Vasco vence Santos e vai para última rodada sem depender de suas próprias forças



O Vasco segue desafiando o improvável neste segundo turno de Campeonato Brasileiro. A batalha contra a matemática da queda - que chegou a 99% - será levada até as últimas consequências. A vitória na tarde deste domingo por 1 a 0 em cima do time reserva do Santos, em São Januário, mantém as chances de fuga do rebaixamento do Gigante da Colina para a última rodada da competição. E para viver a bonança, foi preciso paciência para esperar a estiagem de uma tempestade. A partida começou com mais de uma hora de atraso por conta de uma forte chuva que caiu na Zona Oeste do Rio de Janeiro antes do apito inicial.

Nenê comemora o gol que decretou a vitória do Vasco em cima do Santos. Foto: André Durão/GloboEsporte.com
A vitória mantém o Vasco na 18ª colocação, mas agora com 40 pontos - a um de sair do Z-4. A má notícia do dia ficou por conta da vitória do Coritiba, em São Paulo, em cima do Palmeiras. O Gigante da Colina joga agora todas as suas fichas na última rodada justamente contra o Coxa, no Couto Pereira, no próximo domingo. Só a vitória - combinada com tropeços de Avaí e Figueirense - interessa. O Santos, por sua vez, deu adeus às possibilidades de G-4 neste Brasileirão. Porém, antes de encerrar o ano diante do Atlético-PR, na Vila, o Peixe decide a Copa do Brasil - onde tem a vantagem do empate - na quarta-feira no duelo contra o Palmeiras, na casa do adversário.

GOLEADA DE... 1 A 0

A eletricidade das arquibancadas de São Januário contagiou o time do Vasco. Dispensando qualquer tipo de postura conservadora, o Gigante da Colina se lançou desde o primeiro minuto. Um pequeno efeito colateral da abertura apareceu apenas no início: Martín Silva teve que operar um milagre em cabeçada de Nilson. Depois do susto, total domínio carioca. Foram pelo menos três chances reais de gol - Nenê perdeu duas delas. Porém, a capa de vilão não serve ao camisa 10 do Vasco. Aos 44 minutos, depois de desperdiçar as oportunidades, Nenê sofreu e converteu pênalti com extrema categoria: 1 a 0.

A etapa final foi marcada pelo equilíbrio. O Vasco não diminuiu o ímpeto, e o Santos deixou o setor defensivo. O resultado foi um jogo mais aberto, com os goleiros aparecendo como destaques. Martín Silva salvou o gol de empate dos paulistas após chute de Leandro, de dentro da pequena área. Do outro lado, Vanderlei, depois de cometer pênalti no primeiro tempo, evitou um placar mais elástico na etapa final. Isso porque o Vasco martelou até o fim. Depois de quase cinco meses, os cariocas voltaram a comemorar uma vitória dentro de São Januário.

CHUVA ATRASA INÍCIO DO JOGO

São Januário foi atingido por uma forte chuva uma hora antes de a bola rolar. Por conta do risco aos atletas e com o gramado completamente encharcado, o árbitro Leandro Pedro Vuaden - depois de duas inspeções - teve que adiar para 18h o início da partida. Os vestiários ficaram debaixo d'água e o entorno do estádio completamente alagado. Os jogadores do Vasco tiveram que passar no meio da galera para acessar o gramado para o trabalho de aquecimento. Com a bola rolando, o gramado não apresentou problemas, apesar de uma chuva fina ter persistido até o apito final.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Harriet Tubman


Harriet Tubman escapou da escravidão para se tornar um líder abolicionista. Ela levou centenas de pessoas subjugadas a liberdade ao longo da rota da estrada de ferro subterrânea.

Sinopse

Harriet Tubman era uma escrava americana que escapou da escravidão no Sul para se tornar um líder abolicionista antes da Guerra Civil Americana. Ela nasceu em Maryland em 1820, e escapou com sucesso em 1849. No entanto, ela voltou muitas vezes para salvar ambos os familiares e não-familiares a partir do sistema de plantio. Ela levou centenas a liberdade no Norte como o mais famoso "maestro" no Underground Railroad, uma rede secreta elaborada de casas seguras organizadas para o efeito.

Infância

Harriet Tubman nasceu de pais escravizados em Dorchester County, Maryland, e originalmente chamado Araminta Harriet Ross. Sua mãe, Harriet "Rit" Green, foi possuído por Mary Pattison Brodess. Seu pai, Ben Ross, foi possuído por Anthony Thompson, que se casou com Mary Brodess. Araminta, ou "Minty", foi um dos nove filhos de Rit e Ben entre 1808 e 1832. Enquanto o ano de nascimento de Araminta é desconhecida, provavelmente ocorreu entre 1820 e 1825.

Início da vida de Minty estava cheio de dificuldades. Filho Mary Brodess 'Edward vendeu três de suas irmãs em plantações distantes, cortando a família. Quando um comerciante da Geórgia se aproximou Brodess sobre a compra de filho mais novo de Rit, Moisés, Rit resistiu com sucesso a mais de fraturamento de sua família, estabelecendo um poderoso exemplo para sua filha mais nova.

A violência física foi uma parte da vida diária de Tubman e sua família. A violência que ela sofreu no início da vida causa ferimentos físicos permanentes. Harriet relatou mais tarde um determinado dia, quando ela estava amarrada cinco vezes antes do café. Ela carregava as cicatrizes para o resto de sua vida. A lesão mais grave ocorreu quando Tubman era um adolescente. Enviou a uma loja de secos para o abastecimento, ela encontrou um escravo que havia deixado os campos sem permissão. Superintendente do homem exigiu que Tubman ajudar a conter o fugitivo. Quando Harriet se recusou, o superintendente jogou um peso de duas libras que a golpeou na cabeça. Tubman sofreu convulsões, dores de cabeça e episódios narcolépticos para o resto de sua vida. Ela também experimentou estados de sonho intenso, que ela classificados como experiências religiosas.

A linha entre liberdade e escravidão era obscura para Tubman e sua família. O pai de Harriet Tubman, Ben, foi libertado da escravidão com a idade de 45, conforme estipulado no testamento de um proprietário anterior. No entanto, Ben tinha poucas opções a não ser continuar trabalhando como um estimador de madeira e capataz por seus antigos proprietários. Embora estipulações de alforria semelhantes aplicadas a Rit e seus filhos, os indivíduos que possuíam a família não escolheu para libertá-los. Apesar de seu status livre, Ben teve pouco poder para contestar a sua decisão.

Até o momento Harriet atingido a idade adulta, cerca de metade das pessoas Africano-americanos na costa oriental de Maryland eram livres. Não era incomum para uma família para incluir as pessoas livres e escravizados tanto, como fez a família imediata de Tubman. Em 1844, Harriet se casou com um homem negro livre, chamado John Tubman. Pouco se sabe sobre John Tubman ou seu casamento com Harriet. Todas as crianças que poderiam ter tido teria sido considerado escravizados, uma vez que o estado da mãe ditou que de qualquer prole. Araminta mudou seu nome para Harriet em torno do tempo de seu casamento, possivelmente, para homenagear sua mãe.

Fuga da Escravidão e abolicionismo

Harriet Tubman escapou da escravidão em 1849, fugindo para a Filadélfia. Tubman decidiu fugir na sequência de um surto de doença e da morte de seu proprietário em 1849. Tubman temia que sua família seria ainda mais cortada, e temia pela própria o seu destino como um escravo doentia de baixo valor econômico. Ela inicialmente deixou Maryland com dois de seus irmãos, Ben e Henry, em 17 de setembro de 1849. Um aviso publicado no Democrata Cambridge ofereceu uma recompensa $ 300 para o retorno de Araminta (Minty), Harry e Ben. Uma vez que eles tinham ido embora, os irmãos de Tubman tinha segundas intenções e voltou para a plantação. Harriet não tinha planos de permanecer em cativeiro. Vendo seus irmãos em segurança para casa, ela logo partiu sozinho para a Pensilvânia.

Tubman fez uso da rede conhecida como a estrada de ferro subterrânea para viajar cerca de 90 milhas para a Filadélfia. Ela cruzou para o estado livre da Pensilvânia com uma sensação de alívio e temor, e recordou mais tarde: "Quando eu descobri que eu tinha cruzado a linha, eu olhei para as minhas mãos para ver se eu era a mesma pessoa. Houve uma glória tal sobre tudo; o sol apareceu como o ouro por entre as árvores, e sobre os campos, e eu senti como se estivesse no céu. "

Ao invés de permanecer na segurança do Norte, Tubman tornou sua missão para resgatar sua família e outras pessoas que vivem na escravidão. Em dezembro de 1850, Tubman recebeu um aviso de que sua sobrinha Kessiah ia ser vendido, junto com seus dois filhos pequenos. O marido de Kessiah, um homem negro livre, chamado John Bowley, fez o lance vencedor para sua esposa em um leilão em Baltimore. Harriet, em seguida, ajudou toda a família fazer a viagem para a Filadélfia. Esta foi a primeira de muitas viagens por Tubman, que ganhou o apelido de "Moisés" por sua liderança. Com o tempo, ela foi capaz de orientar os pais dela, vários irmãos e cerca de 60 outros a liberdade. Um membro da família que se recusou a fazer a viagem era o marido de Harriet, John, que preferiu ficar em Maryland com sua nova esposa.

A dinâmica de escapar da escravidão mudou em 1850, com a aprovação da Lei do Escravo Fugitivo. Esta lei afirma que escravos fugitivos poderia ser capturado no Norte e voltou à escravidão, levando ao rapto de ex-escravos e negros livres que vivem em Estados livres. Os agentes da lei no Norte foram obrigados a ajudar na captura de escravos, independentemente de seus princípios pessoais. Em resposta à lei, Tubman re-encaminhado o Underground Railroad para o Canadá, que proibia a escravidão categoricamente.

Em dezembro de 1851, Tubman guiou um grupo de 11 fugitivos norte. Há evidências que sugerem que o partido parou na casa de escravo abolicionista e ex-Frederick Douglass.

Em abril de 1858, Tubman foi apresentada ao abolicionista John Brown, que defendia o uso da violência para perturbar e destruir a instituição da escravidão. Tubman compartilhada metas de Brown e pelo menos tolerada seus métodos. Tubman alegou ter tido uma visão profética de Brown antes de se conhecerem. Quando Brown começou a recrutar adeptos para um ataque contra os senhores de escravos no porto de Harper, ele virou-se para "General Tubman" para obter ajuda. Após a execução subseqüente de Brown, Tubman elogiou-o como um mártir.

Harriet Tubman permaneceu ativo durante a Guerra Civil. Trabalhando para o Exército da União como um cozinheiro e uma enfermeira, Tubman tornou-se rapidamente um olheiro armado e espião. A primeira mulher a liderar uma expedição armada na guerra, ela guiou o River Raid Combahee, que libertou mais de 700 escravos na Carolina do Sul.

O texto original encontra na versão inglês no site Biography e foi traduzido por este blogueiro.

Coleção História Geral da África em português é disponibilizada pela UNESCO



Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili.

Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.


Faça o download gratuito (somente na versão em português):

ISBN: 978-85-7652-123-5

ISBN: 978-85-7652-124-2

ISBN: 978-85-7652-125-9

ISBN: 978-85-7652-126-6

ISBN: 978-85-7652-127-3

ISBN: 978-85-7652-128-0

ISBN: 978-85-7652-129-7

ISBN: 978-85-7652-130-3

A África não se resume a pobreza, por Ngozi Adichie no DCM


O problema com estereótipos não é que eles sejam falsos, mas sim que eles são incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história”, diz Chimamanda Ngozi Adichie em sua palestra no TED Talks, The danger of a single story. Nessa palestra, a escritora nigeriana fala sobre a recepção dos seus romances e a surpresa de alguns leitores ao se depararem com a diversidade multicultural e multiétnica na Nigéria e na África em geral: a África não se resume apenas a miséria e pobreza. Chimamanda escreve sobre sua realidade, aliás, as diversas realidades presentes na Nigéria, suas tribos, tradições, hábitos e costumes. Pessoas ricas e pobres, boas e más, pessoas solidárias e pessoas que lucram com a guerra.


Ngozi Adichie.
Meio Sol Amarelo, segundo romance da autora, tem como pano de fundo a guerra civil da Nigéria: alguns anos após a sua independência, em 1960, a região do sudeste da Nigéria, dominada pela etnia igbo, clamou pela separação do seu território, instaurando, em 1967, a República de Biafra. Lembremos que o território da Nigéria foi colonizado e “desenhado” de maneira arbitrária pelos europeus, de modo que as diversas tribos etnicamente diferentes que ali viviam (yorubás, hauçás, igbos etc) passaram a fazer parte de um mesmo país, juntamente com os seus conflitos culturais e religiosos – conflitos estes, aliás, instigados pelos britânicos.
Voltando ao perigo da história única, neste romance vemos a mesma história na perspectiva de três personagens: Olanna, nigeriana de etnia igbo, tendo crescido em um lar abastado, fez sua graduação na Inglaterra e resolve se mudar para o sul do país, Nsukka, e lecionar sociologia na universidade, ao lado de seu companheiro revolucionário Odenigbo. Ugwu, rapaz vindo do vilarejo, de origem humilde, trabalha como empregado de Odenigbo e começa a ter uma visão diferente das coisas, numa casa visitada por intelectuais, onde reinam os debates sobre o desenvolvimento e a secessão de Biafra. Richard, jornalista inglês, decide ir para a Nigéria para escrever um romance. Lá, se apaixona por Kainene, irmã gêmea não-idêntica de Olanna, de personalidade forte e que frequenta os altos círculos sociais de Lagos.

Através do eixo Olanna-Ugwu-Richard, observamos as mudanças na Nigéria ao longo de uma década, desde a sua independência até o fim da República de Biafra. E vemos, sim, miséria, fome e guerras, mas também temáticas tão comuns a nós, americanos e europeus: conflitos familiares, discórdias e traições. Um primeiro aspecto que me chamou a atenção foi a relação de Olanna e Kainene que, apesar de irmãs gêmeas, possuem personalidades tão diferentes e uma relação marcada por desavenças, rivalidades e silêncio. Diante das atrocidades da guerra, uma das irmãs chega a afirmar, ao final da narrativa: “Há certas coisas que são tão imperdoáveis que tornam outras facilmente desculpáveis”. Outro ponto interessante no romance é o olhar de Richard, europeu deslocado, que se sente finalmente em casa quando a República de Biafra é instaurada em 1967: ele é cidadão biafrense desde o início, como um recomeço. Há cena marcante em que ele demonstra seu orgulho, a europeus como ele, de ser um cidadão biafrense e de dominar o idioma igbo. O livro ainda discute o racismo – que será aprofundado no romance seguinte de Chimamanda -, especialmente num belo trecho em que Odenigbo e seus colegas discutem o fato de o homem branco ter rotulado e dividido os negros africanos.

A escrita de Chimamanda é clara e direta, mas também bastante poética. Além do ponto de vista destes três personagens, a narrativa é fragmentada, indo e vindo entre o início e o final da década de 1960. Meio Sol Amarelo foi publicado em 2006 e ganhou os prêmios Baileys Women’s Prize for Fiction, um dos prêmios mais prestigiados de literatura na Inglaterra, o Anisfield-Wolf Book Awarde PEN Open Book Award. O título se refere ao meio sol desenhado na bandeira da República de Biafra. O romance foi adaptado para os cinemas em 2013 e conta com a participação do astro de Doze anos de escravidão, Chiwetel Ejiofor, no papel de Odenigbo. O filme também traz cenas reais da época da guerra e do presidente de Biafra, Ojukwu.

Chimamanda Adichie tem ainda dois outros romances publicados, Hibisco Roxo(2003) e Americanah (2013), que também está sendo adaptado para o cinema, e um livro de contos, The thing around your neck (2009), ainda não publicado em português. Ela também declarou seu feminismo em uma outra palestra no TED, We should all be feminists. Alguns trechos desse discurso estão presentes na música Flawless, de Beyoncé, o que tem dado a Chimamanda uma certa notoriedade na América. We should all be feminists virou um pequeno livro, cujo e-book você poderá ler gratuitamente em português aqui.

Em uma década, o Brasil demarcou mais de 96 mil hectares de terras quilombolas



Entre os montes da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, pequenas casas formam uma vila humilde com estrada de chão, campinho de futebol e casas sem reboco. O Sítio Histórico Kalunga, que tem território nas cidades de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás, fica a, aproximadamente, 540 km da capital goiana.

Imagem capturada do vídeo abaixo.
Resquício dos quilombos, o povoado de descendentes dos escravos negros Kalunga é uma das comunidades que teve sua história preservada pela demarcação dos territórios remanescentes de quilombolas pelo governo federal.

Nos últimos dez anos, foram regularizados mais 96 mil hectares de território histórico quilombola – o equivalente a 96 mil campos de futebol, ou quase três vezes a área da cidade de Belo Horizonte. Os títulos expedidos beneficiaram 4.605 famílias em 75 comunidades diferentes.

Desde 2003, pelo Decreto nº 4.887, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), tem a responsabilidade de identificar, delimitar, demarcar e titular este tipo de território.

          


O Incra é responsável por fazer estudos antropológicos, delimitação de áreas e abrir espaço para contestações de interessados. Caso o território se encontre em terras particulares, o decreto da Presidência da República declara a área como de interesse social e os particulares são indenizados. De 2011 a 2015, foram 32 decretos de desapropriação de 88,2 mil hectares, favorecendo mais de quatro mil famílias.

Diretor de Ordenamento da Estrutura Fundiária do Incra, Richard Torsiano observa que a política de demarcação pelo governo brasileiro é relativamente nova, mas já tem bons resultados. “Além de ser recente, é uma das políticas mais complexas do ponto de vista da garantia de direito territorial no Brasil. Se considerarmos isso, fizemos muitos avanços”, diz.

Para Torsiano, o Estado brasileiro tem uma dívida histórica com essa população e, agora, com as demarcações de terra, começa a repará-la. “Todos nós sabemos que os ancestrais desses povos foram as pessoas que carregaram o desenvolvimento do País em todo o processo de colonização – e carregam até hoje. Nada mais justo do que garantir o direito histórico à terra dessas comunidades.”

Lutamos por isso há muito tempo

Em sua casa em Cavalcante, o presidente da Associação Quilombola Kalunga no município goiano, Paulo Coutinho de Deus, enxerga os títulos como uma vitória. “Temos fazendas que já foram pagas e entregues à Associação para o nosso uso comunitário. Lutamos por isso há muito tempo.”

Mas é Sirilo dos Santos Rosa, de 61 anos, conhecido em Kalunga como Seu Sirilo, quem melhor define como a regularização das terras é importante para a comunidade. “O título é um porta voz para que nós possamos ter confiança de que a terra é nossa. É de grande importância. A gente não quer terra para comercializar, mas para trabalhar, plantar, morar, criar”, diz.

Ele explica que toda a terra da comunidade é de uso coletivo justamente para manter o caráter histórico. “Nós descobrimos muitos direitos nos últimos anos e corremos atrás para resgatar nosso território. É uma terra que não tem direito à venda, é para o uso de todo mundo e garantia para as futuras gerações.”

Atualmente, a comunidade tem um território titulado, mas ainda há regiões em processo de regularização, como o Povoado do Engenho II, onde Seu Sirilo é líder comunitário. Os moradores estimam que, com os títulos dos outros 10 mil hectares que ainda restam para regularizar, cerca de 1.200 famílias terão direito às terras remanescentes de quilombolas.

Entenda a regularização de terras quilombolas

O processo de regularização fundiária das comunidades quilombolas é dividido em cinco etapas. Em primeiro lugar, as comunidades com certificado de autodeclaração da Fundação Cultural Palmares, órgão vinculado ao Ministério da Cultura, abrem o processo em uma das 30 superintendências regionais do Incra espalhados pelo País – dessas, 27 possuem, atualmente, demandas para demarcação de territórios quilombolas.

O segundo passo é o estudo antropológico da região, que identifica e caracteriza a relação histórica e étnica da comunidade com aquela localidade. Os estudos são feitos pelo Incra e identificam e delimitam o tamanho do território e são compilados no Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), com levantamentos fundiários, cadastro das famílias e levantamento cartográfico.

“Não é um processo de simples desapropriação, como se fosse um processo de esbulho promovido pelo Estado. O que há é um reconhecimento de uma dívida histórica do Estado brasileiro, sendo reparada nesse momento, para garantir direito a essas comunidades.”

Na terceira etapa, há um prazo para recebimento de eventuais contestações de interessados particulares ou outros órgãos governamentais a serem recebidas pelo próprio Instituto. Depois de analisadas, se forem improcedentes, a presidência do Incra publica portaria reconhecendo e declarando os limites do território quilombola.

Caso a terra delimitada tenha algum território particular, a Presidência da República decreta as terras como sendo de interesse social, na penúltima etapa do processo. O Incra é responsável por avaliar o terreno e as benfeitorias para posterior indenização.

"Como estamos lidando com reconhecimento de direito, temos que garantir o direito do contraditório e de ampla defesa. Nesta etapa, os proprietários podem contestar na justiça e apresentar sua defesa", explica o diretor.


A última etapa da regularização das terras é a emissão do título. O título é coletivo e em nome das associações que legalmente representam as comunidades quilombolas.

Consulesa da França fala sobre estigmatização e racismo no Brasil durante a Marcha das Mulheres Negras


Imagem capturada do vídeo.
A Consulesa da França, Alexandra Loras, que participou da Marcha das Mulheres Negras cedeu entrevista ao Repórter Brasil e falau sobre racismo sútil, estrutural, estigmatização e políticas de cotas no Brasil.

Em sua fala ela discorreu ser favorável às cotas e disse “muitas vezes as pessoas questionam: mas você é francesa mesmo? (...) É muito difícil para um branco saber o que é o racismo”. Para ela a mídia é uma das principais propagadoras do racismo.






MEC pretende ofertar ensino de idiomas a professores do ensino básico



O Ministério da Educação (MEC) quer priorizar os professores da educação básica no Programa Idioma sem Fronteiras, segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Com isso, os professores receberão aulas de idiomas, com opção para o inglês e o francês, e poderão formar melhor os estudantes até o ensino médio. "Temos que abrir o foco prioritário para a formação de professores e professoras do ensino básico. Estamos chegando na universidade para fazer o idioma, quando devíamos ter feito isso antes, no ensino básico", disse nessa quarta (25) no 1º Encontro do Programa Idioma sem Fronteiras: Internacionalização e Multilinguismo.

Foto/Divulgação.
A proposta do Idiomas sem Fronteiras é complementar o Ciência sem Fronteiras e as demais políticas públicas de internacionalização do ensino. O programa prevê a aplicação de testes de proficiência e de nivelamento, cursos online e presenciais. A iniciativa começou em 2013, com o Inglês sem Fronteiras. Atualmente é ofertado também o francês. São atendidos alunos de graduação e pós-graduação.

A presidenta do programa, Denise de Abreu e Lima, diz que o atendimento aos professores está previsto na portaria que criou o programa, mas que isso ainda não aconteceu "porque o programa estava se estruturando". Segundo ela, ontem foi feita uma primeira reunião com as universidades para verificar as condições de atender aos docentes. Há a possibilidade de abertura de cursos específicos para eles.

Ciência sem Fronteiras

Em discurso, Mercadante disse também que o Programa Ciência sem Fronteiras, um dos que sofreu cortes este ano devido ao contingenciamento do Orçamento Federal, deverá ser mantido. "Queremos manter o Ciência sem Fronteiras. Vamos fazer ajustes, buscando das universidades bolsas gratuitas, redução de taxas, facilitação do acompanhamento dos estudantes. Está na hora de retribuírem um pouco mais o esforço que o Brasil fez no programa".

O Ciência sem Fronteiras foi lançado em 2011 com a meta de conceder inicialmente 101 mil bolsas - 75 mil bancadas pelo setor público e 26 mil por empresas privadas. As bolsas são voltadas para as áreas de ciências exatas, matemática, química e biologia, engenharias, áreas tecnológicas e de saúde. A primeira etapa está em fase final de implementação.

A segunda etapa foi anunciada em meados do ano passado, pela presidenta Dilma Rousseff, que prometeu mais 100 mil bolsas de 2015 a 2018. Com o contingenciamento no orçamento, não houve novos editais para graduação este ano.