12 de janeiro de 2017

Prefeitura de Araripe divulga concurso público com mais de 130 vagas



O município de Araripe, na região do cariri cearense, divulgou através do prefeito Giovane Guedes (PR), que está com inscrições abertas desde o último dia 09 do mês corrente para o processo seletivo para contratação em caráter temporário visando preencher cargos vagos existentes.

Segundo informações da Universidade Patativa do Assaré (UPA), entidade contratada para prestar serviços de planejamento, organização e realização de todas as etapas do certame, as inscrições que se encerram nesta sexta-feira, 13, estão sendo realizadas ONLINE no site da referida instituição.

As vagas são para nível médio e superior com salários que vão de R$ 937,00 a R$ 2 700,00 com jornada de trabalho de 20h a 40h semanais conforme discriminado abaixo:

Agente Administrativo;
Assistente Social;
Auxiliar de Serviços Gerais;
Médico Veterinário;
Merendeira;
Monitor de Informática;
Motorista Categoria D;
Motorista de Transporte Escolar;
Nutricionista;
Operador de Máquina Pesada;
Professor de Ciências – Nível II (6º ao 9º ano);
Professor de História – Nível II (6º ao 9º ano);
Professor de Língua Portuguesa – Nível II (6º ao 9º ano);
Professor de Matemática –Nível II (6º ao 9º ano);
Professor Educação Infantil;
Professor Nível I – Polivalente;
Psicólogo;
Psicopedagogo
Técnico Agropecuário;
Técnico de Informática;
Vigia;


Município de Araripe-CE. Foto: Divulgação.




Você conhece o Filme “A Educação Proibida”?



"A Educação Proibida” (título origianal La Educación Prohibida) é um documentário de 2012 que discute a educação normatizada e os valores que sustentam o sistema de ensino tradicional.

O filme é um projeto realizado por jovens alunos que passaram a questionar a maneira que as pessoas são preparadas para viver em um mundo “adulto”.


Imagem capturada do vídeo no youtube que está disponível no fim deste post. 
Em uma pesquisa que cobre 8 países e com mais de 90 educadores entrevistados, A educação Proibida é eficiente ao passar um imenso panorama da atual situação do ensino a qual tem conservado comportamentos de competição, rivalidade e a super valorização do lucro.

Estruturado em cenas ficcionais e as entrevistas com educadores, o documentário desvenda as bases do nosso ensino “Prussiano”, originado do padrão militar de educação da Prússia, no século 18, que doutrina crianças e jovens a viver no sistema vigente, treinadas a “guerrear”.

Na contramão desse ensino engessado que vivemos, A Educação Proibida mostra as possibilidades de uma nova escola, livre, que respeita o processo de aprendizagem, o ensino prático, a integração, e a construção própria do mundo pelos alunos, em que a escola oferece ferramentas para que esses futuros adultos possam construir suas próprias opiniões e visões sobre a sociedade, sem doutriná-los a aceitar tecnicamente valores e costumes sociais instituídos.

Nessa nova escola, proibida porque vai contra interesses dominantes, a postura do professor também deve mudar. O documentário mostra como a hierarquização vivenciada hoje através do medo e sentimento de inferioridade do aluno não ajuda no aprendizado, mas o desinteressa pela busca do conhecimento. A Educação Proibida é clara: entre a figura do educador e seus alunos o respeito e a troca de ideias formarão uma nova via de comunicação e uma sociedade mais justa e menos autoritária.

O filme foi financiado coletivamente graças a centenas de co-produtores e tem licenças livres que permitem e incentivam sua cópia e reprodução, por isso não deixe de assistir:
  
           

Resenha feita por Amanda Pupo, no NCEP

Ao invés de lutarmos pela construção de prédios escolares decentes, reivindicamos presídios


Em fevereiro de 1909, o poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti lançava o Manifesto Futurista, onde, entre outras sandices, pregava: “Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da mulher”. Cinco anos depois, estourava a I Guerra Mundial e, após um interregno de apenas 21 anos, o mundo inteiro se envolveria na II Guerra Mundial, que deixaram, juntas, um saldo de 34 milhões de soldados, 65 milhões de civis mortos e 56 milhões de feridos. Marinetti ofereceu à política as bases estéticas e à arte as bases ideológicas do fascismo, que, nascido na Itália, se espraiaria pelos cinco continentes alcançando até os dias de hoje.

No Brasil contemporâneo, o pensamento fascista prolifera em terreno fértil. Os recentes massacres nas penitenciárias de Manaus (AM) e Boa Vista (RR) possibilitaram vir à tona comentários nas redes sociais que demonstram o fascínio do homem comum pela “violência arrebatadora” que inspirou Marinetti. O secretário nacional da Juventude, Bruno Júlio, declarou: “Eu sou meio coxinha sobre isso. Tinha que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana”. Bruno Júlio, filho do ex-deputado federal e atual deputado estadual por Minas Gerais, Cabo Júlio (PMDB), perdeu o emprego pelo comentário absurdo. O pai, cabo da Polícia Militar, condenado em segunda instância por improbidade administrativa a 10 anos de inelegibilidade, é conhecido pelos rompantes, o mais recente por ter chamado a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) de “vaca” em sessão plenária.

Outro que fez questão de proferir sua opinião foi o deputado federal Major Olímpio (SD-SP), que no Facebook desafiou os presos do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, a cometer massacres que superassem os do Amazonas e Roraima. O deputado, major da Polícia Militar, escreveu: “Placar dos presídios: Manaus 56 x 30 Roraima. Vamos lá, Bangu! Vocês podem fazer melhor!” Em qualquer país sério do mundo, Major Olímpio perderia seu mandato por quebra do decoro parlamentar e ainda seria processado por incitação ao ódio e à violência - mas não aqui neste canto acanhado do mundo.

O Major Olímpio segue a tradição do pensamento de ultradireita que vem prevalecendo no Congresso Nacional. Em 17 de abril do ano passado, ao declarar seu voto favorável à admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado federal e ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro, homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, notório torturador da época da ditadura militar. Apesar de a tortura ser considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como crime contra a humanidade, somente em junho, dois meses depois do episódio, e após pressão da sociedade, a Câmara dos Deputados resolveu abrir processo no Conselho de Ética contra Bolsonaro, e até hoje o caso se arrasta. Em maio de 1999, o deputado, em entrevista à televisão, já havia dito claramente ser favorável à tortura e à guerra civil como única solução para os problemas do Brasil.

Major Olímpio, dono de 179 mil votos, justificou seu ponto de vista no Facebook afirmando que seu papel de legislador é “manifestar o pensamento da sociedade”: “Antes eles se matem sozinhos do que matem a população”. A grande tragédia é que o Major Olímpio está certo. Ele, Bruno Júlio e Bolsonaro, o deputado mais votado do Rio de Janeiro com 464 mil votos, realmente representam o pensamento médio da população. Uma pesquisa, realizada em outubro de 2011 pelo Ibope para a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), mostrava que 46% dos brasileiros era favorável à pena de morte, 79% defendiam penas mais rigorosas para os criminosos e 86% pediam a diminuição da idade penal. Em outra pesquisa, no ano passado, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Datafolha revela que 57% dos entrevistados concorda com a frase “bandido bom é bandido morto”.

O Brasil vem se tornando dia a dia mais e mais um país fascista. Ao invés de lutarmos pela construção de prédios escolares decentes, reivindicamos presídios; no lugar de exigirmos um sistema educacional de qualidade, pedimos mais policiamento; ao invés de ruas seguras, aspiramos condomínios invioláveis. Mas, vale a pena lembrar, pelas palavras do poeta Affonso Romano de Sant’Anna: “Uma coisa é um país / outra um ajuntamento. // Uma coisa é um país / outra um regimento. // Uma coisa é um país / outra o confinamento”.

Jair Bolsonaro. Foto: André Cruz/Agência Brasil.



11 de janeiro de 2017

"O Brasil ainda é extremamente colonial", diz escritora Grada Kilomba



Grada Kilomba, 48, nasceu em Portugal, cresceu em São Tomé e Príncipe (uma das ex-colônias portuguesas na África) e viaja o mundo apresentando seus trabalhos – videoinstalações, performances e produções literárias – que versam fundamentalmente sobre racismo e memória. No Brasil, onde integrou a 32ª edição da  Bienal de São Paulo, encerrada em dezembro último, apresentou a série de vídeos do seu “Projeto Desejo” e diz ter encontrado “um país fraturado”. “Há uma história de privilégios, escravatura e colonialismo expressa de maneira muito forte na realidade cotidiana”, explica.

E é espantoso ver a naturalidade com que os brasileiros conseguem lidar com isso”. Escritora, performer e professora da Universidade Humboldt – a mais antiga e uma das mais tradicionais de Berlim, onde vive atualmente –, Kilomba é autora dos livros Plantations memories – episodes of everyday racism (2008), onde conta suas histórias pessoais como mulher e negra, e Performing knowledge (2016), no qual trata da necessidade de “descolonizar os pensamentos”. “Muitas vezes, nos dizem que nós somos discriminados porque somos diferentes. Isso é um mito. Não sou discriminada por ser diferente, mas me torno diferente justamente pela discriminação que sofro”. Nesta entrevista à Muito, concedida durante a residência artística que realiza  no Instituto Cultural Brasil-Alemanha (Icba), ela fala sobre racismo e outros “ismos” que marcam o mundo contemporâneo: “O branco não é uma cor. O branco é uma definição política que representa os privilégios históricos, políticos e sociais de um determinado grupo. Um grupo que tem acesso à estruturas e instituições dominantes da sociedade. Branquitude representa a realidade e a história de um determinado grupo”.

Na Bienal de São Paulo, a senhora apresentou o Desire Project [Projeto Desejo], uma série de vídeos que indicam a presença de um sujeito sem voz, que é silenciado pela história. Vivemos num momento em que esse silêncio já foi quebrado?

Esse silêncio tem sido quebrado pontualmente. Mas não existe realmente uma linha contínua. Ele é quebrado por pensadores, por intelectuais e por artistas, que são exceções. A palavra que batiza o projeto – desejo –  vem de uma vontade de expressar o que ainda não é expressado: o que nós queremos e o que é, de fato, importante para nós. Os sujeitos historicamente silenciados, como os negros, as mulheres e os gays, estão muito treinados a dizer o que não querem. Somos contra o racimo, o sexismo e a homofobia. Mas é muito importante também  criar novas agendas, criar novos discursos. Como não nos perguntam o que nós desejamos, isso precisa ser colocado por nós. Qual é o caminho que eu quero seguir? Qual é o vocabulário que eu quero usar? Como eu quero me tornar visível? Como eu quero contar a minha história? Parte do processo de descolonização é se fazer essas questões. E isso integra um processo de humanização, porque o racismo, por exemplo, não nos permite ser humanos. O racismo nos coloca fora da condição humana, e isso é muito violento.

A senhora mora e trabalha, hoje, em Berlim, na Alemanha. Considera que a tomada de consciência de sua identidade negra é maior numa cidade predominantemente branca?

Berlim é uma cidade que não é bonita esteticamente, comparada a Paris ou Lisboa, mas é uma cidade que te leva à reflexão e ao pensamento. Isso me permitiu focar no que sou e em como quero construir o meu trabalho. Talvez em outra cidade, em outro contexto, isso não acontecesse ou fosse algo retardado. Escrevo e falo como uma mulher e artista negra. Mas, por outro lado, Berlim é uma cidade cosmopolita e eu estou em contato com tantas pessoas diferentes, de movimentos politizados distintos, que isso cria um outro discurso em mim. Eu acabo não tão focada em ser mulher e negra, embora isso faça parte da minha identidade.

Países sem passado escravocrata, como Alemanha, são identificados como territórios mais tolerantes diante da questão negra. Percebe dessa forma?

Não. A questão racial é um problema, mesmo na Alemanha, que não teve em seu território o regime escravocrata. Mas a Alemanha colonizou muitos países e tem também um passado escravocrata muito brutal. Mas essa história foi silenciada por muito tempo. O primeiro genocídio do século 20 aconteceu na Namíbia e foi realizado pela Alemanha [entre 1904 e 1908]. Mais de 100 anos depois do início da tentativa de extermínio das tribos Herero e Nama é que o governo reconheceu, oficialmente, que o país havia cometido um genocídio e fez as compensações devidas. Na Namíbia, por exemplo, os descendentes dos sobreviventes tiveram que decidir o que fazer com os crânios de parentes que haviam sido enviados a Berlim para experiências científicas. A questão é que a história colonial alemã é muito mal documentada. Mas todo o genocídio, a exploração e a violência que está por trás de um processo colonial está, também, na Alemanha. Só muito recentemente é o que país parece ter se dedicado a enfrentar essa questão. Primeiro, na forma de dor. Depois, na forma de vergonha. E isso tem permitido uma reflexão.
No Brasil, há o mito da democracia racial e uma política de eufemismos. Em sua opinião, como podemos enfrentar o racismo nessa situação?

Penso que a história colonial é uma ferida muito profunda, muito infectada, que de vez em quando sangra. E só quando ela sangra é que nós vamos lá e fazemos um curativo. Não há um tratamento contínuo dessa ferida. E a história colonial já tem 500 anos. O racismo, no Brasil, é muito presente. O Brasil é extremamente colonial. Existe toda uma estrutura colonial arraigada neste país. A arquitetura é um exemplo disso. Há uma porta da frente e uma porta dos fundos. Isso eu só vi aqui no Brasil. E as portas do fundo e as da frente possuem sujeitos diferentes. E essa arquitetura não foi construída no século 19, mas nos anos 1980, 1990. E aqui há um senhor que abre a porta, um senhor que conduz o carro, uma senhora que limpa... Estes são serviços completamente coloniais. Como é possível ter tantos corpos negros prestando serviços dentro de uma estrutura assim? O branco de hoje não é mais o responsável pela escravidão, mas ele tem a responsabilidade de equilibrar a sociedade em que vive. Ninguém escapa do passado.

A senhora já disse certa vez que uma das grandes fantasias das pessoas brancas é poder escapar da sua branquitude...

É que o branco não é uma cor. O branco é uma definição política que representa os privilégios históricos, políticos e sociais de um determinado grupo. Um grupo que tem acesso à estruturas e instituições dominantes da sociedade. A branquitude representa a realidade e a história de um determinado grupo. Quando falamos sobre o que significa ser branco, falamos de política e não de biologia. É curioso quando as pessoas  falam em “racismo reverso”, porque as pessoas que excluem, que dominam e que oprimem não podem ser, ao mesmo tempo, vítimas dessa opressão. Mas elas, certamente, desenvolvem um sentimento de culpa em relação a isso. O que muitas vezes acontece é que, como o sentimento de culpa é tão avassalador, o agressor passa à vítima e transforma a vítima em seu agressor. Isso permite que o agressor se liberte da ansiedade que o seu próprio racismo provoca. Uma pessoa negra jamais teria esta escolha. Sob esse aspecto, penso que  é impossível escapar da branquitude e daquilo que ela realmente representa.

Como transformar essa culpa que você menciona em algo produtivo?

Trabalhar o próprio racismo é um processo psicológico e não tem nada a ver com moralidade. As pessoas brancas muitas vezes perguntam: ‘Sou racista?’. Essa é uma questão moral, que não é realmente produtiva, porque a resposta será sempre: ‘Sim’. Temos que entender que somos educados a pensar em estruturas coloniais e racistas. A pergunta deveria ser: “Como eu posso desconstruir meu próprio racismo?”. Essa seria uma questão produtiva, que já se opõe à negação e inicia um processo psicológico. A questão, hoje, não é se livrar da branquitude, mas conseguir se posicionar novamente dentro dessa branquitude. Tem a ver com a forma como uma pessoa que tem acesso ao poder utiliza esse poder para criar uma nova agenda e recontar a história. Nós não podemos fugir da história que nós temos, mas podemos nos posicionar com um novo olhar.

Quando Barack Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos, a senhora escreveu sobre a importância de termos  pessoas negras no poder, criando imagens positivas para outras pessoas negras. Como vê a ascensão de Donald Trump e da extrema direita europeia?

Às vezes tenho a impressão de que vivemos numa atemporalidade, em que  o passado está sempre no presente. Nós vivemos no presente, mas o passado está sempre sendo construído. E a mudança parece algo muito pontual. O caso de Obama, sucedido por Trump, é um exemplo disso. A estrutura na qual a sociedade se forma é conservadora. O mundo vive um dilema com as três dimensões do tempo: o passado, o presente e o futuro, sem parecer, de fato, alcançar esse futuro. Há um mês, fiz um trabalho chamado “Ilusões”, em que reencenei o mito de Narciso (castigado a só conseguir amar a si próprio) e de Eco (castigada a viver repetindo o que os outros diziam), fazendo um paralelo desses mitos com nossa sociedade contemporânea – que é narcisista, branca e patriarcal. Há uma repetição infinita dessa imagem colonial, branca, patriarcal, que parece apaixonada por si mesma e obstinada a idealizar a si mesma, e que não vê mais nada diante de si, a não ser sua própria representação. É uma representação onde as outras pessoas simplesmente não existem. Donald Trump foi apoiado por boa parte do eleitorado feminino. Um eleitorado que ele explicitamente insulta. Nós somos leais ao passado, à figuras paternas e discriminatórias. Nós apoiamos figuras que excluem. Uma parceria entre Eco e Narciso que não é quebrada.

Em muitos trabalhos, a senhora alerta para o risco de ver as coisas de um único ponto de vista, mais precisamente sob o estereótipo branco dominante. A globalização e a tecnologia lançaram a promessa de ajudar a combater essa visão única. Acredita que isso tem acontecido?

Em parte. A tecnologia nos deu opções e acesso a histórias diversas. Se alguém quiser, hoje mesmo, poderá ler os jornais da África do Sul. Mas, ao mesmo tempo, a tecnologia também lhe permite assinar apenas as notícias do seu bairro, da sua rua, por exemplo, e isso é tudo o que chegará. A tecnologia, portanto, não resolveu de fato o problema. O filtro-bolha e esse isolamento de grupos que pensam diferente, muito presente nas redes sociais, são consequências de nossa aprovação para notícias e opiniões que reforcem apenas as nossas crenças preexistentes. Consumir informações que confirmem nossas ideias de mundo é simples e até mesmo  prazeroso. Mas consumir informações que nos desafiem a pensar novas formas ou a enfrentar as  nossas arrogâncias é frustrante e muito difícil.

No livro Plantation Memories – Episodes of everyday racism a senhora não aborda o racismo do ponto de vista político ou histórico, mas do ponto de vista pessoal, quase psicológico. Por que a opção?

Quando eu decidi escrever, eu quis fazer um livro que eu nunca tinha lido. Nunca se falam das pessoas e o que o racismo faz com elas. Quando falamos sobre racismo, geralmente adotamos uma perspectiva que é macropolítica. Realidades, pensamentos, sentimentos e experiências das pessoas negras são ignorados. Isso é exatamente o que eu queria ter no centro deste livro, o nosso mundo subjetivo. Quando escrevi Plantations Memories, eu estava interessada em olhar para as minhas feridas e para as feridas de muita gente. Dar ênfase a uma dimensão traumática do racismo, a uma violência diária que reencena um trauma colonial e que nos emudece. Para mim, era muito importante coletar histórias do dia a dia, que ninguém parece levar a sério, mas que são violentas e que levam ao silêncio.

Um futuro sem racismo é possível?


Não agora. Não sem racismo e sem outros “ismos”. Porque nós somos educados diariamente a pensar de forma dominante. O fato de Obama ser presidente não significou que o racismo tenha terminado, e o fato de Angela Merkel ser chanceler não significa que chegamos ao fim do sexismo. Mas antes de pensar num mundo sem “ismos”, a gente precisa pensar como é possível desconstruí-los. Como, por exemplo, é possível quebrar a cadeia de racismo que nos acompanha diariamente. É sempre uma questão ligada à realidade e ao agora.


Apresentadora de TV defende que índios não tenham acesso a remédios e morram de malária


Um vídeo divulgado pelo De Olho nos Ruralistas mostra o incômodo que uma parcela da sociedade e alguns setores da imprensa vêm sentido com o tema do samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense (RJ) deste ano: “Xingu, o Clamor que Vem da Floresta!”. A música da escola de samba carioca enaltece a luta dos índios para resistir ao avanço do agronegócio, em especial na região do Xingu, conforme apurou o portal Fórum.

Imagem capturada do vídeo.
Na abertura do programa “Sucesso no Campo”, da Record de Goiás, no último domingo (8), a apresentadora Fabélia Oliveira expressa toda a sua indignação com o tema, desafiando os compositores e defendendo os latifundiários, pecuaristas e produtores rurais em geral, a quem ela se refere como “homem do campo” e “heróis”.

Que conhecimento eles têm para falar do homem do campo?”, indaga. Oliveira ainda vai além no discurso e começa a atacar os índios – exceto os “originais” – que, para ela, não deveriam ter acesso a remédios e morrer de malária ou tétano. [Assista ao vídeo no final da nota].

Não foi só na imprensa que o samba da Imperatriz gerou revolta. Há poucos dias, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu divulgou uma nota de repúdio à composição. O presidente da entidade, que assina o texto, chega a afirmar que “antes de mais nada, é preciso esclarecer e reforçar que o país do samba é sustentado pela pecuária e pela agricultura”.

Veja o vídeo abaixo


          

10 de janeiro de 2017

Nova Olinda, na região do cariri, registrou chuva de granizo nesta terça (10)


A cidade de Nova Olinda, no interior do Ceará, registrou chuva de granizo no início da noite desta terça-feira (10). O mesmo fenômeno havia ocorrido há sete dias após na zona rural de Sobral, na Região Norte do Ceará.

O granizo em Nova Olinda ocorreu na região dos bairros Vila Alta e Triunfo. A chuva na cidade foi de seis milímetros, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Segundo o meteorologista da Funceme Raul Fritz, houve uma linha de instabilidade devido à influência da zona de convergência intertropical (ZCIT), que gerou a formação das nuvens que propiciam a chuva.

"Normalmente essa linha se forma à tarde, se desenvolve durante algumas horas e depois se dissipa. É uma linha de instabilidade que acompanha todo o litoral e é mais frequente no mês de fevereiro", explica.

A previsão da Funceme para esta quarta-feira (11) é de nebulosidade variável com chuva em todo o estado ao longo do dia. Na quinta (12), entre a madrugada e manhã, há possibilidade de chuvas isoladas no centro-norte do estado. Céu parcialmente nublado nas demais regiões ao longo do dia.

Foto: reprodução whatsApp. Crédito: Blog da Profº Lucélia Muniz


Fifa aprova nova forma de Copa do Mundo a partir de 2026



O Conselho da Fifa (Federação Internacional de Futebol) decidiu hoje (10), em Zurique, na Suíça, que a Copa do Mundo terá seu número de participantes ampliado de 32 para 48 a partir da edição de 2026, ainda sem sede definida.
Da RBA

A mudança foi aprovada pelo comitê em uma votação realizada na sede da entidade, um dia após a premiação que consagrou Cristiano Ronaldo como melhor jogador do planeta em 2016.

A ampliação era uma promessa do presidente da Fifa, Gianni Infantino. Segundo o cartola, há um apoio "unânime" para inflar a Copa do Mundo, que desde 1998 é disputada por 32 equipes.

A partir de 2026, o torneio terá o formato de 16 grupos com três equipes cada, provavelmente com as duas melhores avançando para o mata-mata (jogos eliminatórios). Com esse modelo, serão 80 partidas, 25% a mais que as atuais 64.

O objetivo da Fifa seria turbinar a arrecadação com direitos televisivos e cotas publicitárias, já que a entidade teria a oportunidade de vender o torneio em mais mercados, embora a participação de um terço das seleções se restrinja a dois jogos.

A medida foi duramente criticada por sindicatos de jogadores europeus, que afirmam que os atletas serão "sacrificados" fisicamente para competir, e por personalidades mundiais, como Pep Guardiola e Joachim Löw. Todos apontam, além do cansaço, a queda da qualidade da competição.

A Fifa, no entanto, espera arrecadar quase US$ 1 bilhão a mais com cotas de televisão, uma alta de 20% no seu lucro com o setor.


Torneio terá formato de 16 grupos com 3 equipes cada na primeira fase e total de 80 partidas.

9 de janeiro de 2017

Bauman: Um dos grandes pensadores da modernidade falece aos 91 anos


Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês, morreu nesta segunda-feira, aos 91 anos, em Leeds, na Inglaterra, onde vivia há anos, segundo informou o jornal de seu país de origem, Gazeta Wyborzca. Era considerado um dos intelectuais mais importantes do século XX, tendo se mantido ativo e trabalhando até os últimos momentos de sua vida.


O sociólogo nasceu na Polônia (Poznan, 1925) e era criança quando sua família, judia, fugiu do país e do nazismo para a União Soviética. Embora tenha retornado à Polônia anos depois, onde foi professor da universidade de Varsóvia, foi destituído do posto e expulso do Partido Comunista após ter suas obras censuradas. Em 1968, finalmente deixou o país, motivado pelas perseguições antissemitas que sofrera em decorrência da guerra árabe-israelense. Renunciou à sua nacionalidade, emigrou a Tel Aviv e se instalou, depois, na Universidade de Leeds (Inglaterra), onde desenvolveu a maior parte de sua carreira.

Bauman era criador do conceito de "modernidade líquida", – uma etapa na qual tudo que era sólido se liquidificou, e em que “nossos acordos são temporários, passageiros, válidos apenas até novo aviso”.

O filósofo deu aula em universidades dos Estados Unidos, Austrália e Canadá, sendo professor emérito de sociologia da Universidade de Leeds, onde trilhou a maior parte de sua carreira. Sua obra, que começa nos anos cinquenta, foi reconhecida com prêmios como o Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades em 2010, que obteve juntamente com o colega Alan Touraine.

As teorias de Bauman exerceram grande influência nos movimentos antiglobalização. Seus ensaios alcançaram fama internacional nos anos oitenta, com títulos como Modernidade e Holocausto (1989), em que define o extermínio dos judeus pelos nazistas como um fenômeno relacionado ao desenvolvimento da modernidade. Em sua última entrevista concedida ao EL PAÍS, Bauman fez uma dura crítica às redes sociais: "As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha".

Entre suas obras mais significativas, destacam-se Modernidade Líquida (2000), em que afirmava que o capitalismo globalizado estava acabando com a solidez da sociedade industrial; Amor Líquido (2005); e Vida Líquida (2006). Além disso, é autor de títulos como A Cultura Como Praxis (1973, sem tradução no Brasil), O Mal-Estar da Pós-Modernidade (1997), A Globalização: As Consequências Humanas (1998), Em Busca da Política (1999), A Sociedade Individualizada (2001) e Vidas Desperdiçadas (2005).


Entre seus trabalhos publicados em português, também encontram-se Medo Líquido (2006), A Arte da Vida (2008), Desafios do Mundo Moderno (2015) e A Riqueza de Poucos Beneficia Todos Nós? (2015).