Mostrando postagens com marcador Jair Bolsonaro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jair Bolsonaro. Mostrar todas as postagens

Carlos Fernandes: Por que Bolsonaro não foi preso em flagrante na hebraica por crime de ódio?



Alguém, não sem alguma razão, pode considerar um exagero e até um certo desrespeito relacionar a ida de Jair Bolsonaro à Hebraica do Rio de Janeiro com a terrível madrugada de 9 para 10 de novembro de 1938 que ficou marcada na história como a Noite dos Cristais.

DCM - Foi nesta data que em toda a Alemanha e Áustria protagonizou-se pelos nazistas um violento ataque aos judeus. Antes que o sol raiasse, residências, lojas e sinagogas estavam destruídas. Centenas de judeus foram covardemente assassinados ou levados para campos de concentração.

Guardada suas respectivas proporções, o que se viu na noite desta segunda (3) na sede do clube judaico foi um massacre à racionalidade e ao respeito ao ser humano nas suas infindáveis formas de pensar, agir, crer e se comportar.

O Messias – curioso o seu nome do meio – não economizou na sua verborragia criminosa forjada no que há de mais racista, preconceituoso e intolerante na face da terra. Se ainda restava algum indício de pudor e decência nesse cidadão, a sua palestra deu conta de exterminar.

O festival de horrores proferidos (não há como não afirmar que de forma especialmente proposital justamente em virtude do local) flertaram inequivocamente com o que de pior foi  criado e/ou exaltado pelo nazismo.

Da mesma forma que os nazistas subjugaram todo um povo sob o execrável “argumento” de pertencerem a uma “raça inferior”, o ilustre convidado também depôs a favor da “raça” japonesa. Uma “raça”, segundo ele, “que tem vergonha na cara”.

Ao relatar sua ida a um quilombo, Jair sentenciou que afrodescendentes não serviriam sequer para “procriar”.  Nesse momento só faltou erguer a mão para o ar e declarar lealdade a Adolf Hitler, Heinrich Himmler e o seu Lebensborn, o programa nazista de reprodução forçada que garantiria a herança ariana do Terceiro Reich.

A noite, não tanto quanto a “noite dos cristais”, foi longa. Todos aqueles que foram julgados inferiores pelo regime nazista, foram também imperdoavelmente condenados por Bolsonaro.

Negros, índios, quilombolas, homossexuais. Ninguém, absolutamente ninguém por ele considerado “diferente”, passou pelo crivo do fascista. Todos esses, segundo a sua opinião, são “vagabundos” indignos de conviverem em meio à sociedade.

Pela simples condição de mulher, nem a própria filha, Laura Bolsonaro, foi poupada. Segundo Jair, após a honrada e dignificante missão de gerar quatro homens, a sua caçula seria fruto de uma “fraquejada”.

Sem comentários.

Lula, claro, também foi lembrado. Mas exatamente pela sua deficiência física. Para fascistas, se não for alto, branco, loiro, hétero e de preferência com olhos azuis, não serve para ser presidente.

É inacreditável que Jair Bolsonaro não tenha saído daquele lugar algemado pelos flagrantes e repetidos crimes de ódio cometidos com tanta convicção e orgulho.

O seu discurso é simplesmente um ultraje à dignidade humana. É assombroso como alguém com tamanha deficiência moral e intelectual faça parte da vida política de uma nação.

É ainda mais assombroso que esse mesmo indivíduo, munido de uma caráter tão medíocre e vergonhoso até para os padrões mais simplórios da natureza humana, cogite ser (com o também assombroso aval de muitos) líder maior de uma República que se queira democrática.

Que a infeliz decisão da Hebraica em dar voz e vez a um sujeito desse nível, tenha servido pelo menos para nos alertar o quanto o nazi-fascismo ainda está presente em nosso cotidiano.

Ao clube Hebraica, se ainda assim quiserem repetir essa noite de horror, não chamem Jair Bolsonaro, acendam fornalhas. Possui o mesmo significado mas talvez seja menos indigesto.

Bolsonaro na Hebraica.

Bolsonaro e a memória do Holocausto


A presença de Jair Bolsonaro na Hebraica do Rio de Janeiro, onde produziu um espetáculo deprimente e previsível, ilustra a contradição que enfrentam determinadas lideranças da comunidade judaica no atual momento da evolução humana.

247 - Ao mesmo tempo em que prezam -- com toda razão -- a memória das 6 milhões de vítimas do Holocausto nazista, partilham o mesmo campo ideológico de forças a que representam a intolerância e a violência contra populações discriminadas e oprimidas de nossa época. 

Imagem capturada do vídeo no youtube.

Nascido em 1948 como um gesto de pacificação e reconhecimento das Nações Unidas, a política atual do Estado de Israel é dominada por Bolsonaros locais, que cultivam um programa de agressão e exclusão diante da população palestina.

Esta política tem sido condenada por sucessivas resoluções da ONU, pois contraria o espírito de concórdia que permitiu a partilha da antiga Palestina.

O principal aliado do primeiro-ministro Benjamin Nethanyahu, no campo externo, é o governo de Donald Trump, cuja postura reacionária em relação a direitos humanos dispensa comentários.

Numa medida insólita, mas significativa, antes mesmo de tomar posse na Casa Branca Trump fez questão de anunciar a decisão de rever uma decisão de Barack Obama, que havia mandado a representação dos EUA abster-se numa votação Conselho de Segurança da ONU, num gesto simbólico que permitiu a aprovar  uma moção que condenava a política do governo de Israel. A decisão ajudou Trump a cultivar o apoio do grupo de pressão que atua a favor do governo israelense em Washington, onde exibe uma musculatura só inferior à dos aliados da indústria de armas.

As homenagens frequentes de Bolsonaro ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra envergonham brasileiros que prezam os valores democráticas e honram a memória histórica. Mas são previsíveis, num dos raros países da América do Sul que não foi capaz de julgar nem condenar responsáveis pela tortura, da qual Ustra tornou-se o símbolo mais visível, embora nem de longe fosse o único responsável.

Entre as muitas vítimas de um massacre covarde e impune, dois judeus se tornaram personagens mais conhecidos.

O jornalista Vladimir Herzog, que foi diretor da TV Cultura, morto em 1975. Chael Charles Schereir foi morto em 1969, no Rio de Janeiro. Com o nome de guerra de "Joaquim", Chael participava da direção da organização armada Var-Palmares, da qual fazia parte Dilma Rousseff.

Com um discurso que não passa de uma colagem de insultos à condição humana, Bolsonaro não é apenas conservador, ou reacionário -- opção possível em toda sociedade democrática. É uma máquina de produzir ofensas à humanidade.

Confira o vídeo:

          

Bolsonaro diz que reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia


Sob protestos de cerca de 100 pessoas do lado de fora do clube Hebraica, na zona sul do Rio, e aplaudido diversas vezes no auditório lotado por outras 300, o deputado federal e pré-candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSC-RJ) prometeu que irá acabar com todas as reservas indígenas e comunidades quilombolas do País caso seja eleito em 2018. Ele também afirmou que irá terminar com o financiamento público para ONGs e disse que, se depender dele, "todo mundo terá uma arma de fogo em casa".

O Povo - Bolsonaro discursou por uma hora em uma palestra precedida por muita polêmica. O convite do clube Hebraica do Rio surgiu no início do mês passado, pouco depois de o deputado ter sua palestra na sede paulista da Hebraica cancelada devido ao descontentamento de parte da comunidade judaica com o evento. Mas o convite para discurso no Rio também provocou indignação.

Mesmo assim, Jair Bolsonaro se mostrou bem à vontade. "O pessoal aí embaixo (manifestantes) eu chamo de cérebro de ovo cozido. Não adianta botar a galinha, porque não vai sair pinto nenhum. Não sai nada daquele pessoal", desdenhou, enquanto discursava no auditório localizado no sétimo andar. Foi aplaudido.

Vendo que seu discurso estava sendo bem aceito, minutos mais tarde ele voltou a fazer piada sobre os manifestantes. "Vou pedir para um assessor meu dar um pulinho aí no bar. Compra um sanduíche de mortadela que eu vou jogar pela janela."

O deputado foi incisivo, e como de costume não mediu palavras. Atacou os ex-presidentes petistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, disse que a cúpula do PSDB está sendo atingida pela Lava Jato e não poupou nem mesmo o seu partido.

"O PSDB, por exemplo. Eu não posso afirmar nada, mas de acordo com os delatores toda a cúpula tá na Lava Jato. Se é verdade ou não, não sei. Mas eu não vou criticar o PSDB, porque o meu PSC, quando abrir de vez a tampa da latrina...", comentou. Mais tarde, referiu-se a Dilma e Lula fazendo piada de gosto duvidoso, mas que arrancou risos e aplausos da plateia. "Tinha lá uma ensacadora de vento na presidência. Não precisa falar mais nada. Tínhamos outro energúmeno que não sabia contar até dez porque não tinha um dedo. Uma vergonha pro nosso Brasil!"

Curiosamente, logo no início do discurso Bolsonaro declarou que não se acha um bom nome pra presidir o Brasil. "Eu não sou bom, não. Mas os outros são muito ruins. Me esculacham tanto e mesmo assim eu continuo subindo nas pesquisas", ironizou.

Boa parte da "palestra", que acabou mesmo como discurso de campanha, serviu para Jair Bolsonaro criticar medidas adotadas pelos ex-presidentes petistas, sobretudo às que dizem respeito à demarcação de terras. "Pode ter certeza que se eu chegar lá (presidência da República) não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou pra quilombola."

Para Bolsonaro, as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia. "Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí", afirmou. "Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem pra procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles."

O presidenciável também fez críticas a refugiados. "Não podemos abrir as portas para todo mundo", disse. Mas não se mostrou avesso a todos os estrangeiros. "Alguém já viu algum japonês pedindo esmola? É uma raça que tem vergonha na cara!"


Bolsonaro não é uma piada. É uma tragédia que a mídia ressuscitou



A entrevista de Jair Bolsonaro à Folha, hoje, mostra mais que um sujeito medíocre, violento, intolerante e autoritário.

Tijolaço - Mostra que a grande máquina de construir comportamentos sociais, a mídia, construiu uma base social para que um energúmeno como ele seja uma das únicas representações  do  reacionarismo ganhe força eleitoral.

A outra, João Dória, tem muito de fogo de palha, embora se esforce para manter um discurso de ódio e confrontações e completa inaptidão para sustentar qualquer projeto que passe do ridículo de administrar com doações empresariais.

Bolsonaro, ao contrário, tem um projeto com raízes na memória que chama a ordem como indutor do bem-estar.

Das trevas do ódio, sabe-se, acabam surgindo monstros. Mais ainda quando a “democracia” ganha ares de regime da crise, do empobrecimento e da abolição de um projeto nacional de desenvolvimento.

É assim desde antes da famosa cervejaria da Baviera.

Foi aqui, quando da redemocratização nasceu a desastrosa era Sarney e sua consequência, o fenômeno Collor.

Bolsonaro ainda não tem – possivelmente não terá – a mesma expressão eleitoral, mas fica claro a cada dia que ela cresce e vai se impondo sobre a direita política convencional, que não percebeu que sua adesão ao golpismo entregou-a à mesma sanha raivosa e moralista com que, na falta de argumentos econômicos, virou sua arma contra a direita.

Ele vai se tornando, crescentemente, um problema para o sistema, não porque “divida” seu eleitorado, que afinal migraria para seu candidato num segundo turno.

Mas porque ameaça tirar dela o direito de fazer este segundo turno, a não ser que se atire definitivamente ao segundo golpe que seria o impedimento da candidatura Lula.

Sobre o show de horrores da entrevista, na íntegra aqui, basta um pequeno trecho. E não ache que isso seja uma impossibilidade: afinal, boa parte disso já foi ensaiado (e aplaudido) em Curitiba:

O senhor diz que não defende tortura, mas acusa de vitimização quem a condena.

Quando disse “isso que dá torturar e não matar”, foi uma resposta para os vagabundos aqui que estavam se vitimizando que foram torturados pelos militares. Ninguém é favorável à tortura.

E a métodos de violência para obter informação?

Tem de ter métodos enérgicos. Eu proponho, o Congresso aprova. Ninguém é candidato para ser ditador.

O que é método enérgico?

Tratar o elemento com a devida energia.

Bater?

Qual o limite entre bater e tratar com energia? Não tem limite, pô. O cara senta ali, faz a pergunta, ele responde. Se não responde, bota na solitária. Fica uma semana, duas semanas, três meses, quatro meses… Problema dele.

Com comida?

Dá comidinha para ele, dá. Dá um negocinho para ele tomar lá, um pãozinho, uma água gelada, um brochante na Coca-Cola, tá tranquilo.

O que é brochante?

Calmante, um “boa-noite, Cinderela”.


STF confirma Bolsonaro como réu por incitação ao crime de estupro e injúria


Congresso em Foco - Pré-candidato à Presidência da República, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) sofreu uma dupla derrota no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (7). Por unanimidade, os ministros da Primeira Turma rejeitaram recursos apresentados pela defesa do parlamentar contra a abertura de dois processos – por incitação ao crime de estupro e por uma queixa-crime por injúria, apresentada pela deputada Maria do Rosário (PT-RS). Os ministros confirmaram, assim, a decisão tomada em junho do ano passado de tornar o deputado réu nos dois processos.

Bolsonaro discute com Maria do Rosário no Plenário. Foto: Fotógrafo/ABr.

Bolsonaro responderá aos processos por ter dito, em discurso no plenário da Câmara, em dezembro de 2014, que Maria do Rosário “não merecia ser estuprada”. O deputado reiterou os ataques à colega em entrevista publicada no dia seguinte pelo jornal gaúcho Zero Hora. “É muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”, declarou.

Nos embargos de declaração, Bolsonaro alegava “obscuridade” na decisão da Turma, sob o argumento de que a campanha da deputada [#eunãomerecoserestuprada] não teria se iniciado em razão da fala dele. Ele também questionava o não reconhecimento da incidência da imunidade parlamentar no caso.

Relator dos recursos e dos processos, o ministro Luiz Fux concluiu pela “absoluta ausência dos vícios alegados” pelo deputado. Fux ressaltou que, para a análise da decisão do recebimento da denúncia, é insignificante verificar a data em que teve início a referida campanha. O acórdão cuidou unicamente de distinguir o lema da campanha, do sentido e da conotação que simbolicamente foram empregados pelo deputado, tendo o ato sido caracterizado, de início, como delituoso. “O embargante visa, pela via imprópria, rediscutir os temas que já foram objeto de análise quando da apreciação da matéria defensiva no momento do recebimento da denúncia pela Primeira Turma”, alegou o ministro, no que foi acompanhado pelos demais ministros.

O Supremo aceitou a abertura das duas ações penais contra Bolsonaro em 21 de junho de 2016, por quatro votos a um, Em 2014, o deputado subiu à tribuna logo depois de um discurso feito por Maria do Rosário sobre os 50 anos do golpe militar de 1964. Com severas críticas ao regime de exceção, a deputada despertou a indignação do colega de Parlamento (veja no vídeo abaixo), capitão da reserva e ferrenho defensor do militarismo.

Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não a estuprava porque você não merece. Fique aqui para ouvir”, disse Bolsonaro em 9 de dezembro de 2014, logo após discurso da deputada sobre o Dia Internacional dos Direitos Humanos e a divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade.

“A violência sexual é um processo consciente de intimidação pelo qual as mulheres são mantidas em estado de medo”, disse o ministro-relator, Luiz Fux, ao emitir o parecer pelo acolhimento das denúncias. Os ministros Edson Fachin, Rosa Weber e Luis Roberto Barroso acompanharam o voto do relator. “Imunidade não significa impunidade”, destacou Rosa Weber.

Com a decisão, o deputado passa a responder formalmente por uma acusação no STF, passando da condição de alvo de inquérito para investigado em ação penal. Se for condenado, pode pegar de 3 a 6 meses de prisão, além de multa. Na ocasião, Bolsonaro publicou em seu Twitter uma imagem informando sobre a decisão da corte: “Diante de tantos escândalos no país, a ética e a moral serão condenadas?”.


A defesa do parlamentar alega que ele não fez qualquer incitação ao estupro e que é autor de projetos que endurecem punição a estupradores. “Ele é conhecido por projetos de lei que tendem a aumentar as penas de crimes e para que condenado por crime sexual deve ser submetido a castração química para obter benefícios. É uma mentira insinuar que o deputado tenha incitado a prática de qualquer crime”, alega a defesa.

Veja o vídeo.

               

Com 4 mil assinaturas de petição da comunidade judaica, Hebraica suspende palestra com Bolsonaro




Portal Fórum - Nesta segunda-feira (27), a Hebraica de São Paulo recuou e cancelou palestra com o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à Presidência da República em 2018. A possibilidade do evento não agradou boa parte da comunidade judaica. Uma petição na internet reuniu cerca de 4 mil assinaturas contra a presença do parlamentar no clube.

Segundo o presidente da Hebraica, Avi Gelberg, ficou definido “que seria mais adequado fazer um evento com todos os pré-candidatos, num modelo equilibrado e democrático”.

Foi a manifestação de todos e todas contrários à possibilidade de dar palanque ao Bolsonaro através deste abaixo-assinado e pelas redes sociais que fez com que o clube voltasse atrás”, escreveu Mauro Nadvorny, autor da petição.

As posições do Bolsonaro levaram ao protesto contra o evento. “Ele representa a extrema direita brasileira e em todas oportunidades em que lhe é permitido falar, explora e ataca as minorias entre as quais, nós judeus, nos encontramos”, justificou Nadvorny. “Ele é homofóbico, misógino, racista e antissemita por natureza e convicção. Idolatra a extrema direita neonazista e admira os torturadores da ditadura militar, a qual enaltece em todas as oportunidades.”

O rabino Michel Schlesinger apoiou o cancelamento. “O judaísmo tem tradição de debate. Mas a liberdade de expressão não pode servir de plataforma para a propagação de ideologia discriminatória e apologética à ditadura”, disse à Folha de S. Paulo.

Dep. Jair Bolsonaro. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados.

Sociólogo Jessé Souza: “Não existiria Bolsonaro como opção viável sem a Globo”



O público não é imbecil, ele é tornado imbecil pela mídia comprada, direta ou indiretamente, para fazer este papel”. A sentença é do sociólogo Jessé Souza, ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Do DCM

Autor de “A tolice da inteligência brasileira” e “A radiografia do golpe”, Jessé explica na entrevista a seguir, concedida ao jornalista Paulo Henrique Arantes, como e por quê pregadores do ódio ganham espaço no mundo, o papel da Globo no fenômeno Bolsonaro e a maneira como o capital financeiro se apossa do estado.

Por que a extrema-direita ganha espaço no mundo?

Eu acho que o avanço da direita tem a ver com uma relação de forças que é internacional. O capitalismo financeiro cria uma nova relação com a política que é desvalorizada para ser capturada. A política sempre foi influenciada pelo dinheiro, obviamente, mas você tinha contrapesos antes, os quais você não tem mais. O capital financeiro age globalmente, planetariamente, e a reação a ele é nacional, local, fragmentada, frágil.

O golpe no Brasil teve uma articulação internacional, foi o interesse do capital financeiro em se apropriar de tudo que possa rapinar: pré-sal, Petrobrás, destruir o capital tecnológico de empreiteiras, orçamento público, etc. Tudo com ajuda nacional da mídia e dos seus sócios internos. Dentre eles o aparelho jurídico do Estado que funcionou e funciona, com ou em consciência disso, como “advogados do capital financeiro” internacional.  O capital financeiro quer uma captura direta da política e do Estado.

O primeiro motivo é que a própria realização de lucro do capital financeiro exige e vai exigir cada vez mais desigualdade. Isso reflete numa nova forma de expropriação do trabalho coletivo que é via orçamento – aliás pago pelos pobres e apropriado pelos rentistas -, e é precisamente o que acontece no Brasil, o golpe foi feito para isso. Agora, inclusive, a ação do capital financeiro ficou mais nítida no Brasil do que em qualquer outro lugar.

Como o capital financeiro se apodera da política?

Quando ele desvaloriza a política, as instituições políticas, usando a mídia e a balela da “corrupção seletiva”, só dos políticos, escondendo a corrupção legal e ilegal do mercado que compra direta ou indiretamente a mídia e a própria política. Nesta quadra histórica, o dinheiro está se apropriando da política completamente.

A própria linguagem do dinheiro criminalizou a política. O Dória no Brasil é o melhor exemplo disso, e o Trump nos EUA, quando diz: “você deve me eleger porque eu não sou político”. Você só pode dizer isso porque a “corrupção real”, que é a do mercado, por meios legais e ilegais, é tornada invisível pela mídia.

A base de tudo tem a ver com isso: você tem que imbecilizar o público. O público não é imbecil, ele é tornado imbecil pela mídia comprada direta ou indiretamente para fazer este papel.

O populismo de direita que vemos hoje crescer no mundo todo carrega o risco de um novo fascismo?

O fascismo assumiu a forma que assumiu nos anos 30 pelas circunstâncias históricas. Eu acho que o que está acontecendo agora é sim uma forma de fascismo. Ele não precisa assumir a forma que assumiu na década de 30. Hoje ele exerce mais uma violência simbólica, “imbecilizando” o público, por exemplo, ao invés de usar majoritariamente a violência física, como o antigo fascismo, embora a violência física seja utilizada hoje em dia também.

Esses novos líderes, todos eles, têm a ver com a reação dos perdedores do capital financeiro que são a imensa maioria. O Bernie Sanders foi uma reação racional, que conseguiu forte penetração na juventude intelectualizada. O Trump é a resposta menos inteligente, emotiva, que pede um “bode expiatório”, lá os mexicanos e aqui os pobres beneficiados pelo PT, o ódio, é a linguagem fascista sobre o medo. É a versão que está ganhando aqui.

Por que o discurso populista de direita, que prega o ódio, alcance tanta receptividade?

A base do fascismo no Brasil é a classe média. A mídia manipula o falso moralismo dessa classe para que sirva de “tropa de choque” dos interesses inconfessos das elites. O grande elemento aí, que é sempre esquecido, é a mídia. A mídia é o partido da elite que rapina o país.

A mídia representa, antes de tudo, interesses, mas “tira onda” de neutra. Como esses interesses elitistas são difusos, a mídia concentra e sistematiza esses interesses e dá boca para eles. O capitalismo, o dinheiro, não tem boca – a mídia é a boca do dinheiro, então ela vai manipular o povo a partir disso.

Não há um papel positivo na atuação da mídia?

Não sei se concordo contigo. De que papel e de que mídia você se refere? Não existiria Bolsonaro como opção viável sem a Rede Globo. Você tem que lembrar, apenas para ficar num único exemplo que pode ser multiplicado milhares de vezes, como eu me lembro, do jornalista Merval Pereira, no jornal da “Globo News”, falando que vazamento ilegal não é nenhum problema real, que isso é “normal” e acontece sempre – imagine coisas assim ditas 500 vezes ao dia.

Como não existe contraposição de opiniões, você vai criando um terreno favorável a preconceitos contra os direitos individuais e, portanto, contra a própria democracia. Quando você cria o terreno, fica fácil para um cara como o Bolsonaro entrar, pois ele vai ocupar um espaço que foi “construído” para ele.

É a mesma coisa do Trump. Você criou esse discurso virulento com a criminalização da esquerda. Você criminaliza e torna suspeito todo discurso que tenta proteger os mais frágeis. E quando você criminaliza esse discurso, você abre espaço para a violência explícita. E quem fez isso foi a imprensa, não o Bolsonaro.

Dias atrás, outro exemplo entre milhares, eu vi, também na “Globo News” – que a classe média feita de tola assiste massivamente – a turma de “analistas”  dizendo no Jornal das Dez que foi Cabral quem quebrou o Rio. É uma deslavada mentira. Quem quebrou o Rio foi a mídia, comandada pela Globo, associada à Lava Jato, que destruiu os empregos da Petrobrás e de toda sua cadeia produtiva que é vital ao Rio.

Foram bilhões de reais e milhões de empregos perdidos. Depois você diz que foi a propina do Cabral. É claro que Cabral perdeu a noção das coisas. Mas o que ele roubou é uma gota nesse oceano. É assim que você produz uma fábrica de mentira cotidiana. O público não tem defesa contra isso.

Alguns políticos evangélicos não se enquadrariam entre os populistas de direita?

É claro que sim, mas eu acho que temos de separar muito bem essas coisas. O fato de esses indivíduos serem demagogos de direita não significa que toda a clientela evangélica o seja. Ela está sendo obviamente cooptada, de novo pelo trabalho da imprensa.

Como esses evangélicos são de classes populares, isso vira mais um preconceito da classe média contra as classes populares, contra a “burrice” das classes populares etc. Isso é uma coisa ruim, e falsa: em termos de inteligência, a mais burra, melhor, a mais feita de tola de todas as classes foi a classe média, que a partir de agora vai ter obrigatoriamente de pagar muito mais que pagava antes por tudo. Já está acontecendo.

Para você apoiar a destruição do Estado via captura do orçamento para o rentismo e a privatização, agora muito mais cara, dos serviços que o Estado presta, você tem que ser uma entre duas coisas: rico ou otário. É essa a questão que as pessoas que têm que responder sem medo e com sinceridade.

Mais uma vez: as pessoas não nascem tolas, elas são feitas de tolas. E para mim a fábrica da tolice no Brasil é uma mídia que se apresenta como neutra e “serviço público” para, sorrateiramente, destilar seu veneno todo dia. Ela ganha dinheiro e poder com isso e representa os interesses de uma elite predatória.

No painel, Bolsonaro no aeroporto de Recife (a dir.) e o sociólogo Jessé de Souza. 

Eleição na Câmara: cinco votos brancos, quatro para Bolsonaro



Pré-candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro parece não ter no Congresso o mesmo prestígio conferido por seus ruidosos seguidores nas manifestações de rua e nas redes sociais. Capitão da reserva do Exército e expoente da chamada "Bancada da Bala", o deputado do PSC registrou na noite de ontem a sua candidatura ao comando da Câmara. Amealhou quatro votos, um deles possivelmente de sua própria lavra. Terminou em último lugar na votação secreta. Até mesmo os sufrágios em branco tiveram desempenho um pouco melhor.

Formado na Academia Militar de Agulhas Negras em 1977, Bolsonaro integrou a brigada de paraquedistas, onde conquistou a patente de capitão. Em 1986, foi preso por 15 dias, após liderar um protesto contra os baixos salários dos praças. Absolvido pelo Superior Tribunal Militar dois anos depois, decidiu abandonar a farda e ingressar na política.

Em 1988, elegeu-se vereador do Rio de Janeiro. Dois anos depois, conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Reeleito a cada nova legislatura, está em seu sétimo mandato como deputado federal. Um feito e tanto para um político sempre considerado irrelevante nas articulações políticas do Congresso.

Praticamente desconhecido fora de seus redutos eleitorais por duas décadas, Bolsonaro ganhou projeção nacional nos últimos tempos graças ao antipetismo e à habilidade de atrair os holofotes da mídia com seu discurso de intolerância. Aliado à Bancada da Bíblia, fez intensa campanha contra as cartilhas lançadas pelo governo Dilma Rousseff para estimular o debate nas escolas sobre questões de gênero e sexualidade. Segundo o parlamentar, tratava-se de um “Kit Gay” para fazer “apologia ao homossexualismo”.

Defensor da redução da maioridade penal para 14 anos, além de propor um plebiscito para a população decidir sobre o encarceramento a partir dos 12 anos, é a favor da pena de morte e costuma zombar das entidades que defendem direitos humanos. “Prefiro cadeia cheia de vagabundo a cemitério cheio de inocentes” é um de seus bordões, repetido à exaustão pelos seus numerosos seguidores, que carinhosamente o apelidaram de “Bolsomito”. Mantém especial desprezo pelas mulheres do Parlamento, e chegou a dizer que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela “não merece”. Em consequência do estupro, tornou-se réu no Supremo por incitação ao crime.

A cada aniversário do golpe de 1964, prepara uma homenagem aos militares que assaltaram o poder e reprimiram os dissidentes políticos. Debochado, chegou a posar para fotos no gramado do Parlamento, ao lado de uma faixa: “Parabéns, militares. Graças a vocês o Brasil não é Cuba”. No impeachment de Dilma, dedicou o voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi paulista, reconhecido pelas práticas de tortura contra opositores do regime militar.

O discurso de ódio, ora em moda, despertou a mosca azul do parlamentar. Bolsonaro trocou o PP pelo PSC, com o sonho de participar da corrida presidencial de 2018. E figura com impressionantes 9% das intenções de voto, segundo as mais recentes pesquisas. Nos maiores centros urbanos, entre eleitores da classe A, chega a registrar 25%. Ao se levar em conta a votação na Câmara, o deputado talvez não passe mesmo de um mito.

Ao se levar em conta a votação na Câmara, o deputado talvez não passe mesmo de um mito.
Foto: Thyago Marciel/Câmara dos Deputados.



Ao invés de lutarmos pela construção de prédios escolares decentes, reivindicamos presídios


Em fevereiro de 1909, o poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti lançava o Manifesto Futurista, onde, entre outras sandices, pregava: “Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da mulher”. Cinco anos depois, estourava a I Guerra Mundial e, após um interregno de apenas 21 anos, o mundo inteiro se envolveria na II Guerra Mundial, que deixaram, juntas, um saldo de 34 milhões de soldados, 65 milhões de civis mortos e 56 milhões de feridos. Marinetti ofereceu à política as bases estéticas e à arte as bases ideológicas do fascismo, que, nascido na Itália, se espraiaria pelos cinco continentes alcançando até os dias de hoje.

No Brasil contemporâneo, o pensamento fascista prolifera em terreno fértil. Os recentes massacres nas penitenciárias de Manaus (AM) e Boa Vista (RR) possibilitaram vir à tona comentários nas redes sociais que demonstram o fascínio do homem comum pela “violência arrebatadora” que inspirou Marinetti. O secretário nacional da Juventude, Bruno Júlio, declarou: “Eu sou meio coxinha sobre isso. Tinha que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana”. Bruno Júlio, filho do ex-deputado federal e atual deputado estadual por Minas Gerais, Cabo Júlio (PMDB), perdeu o emprego pelo comentário absurdo. O pai, cabo da Polícia Militar, condenado em segunda instância por improbidade administrativa a 10 anos de inelegibilidade, é conhecido pelos rompantes, o mais recente por ter chamado a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) de “vaca” em sessão plenária.

Outro que fez questão de proferir sua opinião foi o deputado federal Major Olímpio (SD-SP), que no Facebook desafiou os presos do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, a cometer massacres que superassem os do Amazonas e Roraima. O deputado, major da Polícia Militar, escreveu: “Placar dos presídios: Manaus 56 x 30 Roraima. Vamos lá, Bangu! Vocês podem fazer melhor!” Em qualquer país sério do mundo, Major Olímpio perderia seu mandato por quebra do decoro parlamentar e ainda seria processado por incitação ao ódio e à violência - mas não aqui neste canto acanhado do mundo.

O Major Olímpio segue a tradição do pensamento de ultradireita que vem prevalecendo no Congresso Nacional. Em 17 de abril do ano passado, ao declarar seu voto favorável à admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado federal e ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro, homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, notório torturador da época da ditadura militar. Apesar de a tortura ser considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como crime contra a humanidade, somente em junho, dois meses depois do episódio, e após pressão da sociedade, a Câmara dos Deputados resolveu abrir processo no Conselho de Ética contra Bolsonaro, e até hoje o caso se arrasta. Em maio de 1999, o deputado, em entrevista à televisão, já havia dito claramente ser favorável à tortura e à guerra civil como única solução para os problemas do Brasil.

Major Olímpio, dono de 179 mil votos, justificou seu ponto de vista no Facebook afirmando que seu papel de legislador é “manifestar o pensamento da sociedade”: “Antes eles se matem sozinhos do que matem a população”. A grande tragédia é que o Major Olímpio está certo. Ele, Bruno Júlio e Bolsonaro, o deputado mais votado do Rio de Janeiro com 464 mil votos, realmente representam o pensamento médio da população. Uma pesquisa, realizada em outubro de 2011 pelo Ibope para a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), mostrava que 46% dos brasileiros era favorável à pena de morte, 79% defendiam penas mais rigorosas para os criminosos e 86% pediam a diminuição da idade penal. Em outra pesquisa, no ano passado, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Datafolha revela que 57% dos entrevistados concorda com a frase “bandido bom é bandido morto”.

O Brasil vem se tornando dia a dia mais e mais um país fascista. Ao invés de lutarmos pela construção de prédios escolares decentes, reivindicamos presídios; no lugar de exigirmos um sistema educacional de qualidade, pedimos mais policiamento; ao invés de ruas seguras, aspiramos condomínios invioláveis. Mas, vale a pena lembrar, pelas palavras do poeta Affonso Romano de Sant’Anna: “Uma coisa é um país / outra um ajuntamento. // Uma coisa é um país / outra um regimento. // Uma coisa é um país / outra o confinamento”.

Jair Bolsonaro. Foto: André Cruz/Agência Brasil.



Jesus Cristo ou Bolsonaro?



A corrida presidencial já começou e o ano de 2018 promete ser quente. Alianças já estão sendo costuradas e não esperem bom senso ou lógica nas parcerias que irão se formar. Hoje tomei conhecimento de que o deputado federal Jair Bolsonaro declarou que busca o apoio do pastor Silas Malafaia para chegar ao planalto. Segundo matéria publicada no jornal Extra, o mito ideológico dos desesperados diz que há dez anos mantêm uma relação de amizade com Malafaia, a quem classificou como um cara excepcional.
Por Nêggo Tom, no 247

Mas por que o apoio de um pastor evangélico é tão importante para um candidato à presidência? E logo um candidato que se declara favorável a pena de morte e a tortura, pensamentos que não deveriam ser compartilhados por cristãos. Silas Malafaia já sinalizou que simpatiza com as idéias de J.B, mesmo que elas sejam o oposto dos ensinamentos de J.C, a quem ele jura que segue e obedece. E ai de quem duvidar e ousar a tocar nesse ungido do senhor. Já sabemos que Dom Silas muda de opinião e de lado de acordo com a oferta depositada na sua conta. Não se assustem se ao invés da Bíblia, Malafaia comece a recomendar a leitura do "Mein Kampf" aos seus fiéis, prometendo um Brasil puro, abençoado, próspero e livre da raça esquerdopata, a quem votar em Bolsonaro para presidente.

O deputado afirma que: "Se a gente fechar com os evangélicos, minha candidatura ganha musculatura", o que me leva a crer que ele pretende usar o segmento religioso como anabolizante para fazer crescer as suas raquíticas chances de chegar à presidência. Vale lembrar que Bolsonaro foi batizado pelo pastor Everaldo nas águas do Rio Jordão (São João Batista pira no túmulo), numa espécie de iniciação político-religiosa, visando entronizar no ideológico político-cristão dos fiéis, um novo Messias que em nome de Deus, libertará o país de todo o mal e restabelecerá a ordem, a moral e os bons costumes. E não é que o segundo nome do Capitão é Messias? Nesse caso, qualquer semelhança, é sim mera coincidência. Eu fico tentando imaginar o q ue Jesus Cristo deve achar disso.

Vale lembrar ainda, ou talvez seja melhor nem lembrar, que o provável vice na chapa de Bolsonaro é o deputado e também pastor Marco Feliciano, recentemente acusado de estupro por uma jovem seguidora sua. Nada foi provado contra o pastor e a jovem que o acusava acabou sendo taxada como louca e mito maníaca. Mito? Mania? Mas se quem tem mania de criar mitos é doente....Bom! Deixa isso pra lá! Na mesma matéria do Extra, Bolsonaro diz que só não fará barganhas para ter o apoio de Malafaia e dos evangélicos e antecipou que não abre mão de ter um General 4 estrelas no ministério da defesa e de alguém conservador para cuidar da cultura e da educação. Um censor, quem sabe?

Bolsonaro só não traçou o perfil de quem assumirá os cargos de carrasco e de torturador em seu possível futuro governo. Pretendentes ao cargo não irão faltar e temos muitos "cidadãos de bem" com competência e cheios de vontade para exercer tais funções. Apenas precisam de uma oportunidade. Talvez até algum "cristão ungido por Deus" seja escolhido para ocupar um desses cargos. O certo é que o governo Bolsonaro pode ser tanto um divisor de águas, quanto um simples embarque em mares já antes navegados, cujo naufrágio é tão certo quanto a sua não eleição.

É claro que não devemos subestimar a sua candidatura. É inegável que os simpatizantes ao seu discurso são numerosos. O assassino de Campinas era um deles. Mas será que a essa altura do campeonato, precisamos mesmo de uma mentalidade como a de Jair Bolsonaro? A cultura do ódio, o remake do "Dente por dente. Olho por olho" e a reinvenção do pau de arara, trarão de volta a paz, a justiça e a igualdade social dos quais tanto necessitamos? O cerceamento da liberdade de expressão do cidadão, por conta da vaidade e da fanfarronice de um ditador, nos fará retomar o crescimento ou nos fará retornar "10 casas" atrás no caminho do progresso das conquistas populares?

O projeto de poder dos fascistas, conta com o apoio de algumas religiões e de seus líderes midiáticos. Ávidos por glória e poder e ansiosos em transformar o Brasil numa nação de ovelhas emburrecidas, subalternas e dizimistas, eles alienam os seus seguidores e os fazem crer que Deus está por trás de suas indicações. Mas se você se considera um verdadeiro cristão, jamais votará em Bolsonaro ou em qualquer outro que tenha o apoio dessa plêiade sacana e manipuladora da fé, que deturpa os ensinamentos bíblicos em benefício próprio e atribui a si mesmo uma unção que Deus não lhes destinou e nunca lhes destinará.

Bolsonaro, além da exaltação tortura e da instituição da pena capital, prega o armamento da sociedade, o fim das políticas afirmativas e a falsa meritocracia. A mesma meritocracia que fez com que os seus três filhos seguissem a mesma carreira política do pai, sem que esse tivesse influência alguma na eleição dos mesmos. Sem ele, eles conseguiriam se eleger de qualquer forma. Apenas por méritos próprios. Sei. Uma boa parte da nossa sociedade ainda é carente de heróis e dependente de alguém que lhes conduza. Ainda que esse alguém os conduza a um precipício, onde se sacrifica a liberdade, a tolerância, o respeito às diferenças, a igualdade e a empatia com a limitação e a dificuldade do outro.

A Bíblia diz que no final dos tempos o amor de muitos se esfriará, mas eu rogo para que não esfrie tanto a ponto de se deixar orientar por Silas Malafaia e eleger Bolsonaro presidente.

O que menos queremos e merecemos, é que o apocalipse comece por aqui.

Amém?


Retrospectiva 2016: Ellen Page joga na cara de Jair Bolsonaro o que muita gente gostaria de jogar


O deputado federal Jair Bolsonaro (PP) foi confrontado pela atriz canadense Ellen Page no segundo episódio da série documental “Gaycation”.

Durante o filme, a artista mostra como a comunidade LGBT é tratada em diversas partes do mundo. Na cena gravada no Rio de Janeiro, divulgada nesta sexta-feira, o parlamentar afirma que ser homossexual “é comportamental”. Para ele, “se o filho começa a andar com certas pessoas, vai ter aquele tipo de comportamento, achar que aquilo é normal”.

A atriz rebate um dos posicionamentos de Bolsonaro, no qual ele defendia que as famílias devessem bater nas crianças para “tirar” a homossexualidade. “Eu sou gay, então você acha que eu deveria ter apanhado quando criança para não ser gay agora?”, questionou Ellen.

Bolsonaro disse que não interessa se alguém é gay ou não é. Em seguida, o deputado elogia a artista e ainda insinua que poderia cantá-la na rua. “Se eu fosse cadete da Academia Militar das Agulhas Negras e te visse na rua, assobiaria para você”, destacou.

Na entrevista, o deputado ainda explica que quando ele era jovem, “existiam poucos gays”. Ele ainda atribuiu o possível crescimento na comunidade LGBT ao uso de drogas e à presença da mulher no mercado de trabalho.

Quando seu filho é violento, tem que dar um corretivo nele, e ele deixa de ser violento. Por que o contrário não vale?”, ressaltou ainda Bolsonaro. “Com todo o respeito, você foge à normalidade, beira à teoria do absurdo. Você e a sua companheira não geram filhos. Você depende de nós, héteros, homens”, atacou.

Após a divulgação do vídeo, a atriz norte-americana Miley Cyrus postou duas fotos nas quais ela aparece chorando com a situação dos homossexuais no Brasil. “Obrigada, Ellen Page, por mostrar a todo o mundo como eles são tratados”, escreveu.



Jair Bolsonaro e Ellen Page.