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Apesar
de o Brasil ter atingido a marca de 70,26% de sua população vacinada com duas
doses contra a covid-19, neste sábado (5), o que representa 150.934.583 de
cidadãos, a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos segue lenta em boa parte do
país. A sabotagem e a incompetência de Jair Bolsonaro e seu governo são os
principais responsáveis por isso. Mas o negacionismo e a displicência de muitas
famílias também contribuem.
De
acordo com o consórcio de veículos de imprensa, 2.901.799 crianças receberam a
primeira dose. Pode parecer muito, mas o número representa apenas 14,15% do
total desse grupo. Claro que a vacinação não é igual - enquanto em São Paulo, o
índice é cerca de o dobro disso, em Roraima é de 2%.
Considerando
que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do glorioso Sistema Único de Saúde
(SUS) é capaz de vacinar cerca de três milhões de almas diariamente, é menos
uma questão da capacidade instalada e mais dos incapazes no poder.
Três
ações do presidente da República e equipe foram fundamentais para que
chegássemos a esse ponto. Primeiro, Bolsonaro dedicou-se arduamente para
espalhar mentiras sobre a segurança da vacina e para desincentivar pais e mães
a levarem seus filhos para serem protegidos. Usou a própria filha nessa batalha
de desinformação, dizendo que não vacinaria a pobre coitada.
Segundo,
o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e assessores fizeram o possível para
atrasar o início do processo de vacinação, endossando a versão picareta do
presidente em nome da manutenção de seus empregos e criando até uma inútil
consulta pública quando a Anvisa já havia dado o aval para a aplicação do
imunizante.
E,
terceiro, o governo federal atrasou a compra de vacinas e a organização da
logística para a sua distribuição em território nacional. Contratos com a
Pfizer e o Instituto Butantan poderiam ter sido adiantados, mas estamos falando
de um governo voltado a seus seguidores negacionistas, não na maioria da
população. Agora, falta imunizante - o que para muitas famílias, é
desesperador.
O negacionismo do presidente soou como música aos ouvidos de terraplanistas biológicos - há até gente brigando na Justiça para não vacinar seus filhos. O que é um absurdo, uma vez que a lei brasileira considera obrigatório que os responsáveis por crianças as levem para serem imunizadas.
Deve
ser horrível ter na consciência a morte de um filho ou uma filha por
consequência do próprio negacionismo diante da vacinação contra covid-19. Pois
esse é o tipo de arrependimento para o qual não há cura.
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Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog.