Por
mais contraditório que pareça, esta sexta-feira (30) está sendo de confirmações
oficiais e, ao mesmo tempo, muitas incertezas em torno dos apoios às
candidaturas para a presidência da Câmara dos Deputados, no próximo domingo
(1º). Por um lado, o PSDB confirmou oficialmente o voto no deputado Júlio
Delgado (PSB-MG), mas muitos parlamentares peemedebistas apostam numa votação
maciça dos tucanos em Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Por outro, o candidato do PT,
Arlindo Chinaglia (SP), ainda trabalha com seus aliados para puxar para si o
voto das bancadas do PP, PR e PRB – que, em sua maioria, dizem que vão votar em
Cunha (embora não tenham oficializado o voto em nenhum candidato).
O
líder do PMDB, que costuma dizer que a candidatura está ganha, passou os dois
últimos dias participando de várias reuniões e programou um jantar para este
sábado com correligionários, no que será o seu último ato em busca de votos.
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Cunha, Chinaglia, Delegado e Alencar: deputados empenham esforços para angariar novos apoios. |
A
confirmação por parte do PSDB de que manterá seu apoio oficial ao candidato do
PSB, o mineiro Júlio Delgado, foi anunciada pelo presidente nacional do
partido, senador Aécio Neves (MG), e pelo líder da legenda na Câmara, Antonio
Imbassahy (BA), depois de reunião entre a bancada.
Na
verdade, houve uma articulação das lideranças tucanas para impedir que os parlamentares
da legenda votassem em debandada em Cunha, descumprindo assim, o acordo feito
anteriormente entre PSDB, PSB, PPS e PV de se manterem unidos durante o pleito
em torno da candidatura de Delgado.
A
confusão foi instalada após o vice-governador de São Paulo, Marcio França, do
PSB, ter admitido publicamente a possibilidade de Delgado retirar sua
candidatura devido ao descumprimento do compromisso feito pelo PSDB.
O
líder peemedebista tem um discurso corporativista e proximidade com muitos dos
integrantes da bancada do PSDB, mas os tucanos avaliaram que não seria bom
votar em Cunha, estrategicamente, por ser a principal sigla de oposição do país
– uma vez que o candidato peemedebista, apesar do discurso de “independência ao governo”, mantém
contatos com todas as legendas da base aliada.
'Sem traição'
A
estratégia de convencimento de Aécio Neves e de Imbassahy chamou a atenção pelo
uso de palavras como “evitar a traição”
e necessidade de se “buscar a coerência
política”. Aécio, ao falar para os deputados, deixou claro que é
“importante e necessário” retribuir o apoio que o PSDB recebeu do PSB no
segundo turno das eleições. E ressaltou que a bancada deveria “agir sem traições”.
“Existe um compromisso anterior com a
candidatura de Júlio Delgado. Estaremos, inclusive, tendo um gesto de
reciprocidade política em relação ao apoio que tivemos no segundo turno da
eleição. Política requer coerência. Não é hora de fracionar as oposições”,
disse o senador.
Já
Imbassahy destacou que o ano é de muito trabalho para o Congresso e é preciso a
união da bancada do PSDB em torno do nome de Júlio Delgado. “Não existe dúvida quanto a isso, o PSDB todo
está com Delgado”, afirmou, quando indagado sobre uma possível dissidência.
Mas
um exemplo nítido da preocupação do partido foi passada pelo senador Cássio
Cunha Lima (PB), que ao falar sobre o assunto, destacou que “não é hora de fracionar as oposições".
Cunha participou, ao lado de Aécio Neves, de um encontro a portas fechadas com
alguns deputados, na tentativa de convencê-los.
Reforço por votos
Em
relação ao candidato do governo, Arlindo Chinaglia, além da conversa com
integrantes dos três partidos já citados, ele conta com a atuação de um grupo
de deputados petistas que tem telefonado para integrantes todas as bancadas reforçando
os pedidos de votos. “Estou surpreso. Acho que a expectativa em torno do nome
de Chinaglia vai surpreender neste domingo”, afirmou o deputado Sibá Machado
(PT-AC).
No
início da tarde, a liderança do PT na Casa divulgou uma nota para contestar notícia
veiculada pelo jornal Folha de S. Paulo, segundo a qual alguns deputados do
próprio PT pretendiam votar em Eduardo Cunha. "Repudiamos com veemência
esta notícia", destaca a nota.
"O PT votará unido em Chinaglia, cuja
capacidade e seriedade são reconhecidas por todos os seus pares, inclusive
entre os partidos oposicionistas", afirmou o líder do partido na
Câmara, Vicente Paulo da Silva (SP), o Vicentinho.
Informações
de bastidores são de que os dois principais candidatos, Chinaglia e Cunha, já
possuem um mapeamento dos votos que esperam ter e lutam para ampliar o total de
previsões. Além de Cunha, Chinaglia e Júlio Delgado, também concorre à
presidência da Câmara o deputado Chico Alencar (PSol-RJ).
Reunião do PMDB
No
Senado, apesar da candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) ser tida como certa,
com o lançamento do nome do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) na disputa, do
grupo de peemedebistas que faz oposição ao governo, o partido ficou de se
reunir hoje, às 17h, para discutir a questão.
Espera-se
a divulgação de uma nota oficial da executiva da legenda oficializando o apoio
à recondução de Calheiros à presidência da Casa – iniciativa que o PMDB adotou
no início do ano, em relação a Eduardo Cunha, na Câmara dos Deputados.