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(FOTO | Pedro Borges | Alma Preta). |
Lideranças
do movimento negro e quilombola, como Douglas Belchior, Dulce Pereira e Aline
Mendes, estiveram reunidos com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e apresentaram uma carta com pedido de compromisso do presidente eleito no
combate ao racismo ambiental e à garantia da justiça racial. A importância de
titulação das terras quilombolas também foi reforçada pelo movimento negro
durante o encontro.
“Se a gente não fizer agora com rapidez o
reconhecimento dos quilombos brasileiros, o processo demora muito. A burocracia
não permite que as coisas que parecem fáceis, sejam fáceis. Então eu voltei com
a disposição de fazer o que eu não fiz da outra vez, fazer mais e com mais competência
e mais qualidade”, destacou Lula no evento.
Ao
longo do encontro com a sociedade civil, também foram entregues a Lula cartas e
demandas dos povos originários, das juventudes e das populações das periferias,
que destacaram a importância de participação nas decisões sobre políticas
públicas que os afetam. “Nós vamos
retomar as conferências nacionais para que o povo decida qual é a política
pública que entende ser a correta para o meu governo colocar em prática”,
afirmou Lula.
O
encontro, realizado nesta quinta-feira (17), foi organizado pelo Brazil Climate
Hub, espaço da sociedade civil criado desde a COP25, em Madrid, na Espanha.
Alguns nomes anunciados para a equipe de transição do governo estiveram
presentes na reunião, como Célia Xakriabá, Douglas Belchior, Fernando Haddad,
Joênia Wapichana, Marina Silva e Sônia Guajajara.
A
carta feita pela Coalizão Negra por Direitos destaca a presença de integrantes
da organização durante a COP 27, em Sharm El Sheik, Egito. Os participantes
ressaltam a necessidade de manter o aquecimento em 1.5 C até 2030, de acordo
com as previsões do IPCC.
“O movimento negro, unido ao movimento dos
povos originários e unido ao movimento dos povos tradicionais, aprofundou o
debate sobre a questão climática. Hoje, para nós, isso é fundamental. Não
existe justiça climática, sem enfrentamento ao racismo”, disse o
historiador e fundador da Uneafro, Douglas Belchior.
A
importância da adaptação para as mudanças climáticas também é destacada na
carta produzida pelas organizações negras para o presidente eleito. "No Brasil, a população negra está
diretamente afetada pelos impactos das mudanças do clima nas cidades, e no
campo estamos vivendo a emergência climática. Mais de 60% da população negra no
país está diretamente impactada pelos eventos extremos do clima devido às
condições de moradia, alimentação, saúde, acesso à terra urbana e rural,
trabalho e renda, mobilidade e localização", afirma a coalizão.
O
documento das organizações negras - que já reúne 256 assinaturas - ressalta que
as bases de conhecimento em saberes tradicionais, técnicos, científicos e
tecnológicos da população negra devem ser consideradas para o alcance das metas
de sustentabilidade climática e social.
Durante
o evento, Lula também falou sobre a importância de se garantir a proteção das
terras indígenas. “Se a gente não
resolver as questões sociais, não vale a pena a gente governar esse país. É por
isso que vamos criar o Ministério dos Povos Originários, porque a gente precisa
fazer uma mudança completa na nossa relação com os indígenas desse país”.
Além
disso, o presidente eleito contou que terá uma conversa com o secretário-geral
da ONU, António Guterres, em que pretende cobrar um posicionamento mais
contundente dos países signatários dos acordos e metas climáticas. “Os fóruns
da ONU não podem continuar sendo fóruns de discussões teóricas intermináveis e
que, muitas vezes, não são levadas a sério”, destacou.
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Com informações do Alma Preta.