O
Brasil é o país com a maior população negra fora da África. Essa diversidade,
porém, não é representada em diversos segmentos da nossa sociedade. Nas
universidades, os negros continuam lutando para ter acesso à educação através
das cotas. O jornalismo da mídia tradicional também não tem se mostrado um
lugar amigável para negros.
Publicado originalmente na Revista Fórum
É
o que mostra um levantamento feito pelo Gemaa (Grupo de Estudos
Multidisciplinares de Ações Afirmativas) da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (Uerj). A pesquisa traça o perfil dos colunistas dos três maiores
jornais impressos do Brasil: O Globo, Folha de S. Paulo e Estadão.
Nos
três jornais existem mais colunistas homens que mulheres, sendo no O Globo, na
Folha e e no Estadão as mulheres são, respectivamente, 26%, 27% e 28% dos
colunistas. Esse número contrasta com os dados do IBGE de 2015 que mostram que
as mulheres são 51,4% da população brasileira.
Mas
a situação é pior ainda quando se trata da representatividade da população
negra. Segundo o IBGE, 54% dos brasileiros se consideram negros. Nos
jornalismo, porém, O Globo é o jornal que mais possui negros como colunistas e
eles são apenas 9% do total. A Folha tem 4% de colunistas negros e o Estadão
apenas 1%.
Se
levarmos em conta a questão de gênero e raça, a situação fica ainda mais grave,
já que a Folha de S. Paulo não possui nenhuma mulher negra dando sua opinião
para o jornal, que já se declarou abertamente contra as cotas mais de uma vez.
O
realizador da pesquisa, João Feres Júnior, coordenador do Gemma, diz que esse
perfil de colunistas reduz a perspectiva.
“Homens não se atentam para as questões
vividas pelas mulheres, assim como pessoas brancas são menos capazes de
problematizar o racismo vivido pelos negros diariamente”, explicou o
pesquisador.
Uma
pesquisa feita em 2013 pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) mostra
que apenas 23% dos jornalistas brasileiros se autodeclaram negros e 1%
indígenas.
Foto: Divulgação/Jornal O Globo |
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