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(FOTO | Reprodução | Politize). |
Atualmente, o garimpo ilegal é a principal causa da destruição do meio ambiente em terras indígenas Yanomami, mas a falta de assistência sanitária também provocou uma crise entre os indígenas.
O
ministério da saúde alega que ao menos 570 crianças morreram em decorrência de
desnutrição, pneumonia, diarreia, nos últimos 4 anos, fatores que resultaram colapso
da população.
Com
80% das crianças desnutridas e mais de 44 mil casos de Malária em dois anos, em
4 de Janeiro de 2023 já haviam mais de 40 voos da Força Aérea Brasileira por
dia levando alimentos, remédios e produtos de higiene para prestar assistência.
Após
a alta repercussão dos casos, foi criado dia 26 de Janeiro de 2023 o Centro de
Operações de Emergências em Saúde Pública (COE – Yanomami) ,com a intenção de
garantir junto com a junto à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), o
reestabelecimento da região e a prestação de serviços de saúde.
Autoridades
do Ministério da Saúde, da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e da
Senai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) afirmaram que muitos garimpeiros
foram resistentes à saída do local invadido.
Também
existem relatos de que muitas aldeias foram invadidas por garimpeiros de ouro
na região e indígenas tiveram seus pertences roubados e as mulheres foram
violentadas sexualmente.
A
partir desses fatos, o Presidente Luís Inácio Lula da Silva e a então Ministra
da Saúde, Nísia Trindade, classificaram os acontecimentos como genocídio
Yanomami devido ao abandono e a omissão da emergência sanitária.
O
ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pediu para a Polícia
Federal investigar os crimes cometidos por garimpeiros e a possibilidade de
mantimentos estarem sendo desviados antes de chegar à aldeia nos últimos anos.
A
descoberta da situação emergencial dos Yanomamis foi necessária para a
distribuição de suplementos alimentares e medicações para que tivessem acesso
aos direitos básicos de um ser humano.
As
perdas foram graves e acende um alerta para a pergunta: como estão as outras aldeias
indígenas do país?
Onde tudo começou?
Os
yanomami são um grupo que conta com cerca de 30-35 mil indígenas distribuídos
entre o Brasil e a Venezuela, sendo divididos por quatro subgrupos: Yanomae,
Yanõmami, Sanima e Ninam, cada um com sua língua própria. O nome da etnia
“yanomami” foi criado por antropólogos a partir da expressão yanõmami thëpë, a qual
significa “seres humanos”.
Seu
território se concentra no Sul da Venezuela, nos Estados brasileiros Roraima e
Amazonas e na Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare. Veja no mapa abaixo
o atual território demarcado:
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Demarcação da Terra Indígena Yanomami. (FOTO | Agência Pública) . |
Desde
o século XX sofrem com o descaso governamental, com a expansão de mineradoras e
empresas agropecuárias sob suas terras e lutam contra a ameaça de morte por
violência ou doenças infecciosas.
Desde
Janeiro de 2023 tem se falado muito sobre estas tragédias. A maior reserva
indígena do país trava batalhas contra a contaminação por mercúrio, contra a
malária, verminoses, fome e desnutrição.
A Queda do Céu e o Líder Kopenawa
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Davi Kopenawa Yanomami. (FOTO | Academia Brasileira de Letras, Brasil, 2021). |
Durante
muito tempo Davi Kopenawa (1950-2015) foi líder dos Yanomami e reconhecido em
âmbito internacional pela luta dos direitos dos povos indígenas e conservação
da Amazônia.
O
líder perdeu sua família por contato com doenças da cidade e presenciou
epidemias depois de missões religiosas invadirem as aldeias.
Em
2022, mesmo após a sua morte, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Título oferecido por universidades
àqueles que mesmo sem ensino superior ou graduação se destacaram por seus
serviços à comunidade.
Sua
história e do seu povo foram escritos por Bruce Albert, antropólogo francês, no
livro “A Queda do Céu: Palavras de um
Xamã Yanomami”, publicado em 2010, uma literatura indígena escrito em
língua portuguesa baseada em mais de 93 horas de gravações de entrevistas entre
o escritor e o Xamã.
A
primeira parte foi publicada em 1993, mas foram realizadas outra leva de entrevistas
com o objetivo de melhorar ainda mais o relato e detalhando temáticas como
língua, rituais, cronologias e massacres. Tendo a versão final publicada no ano
de 2010.
A
relação entre os dois grupos não era amigável já havia algum tempo na fronteira
com a Venezuela. O Governo brasileiro apenas foi avisado um mês depois do
acontecimento. Quando ocorreu a mobilização para a investigação das mortes, os
corpos já haviam sidos cremados devido a cultura dos Yanomami.
De
acordo com relatos, em torno de vinte e quatro garimpeiros fizeram parte do
crime, mas apenas cinco foram julgados e condenados aqui no Brasil.
Pelo
fato dos indígenas terem sido assassinados apenas por serem quem são, a chacina
acabou sendo considerada como genocídio.
Por
fim, o livro traz uma mensagem importante para que possam elaborar respostas
para um futuro mais consciente e com menos opressão, esses povos vivem em
constante alerta desde a colonização e sempre é necessário relembrar sua
supressão.
_______
Por Lilian Martins Espolador, no Politize.
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