A
alvo final é Lula
Aqueles
que estão soltando foguetes que nos desculpem, mas não nos colocamos entre os
que comemoram, efusivamente, as últimas notícias.
Por
Mauro Santayana, em seu blog - Moralmente e por uma questão de princípios, em
defesa da democracia, quem está contra os casuísmos e arbitrariedades
jurídico-investigativas da Operação Lava Jato no caso de Lula, tem que se
manter contra eles também quando atingem o campo adversário.
Até
mesmo porque partem, e fazem parte da estratégia, de quem tem apenas um
interesse: o seu próprio lado.
Não
vemos como solução para o país um impeachment de Temer, a ser conduzido pela
figura nefasta da Janaína Paschoal, que já defende essa hipótese para aparecer
nos jornais, nem a convocação de eleições indiretas para a Presidência da
República para as quais a mídia já especula, significativamente, citando o nome
de Sérgio Moro, se “magistrado poderá ser candidato”.
Isso,
em um processo a ser conduzido por um congresso majoritariamente golpista, em
grande parte também investigado por uma operação cuja autoridade máxima é o
próprio “chefe” da República de Curitiba.
A
ideia de uma nova campanha pelas Diretas Já é correta, do ponto de vista da
lógica democrática.
Mas
se formos objetivos e pragmáticos, considerando a atual situação política,
retira tempo precioso da oposição, que poderia ser utilizado, caso as eleições
se fizessem normalmente em 2018, para que Lula se recuperasse e refizesse —
aproveitando a crescente impopularidade do governo Temer e denunciando e
esclarecendo as mentiras de que tem sido alvo — sua relação com a opinião
pública e seu caminho para a Presidência da República.
Uma
eleição agora, mesmo que direta, pode jogar o poder no colo de Jair Bolsonaro,
apoiado pela sensação de caos institucional, pela condição de não estar sendo
processado pela Lava Jato, e, caso chegue ao segundo turno, como as pesquisas
indicam, por uma aliança que abrangeria da extrema-direita a setores mais
oportunistas do próprio PMDB e do PSDB, passando pelo “centro” fisiológico dos
partidos nanicos conservadores, unida pelo objetivo comum de evitar, a qualquer
custo, que o PT e sua “jararaca” voltem à Presidência da República.
Finalmente,
a leitura mais correta é de que os principais alvos das mais recentes manobras
da “justiça” não sejam nem Temer nem Aécio, por mais implacáveis que sejam,
contra ele, os juízes e procuradores.
As
acusações contra os dois foram forjadas — já que se tratam claramente de
arapucas propositadamente montadas — como forma de abrir caminho,
definitivamente, para a condenação de Lula.
A
percepção da população de que a Justiça e o Ministério Público estavam sendo
totalmente seletivos e parciais no trato dos gregos com relação aos troianos vinha
crescendo a olhos vistos nas últimas semanas, e aumentava, na mesma proporção,
a popularidade e as intenções de voto do ex-presidente da República,
especialmente depois de seu depoimento em Curitiba e da absurda proibição de
funcionamento do seu instituto.
Com
as acusações contra Temer e Aécio, o antipetismo entrega duas torres para
capturar e eliminar o Rei que odeia e persegue, sem êxito, há tanto tempo.
A
partir de agora, ninguém pode mais dizer que a Operação Lava Jato só atinge o
PT, enquanto afaga seus adversários.
E
Lula poderá então, ser condenado “exemplarmente” por Moro, aproveitando-se o
caos político que tomará conta do país nas próximas semanas, sendo
definitivamente impedido de voltar por via eleitoral ao Palácio do Planalto,
tanto agora, em eventuais “Diretas Já”, como em 2018.
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10 05 2017 Curitiba PR Brasil o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante Ato jornada pela democracia em Curitiba. Foto: Ricardo Stuckert. |