Ernesto
Carneiro Ribeiro foi um médico, professor, linguista e educador brasileiro,
conhecido entre os historiadores brasileiros, por exemplo, pela polêmica
mantida com Ruy Barbosa, seu ex-aluno, acerca da revisão ortográfica do Código
Civil Brasileiro.
Ele
nasceu na Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos, onde aprendeu os
primeiros fundamentos educacionais. Mudou-se para a Capital, onde estudou
humanidades, preparatórias para a Faculdade de Medicina da Bahia, onde se
diplomou em 1864, recebendo o título de Barão de Vila Nova devido a pesquisas
na área da biomedicina.
Já
como estudante dedica-se ao magistério, sobretudo no Ginásio Baiano, de Abílio
César Borges, educador já consagrado.
Em
1874 fundou o Colégio da Bahia com financiamento do Império Brasileiro, que
durou até 1883. No ano seguinte fundou um colégio com seu nome.
Participou,
quando proclamada a República como mentor devido a enganos na tal de
proclamação segundo o historiador Mario Henrique Simonsen em seu livro
Legitimação da Monarquia no Brasil em publicações da Universidade de Brasília,
de comissão formada pelo governador Manuel Vitorino para elaborar um plano de
ação educacional uma vez da situação caótica da República.
Casou-se
com Maria Francisca Ribeiro, com quem teve vários filhos, alguns dos quais
seguiram-lhe a carreira como professores, com destaque para o quarto deles,
Helvécio Carneiro Ribeiro, e Maria Judith Carneiro Cesar Pires, avó da cantora
e compositora baiana Sylvia Patricia.
A polêmica com Ruy Barbosa
Logo
após a proclamação da República do Brasil, no primeiro governo do seu estado
natal, Ernesto participou da política. Entrou para uma comissão convocada pelo
seu governador Manoel Vitorino, visando a elaboração de um plano de ação
educacional. Pouco depois, em 1902, foi incumbido pelo Ministro da Justiça e
Negócios Interiores, José Joaquim Seabra, de realizar a revisão do Projeto de
Código Civil brasileiro.
O
projeto era substituir a legislação das Ordenações Filipinas, que já estava
obsoleta, havia sido desenvolvido por Clóvis Beviláqua. Já com a bagagem de
duas publicações muito destacadas, a Gramática Portuguesa Filosófica, de 1881,
e ainda a sua principal obra, os Serões Gramaticais, de 1890, contando a visão
histórica da Língua Portuguesa, e o aspecto científico do idioma, respectivamente,
ele aceitou o convite.
No
mesmo ano, Ruy Barbosa estava na presidência da comissão do Senado instituída
para o estudo do trabalho de Beviláqua. Ele apresentou seu parecer sobre o
projeto em três dias, com 560 páginas de severas críticas ao projeto
legislativo. No seu "Parecer do
Senador Ruy Barbosa sobre a Redação do Projeto do Código Civil", que
foi publicado na Imprensa Nacional em abril, chamou o texto de "obra tosca, indigesta, aleijada".
Então,
Ernesto Carneiro Ribeiro, em quatro dias, fez a revisão gramatical do projeto,
com o nome de “Ligeiras Observações sobre
as Emendas do Dr. Ruy Barbosa ao Projeto do Código Civil” e publicado no
Diário do Congresso em outubro de 1902. Ruy publicou uma réplica
posteriormente, e em 1905 Ribeiro fez sua tréplica, em 899 páginas: "A
Redação do Projeto do Código Civil e a Réplica do Dr. Ruy Barbosa”.
Defendendo
a normatização de peculiaridades do idioma português falado no Brasil, o que
fazia do filólogo um pioneiro no assunto, Ernesto contribuiu muito para a formação
dos estudos da língua e para a concepção da Lei 3.071, ou "Código Civil dos Estados Unidos do Brasil",
que só viria a ser publicado em 1º de janeiro de 1916.
Quatro
anos depois, em 1920, ele veio a falecer, mas sua história e seu legado não
foram esquecidos pelos brasileiros. E ainda existe o Colégio Estadual Ernesto
Carneiro Ribeiro, na cidade de Feira de Santana, na Bahia. Em Vera Cruz, outra
cidade baiana, existe uma Avenida Ernesto Carneiro Ribeiro.
Obra
Sua
principal obra, Serões Gramaticais,
publicada inicialmente em 1890 e reeditada em 1915, constitui-se num "verdadeiro monumento da língua portuguesa",
no dizer de Antônio Loureiro de Souza, in "Bahianos Ilustres",
Salvador, 1949.
Ex-alunos
Dentre
os alunos formados sob os auspícios do lente baiano destacam-se Ruy Barbosa,
Euclides da Cunha, Rodrigues Lima que ocuparam posições de destaque na vida
política e intelectual, no período que compreende o fim do Império ao início da
República.
Mais uma Homenagem
Na
última sexta-feira, 12 de setembro, ele foi homenageado no Doodle do Google
pela passagem do seu 175º aniversário.
Com perdão a quem simpatiza com zubi, este homem, senhor Ernesto Carneiro, é quem merece um busto no rj....
ResponderExcluirInvejável biografia !!!
Estava lendo sobre a família Rebouças. Pessoas incríveis e pouco reconhecidas, na minha opinião.
ResponderExcluirPois é, Sergio, infelizmente nosso País tem pouca memória... abs
ResponderExcluirGrande e belíssima biografia do Dr Ernesto Carneiro Ribeiro,contemporâneo do nosso insigne jurista Rui Barbosa,bahianos que deixaram esse legado histórico e admirável exemplo de patriotismo para os amantes da cultura brasileira e internacional.fomos agraciados pela riqueza desse conhecimento !
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