(FOTO | Reprodução | Redes Sociais ). |
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Benedita da Silva. (FOTO/ Gustavo Bezerra). |
O
cinema brasileiro está de luto. Um incêndio atingiu o galpão onde estava a
Cinemateca Brasileira, o maior acervo audiovisual da América Latina.
A
extensão dos prejuízos ainda será avaliada, mas o fogo queimou a memória
audiovisual brasileira, representando 100 anos de história do cinema nacional,
com mais de 250 mil rolos de filmes.
Inimigo
declarado da cultura, Bolsonaro não renovou o contrato de administração da
Cinemateca, terminado em dezembro de 2019 e ainda demitiu todos os seus
profissionais técnicos em agosto do ano passado. Também recusou ajuda da
Prefeitura e do governo de São Paulo.
Deixou
largado num galpão, com risco de incêndio, falta de vigilância, contas de luz,
de água e salários atrasados, nosso precioso acervo audiovisual. Maior imagem
de abandono, não há!
Assim,
do mesmo modo como o incêndio do Museu Nacional em setembro de 2018, o incêndio
da Cinemateca Brasileira não foi um acidente, mas um crime e, como vimos, um
crime premeditado, cujos responsáveis maiores são Bolsonaro e seu Secretário Especial
de Cultura, Mário Frias.
A
destruição da memória e da cultura nacional não são atos isolados, mas parte de
uma destruição maior, do desmonte dos direitos sociais, do Estado e da economia
nacional, uma destruição começada pelo governo golpista de Temer, logo em
seguida ao impeachment contra a presidenta Dilma.
Mas
esse desmonte do Brasil não foi somente acelerado, mas atingiu requintes de
crueldade no governo do neofascista Bolsonaro, quando a sua política genocida
levou à morte por Covid mais de 555 mil pessoas.
O
objetivo de Bolsonaro é reduzir o Brasil, de nação independente, ao um
território de exploração do agronegócio e um “quintal” obediente à geopolítica
norte-americana.
Contudo,
a destruição de uma Nação e de um povo só se completa se a sua cultura e
memória histórica forem também destruídas. E é isso o que Bolsonaro faz e manda
fazer na política cultural, com a volta da censura, ao abandonar a maioria da
classe artística durante a pandemia e no desmonte das instituições culturais,
inclusive daquela criada para preservar a cultura e a memória do povo negro,
que é a Fundação Cultural Palmares.
A
defesa da nossa memória histórica, de nossa cultura, bem como do acesso
democrático a todas as suas manifestações, expressa o interesse maior do povo
brasileiro e por isso é parte vital da sua luta mais geral contra a barbárie
bolsonarista.
___________
Texto publicado em sua Coluna no Brasil 247.
Benedita é Deputada federal pelo PT-RJ, ex-governadora do Rio de Janeiro e primeira senadora negra do Brasil.
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