A
corrida presidencial já começou e o ano de 2018 promete ser quente. Alianças já
estão sendo costuradas e não esperem bom senso ou lógica nas parcerias que irão
se formar. Hoje tomei conhecimento de que o deputado federal Jair Bolsonaro
declarou que busca o apoio do pastor Silas Malafaia para chegar ao planalto.
Segundo matéria publicada no jornal Extra, o mito ideológico dos desesperados
diz que há dez anos mantêm uma relação de amizade com Malafaia, a quem
classificou como um cara excepcional.
Por Nêggo Tom, no 247
Mas
por que o apoio de um pastor evangélico é tão importante para um candidato à
presidência? E logo um candidato que se declara favorável a pena de morte e a
tortura, pensamentos que não deveriam ser compartilhados por cristãos. Silas
Malafaia já sinalizou que simpatiza com as idéias de J.B, mesmo que elas sejam
o oposto dos ensinamentos de J.C, a quem ele jura que segue e obedece. E ai de
quem duvidar e ousar a tocar nesse ungido do senhor. Já sabemos que Dom Silas
muda de opinião e de lado de acordo com a oferta depositada na sua conta. Não
se assustem se ao invés da Bíblia, Malafaia comece a recomendar a leitura do
"Mein Kampf" aos seus fiéis, prometendo um Brasil puro, abençoado,
próspero e livre da raça esquerdopata, a quem votar em Bolsonaro para presidente.
O
deputado afirma que: "Se a gente fechar com os evangélicos, minha
candidatura ganha musculatura", o que me leva a crer que ele pretende usar
o segmento religioso como anabolizante para fazer crescer as suas raquíticas
chances de chegar à presidência. Vale lembrar que Bolsonaro foi batizado pelo
pastor Everaldo nas águas do Rio Jordão (São João Batista pira no túmulo), numa
espécie de iniciação político-religiosa, visando entronizar no ideológico
político-cristão dos fiéis, um novo Messias que em nome de Deus, libertará o
país de todo o mal e restabelecerá a ordem, a moral e os bons costumes. E não é
que o segundo nome do Capitão é Messias? Nesse caso, qualquer semelhança, é sim
mera coincidência. Eu fico tentando imaginar o q ue Jesus Cristo deve achar
disso.
Vale
lembrar ainda, ou talvez seja melhor nem lembrar, que o provável vice na chapa
de Bolsonaro é o deputado e também pastor Marco Feliciano, recentemente acusado
de estupro por uma jovem seguidora sua. Nada foi provado contra o pastor e a jovem
que o acusava acabou sendo taxada como louca e mito maníaca. Mito? Mania? Mas
se quem tem mania de criar mitos é doente....Bom! Deixa isso pra lá! Na mesma
matéria do Extra, Bolsonaro diz que só não fará barganhas para ter o apoio de
Malafaia e dos evangélicos e antecipou que não abre mão de ter um General 4
estrelas no ministério da defesa e de alguém conservador para cuidar da cultura
e da educação. Um censor, quem sabe?
Bolsonaro
só não traçou o perfil de quem assumirá os cargos de carrasco e de torturador
em seu possível futuro governo. Pretendentes ao cargo não irão faltar e temos
muitos "cidadãos de bem" com competência e cheios de vontade para
exercer tais funções. Apenas precisam de uma oportunidade. Talvez até algum
"cristão ungido por Deus" seja escolhido para ocupar um desses
cargos. O certo é que o governo Bolsonaro pode ser tanto um divisor de águas,
quanto um simples embarque em mares já antes navegados, cujo naufrágio é tão
certo quanto a sua não eleição.
É
claro que não devemos subestimar a sua candidatura. É inegável que os
simpatizantes ao seu discurso são numerosos. O assassino de Campinas era um
deles. Mas será que a essa altura do campeonato, precisamos mesmo de uma
mentalidade como a de Jair Bolsonaro? A cultura do ódio, o remake do
"Dente por dente. Olho por olho" e a reinvenção do pau de arara,
trarão de volta a paz, a justiça e a igualdade social dos quais tanto
necessitamos? O cerceamento da liberdade de expressão do cidadão, por conta da
vaidade e da fanfarronice de um ditador, nos fará retomar o crescimento ou nos
fará retornar "10 casas" atrás no caminho do progresso das conquistas
populares?
O
projeto de poder dos fascistas, conta com o apoio de algumas religiões e de
seus líderes midiáticos. Ávidos por glória e poder e ansiosos em transformar o
Brasil numa nação de ovelhas emburrecidas, subalternas e dizimistas, eles
alienam os seus seguidores e os fazem crer que Deus está por trás de suas
indicações. Mas se você se considera um verdadeiro cristão, jamais votará em
Bolsonaro ou em qualquer outro que tenha o apoio dessa plêiade sacana e
manipuladora da fé, que deturpa os ensinamentos bíblicos em benefício próprio e
atribui a si mesmo uma unção que Deus não lhes destinou e nunca lhes destinará.
Bolsonaro,
além da exaltação tortura e da instituição da pena capital, prega o armamento
da sociedade, o fim das políticas afirmativas e a falsa meritocracia. A mesma
meritocracia que fez com que os seus três filhos seguissem a mesma carreira
política do pai, sem que esse tivesse influência alguma na eleição dos mesmos.
Sem ele, eles conseguiriam se eleger de qualquer forma. Apenas por méritos
próprios. Sei. Uma boa parte da nossa sociedade ainda é carente de heróis e
dependente de alguém que lhes conduza. Ainda que esse alguém os conduza a um
precipício, onde se sacrifica a liberdade, a tolerância, o respeito às
diferenças, a igualdade e a empatia com a limitação e a dificuldade do outro.
A
Bíblia diz que no final dos tempos o amor de muitos se esfriará, mas eu rogo
para que não esfrie tanto a ponto de se deixar orientar por Silas Malafaia e
eleger Bolsonaro presidente.
O
que menos queremos e merecemos, é que o apocalipse comece por aqui.
Amém?