O
cantor, compositor e cronista José Ribamar Coelho Santos, conhecido
popularmente e artisticamente por Zeca Baleiro, se utilizou da rede social
facebook, em sua página na última sexta-feira, 17 do corrente mês, para
declarar apoio a candidata a reeeleição ao Palácio do Planalto Dilma Rousseff
(PT).
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Imagem capturada da página do cantor e compositor Zeca Baleiro. |
Na
nota intitulada “Opinião: Um Voto Crítico, Mas Convicto”, Zeca discorre que
almeja mudanças como todo cidadão e que ainda assim acredita que essa mudança não
é representada pelo o opositor a Dilma. Ele afirma ainda que não é conveniente
mudar apenas por mudar e chega a frisar que o governo do PT apesar da
vulnerabilidade está sendo compromissado com os menos desfavorecidos, aqueles à
margem do tecido social, político e economico.
Vamos a Nota
“O direito à oposição e o anseio pela
alternância de poder são pressupostos básicos de um estado democrático. Desejar
e acalentar o sonho de mudanças também é uma natural aspiração de todo cidadão.
Acho o governo Dilma criticável,
como todo governo o é. Acho o PT criticável também, como todos os partidos o
são. Como todo brasileiro, anseio por mudanças que urgem, embora reconheça que
há mudanças políticas em curso neste governo que são louváveis. De qualquer
modo, embora Dilma tenha seus pontos vulneráveis, não vejo adversário digno de
sucedê-la. Mudar por mudar não me parece conveniente. Um dos argumentos mais
usados pelos detratores da atual presidente e seu partido é o de que “estão há
muito tempo no poder”. Esquecem que os tucanos há 20 anos ocupam o trono do
governo de São Paulo (e há tempos vêm cometendo pecados sem perdão como o
desmando irresponsável que gerou a crise de abastecimento de água no estado),
isso sem falar nas oligarquias do Maranhão, há 48 anos roendo o osso do poder,
e a de Alagoas, há outros tantos anos se perpetuando na política local (e estes
casos nem devem ser levados em conta, pois, além de antidemocráticos, são
imorais).
Um governo comprometido socialmente
deve dirigir o olhar primeiramente aos desfavorecidos, aos excluídos do jogo
social, isso é óbvio. Este governo que aí está fez isso. E o que não faltam no
Brasil são pessoas vivendo em quadro de pobreza extrema, privadas dos direitos
básicos de cidadão, massa de manobra barata para oligarcas usurpadores. Quando
o buraco é muito fundo – e o fosso social no Brasil é pra lá de fundo -, não há
como não ser assistencialista, infelizmente. Uma das frases feitas que mais me
indignam neste pobre debate político (debate entre aspas) é a máxima hipócrita
de que “é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe”. Ora, como ensinar a
pescar um sujeito devastado pela fome e pela doença?
Outro argumento usado à exaustão é
o da corrupção, e não podemos nos enganar - todos os partidos, quando ocupam o
poder, caem em tentação, para nossa desgraça. A diferença básica neste Fla-Flu
de corruptos é que os do PSDB seguem impunes, os do PT nem tanto. Só a punição
exemplar desses bandidos somada à vigilância social mais ferrenha poderá fazer
banir esta "cultura da corrupção" que hoje impera no país, ou ao
menos reduzir os seus índices.
Não sou petista nem sou apegado a
partidos ou candidatos. Voto com independência. No primeiro turno, meu voto foi
dividido entre candidatos do PSOL, do PSB e do PT. Isto me parece coerente. Se
nos próximos anos aparecer uma grande e confiável liderança política de outro
partido, não hesitarei em mudar meu voto, desde que seu projeto tenha viés
socialista, único projeto político que penso ser viável no mundo de hoje. Isto
também me parece coerente.
O que não me parece coerente é ver
a ex-candidata Marina Silva, arauta da “nova política”, anunciando seu apoio à
candidatura Aécio Neves. Todos sabemos que a sua trajetória de luta contra os
barões malfeitores do Acre a aproxima ideologicamente mais do PT, e não foi à
toa que ela assumiu a pasta do Meio-Ambiente no governo Lula. Isto que ela
agora faz é velha politicagem, jamais nova política. Sabemos para onde miram os
políticos do PSDB, e no que vai resultar um novo governo tucano (e faço questão
de afirmar o mesmo repúdio às alianças eleitoreiras do PT com velhos caciques
paroquiais como Sarney, Collor e Calheiros).
Se a intenção de parte do
eleitorado era destronar o PT e Dilma a qualquer custo, então que votasse num
partido mais à esquerda (sim, eles existem) e não num partido que reza na
cartilha do datado neoliberalismo que levou à convulsão social e ao desemprego
massivo países europeus sólidos como França e Espanha, e que quase levou o
Brasil à bancarrota, na era FHC. Este, por sua vez, sociólogo pós-graduado na
Universidade de Paris, tem como hobby disparar frases infelizes, como a recente
declaração preconceituosa e separatista sobre os nordestinos e seu voto,
segundo ele, catequizado. Com todo o respeito que possa merecer, o
ex-presidente está na Idade Média da Sociologia. Avançamos muito nos últimos
anos em termos de “pensamento social”. Não há porque retroceder.
Votarei em Dilma e, caso ela seja
eleita, terá em mim um crítico implacável de seu governo. É assim que entendo o
que chamam de democracia. O resto é balela.
P.S.: Peço aos internautas que
queiram comentar, criticar ou divergir do meu texto, que o façam
civilizadamente, com argumentos embasados, não com ofensas ou baixarias. De
baixo, já basta o nível do debate dos nossos candidatos na corrida eleitoral”.
Zeca
Baleiro
(17
de outubro de 2014)