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Mestre Coala é corda vermelha e faz parte do Abadá Capoeira – Foto: Reprodução Instagram. |
Em
entrevista exclusiva ao Notícia Preta, em comemoração ao Dia do Capoeirista
comemorado nesta quinta-feira (03), o Mestre Coala, como Wladmir Vellasco é
conhecido, contou sobre como é ser um capoeirista nos dias atuais. Ele também
ressaltou a importância da “capoeira
estar em todas as escolas”.
O
doutor e professor de história Gabriel Siqueira que pesquisa e tem um livro
sobre o tema, também falou com o NP, relembrando a lei de repressão “Dos vadios
e capoeiras”, de 1890, que condenava e proibia a prática da capoeira.
Na
exclusiva, Mestre Coala revelou uma fala emblemática de Mestre Camisa, a quem
tem como referência. “Antes das pessoas
quererem ver a capoeira numa olímpiada, a capoeira precisa estar em todas as
escolas, porque é um instrumento educacional, social, desenvolvedor de vários
saberes e as pessoas pouco conhecem”, disse o capoeirista.
Mestre
Coala conhece países da África, América Central, América do Norte, Europa,
Oriente Médio e quase todos os Estados do Brasil. Segundo ele, por conta da
capoeira, que é considerada uma arte marcial, misturada com a cultura popular –
unindo a dança e a música -, tombada como Patrimônio Cultural Imaterial da
Humanidade.
Gabriel
Siqueira, que é doutorando em Estado e Políticas Públicas, além de professor de
história, também também é capoeirista. A partir de suas pesquisas e seu
envolvimento com o universo da capoeira, escreveu o livro “Cativeiro Carioca: Memórias da Perseguição aos capoeiras nas ruas do
Rio de Janeiro”, que trata da história da capoeira.
Gabriel
conta que o código penal de 1831, o primeiro após a independência, enquadrava a
capoeira no capítulo da vadiagem, onde o indivíduo capoeirista era identificado
como aquele que não trabalhava. Este código penal durou todo o período
monárquico, sendo substituído pelo Código Penal dos Estados Unidos do Brasil,
já no período republicano.
Em
1890, antes mesmo da república assinar sua Constituição – que veio apenas em
1891 – o Código Penal ampliou o capítulo de vadios, que passou a se chamar “Dos vadios e capoeiras”. Gabriel entende
que, a capoeira ‘foi perseguida durante
450 anos, dentre os 523 da história nacional”, o que refletiu na forma que
ela passou a ser vista.
Segundo
o Mestre Coala, de todos os países que já conheceu, o Brasil é o que mais
parece ter discriminação com a sua própria cultura, e associa a capoeira a
religiões de matrizes africanas, de maneira a praticar intolerância religiosa.
O capoeirista enfatizou que apesar do preconceito, ele permanece firme.
“Isso só me fortalece, pois eu tenho que
mostrar para as pessoas que não é isso. Então eu tenho que aprender mais,
estudar mais, treinar mais e isso me fortalece, pois ao me defrontar com isso,
vou saber agir melhor”, diz o mestre de capoeira.
Para
Coala, a capoeira não é só jogada com o corpo físico. Ela é jogada com a mente,
e com a forma de lidar com os problemas que estão presentes no dia a dia.
As origens da Capoeira
Mestre
Coala conta que a capoeira “tem origem
africana, mas foi criada no Brasil”. Segundo ele, foi criada como forma de
defesa na junção dos povos africanos e indígenas que estavam escravizados
naquele momento, e por isso ele acredita que a história do Brasil está entrelaçada
com a capoeira.
O
livro de Gabriel conta que a capoeira carioca é “amefricana”. Com origem afro-diaspórica, a “capoeiragem carioca” nasce das conversas entre diferentes culturas
africanas com contribuições ameríndias, segundo o professor.
“O conceito de Lélia nos ajuda a entender a
complexidade da formação da capoeira carioca. O Ngolo era a raiz da capoeira,
mas como conhecemos a capoeira foi forjada no chão das grandes cidades negras
do Brasil como o Rio de Janeiro”, diz Gabriel.
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Com informações do Notícia Preta.
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