Jorge
Picciani, aquela liderança carioca que “prima” pela ética e coerência, apoiou
Aécio Neves para presidente, apesar do PMDB ter Temer como vice de Dilma.
Depois, girou a favor de Dilma para o PMDB abocanhar mais ministérios e firmar
Leonardo Piacciani, seu filho, como líder do partido na Câmara dos Deputados. E
agora, prega o desembarque do PMDB do governo, dizendo ser necessário um
definitivo ajuste fiscal. Ele acompanha outros próceres do PMDB, que concorrem
para ver quem mais prejudica os trabalhadores e se credencia com banqueiros e
ricaços em geral, com o plano de Michel Temer “uma ponte para o futuro” ou as
50 propostas de Renan Calheiros.
O
jornal Estado de São Paulo de domingo traz uma síntese desta proposta para um
“futuro” governo Temer: superar o vigoroso ajuste fiscal suicida de Dilma, com
um mega ajuste fiscal. Eles prometem entre outras coisas:
–
revisão dos gastos na área social;
–
mudanças nas concessões de bolsa de estudo (Prouni, Pronatec…);
–
extinção de todas as indexações, inclusive salários e benefícios
previdenciários;
–
extinção de todas as vinculações, inclusive para a saúde e educação;
–
revisão de subsídios, entre eles o uso do FGTS para financiar o programa Minha
Casa Minha Vida;
–
avaliar limitar o ensino gratuito nas universidades públicas. Leia-se cobrar
mensalidades e partir para privatização escancarada;
–
tornar o SUS mais eficiente. Leia-se cortar gastos com a saúde pública;
–
a volta das privatizações que nunca pararam no governo Dilma e Lula. Agora é
privatização total, para além da privataria tucana;
–
flexibilização da legislação trabalhista. O que for negociado está acima do
legislado;
–
reforma da previdência com aumento do tempo de contribuição e de idade de
aposentadoria;
–
autonomia do Banco Central.
Para
o PMDB e os articulistas e comentaristas econômicos que povoam nossos
noticiários, as ações de Dilma são populismo econômico e proposta desastrosa,
mesmo fazendo todas as vontades dos banqueiros e rentistas com a maior taxa de
juros do mundo, privatizações e potente ajuste fiscal de Levy e Nelson Barbosa.
E não acharam ruim quando as desonerações fiscais feitas pelo governo às
grandes empresas chegaram a R$ 120 bilhões de reais, sem gerar emprego e
distribuir renda.
No
Congresso só o PSOL votou contra essas isenções e desonerações fiscais que
esvaziam os cofres do Estado com perda fabulosa de arrecadação sem
contrapartida. E mais, causam danos extraordinários à previdência social que
atende 30 milhões de trabalhadores e de quem agora se pretende tirar direitos
para pagar mais essa conta. Taxar grandes fortunas e grandes heranças, fazer
auditoria da dívida pública, cobrar a dívida ativa dos grandes empresários com
o Estado que chega a um trilhão de reais, não lhes passa pela cabeça.
A
manobra cínica do PMDB e da direita brasileira para colocar no poder um partido
em que os principais líderes estão citados, indiciados e alguns já são réus na
Operação Lava-Jato, vai além da chegada espúria ao poder. Eles são instrumentos
para que o povo brasileiro mais explorado e excluído pague a conta do ajuste
brutal e da crise econômica.
É
um plano para sossegar os especuladores, propiciar à grande mídia ultraliberal
noticiário de saída para a crise, mesmo com mais sofrimento para o povo,
aumento do desemprego e perda de direitos. Tudo combinado com tucanos e
empresários.