla, maior canal brasileiro do YouTube, diz que pode falar de assuntos próximos com mais propriedade. "A galera que lê o texto se enxerga lá. Fico feliz por não precisar ter feito uma graduação para dizer que sou jornalista", descreve.

Amanda acrescenta que o jornalismo no Brasil é feito por uma maioria de homens brancos, e a ideia do diploma mantém esse padrão. "Isso é reserva de mercado, é manutenção de privilégios. Deveriam existir outras escolas de jornalismo, não pode ser um conhecimento restrito", critica.

Ela lembra que a falta de diploma não desqualifica o trabalho, já que a Énois produziu diversos materiais importantes, como o Prato Firmeza, o primeiro guia gastronômico das periferias de São Paulo, o documentário sobre jovens imigrantes “Cara do Mundo, Cara de Sampa”, além de diversas reportagens.

"Ter uma equipe com pessoas que possuem ideias, cores e histórias diferentes faz você entender o outro. Isso amplia a capacidade de se desenvolver. A gente empurra o mundo para a frente quando apoia o jovem dentro de um jornalismo diverso", conclui Amanda. (Com informações da RBA).

Avaliada em português e matemática, escola altaneirense é condecorada com prêmio “Escola Nota 10”


Avaliada em português e matemática, escola de Altaneira é condecorada com prêmio "escola nota 10".
(Foto: Italo Duarte).

Em solenidade realizada nesta quinta-feira, 17, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, professoras e professores da rede pública municipal de Altaneira, acompanhados do prefeito Dariomar Rodrigues (PT), do vereador Valmir Brasil (PDT) e dos secretários de educação, de governo e de assistência social, Leocádia Rodrigues, Deza Soares e Lan Alencar, respectivamente, participaram da 10ª Edição do Prêmio “Escola Nota 10”.

Pela terceira vez, Altaneira foi condecorada com a EMEF Joaquim Rufino de Oliveira. A iniciativa faz parte do Programa de Aprendizagem na Idade Certa (Mais Paic), que segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), é responsável por reduzir de 32% para 0,7% o índice de crianças não alfabetizadas na idade certa no período de uma década.

Vale destacar que a premiação tem como base os resultados da alfabetização ao término do 2º ano, como foi o caso da Joaquim Rufino de Oliveira, e das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, ao final do 5º e 9º anos, tendo como base informações do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece).

A educação de Altaneira receberá a partir da premiação cerca de R$ 2.000,00 (dois mil reais) por cada estudante avaliado. O pagamento será feito em duas parcelas, sendo a primeira correspondente a 75% do valor total após aprovação da Seduc e segunda será disponibilizada às escolas que atenderem às seguintes condições, a saber, comprovação da execução da ação de cooperação técnico pedagógica com as escolas que tenham obtido os menores resultados; manutenção ou elevação dos bons resultados obtidos e melhoria dos resultados da escola apoiada.

O clima era de euforia na comitiva de Altaneira na capital que usaram as redes sociais para publicarem vídeos e fotos do evento, inclusive com o governador Camilo Santana (PT) e o ex-secretário estadual de educação, Idilvan Alencar.

Em um vídeo de pouco mais 20 (vinte) segundos, o prefeito Dariomar agradeceu a diretora da Escola condecorada, a professora Regigleide, e a todos os funcionários pela conquista. “Altaneira é nota 10”, disse o gestor acompanhado de professores, secretários e estudantes.





“Bolsonaro é apenas um germe deixado por aquela infecção que durou 21 anos”, diz jornalista


(Foto: Reprodução/ Pragmatismo Político).


Ao destacar que Bolsonaro comparou os crimes da ditadura militar a tapas que se dá no bumbum dos filhos, jornalista da Folha assinala que o parlamentar não passa de um “germe deixado por aquela infecção que durou 21 anos”.

Ter alguém como Bolsonaro recebendo o maior apoio para exercer a Presidência, segundo as pesquisas sem Lula, dá a mais concentrada resposta às perguntas sobre o indescritível desastre brasileiro. Apoio a alguém sem preparo, retrógrado, com bens acumulados sem explicação e defensor da ditadura em suas piores violências, enquanto sondagens mostram também tais apoiadores indignados com as sucessivas exibições das roubalheiras engravatadas, da ferocidade em sandálias e da degradação na política.

Nesse quadro, é oportuna a revelação documental da CIA, o órgão americano para a espionagem e a subversão de direita, da responsabilidade direta dos generais-presidentes Geisel, Médici e Figueiredo, como autorizadores, nos assassinatos e desaparecimentos de centenas de opositores da ditadura. Localizado pelo pesquisador Matias Spektor, da FGV, o documento é de extrema importância. Não por Bolsonaro, que é apenas um germe, não único, deixado por aquela infecção de 21 anos. O que explica sua ideia de que assassinatos e desaparecimentos equivalem a “um tapa no bumbum de um filho”.

O teor do documento não muda só os papéis alardeados dos ditadores, sobretudo o atribuído a Geisel. Corrige as dimensões da ditadura, expondo-a não mais como um regime de força arbitrária, impulsionado no choque de correntes militares menos e mais extremadas, mas, isto sim, como regime unificado por sua essência comprometida com o extermínio humano. Guardadas as devidas proporções, bastante semelhança com o poder ao tempo do falso socialismo no Leste Europeu.

Já na primeira fase de governo do udenista Castello Branco, o “general democrata” que instalou a ditadura, Geisel proporcionou uma indicação clara sobre si mesmo. As denúncias de torturas no imediato pós-golpe, as piores nas dependências da Marinha e da Vila Militar, no Rio, como em Pernambuco e Rio Grande do Sul, fizeram Castello incumbir Geisel, seu chefe da Casa Militar, de uma investigação geral. Era, claro, só um mascaramento da realidade. Mas a desfaçatez de Geisel não teve nem habilidade. Com a tortura sabida e comentada no país todo, seu relatório negou haver ao menos um casinho de arranhões, só para encontrar algum “excesso”. Como resultado prático, era o aviso de que o novo regime não repelia a violência, nem lhe estabelecia limites.

O documento da CIA fundamenta a convicção, contestada por muitos, de que fatos como o atentado do Riocentro não eram de insubordinação, mas de obediência. Daí que Figueiredo, antes de saber direito do que se tratava, prometesse “prender e arrebentar” os envolvidos, e depois lhes desse cobertura. O assassinato de Lídia Monteiro, secretária da OAB, o alegado desastre de Zuzu Angel, tantos crimes polêmicos encontram agora um rastro retroativo e inquestionável, até seu ponto de partida.

É isso o que Jair Bolsonaro defende. É isso o que o general Antônio Mourão defende, puxando a lista dos companheiros que pretendem entrar na política. Suas defesas não são à ditadura como descrita até conhecer-se o documento da CIA, surgido quando alguns inquietam com a quebra do seu devido silêncio.
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Por Jânio de Freitas, Folhapress e reproduzido pelo Pragmatismo Político.

Governador do Ceará afirma que Ciro sempre foi aliado fiel e defende apoio do PT a ele


Camilo Santana defende apoio do PT a Ciro Gomes. (Foto: Reprodução).


O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), defende que o PT apoie a candidatura presidencial do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), seu padrinho político, e indique o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) como vice. Camilo está convicto de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguirá disputar a Presidência nas eleições deste ano.

De acordo com ele, o PT “não pode apostar no isolamento suicida”.

Sempre tenho colocado que Lula é vítima de uma grande injustiça, mas acho que o momento não é de radicalismo. Sei que o desejo de todos nós era o Lula poder ser candidato. Mas entre querer que ele seja candidato e a realidade atual existe uma ponte muito grande”.

Camilo diz ainda que “Ciro é hoje, sem dúvida nenhuma, o principal nome para unir as esquerdas e garantir as conquistas sociais alcançadas durante os 12 anos do PT no poder. Ciro sempre foi um aliado fiel”.

Sobre se apoiará Ciro, independentemente da decisão do PT, o governador disse ainda estar aguardando esse diálogo. “O próprio partido sabe da minha relação com o Ciro, com o Cid, uma parceria, uma relação política muito forte. É uma pessoa em quem acredito. Estou na perspectiva de construir uma aliança ainda no primeiro turno. E vou trabalhar para isso, independentemente de ser o PT na cabeça e o PDT na vice, ou vice-versa”. (Com informações da Revista Fórum).

Servidores Públicos de Altaneira já podem ter acesso a contracheque e outros serviços online


Imagem capturada do Portal do Servidor. 

A Secretaria de Administração e Finanças do Município de Altaneira, por intermédio do Departamento de Recursos Humanos (RH), informou a partir da servidora Kássia Lima que a todos aqueles que possuem vínculo empregatício com o município - efetivos ou por tempo determinado, já podem emitir contracheques pela internet.

Além de contar com a emissão de “Contracheque On Line”, servidores e servidoras podem consultar ainda outros dados financeiros como a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) e Relatórios, por exemplo.  Para tanto, basta acessar o site Portal do Servidor.

Kássia, que está lotada no RH da prefeitura, ao divulgar a informação na sua rede social facebook, deu o passo a passo.  “Ao acessar será necessário entrar com o seu CPF, tendo como senha provisória os três primeiros números e os dois últimos do CPF; depois irá ser direcionado para outra página, na qual irá criar sua senha”, disse. Feito isso, é necessário preencher três itens: cidade, estado e entidade, uma vez que que existem duas bases: Educação e Prefeitura. A partir dai você terá acesso as suas informações. “Feito esse cadastro inicial, no próximo acesso será exigido apenas seu CPF e sua senha”, frisou a servidora.

O acesso a esses tipos serviços pela internet já era uma realidade em vários municípios. Na era da informática e das informações em tempo real, é importante que as gestões estejam a todo tempo se atualizando. Os novos serviços irão facilitar o acesso a dados financeiros e poderão diminuir o fluxo de pessoas em dias que antecedem o pagamento.

Até o fechamento desta matéria não havia nenhuma informação no Portal Oficial do Município e nem na página da prefeitura no facebook.




Em cinco anos orçamento para titulação de territórios quilombolas cai mais de 97%


(Foto: Reprodução/ Terra de Direitos).


Morosidade nos processos e falta de recursos revelam racismo institucional do Estado Brasileiro. Para 2018, estão previstos menos de R$1 milhão para a titulação dos mais de 1,7 mil processos abertos no Incra.

Passados 30 anos da promulgação da Constituição Federal e 130 anos desde a assinatura da Lei Áurea – que no dia 13 de maio de 1888 determinou a abolição formal da escravidão –, políticas públicas voltadas para comunidades quilombolas revelam que o racismo institucional ainda é presente no país.

Exemplo disso é a destinação de recursos públicos para a titulação de territórios quilombolas, que sofreu uma queda de mais de 97% nos últimos cinco anos. Se em 2013 foram usados mais de R$ 42 milhões para a desapropriação das terras onde estão os territórios quilombolas, em 2018 menos de R$ 1 milhão estão previstos.

O valor é insuficiente para titular os mais de 1,7 mil processos sob responsabilidade do Incra. Desse total, 32 áreas de 12 comunidades quilombolas já foram reconhecidas, tiveram o decreto de desapropriação assinado, e aguardam apenas a titulação. De acordo com informações obtidas através da Lei de Acesso à Informação, 15 delas aguardam desde 2016 a aquisição dos imóveis para a receberem o título.

É o caso da Comunidade Invernada Paiol de Telha, no Paraná, que teve o Decreto de Desapropriação assinado pela Presidenta Dilma Rousseff em 2015. Comunidade com o processo de titulação mais avançado no estado, o Paiol de Telha teve 2,9 mil hectares reconhecidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Desse total, quase 1,5 mil hectares foram previstos no Decreto de Desapropriação. No entanto, a titulação da área deve se dar em partes, e 228 estão em processo de desapropriação. Os quilombolas aguardam o título dessa área desde que foram certificados pela Fundação Cultural Palmares, em 2005.

Enquanto a terra não é titulada, as famílias vivem com a insegurança e são impedidas de acessar políticas públicas. Muitas casas ainda não contam com energia elétrica e saneamento básico, como conta a quilombola Ana Maria Santos da Cruz, que também é integrante da coordenação executiva da Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). “Nós não podemos ter um projeto de ter água, de ter energia, ter moradia, porque não temos o título. O pessoal está em situação de miséria”.

Titulação

Apesar de a Constituição determinar que as comunidades quilombolas fazem parte do patrimônio cultural brasileiro e que devem ter suas terras reconhecidas, apenas 6% dos territórios quilombolas possuem o título da área –  na maior parte dos casos, apenas parte dos territórios foram titulados. No Brasil, das 2.847 comunidades quilombolas certificadas – número que é ainda maior se forem consideradas as comunidades que ainda não foram reconhecidas –, apenas 174 foram tituladas.

A certificação é apenas o um dos passos iniciais na luta pela titulação do território. Até obterem o título da terra, as comunidades ainda precisam passar pela elaboração e publicação do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), pela publicação da Portaria de Reconhecimento assinada pelo Incra e pelo Decreto de Desapropriação assinado pela presidência da república.

Segundo dados disponibilizados pelo Incra, estão sob responsabilidade do Instituto 1.715 processos – alguns desses tramitam desde 2004. Além das 12 comunidades que aguardam apenas a titulação da terra, já tendo passado pelas outras fases do processo, cinco comunidades aguardam a assinatura da portaria de reconhecimento. Outras 34 também já tiveram publicado os Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação (RTID) e aguardam o encerramento de fases contestatórias para que possam seguir para o próximo passo e ter a portaria assinada. Mais 31 comunidades estão à espera da assinatura do Decreto de Desapropriação – desses processos, 17 foram encaminhados em 2015 e 2016. Todos estão parados na Casa Civil.

Para Givânia Maria da Silva, membro fundadora da Conaq e ex-coordenadora geral de regularização dos territórios quilombolas do INCRA, o baixo orçamento destinado à titulação e a morosidade em finalizar os processos revela uma atitude racista por parte do Estado. “É o racismo institucional operando pela burocracia”, destaca. “Isso acontece quando o Estado tenta impedir ou colocar obstáculos para aquele que tem direito a uma ação por recorte de raça”.

Uma vitória, outra batalha

Desde 2016, apenas sete territórios foram titulados pelo Instituto em todo o país – três em 2017, e grande parte recebeu o título de apenas parte da área. Até o momento, nenhuma comunidade quilombola foi titulada pelo Incra em 2018.

Esse dado coloca em cheque o argumento utilizado pela Casa Civil em 2017 para a não-titulação de terras. No ano passado, um ofício enviado pela Casa Civil ao Ministério Público Federal indicou a paralisação dos processos de titulação até que fosse finalizada a Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.239 movida pelo antigo Partido da Frente Liberal (PFL) – atual Partido Democrata (DEM). A ação questionava o Decreto Federal 4.887/03 que regulamentava os procedimentos de titulação das áreas. Segundo o documento enviado pela Casa Civil, a orientação para a paralisação dos processos era uma forma de garantir a “segurança jurídica”.

A ação foi julgada no dia 8 de fevereiro deste ano, quando os ministros do Supremo Tribunal Federal consideraram que o decreto é Constitucional e que a tese do Marco Temporal não deveria ser aplicada. Essa tese estabelece que só teriam direito às terras as comunidades que tinham sua posse em 5 de outubro de 1988, algo que desconsidera os processos de expulsão dos quilombolas de seus territórios.

Mesmo com o reconhecimento da constitucionalidade do Decreto, nenhuma comunidade quilombola foi titulada pelo Incra em 2018. Advogado popular da Terra de Direitos que acompanhou a tramitação da ADI 3.329, Fernando Prioste questiona o papel cumprido pelo Poder Judiciário nesse caso. “O judiciário reconhece um direito, mas não tem força – e talvez nem interesse – de fazer com que esses direitos sejam efetivados”, pontua.

Membro fundadora da Conaq e ex-coordenadora geral de regularização dos territórios quilombolas do INCRA, Givânia Maria da Silva reforça que o baixo orçamento destinado à titulação de áreas e o sucateamento de instituições como o INCRA é uma das estratégias para garantir o enfraquecimento da política.  Se por um lado tivemos uma vitória no Supremo em relação ao que desejava o DEM, por outro lado a gente tá assistindo o desmonte absoluto em toda a estrutura do Estado que atua na questão quilombola”, avalia. “Não conseguiram destruir os conceitos e as conquistas que estavam no decreto 4887 e estão agindo de uma forma muito mais rasteira e violenta”.

O menor peso na balança

A diminuição orçamentária do Incra para a titulação de terras quilombolas acontece em um meio ao cenário de ajustes fiscais por parte do Governo Federal, que toma medidas que alega serem necessárias para evitar o suposto rombo e equilibrar as contas públicas. Se observado de perto a destinação dos recursos públicos, percebe-se que as contas, de equilibradas não têm nada.

"Não conseguiram destruir os conceitos e as conquistas que estavam no decreto 4887 e estão agindo de uma forma muito mais rasteira e violenta"

Caso emblemático disso é o valor gasto com auxílio-moradia para magistrados brasileiros. De acordo com a Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado, apenas para o ano de 2017 foram gastos R$ 817 milhões com auxílio-moradia para 17 mil juízes. Esse valor é resultado de um benefício de R$ 4.377, 73 pago mensalmente a todos os magistrados no país, como forma de custear os gastos com habitação, mesmo que o beneficiário tenha casa própria no local onde atua.

O valor gasto com auxílio-moradia para juízes em 2017 é quatro vezes maior do que todo o valor gasto pelo Incra para a titulação de territórios quilombolas desde 2010 – ou seja, em um ano, foram usados quatro vezes mais recursos para a magistratura do que foram gastos para a aquisição de terras quilombolas em oito anos.

Em termos comparativos, os R$ 817 milhões de reais gastos com auxílio-moradia seriam suficientes para titular ao menos 18 vezes as terras de todos os territórios quilombolas que estão na fase final para titulação.

Para Givânia, isso reforça a falta de vontade política para a efetivação de políticas públicas de promoção da igualdade. “A elite brasileira – a mesma que compõe o Senado, o atual Executivo e a Câmara – não aceita que os quilombolas possam ter direito à terra. Tanto é verdade que a ADI 3239 ficou 14 anos tentando desconstruir o que era a definição da política quilombola”.

A garantia e efetivação de direitos previstos na Constituição Federal não parece ser mesmo a prioridade do Governo Federal. Uma portaria publicada em Diário Oficial no dia 10 de abril (Portaria nº75) remanejou mais de R$ 208 milhões de reais de áreas da saúde, transportes, de políticas para mulheres e reforma agrária para a atividades da comunicação governamental. Deste montante, cerca de R$ 203 milhões serão destinados para a comunicação institucional e R$ 5,9 milhões para a publicidade.

Essa transferência de recursos acontece em um cenário de congelamento dos gastos públicos, através da implementação da Emenda Constitucional 95. Denunciada por entidades e movimentos sociais, a EC 95 congela por vinte anos as despesas primárias, onde estão inseridos os investimentos em políticas públicas sociais.

Precarização

A falta de recursos destinados para a titulação de territórios quilombolas é um dos inúmeros desafios enfrentados pelo Incra. Servidores do Instituto tem denunciado a precarização dos trabalhos com o corte de funcionários e com a diminuição de recursos para políticas também de desenvolvimento e da reforma agrária.

Desde que o Decreto Federal que regulamentou a titulação de terras quilombolas foi aprovado, em 2003, o Incra sofreu, até 2016, um corte no quadro de funcionários de 15%: foram reduzidas 864 vagas, apesar do aumento de responsabilidades do Instituto. De acordo com dados da Associação dos Servidores do Incra (Assincra), desde 2003, quando o Incra passou a ser a autarquia responsável pelos processos de titulação na esfera federal, o número de funcionário efetivos passou de 5.164 para 4.300, em 2016.

Resistência

O cenário pouco favorável não amedronta os quilombolas. O advogado popular de Terra de Direitos lembra que as poucas titulações dos territórios feitas pelo Incra são resultado dos esforços do movimento social. Segundo ele, Conaq e comunidades quilombolas têm avançado muito nas mobilizações sociais, com vitórias nas ruas e nos tribunais.

E reflete: "Não haverá efetiva democracia e justiça social no Brasil enquanto as comunidades negras quilombolas não tiveram suas terras plenamente tituladas". (Com informações do Terra de Direitos).

Escola Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, completa 4 anos de atuação


Imagem capturada do vídeo no YouTube.

A Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, completou nesta terça-feira, 15, 4 anos de atuação. A instituição foi a 101ª EEEP a ser inaugurada em 15 de maio de 2014 para atender inicialmente, em regime de consórcio 180 (cento e oitenta) alunos dos municípios de Altaneira, Nova Olinda e Santana do Cariri e hoje conta com 540 discentes distribuídos em 12 turmas entre 1º, 2º e 3º ano.

A escola que oferta os cursos técnicos de Agronegócio, Edificações, Finanças e Redes de Computadores homenageia Wellington Belém de Figueiredo que durante sua existência se dedicou a educação. Ao chegar à Nova Olinda abraçou a missão de alfabetizar todos que não tiveram a chance de frequentar a escola e logo passou a ensinar no Centro Educacional Avelino Feitosa. Foi professor das disciplinas de Português, Inglês e Francês, vindo a falecer no dia 06 de maio de 1988.

O presidente do Grêmio Estudantil, o aluno Wellyton Luiz da Silva Nascimento discursou representando a classe discente e disse  acreditar que o futuro há de ser grande e que podem sim acreditar que o empenho e a dedicação transformarão seus caminhos. “Podemos sim acreditar que nossos sonhos não são apenas sonhos, são a chave para um amanhã melhor. E a Wellington Belém de Figueiredo, nos mostra isso diariamente. E quando falo WBF quero me referir a todos os seus membros”, completou.

Segundo informações do Blog Ubuntu Notícias, da professora Lucélia Muniz, durante todo o dia de hoje, alunos/as, professores/as, coordenação pedagógica, merendeiras, vigilantes, profissionais da limpeza, além de ex-professores/as dedicaram parte de seu tempo para falar de sua experiência na escola e tecer homenagens, conforme vídeo abaixo: