7 de julho de 1978: ato reorganiza o Movimento Negro


Militantes de grupos negros, estudantes, atletas, artistas e representantes de organizações culturais realizam em São Paulo uma grande manifestação contra o racismo. Em frente às escadarias do Teatro Municipal, mais de 2 mil pessoas protestaram indignadas contra episódios recentes de violência contra negros. O ato foi o marco da criação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR), depois rebatizado simplesmente de MNU.

Manifestantes marcham por igualdade racial em frente ao viaduto do Chá, no centro do São Paulo.
Foto: Memorial da Democracia.

Do Memorial da Democracia - Em maio, a polícia militar assassinara sob tortura Robson Silveira da Luz, um jovem de 22 anos. Robson havia sido preso, acusado de roubar frutas numa feira em Guaianazes, na zona leste de São Paulo. À sua mulher grávida, a polícia disse que ele sofrera um acidente. Em outro acontecimento, quatro jogadores de vôlei negros foram impedidos de entrar no Clube Tietê por sua cor. O caso de Robson, a discriminação aos atletas e o assassinato de outro cidadão negro, o operário Newton Lourenço, morto pela polícia no bairro da Lapa, causaram forte comoção entre os militantes negros.

Desde o fim da escravatura os negros brasileiros vinham buscando se organizar em defesa de seus direitos e no combate à discriminação racial. Entretanto, durante a ditadura militar, todos os esforços nesse sentido foram reprimidos e esvaziados pela propaganda do regime, que exaltava a “democracia racial brasileira” e estigmatizava os ativistas como imitadores dos negros americanos.

A manifestação histórica do dia 7 de julho rompeu o silêncio do movimento negro. Foi distribuída no ato uma carta aberta que denunciava as condições de vida dos negros no Brasil. O protesto teve o apoio de entidades de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Prisioneiros da Casa de Detenção enviaram um documento de apoio ao movimento. Desde então a data entrou para o calendário das lutas contra a discriminação racial.

O militante e jornalista Hamilton Bernardes Cardoso narrou os acontecimentos daqueles meses de 1978 nas páginas da seção afro-latino-América do jornal “Versus”. Em novembro, o MNUCDR participaria do 1º Congresso Nacional pela Anistia, denunciando a violência policial contra os negros no Brasil, as condições subumanas da população carcerária e as torturas nos presídios.

Depois da redemocratização, o delegado Alberto Abdalla, responsável pela prisão de Robson da Luz, foi condenado pela morte do jovem, juntamente com outros policiais. O delegado, porém, jamais foi punido.

O MNU tornou-se uma organização nacional e continua sendo um movimento social atuante em defesa da igualdade racial.

Documentos Extras



Programa #Partiu, da TV Verdes Mares, demonstra pontos turísticos do município de Altaneira


A estudante do curso de História, Francilene Oliveira, explicando a prática do rapel. Imagem capturada do vídeo do #PartiuAltaneira.

O Programa #Partiu, da TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo, visitou o município de Altaneira e mostrou as belezas naturais, os pontos turísticos, as práticas de esportes de aventura e o trabalho desenvolvido com crianças, jovens e adolescentes pela Associação e Fundação ARCA.

No primeiro bloco do programa, o apresentador Tep Rodrigues inicia sua passagem por Altaneira que fica a 600 km da capital do Estado e é a cidade mais alta da região do cariri (670 metros acima do nível do mar), demonstrando as vias de acesso a este localidade, como a CE 060, CE 386, CE 292 e CE 388, além da BR 230, conta um pouco acerca da ocupação deste território à margem da Lagoa Santa Tereza (1870) até a sua emancipação em 18 de Dezembro de 1958. 

Programa #Partiu, da TV Verdes Mares, em visita a ARCA. Imagem capturada do vídeo do programa.
Ainda no primeiro bloco, o programa visita à sede da Associação e Fundação ARCA onde outrora funcionava o Hospital. Nesta instituição é recebido pela sindicalista e atual presidenta, a professora Maria Lúcia de Lucena que conta em detalhes as ações que são desenvolvidas tanto pela Associação, que cuida da geração de renda e da economia solidária, quanto pela Fundação, que trabalha com projetos educativos. Lucena demonstrou alguns destes, como o Inclusão Digital (um dos projetos mais antigos), Sala de Leitura, Sala de Música e a Biblioteca Comunitária ARCA da Leitura que, segundo ela, 90% do acervo são provenientes de doação. Já na sala de música, Tep Rodrigues foi recepcionado pelos instrutores Cícero e Charles. “A gente trabalha muito com a questão da qualidade musical, porque o Brasil hoje está vivendo de pornografia na música e a gente passa para esses adolescentes outra forma de ver a música. A gente passa para eles o poder que a música tem”, disse Cícero.

No final do primeiro bloco e no segundo, o apresentador colocou adrenalina na sua passagem pela cidade alta ao conversar com os praticantes de esportes de aventura e membros da Associação dos Condutores de Trilha (Acontrial), Francilene Oliveira e João Paulo. O primeiro destino foi a Pedra dos Dantas, no Sítio Tabocas. Lá os jovens explicaram como e quando decidiram praticar o rapel. Segundo Francilene, o espaço é utilizado para o rapel desde 2014 quando houve um curso proporcionado pela Rede de Educação Cidadã (RECID) e ministrado pelo professor Erick Agato. João Paulo, por sua vez, arguiu que a Acontrial está sempre mobilizando a cidade para a prática do esporte e que vem recebendo de forma constante visitas de alunos da rede pública e universitários.

O Sítio Poças também foi alvo do Programa #Partiu. Aqui o grupo conheceu os produtos do agricultor João Bel e almoçaram e experimentaram os ingredientes da horta orgânica dois irmãos. Segundo João Bel, o cultivo dos produtos vem desde 2011. Na Poças, João Paulo e Francilene também expuseram outra prática de esporte de aventura, o arborismo. A prática foi explicada pelo professor Erick Agato. Segundo ele, “o arborismo consiste em uma técnica desenvolvida pelo pessoal da botânica para que você pudesse andar pela copa das árvores causando o mínimo de impacto e aproveitando as belezas naturais”. Para Francilene, que é estudante do curso de História na URCA, quem vem ao Sítio Poças, tem a oportunidade de fazer trilha, praticar o arborismo e ainda conhecer a Horta Dois Irmãos.

O terceiro e último bloco foi feito no Distrito do São Romão, distante cerca de 10 km da sede. Neste local, a trilha da pedra grande foi o alvo dos holofotes.  A trilha tem um percurso de 1, 200 km e é usada pelo povoado para ter, segundo Francilene, uma vista privilegiada do Vale.

O Programa #Partiu foi exibido às 8h30 deste sábado na TV Verdes Mares.


 Abaixo registro de captura de imagens registrando os principais momentos.

Cícero, Instrutor e voluntário do Projeto ARCA, fala da importância da música na vida dos adolescentes.
Francilene discorre acerca da prática do Rapel no Sítio Tabocas.
Agricultor João Bel explica quando começou a produção na Horta Orgânica Dois Irmãos.

Programa #Partiu na Pedra Grande, no Distrito do São Romão.


Novo diretório do PT em Nova Olinda é constituído e Aureliano toma posse com presidente


Novo Diretório Municipal do PT, em Nova Olinda, é empossado. Foto: Francisco Pedro.

O novo Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) em Nova Olinda, na região do cariri, foi empossado na noite desta sexta-feira, 07, no auditório do Poder Legislativo. Na mesma ocasião, ocorreu a cerimônia de posse do novo presidente da agremiação, o servidor público estadual Aureliano Souza.

A solenidade contou com uma marcante presença da comunidade, de lideranças políticas, professores (as), estudantes (as), simpatizantes, ativistas dos direitos humanos e do ex-presidente e um dos fundadores do PT local, o aposentado Eliseu.

O Assistente Social e militante petista Francisco Pedro convidou para compor a mesa além do Eliseu, dois ex-presidentes, o professor Roberto Souza e a professor Socorro Matos, última a exercer o cargo e que concorreu a prefeita nas eleições de 2016, o vereador Adriano Dantas e a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Nova Olinda, Andreia Silva e este blogueiro, professor e membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC).

Primeira a usar a palavra, a professora Socorro Matos lembrou da trajetória de lutas em prol das classes menos favorecidas em que o PT esteve envolvido e da formação da agremiação no município. A até então presidente que conduziu os trabalhos da posse falou da sua imensa gratidão a todos (as) que contribuíram no processo eleitoral do ano passado em que ele chegou a computar quase 40% dos votos. Disse ainda que era uma alegria entregar o cargo para Aureliano, pessoa que, segundo ele, vai desenvolver um bom trabalho a frente do partido.

O também ex-presidente, professor e coordenador na 20º Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (CREDE 20), Roberto Souza, discorreu acerca da nova conjuntura política que se desenhou a partir do golpe jurídico-midiático-parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) com forte impacto negativo para a população e frisou que a renovação da agremiação que ocorre em todo o território, inclusive com a nova presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, surge em momento adverso e que é preciso saber lhe dar com essa adversidade para ressurgir.

Este blogueiro, professor e ativista pelo GRUNEC, destacou também o momento adverso em que essa renovação ocorre, principalmente em face de que tudo que essa agremiação fez pelas classes a margem do poder, em todos os campos, está sendo destruído a passos largos por uma elite política que quer a todo custo governar para empresários, tendo a anuência dos grandes polos midiáticos. Argui que o ressurgimento não só do PT, mas de todos os outros grupos políticos alinhados com as causas populares, é fundamental que acontece e que o caminho saudável para tal é o dialogando com as bases, sentindo suas necessidades e buscando junto com ela (base) soluções para o enfrentamento das desigualdades sociais e raciais que aumentaram drasticamente com esse governo ilegítimo. É fundamental fazer formações com filiados e filiadas, promover palestras sobre temas que afetam a comunidade e, principalmente, ir ao encontro do povo.

Quem também discursou foi o vereador Adriano Dantas (PSB) e a sindicalista Andreia Silva. Ambos reafirmaram seu compromisso em fazer alianças com o PT, além de terem feito duras críticas, assim como fez Roberto Sousa, a gestão do prefeito Afonso (PSD).

O aposentado Elizeu, simbolo de garra e de luta no município, demonstrou de forma rápida que a idade não está pesando e com toda lucidez realçou:

"engana-se que pensa que o PT está morto. Vamos usar a arma que temos, as ideias, para continuar lutando em defesa do povo simples". 

O presidente Aureliano ao ser empossado no cargo de presidente, lembrou as dificuldades que jovens novolindenses estão passando por não disporem de transporte gratuito para se direcionarem a universidade e que sua prioridade é fazer uma gestão popular, dialogando com o povo, como destacado pelos seus (as) antecessores (as). Aureliano agradeceu a participação de todos na solenidade, principalmente dos adolescentes.

Além de Aureliano, compõem o Novo Diretório Municipal do PT (2017 – 2019), Socorro Matos, Totonho Alencar, Flávio Pedro, Flávia Nonato, Laurely Santos e José Val.

Abaixo outras fotos da solenidade:

Abertura da solenidade de posse do novo Diretório Municipal do PT, em Nova Olinda.

Roberto Souza e Andreia Silva em ato de solenidade de posse do novo diretório do PT Nova Olinda. Foto: Nicolau Neto.

Professor, blogueiro e membro do GRUNEC, Nicolau Neto, discursa durante solenidade de posse do novo diretório municipal do PT Nova Olinda. Foto: Aureliano Souza.
Sindicalista Andreia Silva fala durante posse do novo diretório. Foto: Divulgação.
Seu Elizeu, um dos fundadores do PT em Nova Olinda. Foto: Nicolau Neto.
Aureliano Souza faz seu primeiro discurso como presidente do PT de Nova Olinda. Foto: Nicolau Neto.
Ex-presidente Socorro Matos e a sindicalista Andreia Silva. Foto: Divulgação.
Novo Diretório e parte do público. Foto: Divulgação.
Parte do Público no novo Diretório do PT Nova Olinda. Foto: Divulgação.

Ex-presidente Lula virá ao Ceará em Agosto



O ex-presidente Lula, potencial candidato ao Palácio do Planalto na eleição de 2018, vem ao Ceará em agosto. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Partido dos Trabalhadores (PT), após reunião entre a sigla e a equipe do ex-presidente realizada nesta quinta-feira, 6, em Brasília.

Do O Povo - O petista esteve pela última vez no Estado em setembro do ano passado para atos da campanha eleitoral. Na ocasião, pediu votos para a então candidata à Prefeitura de Fortaleza, deputada federal Luizianne Lins (PT). A ex-prefeita terminou a disputa em terceiro lugar, com 15% dos votos válidos.

Liderando todas as pesquisas de intenção de voto para o pleito do ano que vem, Lula aguarda sentença do juiz Sergio Moro na ação acusatória do triplex de Guarujá. Enquanto o Ministério Público acusa o petista de ser dono do empreendimento, a defesa nega e pede provas para as acusações.

Ainda não há informações sobre a agenda nem a data exata da visita de Lula no Ceará. A esquerda tem organizado eventos e mobilizações contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB) e as reformas da previdência e trabalhista.

Neste momento de ataque aos direitos do trabalhador e da trabalhadora é importante a presença do companheiro Lula no Ceará para reforçar a luta nas ruas pelo Diretas Já”, afirmou De Assis Diniz, presidente estadual do PT.

Lula esteve no Ceará pela última vez em setembro de 2016. Foto:  Ricardo Stuckert.

A importância da representatividade na luta contra o racismo


Chris Buck/Oprah Magazine/Reprodução.

A forma como as pessoas são retratadas na cultura influencia enormemente como vemos o mundo e tem um grande potencial de promover mudanças na sociedade.

Em agosto de 2016, fiz uma provocação em forma de editorial de moda feminina com imagens retratando um ambiente aristocrático, com negras representando pessoas da elite e brancas uniformizadas como empregadas ­– uma delas, a princesa Paola de Orleans e Bragança, descendente da família real brasileira. Essas imagens receberam milhares de comentários racistas de brancos e de negros. Uma característica da cultura brasileira: enquanto os brasileiros acreditam na igualdade da democracia racial, no dia a dia essa crença é desmontada com facilidade.

Por Alexandra Loras, no CEERT - Por isso, é importante elevar a consciência humana sobre a importância da representatividade. Não se trata de apontar o dedo ou praticar revanchismo, mas de promover a empatia e a compaixão para tentar entender o desafio de crescer numa narrativa eurocêntrica não sendo branco.

Por isso, proponho olhar de um ângulo diferente o absurdo da propaganda ocidental, que coloca o ariano num grau superior sabendo que existem apenas 3% de loiros adultos no mundo. É chegada a hora de rever nosso erro de promover a eugenia usada no regime nazista há 70 anos.

Para um artigo intitulado “Vamos Falar sobre Raça”, o fotógrafo e roteirista americano Chris Buck tirou três fotos invertendo os papéis de mulheres de diferentes etnias. As imagens foram utilizadas para ilustrar a edição de maio da revista The Oprah Magazine. Em uma delas, em um salão de beleza, mulheres brancas fazem as unhas dos pés de um grupo de asiáticas.

Chris Buck/Oprah Magazine/Reprodução.

Em outra, uma menina loira parece indecisa e sem opção na hora de comprar uma boneca, pois todas nas prateleiras da loja representam meninas negras. Na terceira, uma mulher branca de uniforme serve chá para sua patroa latina, que não parece sequer notar sua presença. Esse trabalho de Buck foi essencial para estimular um diálogo sobre raça, justiça social e poder entre as mulheres.

Há uma série de interpretações nesses cliques que mostram como pessoas de diferentes raças percebem o mundo de forma variada. É importante observar que a melhor maneira de manter privilégios e, consequentemente, desigualdades – e a violência que delas decorre –, é negar que eles existem. A pessoa branca é criada para entender sua cor de pele como padrão e a de outras etnias como diferente, o que só incentiva a formação de um sistema racista e opressor.

A iniciativa de Buck e da revista tem um valor particular: embora seja um homem branco, ele parece sensibilizado com a falta de representatividade que deixa muitas mulheres de outras etnias desconfortáveis ao assumir papéis de poder, como se não merecessem de fato ocupar essas posições. Segundo o fotógrafo, falar com os amigos negros, ouvi-los contar suas histórias e experiências fez parte do trabalho. “Mesmo que as imagens sejam sobre um diálogo, sei que, como uma pessoa branca, eu deveria ouvir mais do que falar”, afirma ele.

A revista procura, assim, aprofundar a conversa sobre o papel que cada um de nós desempenha na narrativa racial dos Estados Unidos”, comentou ele. E o que se viu foi um debate acalorado nas redes sociais. A forma como as pessoas são retratadas na arte e no entretenimento influencia enormemente como vemos o mundo e tem um grande potencial de promover mudanças significativas na sociedade.

Como mulher negra, sou diretamente afetada pela falta de representatividade na mídia e sinto os efeitos que isso tem na formação da identidade e autoestima de afrodescendentes. Essas imagens impactantes trazem à tona várias questões que merecem ser discutidas, encorajando um diálogo honesto sobre raça e gênero. Precisamos incentivar as pessoas a desafiar os pressupostos de raça e considerar o subtexto repleto de situações cotidianas.

Chris Buck/Oprah Magazine/Reprodução.

Presidente da CCJ diz que não recebeu pressão de Temer na escolha de relator



O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse ontem (5) que não recebeu qualquer pressão do presidente Michel Temer ou de pessoas ligadas a ele para definir o relator e a tramitação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Pacheco disse que a decisão sobre a relatoria ocorreu durante conversas que teve com integrantes da própria Câmara.

Da Agência Brasil - “Não houve nenhum tipo de contato do presidente comigo, seja por telefone, seja pessoalmente. Eu sou deputado, já estive com o presidente outras vezes, mas, desde que houve esta questão, não tive nenhum contato com o presidente”, afirmou. No entanto, admitiu que discutiu a questão com deputados. “É muito natural que os deputados envolvidos nesta discussão, seja da base, seja da oposição [me procurem]. Eu recebi a todos que tivessem sugestões, preferências”, afirmou.

 Na terça (4), o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) foi nomeado relator da denúncia contra Temer pelo crime de corrupção passiva na CCJ. “Designei um relator que considerei adequado para essa matéria, independente, para relatar com isenção esta denúncia”, disse Pacheco.

Votação do relatório

O presidente da CCJ espera que o relatório seja apresentado e lido na próxima segunda-feira (10). Após a leitura, será concedido à defesa de Temer um momento para que sejam feitas as considerações orais sobre o parecer.

O parecer do relator poderá recomendar a admissibilidade da denúncia ou a sua rejeição. A votação será feita pela chamada nominal dos membros titulares da CCJ. Caso o relatório de Zveiter seja rejeitado pelos membros da CCJ, será designado um novo relator para proferir o parecer vencedor, que deverá ser referendado pelos deputados da comissão e encaminhado ao plenário para votação.

A previsão é de que haja pedido de vista do parecer de Zveiter, o que adiaria o início das discussões para quarta-feira (12). De acordo com Pacheco, será concedido o tempo de 15 minutos para cada um dos 66 deputados titulares e igual número de suplentes da comissão. Além disso, 20 parlamentares poderão falar a favor e outros 20 contrários, pelo tempo de 10 minutos.

Se todos os deputados optarem por esgotar o tempo concedido, a discussão pode levar 40 horas, sem contar o tempo de exposição a que os líderes de partidos têm direito de forma proporcional ao tamanho da bancada. No entanto, o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) disse que o lado governista só utilizará todas as falas se forem essenciais para a defesa do presidente, que quer acelerar a tramitação da denúncia.

Após receber a defesa de Temer, entregue pelos advogados Antônio Mariz e Gustavo Guedes nesta tarde, Rodrigo Pacheco disse que as sessões de discussão e votação do parecer sobre a admissibilidade ou não da denúncia têm hora para começar, mas não para acabar. “A hora do término, vai depender da dinâmica dos trabalhos. Não vamos ter um horário rígido de término. O que nós não gostaríamos é de avançar madrugada adentro, porque votações na madrugada não são recomendadas”, defendeu.

Dep. Rodrigo Pacheco (esq) e o Dep. Sérgio Zveiter. Fotomontagem: Blog Negro Nicolau.

Eduardo Cunha confirma ao Ministério Público que só estava calado porque vinha sendo pago pela JBS


O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o empresário Lúcio Funaro, apontado como operador de propinas de Cunha, estão concluindo acordos de delação premiada e devem começar a prestar depoimentos aos procuradores da Lava Jato nos próximos dias, informa Severino Motta, do BuzzFeedNews.

Do 247 - Eles confirmaram ao Ministério Público que só estavam calados porque vinham sendo pagos pela JBS – o que confirma a delação do empresário Joesley Batista. Nas gravações do Palácio do Jaburu, em março deste ano, Joesley disse a Michel Temer que vinha pagando a dupla e teve o consentimento do ocupante da presidência, que pediu: "tem que manter isso, viu?".

As delações também devem embasar a próxima denúncia a ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer pelo crime de obstrução à Justiça. Segundo o BuzzFeed, "os cardápios das delações, uma espécie de roteiro das ilegalidades a serem descritas e os personagens envolvidos, já foram entregues pelas respectivas defesas".


Por que os partidos políticos querem mudar de nome?


Podemos, Avante e Livres são nomes desconhecidos do eleitorado, mas que devem estar na disputa eleitoral em 2018. De novo, só os nomes: ideologias e estruturas permanecem as mesmas dos partidos originais - PTN, PTdoB e PSL, respectivamente. “O nome faz toda a diferença no marketing político. É uma estratégia para ganhar uma sobrevida nas próximas eleições”, afirma o professor de ciência política da PUC-SP Rafael Araújo.

Por Dimalice Nunes, no CartaCapital - No último sábado 1º o PTN (Partido Trabalhista Nacional), um dos partidos mais antigos do país, com 72 anos, passou a se chamar oficialmente Podemos. O antigo PTN já teve um presidente da República, Jânio Quadros, em 1960, mas em 2014 elegeu apenas quatro deputados federais. Meses depois, ficou com apenas dois.

Com a ideia de mudança de nome, outros deputados apoiaram a presidente do partido, a deputada Renata Abreu (SP), e embarcaram na nova legenda. Agora são 14 deputados federais e dois senadores. Alvaro Dias, nome tradicional do PSDB - mas que pulou para o PV em 2015 - será o candidato à Presidência pelo Podemos, que adotou a expressão “mudar o Brasil” logo após o nome e se define como um movimento, não um partido.

Araújo explica que desde 2013 ganha força no Brasil a negação da política. E a classe política, assim como os partidos, perceberam isso. “Não vem de agora, mas ficou mais evidente desde o ano passado, especialmente com a eleição de João Doria para a prefeitura de São Paulo”, lembra. Nas eleições de 2016, Dória levou com facilidade, já no primeiro turno, a prefeitura da maior cidade do país se autoentitulando um gestor e não um político.

Negar a política não é suficiente para o PTdoB (Partido Trabalhista do Brasil): a legenda quer tirar o PT do nome. Após o desgaste do Partido dos Trabalhadores, o partido quer se desassociar no  nome. Ainda sem autorização do Tribunal Superior Eleitoral - o pedido foi protocolado, mas ainda está em tramitação -, o partido quer se chamar Avante. O nome já foi aprovado internamente, em convenção realizada em maio deste ano. O PTdoB também tem certa tradição. Com 28 anos de história, tem apenas quatro deputados federais e quer melhorar sua participação no Congresso Nacional no pleito de 2018.

Outro que quer mudar de nome é o PSL (Partido Social Liberal). Com o nome Livres, pretende se manter fiel às ideias do social-liberalismo, como declara nas redes sociais. Sem grandes nomes, o partido já tem 22 anos, 225 mil filiados, mas apenas dois deputados na Câmara: Alfredo Kaefer (PR) e Dâmina Pereira (MG). A legenda já iniciou uma "campanha publicitária" com o novo nome, especialmente nas redes sociais mas, segundo o TSE, não foi feito ainda um pedido formal.

“O que eles estão fazendo é usar a estratégia que o mercado utiliza. Sempre que uma empresa quer se modernizar ou tem problemas com seus clientes, elas se reposicionam”, lembra Jacqueline Quaresemin de Oliveira, cientista política especialista em pesquisa de opinião, mercado, mídia e política da Fesp-SP.

A mudança, porém, é vista como “uma faca de dois gumes” por ela. “Eles não querem ser identificados como partidos, mas isso é um equívoco. Partidos não são produtos, embora muitas vezes ajam como tal, deixando de lado os projetos de políticas públicas. A mudança de nome de alguns pode ser equivocada, pois sua história, militantes, fatos, memórias, compõem a identidade do partido”, lembra. Para Jacqueline, renegar a própria história para atrair público é um erro. “Negando sua ideologia podem acabar perdendo a identidade”, afirma.

Por outro lado, a cientista política lembra que numa sociedade de consumo é compreensível que os partidos tentem acompanhar determinadas correntes, mas a política é um campo mais conceitual. “Quando uma marca se reposiciona ela mantém sua história, e os partidos têm princípios e projetos que também deveriam ser preservados.”

Rafael Araújo lembra que a crise de representatividade não é exclusividade do Brasil. É mundial, desde 2011, e nasce da percepção de que o estado não entrega o que promete. “No Brasil é pior por causa dos escândalos de corrupção”, afirma.

Há um desgaste na democracia representativa parlamentar, que têm nos partidos e lideranças políticas sua maior expressão, explica Jacqueline. E esse fenômeno mundial ganha força com as tecnologias digitais, à medida que as pessoas acessam as redes não somente atrás de informações, mas para serem editores, geradores de informação, distribuidores, criando uma forma mais ativa de cidadania, de “democracia direta”.

Na reflexão da professora, um partido mudar de nome para se adequar a essa sociedade de consumo conectada pode ser um equívoco justamente porque será esse o público com maior poder de questionamento e fiscalização. "Certamente que ainda estamos distantes de uma democracia direta, mas cada vez mais as pessoas estão eliminando mediadores. Se isso é bom ou ruim a história nos mostrará", pondera.

Hoje, é possível dizer que a confiança nas instituições está em queda. Segundo o Relatório Latinobarômetro 2016, os “partidos políticos” caíram três pontos percentuais no indicador de confiança, de 20% para 17% na América Latina. Eles ficaram atrás das Forças Armadas e Polícia, Igreja, Instituições Eleitorais, Governos, Poder Judiciário e Congresso.

Lei dos Partidos Políticos

Desde a alteração da Lei dos Partidos Políticos, em 1995, não é mais exigido que as agremiações tragam a palavra “partido” em seus nomes. E, muito antes da crise de representação política que dá força ao rebranding dos partidos, em 2007, o PFL (Partido da Frente Liberal) virou Democratas, ou DEM como é mais conhecido.

Formado por membros da antiga Arena, profundamente ligada ao regime militar, de cara a mudança de marca não agradou os grandes nomes do partido, mas acabou sendo aceita.

Hoje, o DEM é o segundo maior aliado do governo Temer, atrás apenas do PSDB. Ainda como PFL, foi importante aliado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). É do DEM um dos nomes em evidência com o aprofundamento da crise e o avanço das denúncias contra Michel Temer: Rodrigo Maia (RJ), presidente da Câmara dos Deputados.

E a ideia de tirar o "partido" do nome atraiu também novas legendas, como a Rede Sustentabilidade, ou somente Rede. O TSE aprovou o registro da agremiação idealizada pela ex-ministra e ex-senadora Marina Silva em setembro de 2015.

Os fundadores da Rede tentaram obter o registro em 2013 para lançar Marina candidata à Presidência, mas tiveram o pedido negado por falta do apoio mínimo necessário na ocasião. A Rede apresentou 442 mil assinaturas de eleitores validadas pelos cartórios eleitorais, mas a lei exigia 492 mil, 0,5% dos votos dados para os deputados federais nas eleições de 2010.

A ex-senadora acabou disputando a eleição presidencial porque se filiou ao PSB e integrou, como vice, a chapa encabeçada pelo ex-governador Eduardo Campos. Ela se tornou candidata a presidente após a morte de Campos em um acidente aéreo e obteve 22,1 milhões de votos, ficando no terceiro lugar, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).

Em seu site, a Rede não se autodenomina um partido político. “A Rede Sustentabilidade é fruto de um movimento aberto, autônomo e suprapartidário que reúne brasileiros decididos a reinventar o futuro do país. É uma associação de cidadãos e cidadãs dispostos a contribuir de forma voluntária e colaborativa para aprofundar a democracia no Brasil e superar o monopólio partidário da representação política institucional.”

O mesmo foi feito pelo Solidariedade, que obteve seu registro em setembro de 2013 e também se autodenomina como um “movimento”, e não um partido. Seu principal nome, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, veio do PDT onde ficou por dez anos.

Em junho deste ano, Paulinho da Força perdeu seus direitos políticos por cinco anos após ser condenado por improbidade administrativa ao contratar uma fundação sem licitação e com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, quando era presidente da Força Sindical (1999-2000). 

Volta do MDB?

Não há pedido no TSE ou sequer uma aprovação interna, mas até o grande atual protagonista da política nacional, o PMDB, quer se rebatizar. O senador Romero Jucá (RR), líder do governo no Senado, apresentou uma proposta para o partido voltar a se chamar MDB, sigla que dava nome ao partido nos tempos em que ele se posicionava contra a ditadura militar.


Movimento a favor do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff foram marcados por uma forte negação política como meio viável para atender as demandas do eleitor. Foto; Tânia Rêgo/ Agência Brasil.