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(FOTO/ Richard Silva). |
Seis parlamentares da Comissão de Cultura da Câmara
foram nesta quarta-feira, dia 30, até a sede da Fundação Cultural Palmares, em
Brasília, e encontraram parte do acervo guardado em caixas de papelão
empilhadas em uma sala inapropriada. Segundo os membros da comissão, o material
“corre grave risco de deteriorização”.
Além disso, foi constatado o sumiço de obras de arte, presentes e documentos.
O presidente da Palmares, Sérgio Camargo, que
elaborou uma lista de obras para serem expurgadas do acervo, não estava na
instituição no momento da inspeção.
Os parlamentares deixaram um ofício, que estabelece
um prazo de cinco dias para que seja feita uma vistoria técnica da equipe do
Centro de Documentação e Conservação da Câmara. Um relatório deve ser elaborado
para que se identifique o nível de comprometimento do acervo, que inclui
livros, documentos, obras de artes, fotografias e filmagens.
“A sensação é
que estamos perdendo a memória histórica do povo negro brasileiro, a memória
das lutas e revoluções dos negros”, lamenta a deputada federal Benedita da
Silva (PT-RJ), da comissão de Cultura da Câmara.
Durante a inspeção no prédio da Fundação Cultural
Palmares, os parlamentares identificaram que o acervo não estava devidamente
identificado e conservado. “Achamos o
acervo incompleto, sem a umidade medida, sem temperatura adequada e guardados
em caixas de papelão”, diz a deputada Alice Portugal, presidente da
Comissão de Cultura.
A parlamentar destacou que não foram encontradas
cartas de alforrias, livros de assentamentos de quilombos, fotografias e obras
de arte, entre outros itens. “É um caso de polícia. É necessário o resgate do
patrimônio da Fundação, da exposição pública e acesso para os pesquisadores.
Vimos aqui um desmonte da Fundação Cultural Palmares e o Brasil precisa saber
disso”, aponta.
Além de Alice Portugal e Benedita da Silva, os
deputados que participaram da inspeção foram: Érika Kokay (PT/DF), Fernanda
Melchionna (PSOL/RJ), Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e Orlando Silva (PCdoB/SP).
O acervo da Fundação Cultural Palmares está
encaixotado desde janeiro, quando foi feita a mudança da sede. De acordo com os
parlamentares, não foram encontrados os presentes dados ao Brasil por
personalidades como Nelson Mandela, obras de Rubem Valentim e mestre Didi e os
acervos do Festival Mundial de Arte Negra (no Senegal, em 2010) e do
Observatório Afro Latino.
“Boa parte do
acervo nós não encontramos. São itens que sumiram. O que sobrou não está
conservado adequadamente. Não existe nem um sistema de catalogação do acervo”,
afirma a deputada Érika Kokay.
A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com a
Fundação Palmares para solicitar um posicionamento sobre os apontamentos dos
parlamentares e a agenda de compromisso do presidente Sérgio Camargo na hora da
inspeção. Até o fechamento desta matéria, a instituição não respondeu.
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Com informações da Alma Preta.