14 de março de 2018

Povo quer candidato que acredite em Deus. Prefiro um que acredite no povo



Para 79% da população, é importante que um candidato à Presidência da República acredite em Deus – sendo que 67% concorda totalmente com isso e 12%, parcialmente. Uma minoria de 21% acha que isso é irrelevante ou é indiferente. Os dados são da pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta terça (13).

O brasileiro aceita mais facilmente alguém que tenha fé no Deus cristão do que alguém que não acredite ou não tenha certeza disso. E nem precisa ser da mesma religião – apenas 29% dos entrevistados do Ibope acha que o candidato deva compartilhar da mesma fé que eles.

Até aí, nada de novo. Ficaria chocado se o país elegesse hoje um presidente que não precisasse esconder o fato de ser ateu convicto de seu eleitor com medo que o seu caráter fosse, estupidamente, julgado por conta disso. Pela natureza    de alguns debates públicos em eleições passadas, não parecia que estávamos escolhendo um líder político, mas participando de um conclave para definição de papa.

No dia em que isso ocorrer, creio que atingiremos a maturidade como democracia. Não porque ateus são melhores e religiosos são piores, longe disso. Mas porque teremos compreendido que, se o governante zelar pela dignidade e igualdade de direitos de todas as crenças, sua fé pessoal é tão importante quanto o time de futebol pelo qual torce.

A história mostra que garantir salvo-conduto a figuras de autoridade reconhecidas por sua fé pode resultar em sofrimento profundo. Quantas vítimas de certos padres católicos que cometeram abusos sexuais gritaram por anos sem serem ouvidas? Quantos bispos de algumas religiões evangélicas foram acusadods de crimes e até de estupro e suas congregações fecharam os olhos para não encarar o pecado?.

A fé pode se juntar à política com o objetivo de libertar o espírito e o corpo da opressão, como na Teologia da Libertação ou em movimentos semelhantes que existem entre protestantes e mais especificamente nas denominações evangélicas – apenas para citar o cristianismo. Ou ser instrumento para causar dor, caminho para reduzir a dignidade de outra pessoa ou limitar os direitos fundamentais de outro grupo social. Quantos adeptos de religiões de matriz africana não sofrem com administradores públicos que abraçam interpretações fundamentalistas da fé, ignorando a violência cometida contra esses adeptos e seus centros?
No Brasil, mesmo aqueles políticos que não se dizem religiosos, quando tentam atingir ou manter o poder, atendem às demandas de grupos ultraconservadores com vistas à chamada governabilidade. Por exemplo, o combate à homofobia através da educação não avança por conta da pressão de deputados da bancada fundamentalista e pelos cálculos políticos do Palácio do Planalto.

O povo quer um candidato que acredite em Deus. Prefiro um que acredite no povo. E garanta a separação Estado e religião, relação que, por aqui, anda querendo formalizar união estável com a benção do Supremo Tribunal Federal – que liberou a catequese nas escolas.

Deveríamos seguir o conselho do sábio de barba – neste caso, Jesus Cristo, não Karl Marx. No Evangelho atribuído a Mateus, capítulo 22, versículo 21: ''Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus''. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).

Parlamentares evangélicos oram no Congresso Nacional. (Foto: Saulo Cruz/ Agência Câmara).


Morre Stephen Hawking, o físico britânico que revolucionou a Ciência e nossa maneira de entender o Universo



O físico britânico Stephen Hawking morreu nesta quarta-feira, aos 76 anos, segundo informou sua família.

Com sua morte, desaparece um dos cientistas mais conhecidos do mundo e também um dos divulgadores da ciência mais populares das últimas décadas.

"Estamos profundamente tristes pela morte do nosso pai hoje", disseram seus filhos Lucy, Robert e Tim.

"Era um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado viverão por muitos anos", afirmaram em um comunicado.

Nascido em 8 de janeiro de 1942 em Oxford, no Reino Unido, Hawking era considerado um dos cientistas mais influentes do mundo desde Albert Einstein, não só por suas decisivas contribuições para o progresso da ciência, como também por sua constante preocupação em aproximar a ciência do público e por sua coragem de enfrentar a doença degenerativa de que sofria e que o deixou em uma cadeira de rodas e sem capacidade para falar de maneira natural.

Hawking usava um sintetizador eletrônico para poder falar, mas a voz robótica produzida pelo aparelho para expressar suas ideias acabou se tornando não só uma de suas marcas registradas como foi constantemente ouvida e respeitada no mundo todo.

Para produzir sua "fala", o físico usava formava as palavras em uma tela com o movimentos dos olhos, também usado para movimentar sua cadeira de rodas.

Casamento e diagnóstico

Filho de um biólogo que decidiu tirar sua família de Londres para deixá-los a salvo dos bombardeios alemães durante a Segunda Guerra Mundial, Hawking cresceu na cidade de St. Albans.

Como estudante, não tardou em demonstrar seu valor. Formou-se com honras em Física em Oxford, e mais tarde se pós-graduou em Astronomia pela Universidade de Cambridge.

O jovem Hawking gostava de montar a cavalo e de remar.

Mas aos 21 anos tudo mudou. Ele começou a notar que seus movimentos eram cada vez mais desajeitados e foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neuromotora.

Os médicos disseram que ele não viveria mais do que dois anos.

Quando foi diagnosticado, planejava seu casamento com Jane Wilde, sua primeira mulher.

"O compromisso me salvou a vida, me deu uma razão para viver", contou o físico anos mais tarde.

O casal teve dois filhos.

Hawking desafiou todos os prognósticos e a doença avançou mais lentamente do que o previsto, mas com os anos acabou o deixando somente com movimento em dois dedos e em alguns músculos faciais.

Isso não impediu que seguisse trabalhando em suas teorias, divulgadas em livros e eventos públicos.

Em 1988 ele havia completado sua obra "Breve História do Tempo", que se converteu em um sucesso absoluto no mundo todo, com mais de 10 milhões de cópias vendidas.

Suas teorias

Hawking havia demonstrado que a paixão à qual dedicou toda sua vida, estudar as leis que governam o universo, também poderia ser atraente para o grande público.

Ele conseguiu que sua deficiência se convertesse em uma das chaves de sua obra científica. Quando perdeu a mobilidade dos braços, se empenhou em ser capaz de resolver os cálculos científicos mais complexos somente com a mente, sem anotar equações.

Logo começou a propor teses revolucionárias que questionavam os cânones estabelecidos.
Uma de suas afirmações mais ousadas foi a de considerar que a Teoria Geral da Relatividade formulada por Einstein implicava que o espaço e o tempo tivessem um princípio no Big Bang e um fim nos buracos negros.

Em 1976, seguindo os enunciados da física quântica, Hawking concluiu em sua "Teoria da Radiação" que os buracos negros - as regiões no espaço com tamanha força de gravidade que nem a luz pode escapar delas - eram capazes de emitir energia e perder matéria.

Em 2004 revisou sua própria teoria e chegou à conclusão de que os buracos negros não absorvem tudo.

"O buraco negro só aparce em uma silhueta e depois se abre e revela informações sobre tudo o que havia caído dentro dele. Isso nos permite verificarmos o passado e prever o futuro", disse o cientista.

Ainda mais breve...

Hawking teve um papel fundamental na difusão da Astronomia em termos fáceis de comprender para o público geral.

Consciente de que seu livro havia vendido muito, mas lido inteiro por poucos, devido à sua complexidade, Hawking publicou uma versão mais curta e de leitura mais fácil da já "Breve História do Tempo".

O físico tentou por todos os meios que as pessoas comuns se aproximassem dos mistérios do universo, e em busca desse objetivo não duvidou em recorrer ao humor.

Em uma aparição que ficou famosa no desenho de televisão "Os Simpsons", o cientista advertia Homer de que roubaria sua ideia de que o universo tem forma de rosca.

Outra mostra de sua relação com a ironia está presente em sua própria página na internet, com piadas contadas por ele mesmo.

"Quando tive que dar uma conferência no Japão, me pediram que não fizesse menção ao possível colapso do universo, porque isso poderia afetar as bolsas de valores", escreveu.

"Porém , posso assegurar a qualquer um que esteja preocupado com seus investimentos de que é um pouco cedo para vender. Ainda que o Universo acabe, isso não deve ocorrer dentro de ao menos 20 bilhões de anos", concluiu. (Com informações da BBC Brasil).

Hawkink sofria desde jovem com a esclerose lateral amiotrófica. (Foto: BBC/ Richard Ansett).


13 de março de 2018

Fórum Social Mundial começa nesta terça com um único slogan – ‘Resistência’



Com o tema central “Povos, Territórios e Movimentos em Resistência”, e o slogan “Resistir é criar, resistir é transformar”, o Fórum Social Mundial (FSM) deve ser um evento de resistência contra os retrocessos e os ataques à democracia no Brasil. Criado em 2001, em Porto Alegre, o FSM 2018 será realizado entre terça (13) e sábado (17), em Salvador.

Com programação vasta e diversificada, o evento terá como território principal o Campus de Ondina, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), além de outros locais da capital baiana, como o Parque do Abaeté, em Itapuã, e o Parque São Bartolomeu, no Subúrbio Ferroviário da cidade. Segundo os organizadores, são esperadas cerca de 60 mil pessoas, de 120 países, reunidas para debater e definir novas alternativas e estratégias de enfrentamento ao neoliberalismo, aos golpes e genocídios que diversos países enfrentam na atualidade.

Com mais de 1.500 coletivos, organizações e entidades cadastradas, e em torno de 1.300 atividades autogestionadas inscritas, o Fórum Social Mundial reunirá representantes de entidades de países como Canadá, Marrocos, Finlândia, França, Alemanha, Tunísia, Guiné, Senegal, além de países sul-americanos e representações nacionais.

Entre as presenças confirmadas estão a dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Fernando Lugo, do Paraguai, e José Mujica, do Uruguai. Também participarão o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, a militante indígena e pré-candidata à vice-presidência pelo Psol Sônia Guajajara, a presidente da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM), Lorena Peña, e o filósofo do Congo Godefroid Ka Mana Kangudie.

Participarão ainda das atividades do FSM Abdellah Saaf, ex-ministro da Educação de Marrocos; Eda Duzgun, liderança das mulheres curdas; Sara Soujar, do Movimento de Combate ao Racismo e Xenofobia do Norte de Marrocos; Mamadou Sarr, militante da Mauritânia para defesa dos negros; e Gustave Massaih, membro fundador do movimento de Maio 68, na França, entre dezenas de outras lideranças e ativistas internacionais. (Com informações da RBA).


Desde que foi criado, em 2001, essa é a primeira vez que o Fórum é realizado numa cidade do Nordeste.
(Foto: Reprodução/FSM 2018).



Voto do vereador Flávio Coreia causa estranheza no meio político de Altaneira



Apenas um voto. Mas foi motivo para causar estranheza no meio político partidário de Altaneira. O autor da proeza? Flávio Correia com assento na Câmara pelo Solidariedade e que já foi líder do ex-prefeito Delvamberto Soares.

O fato ganhou as redes sociais tão logo o advogado e blogueiro Raimundo Soares Filho publicou na manhã desta terça-feira, 13, em seu Blog de Altaneira. Flávio, que é relator da Comissão Permanente da casa, acabou por emitir parecer a aprovação da Contas de Gestão do ex-prefeito Antonio Dorival de Oliveira referente ao exercício financeiro de 2006.

No Blog, Soares questiona que o edil ao votar pela aprovação das contas de Dorival “não cita nenhuma das ressalvas apontadas pelo TCM, nem mesmo o fato de que o então gestor não enviava as contas para análise do Legislativo, motivo de diversas cobranças de seus antecessores Albino Aves, Deza Soares, Devaldo Nogueira e Lélia de Oliveira”, mas que ele ressaltou apenas “o extinto Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará, em análise de recursos de reconsideração e de revisão entendeu considerar as Contas de Gestão do ex-prefeito Municipal de Altaneira, regulares com ressalva, ainda que com aplicação de multa”.

Na rede social facebook, o caso ganhou destaque. “Mais estranho que o Parecer do vereador Flávio Correia é a falta de informações sobre este processo de julgamento que tramita na Casa do Povo desde novembro do ano passado”, disse Soares. A crítica foi endossada pelo vereador Adeilton Silva (PSD). “De fato fiquei surpreso quando fomos questionados a respeito da divulgação das informações a respeito desse processo de julgamento. Iremos solicitar da assessoria legislativa maior transparência na divulgação desse processo”, comentou.

As críticas foram rebatidas tanto pela assessoria de comunicação do legislativo, quanto pelo presidente. “Surpreso estou eu com o comentário do vereador já quê esste questionou no plenário da última sessão ordinária porquê foi lidos os pareceres no plenário para da publicidade”, argumentou o presidente Antonio Leite (PDT) e complementa “venho sempre cobrando da comissão o parecer dessas contas no qual foi dado parecer na comissão semana passada e apresentado o parecer na sessão do dia sete de março para quê fosse dado publicidade e em seguida marcada a sessão do dia 28 de março para votação cumprindo prazo regimental de dez dia pos notificação do ex gestor quê foi notificado ontem dia 12/03”.

Júnior Carvalho, Assessor de Comunicação, contrariou os argumentos citados. “Foi dado toda publicidade, foi lido os pareceres no plenário e publicado no site da casa. Mais publicidade impossível” e aproveitou para alfinetar o vereador Adeiton. “Por outro lado, segundo diz a matéria que o líder de oposição deu a informação do parecer de 2006 e não falou nada sobre parecer que também foi dado do ano 2005 que o vereador votou pela desaprovação das contas do ex- prefeito Dorival. No minimo estranho”, pontuou.

O blogueiro Raimundo Soares ainda teceu críticas ao ex-vereador, ex-secretário de educação e hoje secretário de governo Deza Soares. “O vereador Deza Soares era o mais ferrenho crítico do ex-gestor, mas provavelmente também mudou de opinião”. Mas Deza rechaçou. Segundo ele as críticas direcionadas a si são sem fundamentos. “Não conheço nenhum motivo para tal, portanto, só mais uma crítica sem fundamento”.

Vereador Flávio Correia.
(Foto de Aquivo).
Em sua conta no facebook, a Câmara ainda divulgou nota de esclarecimento de Flávio acerca do tema. Por ela, o edil destaca que no período em evidência não exerceu a vereança e que por isso preferiu “emitir um juízo técnico, o primeiro – com sustentação nas apurações realizadas pela CPI da Câmara, relatório de tomada de contas do TCM/CE e da Justiça Federal, que apuraram a contratação com irregularidade dos contratos de serviços de coleta de lixo domiciliar e compra de medicamentos e produtos hospitalares; o segundo – pelas diversas pesquisas realizadas junto aos órgãos de acompanhamentos e de fiscalização da administração naquele ano, onde nada foi localizado, seja denunciatório, de provocação ou apuração, ou seja, no ano de 2006, esta Câmara Municipal, por seus nove integrantes, não apresentaram ou representaram contra qualquer ato do gestor” e finaliza argumentando “digo e reafirmo, que proferi os votos de acordo com a minha consciência”.

Está marcada para o dia 28 deste mês uma sessão para julgar as contas do ex-prefeito Dorival, podendo contar com sua presença.

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A redação do Blog Negro Nicolau (BNN) comunica que as citações contantes nesta matéria foram retiradas da mesma forma que foram postadas.

Partido de Bolsonaro, PSL se diz contra o autoritarismo e a violência

PSL defende 'social-liberalismo' contra 'autoritarismo' e rejeita violência contra liberdade individuais.
 (Foto: Alex Ferreira/ Ag. Câmara).


A violência se combate com energia ou mais violência”. A frase foi uma das muitas afirmações feitas pelo deputado federal Jair Bolsonaro no ato de filiação ao nanico Partido Social Liberal (PSL) na semana passada. Mas se o pré-candidato do PSL à Presidência da República é conhecido por falas polêmicas - e, por vezes, pelas tentativas de negá-las -, a declaração revela falta de conexão entre o parlamentar e os princípios teóricos de seu novo partido.

O PSL se afirma como agremiação defensora da liberdade individual contra o “autoritarismo, a imposição e a violência”. Já Bolsonaro, capitão da reserva do Exército, exalta em diversos momentos a ditadura civil-militar (1964-1985) e figuras consideradas por ele como “heróis”.
O termo foi usado pelo presidenciável diversas vezes para exaltar o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) por crime de tortura quando chefiou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operação de Defesa Interna (Doi-Codi) do 2º Exército, em São Paulo.

Na área econômica, o PSL se define em site como “social-liberalista”. É defensor da redução do papel do Estado na economia, a “cooperação social através do mercado” e de “trocas voluntárias entre os agentes privados”. Já no estatuto oficial, a legenda defende o Estado como "regulador" da economia.

Guinadas ideológicas

O presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), concorreu ao Palácio do Planalto em 2006, recebendo 0,06% dos votos válidos (62.064). Na época, defendeu valores similares aos de Bolsonaro, mas opostos ao estatuto que o PSL viria a registrar na Justiça Eleitoral em 2011.

O partido registrou quatro diferentes estatutos no TSE desde sua criação, em 1998. Nos três primeiros não havia menção aos direitos humanos. Isso permitiu a Bivar concorrer ao Planalto com uma agenda conservadora: pena de morte, instalação de “miniquartéis” em favelas para conter a violência e a criação do imposto único.

A partir de 2011, com a mudança do estatuto, o PSL se aproximou do campo da esquerda. Em 2014, a legenda apoiou Eduardo Campos (PSB) para a Presidência e, após a morte do socialista em acidente aéreo, se aliou a Aécio Neves (PSDB).

A dança de cadeiras ideológica revela o estilo de gestão do partido por Bivar, um empresário e ex-cartola do futebol cujas manobras no comando do nanico PSL são tomadas apenas por ele há 20 anos. É ele quem decide o destino de recursos do Fundo Partidário, que somou cerca de R$ 5,6 milhões em 2017.

O controle partidário, contudo, deve mudar. A chegada de Bolsonaro se baseou numa conversa para que o poder seja dividido dentro do PSL. Não à toa, em seu discurso de filiação, Bolsonaro disse que Bivar “ainda é presidente” da legenda.
Nem direita nem esquerda

Embora o PSL tenha se aproximado de setores da esquerda e Bolsonaro desponte como catalisador de votos de eleitores conservadores, o partido diz rejeitar a polarização que coloca seu presidenciável em segundo lugar nas pesquisas.

Pode parecer clichê, mas não acreditamos no eixo ‘direita vs [versus] esquerda’ como o mais elucidativo para definir uma posição política. Preferimos o eixo ‘liberdade vs [versus] autoritarismo’. E nesse eixo, sem dúvidas, estamos do lado da liberdade.”

O afirmação consta na sessão de perguntas e respostas publicada pelo partido em sua página oficial. O questionário é um suplemento de informações ao minguado estatuto de 27 páginas registrado pelo PSL em cartório no final de 2011.

Bivar criou o PSL em 1998 e preside o partido desde então.
(Foto: Reprodução/ Facebook).
Em apenas sete linhas do documento, que representou uma guinada em relação ao posicionamento de Bivar em 2006, o partido define seus fundamentos arrogando-se como “forte defensor dos direitos humanos”. Já o agora pré-candidato do PSL defendeu a saída do Brasil de tratados internacionais de direitos humanos. Logo depois, Bolsonaro disse que os direitos humanos são “esterco da vagabundagem”.

O restante do estatuto versa sobre temas da burocracia partidária. Entre eles, a regulamentação do repasse para o partido de 5% do salário bruto recebido por filiados eleitos para cargos públicos ou por filiados à legenda que ocupem cargos comissionados.

Cartolagem

A chegada de Bolsonaro ao PSL recoloca Bivar no cenário político com chances de melhorar seu próprio desempenho eleitoral. Dono de um patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 14,7 milhões em 2014, ele disputou uma vaga na Câmara dos Deputados. Não foi eleito. Mas é deputado federal como suplemente por Pernambuco.

Ex-presidente do Sport Recife, Bivar compõe a Bancada da Bola – como é conhecido o núcleo parlamentar ligados a times de futebol. Em 2001, ele foi um dos responsáveis por enterrar a Comissão Mista de Investigação (CPI) criada para investigar irregularidades envolvendo a parceria entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a multinacional de material esportivo Nike.

A CPI CBF/Nike apontou o novelo da rede internacional de propina a dirigentes esportivos que viria a ser revelada pelo Fifagate. A operação comandada pela Justiça dos Estados Unidos, desde 2015, levou à prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin.

A CPI terminou sem resultado e contou com uma encenação comandada por Bivar e o ex-presidente do Vasco Eurico Miranda, então deputado federal. Eles tentaram aprovar um relatório paralelo ao preparado pelo relator, mas não conseguiram.

A CPI comanda pelo ex-deputado Aldo Rebelo (PSB) terminou sem ser concluída. O relatório original da comissão teve sua publicação proibida Supremo Tribunal Federal (STF) e só veio a público em 2015. (Com informações de CartaCapital).


12 de março de 2018

O filme Pantera Negra e a questão da ancestralidade africana



Pela primeira vez um filme norte-americano coloca o tema da ancestralidade africana no contexto de discussão crítica ao colonialismo e de roubo e exploração das riquezas do solo africano. Dirigido por Ryan Coolger, um jovem negro formado pela Universidade da Califórnia, o filme Pantera Negra estreia no cinema brasileiro produzindo entusiasmo e contentamento entre ativistas negros(as) de diferentes matizes ideológicas, não apenas por apresentar referências positivas de identidade negra, mas também por colocar o continente africano fora da lógica da pobreza e do subdesenvolvimento estruturais. É importante destacar que Pantera negra também se coloca em uma perspectiva de resposta para uma indústria cinematográfica que tem sido contestada pelo seu racismo e machismo nas principais premiações, que ano após ano sequer indicavam negros aos prêmios.

Ao vincular altíssimo desenvolvimento tecnológico com rituais e saberes tradicionais, evidenciando o poder das mulheres no reino fictício de Wakanda, o diretor coloca em discussão não apenas a relação entre magia e tecnologia, como substrato de subordinação e exploração do mundo capitalista, mas como expressão de afirmação de alteridade e poder que se desenvolvem de forma autônoma e solidária. Neste contexto, o protagonismo e o poder feminino trazem à tona as sociedades matriarcais africanas, revelando a capacidade, a força e autonomia na gestão da vida e também o compromisso com interesses do bem-estar coletivo. Com um exército totalmente composto por mulheres, Wakanda revela o lugar de estrategista, defesa, resistência e de lealdade ocupado por muitas mulheres em sociedades matrilineares e matriarcais africanas.

Enquanto o mundo capitalista, usurpador das riquezas minerais africanas continua olhando a África como um lugar de muita miséria, magia e superstição, o reino de Wakanda se desenvolve em termos de relações políticas, étnicas e produção de riqueza, a partir de sua base material e espiritual. Todo o desenvolvimento se dá em razão de uma busca inteligente e respeitosa das forças que emanam dos reinos minerais, animal e vegetal.

Em torno do vibranium, um mineral raro e fictício; da pantera negra, um animal que representa um clã ancestral; e da erva do coração, um vegetal que permite o acesso ao mundo ancestral; o reino de Wakanda recoloca novos e velhos sentidos e significados de ritual e ancestralidade para pesquisadores, ativistas e religiosos envolvidos com a África e suas diásporas.  Em razão de sua complexidade e dos interesses que estão em jogo e em disputa no mundo capitalista, aqui vou deixar de lado duas questões fundamentais colocadas no filme: 1- a discussão e a forma de exploração de metais raros e preciosos no subsolo africano; 2- o debate sobre a necessidade de transferência tecnológica para que os africanos se apropriem de suas riquezas. Seguindo uma linha de argumento possibilitada pelo trabalho do diretor, tomo a direção do diálogo com as forças do mundo ancestral, cuja mediação se dá por meio de ritual.

Embora a Pantera como representação de divindade ancestral seja praticamente desconhecida da maioria dos adeptos das religiões brasileiras de matrizes africanas, não se pode negar sua existência e seu culto no candomblé Jêje, através do vodun Kpòsú. O seu desconhecimento decorre tanto da predominância dos estudos e da difusão da tradição ioruba quanto da diminuição e dificuldade de expansão do candomblé Jêje. Na tradição do candomblé Jêje, Kpòsú é um vodun de luta, poder e força que funda o clã filhos da pantera. No filme, a pantera negra é a divindade ancestral que além de ter permitido o acesso e o conhecimento sobre os poderes do vibranium, utilizado inclusive para curar ferimentos mortais, também indicou a necessidade do cultivo da erva do coração, cujo preparo e administração por meio ritual permite o acesso a verdades existentes no mundo ancestral.

Do ponto de vista religioso, na perspectiva das religiões tradicionais, a erva do coração da Pantera Negra relativiza o poder do sacerdote e das sacerdotisas como responsáveis pela manutenção de uma tradição e coloca no sujeito do culto a responsabilidade de acessar, pelo coração, as verdades do mundo ancestral. Não há em Wakanda um sacerdote ou uma sacerdotisa responsável por um oráculo que determine o caminho a seguir. Esse tipo de determinação, por um lado, pertence ao campo da pesquisa científica e tecnológica e, por outro lado, ao conselho de anciãos, lideranças políticas e militares. O acesso ao mundo ancestral através de rituais tradicionais se faz necessário toda vez que um novo rei se torna responsável pela condução dos destinos do povo. Neste momento, entra em cena o trabalho de sacerdotes e sacerdotisas, como responsáveis em preparar e proporcionar a experiência.

O filme mostra que o ritual realizado com erva do coração, embora permita o acesso a verdades que estão guardadas no mundo ancestral, não tem poder de mudar escolhas e condutas dos sujeitos. Aliás, o acatamento e a vivência do ritual dependem do efetivo compromisso em preservar uma tradição em seu significado mais amplo, como lócus de autoconhecimento e cura de traumas e paranoias.  O acesso ao sagrado ancestral se dá pelo uso ritual da erva do coração. Isto não é uma metáfora cinematográfica, mas uma verdade religiosa que deveria fazer sentido para todas as pessoas que racionalizam a experiência religiosa individual, sobretudo para desqualificar e rejeitar a experiência do outro.  Essa perspectiva se inscreve no bojo da filosofia de Blaise Pascal(1623-1662) para quem  É o coração que sente Deus, e não a razão.”

O filme apresenta experiências rituais de dois reis que assumem o trono de Wakanda. O primeiro conhece bem e valoriza o sentido do ritual, o segundo rei se submete ao ritual; porém, por não aceitar aquilo que acessa como verdade, manda destruir a sua base de realização. A tentativa de destruir o ritual e a plantação da erva do coração é protagonizada por um descendente direto da família real de Wakanda, um príncipe abandonado pelo tio que matou o próprio irmão. Trata-se Erik Killmonger, personagem vivida pelo ator Michael Bakari Jordan, que consegue chegar ao reino de Wakanda, após estudar muito e fazer parte do grupo de elite da espionagem norte-americana. Seu instinto de vingança por ter sido abandonado pela família e seu conhecimento das relações de opressão capitalista e dominação colonial fizeram dele não apenas um estrategista de guerra de destruição, mas também alguém obstinado por um projeto de poder que além de não transigir com saberes tradicionais, pretende assumir a mesma lógica do opressor.  Ao acessar a verdade de sua história através do ritual, Killmonger retorna indignado, porque descobre que o pai também sofre a experiência do abandono,  não se encontra em um lugar de honra no mundo dos ancestrais. Afinal ele traiu seu povo repassando o segredo e os poderes do metal precioso. Após ser informado que a tradição estabelece a obrigatoriedade de passagem por aquele ritual aos sucessores do trono de Wakanda, ele ordena a destruição da plantação da erva do coração.

Como o antagonista ao projeto político e humanitário de Wakanda, Killmonger nos apresenta como um corpo pode ser apropriado e totalmente desumanizado pelo racismo e pela violência do Estado. É o personagem que coloca o dilema da representação identitária negra atrelada ao desconhecimento absoluto da história ancestral. Que reflete o vazio que o povo negro carrega por tudo o que o ocidente tomou e todo o desenvolvimento social tecnológico que nunca lhe foi creditado.

Para concluir, é importante ressaltar o tipo de tratamento dado pelo sistema escravista, a opressão colonial e capitalista aos saberes tradicionais dos africanos, como expressão de atraso cultural e político e de entrave ao desenvolvimento científico e econômico. Embora Killmonger releve em seu posicionamento uma crítica política ao colonialismo e também a dominação capitalista, a sua formação reflete as cisões produzidas pelo positivismo científico, que é o sustentáculo da razão instrumental.  Essa razão, além de ter contribuído para o desaparecimento de vários sistemas de crença e de saberes no solo africano, continua reverberando no campo educacional, impedindo a afirmação de referências positivas de identidades africanas. Diante disso, ativistas negros(as) têm muito a comemorar tanto do ponto de vista político-científico quanto do ponto de vista religioso: a ficção mostra um ancestral africano divinizado (kposu = Pantera homem) que legou ao seu povo força, coragem e sabedoria para erguer um reino com valores diferentes da ordem capitalista mundial. Wakanda enche os olhos e emociona, porque é a afirmação da unidade africana que não ficou restrita apenas à esfera da representação cultural! Wakanda forever!  (Por Erisvaldo Pereira dos Santos[1], no Portal Geledés).
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[1] Black Panter – 2018, 2h15,   Diretor: Ryan Coolger, Marvel Studios.

[2] Doutor em Educação pela UFMG, professor Associado da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP e Babalorixá no Ilê Axé Ogunfunmilayo em Contagem-MG  Agradecimentos especiais para Elisa Belém e Iris Pacheco pelas contribuições dadas a este texto.

** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.



O orgulho de ser “burro” mostra que o poço não tem fundo no Brasil



Confesso que tenho cada vez menos paciência para casos patológicos de burrice violenta. Aquela que não fica no seu cantinho, mas mostra os dentes e morde.

Antes de prosseguir, vale o aviso: burrice não é a falta de um conhecimento específico. Um camponês de uma comunidade isolada pode não saber navegar na internet. Mas duvido que você saiba produzir alimento a partir da terra como ele. É impossível saber sobre tudo e a beleza de estar em sociedade é a complementaridade dos saberes, a ponto de precisarmos uns dos outros para sobreviver.

Burro também não é quem separa sujeito e predicado por vírgula. Muita gente não entende isso e desvaloriza a opinião do outro por não compartilhar dos mesmos padrões de fala ou do mesmo universo simbólico. Algumas das pessoas mais sábias que conheci são iletradas. E alguns dos maiores idiotas têm doutorado. Significa que os iletrados são melhores que os doutores?. Não. Então, o contrário? Também não. Pois é burrice achar que usar ou não a norma culta da língua é condição para participar do debate público.

Trato aqui da burrice de quem menospreza o conhecimento, seja ele qual for, chegando a odiar quem o detém ou quem busca aprendizado.

Da burrice prepotente e apressada, que xinga um texto ou vídeo na rede sem ter consumido nada além de seu título ou visto o nome do autor ou autora. E, diante das críticas sobre a superficialidade desse comportamento, rosna, dizendo - no melhor estilo Donald Trump – que tudo o que é importante pode ser escrito em uma linha ou um tuíte. Ou que acredita que um produto é ruim simplesmente por não ter ido com a cara do rótulo.

O burro é aquele que vê seu preconceito violento como sabedoria.

Essa burrice, montada na soberba, pensa que já sabe de tudo a ponto de tachar os que discordam de sua visão de mundo como mal informados, comprados ou manipulados sem apresentar dados e fatos que corroborem a crítica. Ou tenta calar as vozes diferentes da sua por encarar a dissonância como ruído e não como música.

Pois a burrice sempre tenta destruir o conhecimento que ameaça jogar luz sobre ela própria.
Antes, se alguém me mostrasse uma imagem de pessoas enlouquecidas em torno de montanhas de livros em chamas, eu me lembraria de ''Fahrenheit 451'', de François Truffaut (1966). No filme, livros são proibidos, sob o argumento de que tornam as pessoas infelizes e improdutivas. Quem lê é preso e ''reeducado''. Se uma casa tinha livros, ''bombeiros'' eram chamados para queimar tudo.

Hoje, se me mostrassem uma imagem assim, logo me perguntaria: onde foi desta vez? Algum grupo fundamentalista islâmico, cristão, judeu ou budista?. Interior dos Estados Unidos? Neonazistas europeus? África? Coreia do Norte? China? São Paulo, Rio ou uma grande cidade brasileira?.

No dia 10 de maio de 1933, montanhas de livros foram criadas nas praças de diversas cidades da Alemanha. O regime nazista queria fazer uma limpeza da literatura e de todos os escritos que desviassem dos padrões impostos. Centenas de milhares queimaram até as cinzas. Einstein, Mann, Freud, entre outros, foram perseguidos por pensarem diferente da maioria. A Alemanha ''purificou pelo fogo'' as ideias imundas deles, da mesma forma que, durante a Contra-Reforma, a Santa Inquisição purificou com fogo a carne, o sangue e os ossos daqueles que ousaram discordar de sua interpretação da bíblia.

A burrice também é incapaz de aceitar o próprio erro, transferindo a culpa para o outro. Ou, diante de um questionamento, foge da autocrítica, dizendo que outra pessoa ou partido também faz a mesma coisa. A burrice não pede desculpa.

Pois a burrice de um indivíduo acha que é absolvida pela burrice de outro indivíduo ou do coletivo.

Nesta semana, a página de um grupo de extrema direita fez uma enquete entre seus seguidores, questionando quem eles ''jamais'' votariam para presidente. Muitos interpretaram mal a pergunta e responderam o inverso, em quem votariam. Até aí, tudo bem. Quem nunca?.
Então, os administradores da página informaram várias vezes sobre o erro de interpretação. O que fizeram os seguidores? Culparam o grupo por ter feito uma pergunta ''errada''. A certa seria a pergunta de sempre, sem a inversão do ''jamais'', ou seja, aquilo que não levasse à reflexão. Neste caso, pensar foi visto como um erro e tratado como tal.

A burrice não aceita a existência de outra versão que interprete os fatos além da sua. É incapaz de reafirmar sua visão e, ao mesmo tempo, conviver com análises divergentes. Enxerga a opinião alheia como ''notícia falsa'' não por desconhecer a diferença entre formatos de textos narrativos e opinativos, mas por não admitir o conteúdo. A burrice de alguns seguidores de políticos que não aceitam a existência de divergências ocorre da direita à esquerda, ou seja, não é monopólio de ninguém.

Isso só vai ser resolvido com a qualificação do debate público. De acordo com o sociólogo Bernard Charlot, um saber só tem valor e sentido por conta da relação que ele produz com o mundo. Quando o debate público for mais qualificado, a pessoa se sentirá mais motivada a procurar se informar melhor e de maneira mais plural a fim de conviver com seus pares nas redes sociais ou mesmo na vida offline.

Ler coisas com as quais concordamos e com as quais não concordamos é um primeiro passo. Ler fontes de informação que não sejam anônimas, ou seja, que se responsabilizam pelo que divulgam, é outro. Preferir fontes que baseiam seus relatos em provas e não em suposições ou teorias da conspiração. Que são gostosas, mas burras.

A escola deve promover debates e reuniões para que todos entendam que tipo de mensagem estão passando a seus filhos – ainda mais neste ano eleitoral. Dois pais ou duas mães que defendam o voto em um candidato X e dois pais ou duas mães que defendam o voto em um candidato Y podem ser convidados para apresentar seus pontos de vista para os alunos em uma turma, de forma respeitosa. Pois a aprender como fazer a discussão de valores com respeito a ideias divergentes é tão importante quanto absorver conhecimento técnico. Quando uma escola fecha os olhos a isso, transmite uma ideia. Em outras palavras, o silêncio não é neutro.

A opinião pública e parte dos intelectuais alemães se acovardaram ou acharam pertinente o fogaréu nazista descrito acima, levado a cabo por estudantes que apoiavam o regime. Deu no que deu. Hoje, vemos muitos se acovardarem diante de ondas burras, intolerantes e violentas frente ao conhecimento. Não, não estou comparando nossa sociedade com a nazista. Apenas dizendo que a burrice pode ser atemporal. E universal.

Como sempre digo: falta amor no mundo, mas falta interpretação de texto. E calmante na água de muita gente. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).

(Foto: Reprodução/ Blog do Sakamoto).

11 de março de 2018

Temer planeja acabar O Bolsa Família, anuncia ministro do desenvolvimento social e agrário



O governo Temer planeja acabar com o programa social que beneficia 13,8 milhões de famílias e alterar seus princípios. Segundo o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, o novo nome será “Bolsa Dignidade” e as famílias deverão receber R$ 20 a mais, desde que realizem trabalho voluntário.

Uma reunião na próxima terça-feira (13) deverá decidir sobre as mudanças. Como o ministro deixará o cargo até abril para buscar sua reeleição à Câmara dos Deputados, tudo deverá ser concluído neste mês. As informações são do jornal O Globo.

Além do trabalho voluntário, o governo planeja que os beneficiários só recebam a bolsa se cumprirem condicionantes. Uma delas é que os filhos dos beneficiários façam estágio em empresas privadas no segundo turno escolar.

Assessores do Planalto estariam animados com desfiguração do Bolsa Família, que deixaria de ser “assistencialista”. O novo programa terá como objetivo “comprar o ócio do beneficiário, em vez de pagar o ócio”, nas palavras deles.

O governo Temer parece desconhecer estudos como o da socióloga Walquiria Leão Rego e do filósofo italiano Alessandro Pinzani, que entrevistaram 150 mulheres beneficiárias do programa. O resultado está no livro Vozes do Bolsa Família (editora Unesp). Segundo os pesquisadores, o programa enfraqueceu o coronelismo e rompeu a cultura da resignação. Outro aspecto positivo foi transformar a vida de milhares de mulheres, que são quem recebe o cartão.

O Bolsa Família é uma das principais marcas do governo Lula, criado em 2003. Outro reflexo positivo foi ter levado o Brasil a sair do Mapa da Fome das Nações Unidas. O Brasil reduziu em 82,1%, entre 2002 e 2014, o número de pessoas subalimentadas. O programa já foi elogiado pela ONU, o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. (Com informações da Revista Fórum).

Vanderleia Oliveira durante reunião com no CRAS do distrito São Romão, em Altaneira, com beneficiarias do Programa
Bolsa Família. (Foto: Ítalo Duarte).