Psol oficializa candidaturas à Câmara Federal de Zuleide Queiroz, Edson Veriato e Adelita Monteiro


Zuleide, Adelita e Edson têm candidaturas à Câmara Federal oficializadas em convenção do Psol Ceará. 
(Foto: Reprodução/Facebook).

O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) oficializou neste sábado, 28, as candidaturas de Zuleide Queiroz, Edson Veriato e Adelita Monteiro – professora da Universidade Regional do Cariri (URCA), ativista comunitário e ativista política e artesã, respectivamente, à Câmara Federal.

O ato ocorreu na sede do estadual do partido, em Fortaleza e contou com a participação membros/as de movimentos sociais e de sindicatos, além de lideranças da agremiação, como o deputado estadual Renato Roseno e João Alfredo.

Temos duas tarefas, claras: No âmbito nacional, ser capaz de reverberar a voz dos trabalhadores e trabalhadoras que não aceitam as reformas de um governo Temeroso. Neste âmbito, nossa atuação se pautará na luta contra as reformas que desmantelam a previdência, a educação e o direito ao trabalho digno.
No âmbito estadual, em nosso Ceará, nossa atuação se pautará em um projeto de vida, de saúde, de trabalho e de educação para a classe trabalhadora”, afirmou Zuleide em sua página no facebook.

Segundo ela, havia duas opções depois do assassinado de Marielle Franco. “Ou nos recolhermos, com medo, em nossas casas, ou avançarmos para a luta. Escolhemos a luta”, frisou.

Precisamos nos unir e fortalecer um projeto alternativo e com participação do povo”, disse Edson.

A data da convenção também marcou o aniversário de Adelita. “O brilho no olhar de quem comemora a vida construindo um mundo de justiça e igualdade”, destacou ela durante o ato.

O Psol foi o primeiro a realizar convenção no Ceará e a confirmar um candidato ao governo, o bancário Ailton Lopes, pela frente de esquerda socialista que que, além desta agremiação é formada também pelo PCB.

86 autores denunciam prisão do ex-presidente com obra 'Lula Livre/Lula Livro'


Com recursos próprios, organizadores mandaram rodar uma pequena tiragem de 200 exemplares.
(Foto: Wanezza Soares).

Trata-se de um manifesto político, talvez o mais extenso documento produzido por escritores num período de exceção democrática. Não há notícia de um precedente com tamanha capacidade de arregimentação (mesmo os grandes manifestos literários tinham embocadura mais modesta).

Em 184 páginas, 86 escritores e cartunistas brasileiros de todas as regiões se apresentaram para a empreitada de reivindicar o restabelecimento da democracia no Brasil e a liberdade do único preso político do País, Lula. Suas armas: textos inéditos ou não (poemas, crônicas, cartas, manifestos), cartuns, fotos, discursos e haicais, entre outros estandartes.

Segundo os organizadores do livro Lula Livre/Lula Livro, Ademir Assunção (Prêmio Jabuti de 2013 com A Voz do Ventríloquo) e Marcelino Freire (Prêmio Jabuti de 2006, com Contos Negreiros, e Prêmio Machado de Assis de 2014, com Nossos Ossos), a publicação manifesta o inconformismo dos autores com o processo que aprisionou Lula, virtual novo presidente da República, um processo “travestido com togas cheias de furos e remendos, simulação grosseira dos ritos legais que deveriam nortear a Justiça” e que “obedece a princípios e a um calendário com objetivo calculado: eliminar da disputa presidencial de 2018 o candidato com mais chances de vitória”.

Em face da urgência da situação, o livro foi produzido em poucas semanas, uma ação de guerrilha intelectual que foi buscando (e encontrando com relativa facilidade) seus voluntários. O espraiamento também será feito em uma ação de guerrilha.

Com recursos próprios, os organizadores mandaram rodar uma pequena tiragem (200 exemplares) para fazer um pré-lançamento em 28 de julho na Casa Paratodos, no circuito Off Flip, para divulgar seu ato político à imprensa nacional e internacional que estará em Paraty para a feira literária global.

Há propostas de edições e distribuição em todo o País, como a da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, e o acampamento Marisa Letícia, em Curitiba. E o volume, que não tem fins lucrativos, será enviado para todos os cantos que abriguem seu ato de desagravo político. O preço nunca poderá exceder 10 reais.

Com 87 anos, o poeta, tradutor, ensaísta e crítico de literatura Augusto de Campos, epígono do concretismo (Prêmio Pablo Neruda em 2015) enviou poemas gráficos para reforçar a coletânea, em seu estilo inconfundível:  A poesia mallarmaica/ a câmara anecoica/ a grande mídia farisaica/ a classe média mesozoica/ a justiça paranaica/ a resistência heroica”.

Os poetas, por sinal, foram os que demonstraram maior disposição para o combate. Bernardo Vilhena fala dos “juízes sem juízo”. Chacal anseia que o Brasil “se redilma”. Em textos vigorosos, autores buscam conexões históricas e as fundações da democracia para restabelecer seu foco criativo.

Afonso Henriques Neto exuma os despojos dos revoltosos mineiros no Museu da Inconfidência de Ouro Preto. “Na outra sala, defronte à forca, Maria Doroteia de Seixas recita sem lábios/ pesadelos de Marília para Bárbara Heliodora.”

Há desde a verve desbocada de Aldir Blanc (“Enquanto Temereca, Elizeu Quadrilha, Moreira Angorá, os bandidos todos, FHC pedindo ‘o de sempre’ ao Odebrecht, a justi$a, que deixou escapar Aócio, o Mineirinho, não merece crédito” até o exercício de rigor de Alice Ruiz (“Um Demônio ao Meio-Dia. Sem seu próprio Deus dentro”).

Não são todos textos monotemáticos, apesar da disposição política circunstancial. Também não são todos criados pela convocação: o escritor Raduan Nassar pediu que fosse reproduzido o discurso que proferiu ao receber o Prêmio Camões, em 17 de fevereiro de 2017, ocasião em que foi admoestado pelo ministro da Cultura do golpe na ocasião, Roberto Freire. Nassar foi considerado pela revista The New Yorker, no ano passado, como o “maior escritor brasileiro vivo”.

O discurso de Raduan é pesado, um cruzado de esquerda, identificando a ação política de elementos da repressão, como o ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes (guindado a posto no Supremo Tribunal Federal por obra do golpe). “Mesmo de exceção, o governo que está aí foi posto, e continua amparado pelo Ministério Público e, de resto, pelo Supremo Tribunal Federal”, falou.

Chico Buarque escreveu um texto (leia no fim da matéria) em que escancara a “normalidade” do preconceito e do pacto das elites em torno de uma eternização da submissão dos mais pobres. Alberto Lins Caldas relacionou escravidão e opressão: “Todos inda num navio negreiro • comandado por um capitão • q manda todo dia q joguem ao mar • negros bichas mulheres pobres • pra alimentar tubarões”. O peso e a velocidade do hip-hop comparecem com os versos do poeta do Capão, Ferréz: “Escritor não faz diz/mete o peito logo no artista bom moço limitado/bom artista morre de fome mas não lambe bota do estado”.

Para não ser cabotino, este repórter deve tornar claro ao leitor que também foi convidado a integrar a coletânea com um texto publicado há um mês, no qual agradeço a declarada leitura do ex-presidente Lula, durante seu período numa cela, de livro que produzi.

Lula Livre/Lula Livro, dizem seus organizadores, nasceu de uma necessidade de se afirmar, em face do regime de sequestro jurídico da noção de Justiça que se vive no Brasil da atualidade, a voz da dissonância. A liberdade de se dizer o que pensa e lutar pelo que se acredita.

Apesar das tentativas de intimidação da extrema-direita, esses esforços se multiplicam: neste sábado 28, nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, a partir das 14 horas, será realizado o Festival Lula Livre, que reúne os artistas Gilberto Gil, MC Carol, Flavio Renegado, Maria Gadú, Francisco El Hombre, Filipe Catto, Ana Cañas, Odair José, Jards Macalé, Beth Carvalho, Chico Buarque e mais de 40 nomes de todo o Brasil em um uníssono pela libertação de Lula.

Realizados como iniciativas espontâneas, de graça, esses esforços passam quase incólumes pela grande imprensa, concentrada no esforço de construir a sua própria realidade conveniente.

Lula Livro é o volume de um livro sem fins lucrativos, mas com inequívocos fins civilizatórios. Como disse o objeto central do livro, Lula, em artigo recente, é uma espécie de “afasta de mim esse cale-se”.

Lula, por Chico Buarque

— Eu nunca tive nada contra o Lula. Eu inclusive estive com ele naquela casa lá de pobre em São Bernardo. Depois eu e a Ruth convidamos o Lula para passar um fim de semana em Ubatuba com a Marisa. Aí ele reclamou que não tinha água quente no chuveiro da casa. Imagina! O Lula!

Era o Fernando Henrique, sempre simpático, em reunião com artistas às vésperas das eleições de 1994. Naquele tempo ainda se podia achar graça numa anedota assim. Era um deboche, era um comentário preconceituoso, mas não havia um pingo de ódio naquelas palavras.

Lula ainda não era o chefe de organização criminosa, o ladrão, o comunista, o cachaceiro, o nine, o boneco vestido de presidiário enforcado ao lado de Dilma num viaduto de São Paulo. Ainda não tinha sido condenado sem provas, por imprensa, televisão, procuradores esquisitões e juízes deslumbrados, como proprietário de um triplex, ou tríplex, no Guarujá.

O ódio ao Lula é o ódio aos pobres. Tivesse ele imóveis na praia e dinheiro no exterior, talvez fosse mais bem tratado pelas autoridades que o trancaram e o mantêm isolado numa cela da Polícia Federal. Lá de dentro ele mandou dizer que já não confia na Justiça. Nem eu. Só espero que ele tenha água quente em Curitiba. (Com informações de CartaCapital).

O povo brasileiro já resiste ao golpe


Fato mesmo é que o "povo brasileiro", o povão mesmo, ainda não foi as ruas tomar partido nos conflitos que desde 2013 desestabilizam a cena política nacional. (Foto: Mídia Ninja).


Temos aí aquele tipo de palavrinha bonita, que não tem como ter conotação negativa. A resistência é sempre bem-vinda, cercada de certo romantismo. É na resistência que nascem os heróis. “Estar na resistência” é sempre visto como algo positivo, seja a “resistência” comandada pela princesa Leia, a resistência francesa de De Gaulle ou a resistência de Mandela e Malcon X.

É sobre a tal resistência que escrevo, com interesse específico na resistência à brasileira em tempos de golpe. Temos aqui aquele tipo de assunto meio casca de banana, que faz muita gente boa escorregar.

Os intelectuais progressistas costumam cometer dois erros graves sempre que falam sobre “resistência”. Os erros apontam para duas interpretações opostas do fenômeno que possuem a mesma origem: a colonização intelectual, o que na prática nada mais é do que a tentativa de interpretar a realidade brasileira com ideias que foram produzidas em função de outras realidades.
Em síntese os erros são:

1) Diante da ausência de resistência direta, alguns endossam a velha tese da apatia popular. O povo brasileiro seria passivo, indolente, preguiçoso e pouco dado ao ativismo político. Temos aqui um caso patológico de colonização intelectual, pois o modelo de “resistência” é dado pela história das sociedades europeias, pela organização da sociedade civil em partidos políticos, sindicatos, pela ação direta do “povo” nas ruas, pressionando o poder público.
Como o povo não atende ao chamado, a tese da apatia popular surge quase como a consequência lógica de uma expectativa frustrada. Ah, as expectativas, sempre inimigas da análise.

2) Do outro lado, estão aqueles que negando a tese da apatia popular acabam idealizando as ruas, estando sempre à espera da acontecença da revolução. Qualquer movimentação popular nas ruas se torna a antecipação do futuro revolucionário, ainda que seja carnaval ou jogo do Flamengo. Também aqui há colonização intelectual, mas pelo caminho inverso: como o modelo de resistência popular ainda é o europeu, a tentativa, por vezes desesperada, é aplicá-lo ao Brasil, forçando a realidade a se enquadrar na categoria que já está dada.

Pra escapar dos dois escorregões, meu objetivo aqui é pensar a resistência nos termos que me parecem adequados à experiência brasileira e pra isso lanço mão de uma categoria fundamental: “imaginário”.

Vários estudiosos da sociedade já utilizaram o conceito imaginário nas suas reflexões. Entre todos esses usos, a definição proposta pelo filósofo grego Cornelius Castoriadis (1922-1997) é que mais me inspira no esforço de interpretar o Brasil contemporâneo. É claro que Castoriadis não estava estudando a realidade brasileira e por isso a reflexão que ele propõe serve como inspiração e não como um modelo rígido a ser aplicado no Brasil.

Em resumo, Castoriadis define o imaginário como uma forma de pensar distribuída socialmente e formada por ideias que “já estão aí há muito tempo”. Essas ideias, por diversos motivos, “funcionaram e funcionam na sociedade”, ganharam adesão popular e passaram a configurar o pensamento das pessoas.

Ao menos na minha avaliação, a resistência à brasileira nestes tempos de golpe está no plano do imaginário e vem se mostrando a única força capaz de retardar o desmonte do Estado brasileiro. Não é porque o povo não está nas ruas, participando dos atos que organizamos com todo amor e carinho, que ele está apático.

E não, não adianta dizer que MTST, MST, CUT, UNE que estavam nas ruas defendendo Dilma e que estão nas ruas defendendo Lula, dão conta daquilo que é o “povo brasileiro”. São movimentos sociais organizados importantes, fundamentais para o nosso experimento democrático, mas possuem capacidade de mobilização bastante reduzida. Isso não é culpa dos dirigentes desses movimentos.

Vivemos hoje, no Brasil e no mundo, tempos de desmobilização. As agendas coletivas não mobilizam mais. As pessoas olham umas para as outras e enxergam mais diferenças que semelhanças. Mas isso é assunto para outra reflexão.

Retomando o fio…

Fato, fato mesmo é que o “o povo brasileiro”, o povão mesmo, ainda não foi às ruas tomar partido nos conflitos que desde 2013 desestabilizam a cena política nacional. Nem os movimentos “coxinhas”, impulsionados pela mídia hegemônica e por movimentos sociais como o MBL, e nem os atos convocados pelos movimentos sociais tradicionais de esquerda foram capazes de mobilizar o “povão”, aquela camada da sociedade que vive com salário mínimo. Até aqui, nas ruas, o conflito foi travado entre frações da classe média.

O povão, povão mesmo, até fez-se presente na cena dos conflitos, nas ruas, vendendo cerveja, bandeiras vermelhas e bandeiras do Brasil, dependendo da ocasião. De bobo, o povão não tem nada. E vejam que não se trata aqui de apatia. Essas pessoas estão ocupadas sobrevivendo, plantando no almoço pra colher na janta. Elas já apanham da polícia todos os dias. A galera não tá afim de levar bala de borracha no lombo e gás de pimenta na cara.

Mas isso não significa que o povão não esteja participando do jogo, pois o jogo não é jogado apenas nas ruas, na ação política direta. O jogo é jogado também no imaginário, e aqui o campo progressista está vencendo, vencendo de lavada, e não é uma vitória pouco importante. Dois fatores apontam para essa vitória.

Fator 01) A sobrevivência política de Lula.

Lula é alvo da maior perseguição midiática da história do Brasil. Os ataques da mídia hegemônica às lideranças populares não são nenhuma novidade. Se nos debruçarmos sobre o Brasil moderno, de 1930 pra cá, veremos a artilharia da mídia hegemônica mirando em Getúlio, Jango, Arraes, Brizola, Dilma e no jovem Lula. Quem não lembra daquele fatídico debate manipulado pela Globo em 1989?

Mas o que está acontecendo com Lula desde 2013 é de uma intensidade singular. Os operadores da grande mídia foram para o tudo ou nada e tomaram a destruição da figura pública de Lula como grande objetivo. Mas Lula não morreu e todas as pesquisas mostram que sua popularidade cresce a cada dia. Hoje, Lula partiria pra corrida eleitoral com 30% das intenções de voto, assim, sem campanha. É muita coisa.

É que a manipulação midiática tem limites, meus amigos. Ao se tornar o alvo predileto do golpe de Estado levado a cabo pela aliança entre a mídia hegemônica e o judiciário, Lula tornou-se também o principal antagonista do golpe. E como o golpe é neoliberal, tendo como objetivo o desmonte do Estado, Lula encarnou a imagem do Estado provedor de direitos, que é o valor mais importante no imaginário político brasileiro.

Desde os anos 1930 que o Estado brasileiro tem essa função: prover direitos sociais aos mais pobres, ainda que de forma autoritária, ainda que às custas dos direitos civis e dos direitos políticos. Intuitivamente, a população mais vulnerável entendeu que Michel Temer representa a desregulamentação, o ataque ao Estado e que Lula personifica a função social do Estado.

Juntemos isto à memória recente de que na “Era Lula” a vida estava melhor e entenderemos a sobrevivência política de Lula, mesmo que muitos de seus potenciais eleitores não estejam plenamente convencidos de sua inocência. Tem muita gente que vota em Lula mesmo achando que ele seja corrupto.

Fator 02) A derrota do projeto da Reforma da Previdência.

A Reforma da Previdência é projeto natimorto pela mesma razão que explica a sobrevivência de Lula. Os parlamentares estão com medo de colocar sua assinatura em um projeto que violenta aquele que é o princípio basilar do imaginário político brasileiro: a definição do Estado como agente provedor de direitos sociais.

O povão pode até não tá montando as charmosas barricada nas ruas que tanto embalam os devaneios revolucionários da esquerda brasileira, mas ainda tem título de eleitor, ainda vota e, ao que parece, o golpe não ousou (ou não foi capaz) de alterar o calendário eleitoral.

O que tentei fazer neste texto foi dizer algo simples, talvez até mesmo óbvio: a resistência popular já está acontecendo, mas não na receita das sociedades europeias. A resistência está acontecendo no plano do imaginário, nesse “já está aí há muito tempo”. A resistência é conservadora, no sentido mais básico do termo.

É claro que o imaginário se transforma historicamente, não é fácil e não é rápido, mas se transforma. É isso que a mídia hegemônica, representando os interesses do neoliberalismo nacional e internacional, está tentando fazer.

Cada vez que Gerson Camarotti tenta convencer os garçons brasileiros que a reforma trabalhista irá lhes permitir fazer “trabalho intermitente” em mais de um restaurante, é o imaginário quem está sendo atacado.

Sempre que Fátima Bernardes traz no seu programa uma empreendedora negra que se “libertou da opressão do patrão” abrindo seu próprio negócio, é a imagem da cidadania se definindo pelo trabalho formal que está sendo atacada.

Cada vez que no Fantástico, Lima Duarte e Fernanda Montenegro são representados como símbolos da saúde laboral na terceira idade é a imagem da previdência social pública que está sendo atacada.

Sim, meus amigos, o imaginário também se transforma e as forças motoras do golpe estão apostando todas as suas fichas nisso. Porém, as pesquisas sobre opinião pública sugerem que esse esforço não está sendo eficaz. É que tá tendo resistência. O povo brasileiro já está resistindo ao golpe, do seu jeito, nas suas possibilidades. Se a resistência está aquém da expectativa é porque problema está nas expectativas. (Por Rodrigo Perez Oliveira, na Revista Fórum).

Aos 72 anos, Lula prepara a luta mais heroica de sua vida


(Foto: Reprodução/Brasil 247).


É bom levar a sério a afirmação que Lula já fez chegar aos jornais, segundo a qual pretende exercer seus direitos de candidato a presidente até o fim -- e participar da eleição, caso seja possível vencer obstáculos jurídicos que previsivelmente surgirão pelo caminho.

Para quem imaginava que ele estaria prestes a conformar-se com a ideia de que tem zero chances de colocar seu retrato na urna de 7 de outubro, e no momento apenas faria cenas de teatro na cela de Curitiba antes de providenciar a indicação de um substituto, ele tem enviado sinais de uma orientação mais clara, que pode produzir uma campanha eleitoral muito mais animada e combativa do que se costumava prever até aqui.

A decisão de não baixar a guarda se alimenta de dois fatores. Um é político e reside na constatação, óbvia, de que o nome Lula desfruta de indiscutível apoio popular, confirmado a cada rodada nas pesquisas eleitoral. Num país com uma maioria de presidenciáveis cujo nome o eleitorado ignora ou quase nunca respeita, Lula ocupa um lugar único como memória e como esperança de uma parcela cada vez maior de cidadãos. Quando falam do risco de uma eleição esvaziada como nunca, os pesquisadores só se esquecem que estão falando da ausência de Lula como elemento principal de desânimo e desmobilização. Em vez de perder votos depois da prisão, como se imaginava, ele não para de receber apoio de novas parcelas do eleitorado.

Outro aspecto é jurídico. Com auxilio do advogado Luiz Fernando Pereira, especialista em direito eleitoral, cresce em torno de Lula a visão de que não lhe cabe facilitar o trabalho dos adversários políticos que, depois de uma condenação sem provas, agora querem retirá-lo da campanha de qualquer maneira -- e ainda esperam que contribua para isso.

"Se a legislação eleitoral for respeitada, Lula irá disputar o primeiro turno e terá direito até a aparecer no horário eleitoral," disse o advogado ao longo de um encontro com jornalistas e blogueiros, hoje. O argumento de Luiz Fernando Pereira apoia-se no retrospecto de 146 candidatos a prefeito que, em 2016, enfrentaram uma situação análoga a de Lula em 2018. Condenados em processo criminal, disputaram a eleição protegidos por uma liminar, na esperança de que poderia ser confirmada que poderia ser rejeitada por tribunais superiores após a apuração. No fim das contas, "sete em cada 10 conseguiram confirmar suas candidaturas e hoje permanecem em seus cargos", afirma Pereira.


Não há dúvida de que, diante da parcialidade exibida contra Lula em todas as fases da Lava Jato, a natureza particularmente política de um julgamento envolvendo uma sucessão presidencial estratégica para os destinos da 8a economia do mundo permite encarar a possibilidade de um final feliz para Lula -- e para a maioria dos eleitores brasileiros, como informam as pesquisas -- como o ceticismo devido aos contos de fada. Basta recordar a quantidade de recursos e liminares rejeitadas nas fases intermediárias do processo para calcular o que aguarda Lula nos momentos finais e decisivos. "Para tirar o Lula da campanha, será preciso sujar as mãos", diz o advogado.

Nenhuma destas dificuldades, contudo, permite ignorar o ponto principal.

A decisão de seguir em frente representa não só a reafirmação de sua inocência, a denúncia de uma injustiça histórica. Também equivale a uma demonstração de respeito absoluto pela soberania de um povo que não para de gritar por sua liberdade e sua volta ao governo. Quarenta anos depois de paralisar o ABC -- e depois o país inteiro -- nas greves de trabalhadores, e deixar o Planalto coberto de glórias como ninguém antes de dele, Lula caminha para travar, decide aos 72 anos, aquela que pode ser a luta mais heroica de sua vida. (Com informações do Brasil 247).

Candidatos brancos a deputado federal recebem 216% a mais de verba do que negros


(Foto: Reprodução/Yahoo).

Douglas Belchior, pré-candidato a deputado federal pelo PSOL, questionou o partido sobre a divisão de recursos para as campanhas de negros e brancos. De acordo com a acusação, a agremiação privilegia em recursos as figuras brancas.

A polêmica é acompanhada pela novidade na distribuição de recursos pelos partidos. Pela primeira vez na história, doações de empresas estão proibidas e haverá um fundo de R$ 1,716 bilhão, a ser distribuído entre os partidos de acordo com alguns critérios. O primeiro deles é a presença de deputados federais eleitos e os votos válidos obtidos, que teve peso de 83% na destinação do recurso.

Esta determinação privilegiou os maiores partidos, com bancadas significativas em Brasília. O PMDB receberá R$ 215 milhões, ou seja, 12,5% de todo o fundo, e o PT, no segundo lugar, ganhará R$ 199 milhões, quantia equivalente a 11,6% do total. O PSOL ocupa a 19° posição, com R$ 21 milhões, 1,2% do montante do fundo.

Para além da discrepância entre as agremiações políticas, as eleições deste ano suscitaram o debate sobre o privilégio dado pelos partidos políticos às candidaturas de figuras brancas, tanto no espectro político de direita, quanto no de esquerda.

O jornal Estado de São Paulo apurou a candidatura de 7.074 pessoas, autodeclaradas negras ou brancas, para o cargo de deputado federal no pleito de 2014. Apenas duas siglas, PCdoB e PCB, depositaram valor maior na candidatura de figuras negras do que brancas.

Milton Barbosa, um dos fundadores do MNU (Movimento Negro Unificado), diz não se sentir surpreso com a denúncia, porque o negro e a questão racial nunca foram prioridades para os partidos políticos.

Quem prioriza a questão racial são os setores do movimento negro, que têm de se organizar, pressionar e exigir espaços”, afirma.

O estudo registrou 701 candidatos pretos, com arrecadação de R$ 55 milhões, quantia que chega a R$ 78 mil por pessoa. Os pardos, que compõem o grupo racial negro ao lado dos pretos, tiveram 2.229 candidatos, com arrecadação de R$ 209 milhões ao total, o representa o valor de R$ 93 mil por político. O valor médio para as candidaturas negros foi de R$ 90 mil por candidato.

A discrepância torna-se grande quando comparada aos candidatos brancos. Os 4.144 brancos postulantes a um cargo político público arrecadaram a cifra de R$ 1,2 bilhão, o equivalente a R$ 285 mil por campanha. As candidaturas brancas, em média, receberam 216% a mais do que as negras.

Juarez Xavier, coordenador do NUPE (Núcleo Negro de Pesquisa e Extensão), acredita que o incômodo e as denúncias de figuras negras sobre essa desproporção sejam frutos do processo histórico de fortalecimento do movimento negro no Brasil, que passou a enfrentar a política de supremacia branca existente no Brasil.

A partir daí começam a surgir os problemas, em especial nos partidos políticos. Quando o negro era uma linha auxiliar, não havia tantas complicações. Quando o negro, a partir desses últimos 40 anos, começa a formar uma leitura de maioria social, que é um grande mérito político e intelectual do movimento negro, ele mexe na estrutura de percepção da realidade social brasileira.

A morte de Marielle Franco, mulher, negra, LGBT e das periferias do Rio Janeiro, engrossou o discurso de maior diversidade dentro das legendas, em especial as de esquerda. A retórica, contudo, precisa ser convertida em maior investimento para ser efetivada, de acordo com Sueli Carneiro, filósofa e uma das fundadoras do Geledés – Instituto da Mulher Negra.

A diferença entre os valores não é gritante – é o número real, que equivale à importância real que nos dão. É o valor real das nossas candidaturas. Eu acho que a gente mede o compromisso e a efetivação do interesse por uma candidatura negra nesse momento.”

A rede de cursinhos populares Educafro acionou o Ministério Público Eleitoral para os partidos políticos detalharem os recursos destinados a candidaturas negras. Para Frei David, fundador da Educafro, os candidatos negros estão sendo “discriminados” por receberem menos recursos, o que contribui para a manutenção das mesmas figuras no poder, o oposto do que a sociedade almeja.

Isto é bater de frente com o que quer a sociedade brasileira, que quer pessoas novas no cenário político nacional. A Educafro entrou com essa representação para, justamente, quebrar essa tendência doentia de domínio dos coronéis.”

Candidaturas

Além dos recursos, consta-se que os partidos políticos também lançam mais candidatos branco.

Pesquisa do GEMAA (Grupo de Estudo Multidisciplinares da Ação Afirmativa), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), resultado de mapeamento das 400 mil candidaturas de aproximadamente 30 partidos diferentes para as eleições municipais de 2016, mostrou maior presença de candidaturas brancas, tanto nos partidos de esquerda, quanto nos de direita. O material evidencia, contudo, maior participação de brancos nas siglas de centro e de direita.

Os partidos que apostaram em mais candidaturas brancas ao legislativo municipal foram o Novo (90%), MDB (60%) e PSDB (58%). Autodeclarados pretos estiveram mais representados no PSTU (37%), PCB (19%) e PSOL (17%).

Rosane Borges, pós-doutora em ciências da comunicação, acredita que a democracia está em crise e que há busca por novas figuras, que consigam também apresentar a diversidade brasileira.

Este enfrentamento e estas instâncias raciais nos revelam que somos um país menos democrático, porque a ideia de democracia pressupõe pluralidade. Ou seja, é preciso que todo mundo, que todos nós possamos definir os destinos de uma coletividade. Quando se acha que só um grupo racial pode definir os destinos de uma coletividade, há desvio do que é o princípio democrático.”

Depois das eleições de 2014, o Congresso Federal ganhou o formato de 71% de homens brancos. As mulheres são quase 10%, enquanto pretos e pardos, que compõem o grupo racial negro, formam 18,5% da câmera – as mulheres negras são 2,2%. Os números são de  Luiz Augusto Campos, sociólogo e professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticas, da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

Áurea Carolina, vereadora em Belo Horizonte pelo PSOL e pré-candidata a deputada federal, acredita que esta diferença não será alterada sem o maior compromisso das agremiações.

O racismo institucional e o machismo estruturam o sistema político e produzem, no limite, uma sub-representação extremada das mulheres negras nos espaços de poder. Sem ações afirmativas, inclusive na distribuição dos recursos, o círculo vicioso da exclusão racial e de gênero não será quebrado.”

Outro lado

Até o fechamento desta reportagem, nenhum partido político questionado, de direita e esquerda, respondeu aos questionamentos endereçados. Foram interrogados PSDB, MDB, PT, PSOL, PC do B, Democratas e Rede Sustentabilidade.

Em nota, o diretório estadual do PSOL apresentou que foram levados em consideração três pontos para a divisão de recursos: densidade eleitoral (estimativa de votação, coletivos organizados), histórico eleitoral (desempenho em eleições anteriores) e concentração e conflito de base (muitas candidaturas presentes em mesmas localidades menores).

O partido diz também que foi colocada como prioridade a construção de candidaturas LGBTs, femininas e negras. A legenda afirma que, mesmo sem orientação legal, tem orientação interna para destinar 5% do fundo para candidaturas negras. No entanto, não revelou a quantia exata que cada pré-candidato recebeu. (Por Juliana Gonçalves e Pedro Borges, do Alma Preta. Com informações do Yahoo Notícias).

Especialista em realidade virtual cria ‘jogo da empatia’ para diminuir preconceito

Especialista em realidade virtual cria 'ogo da empatia' para diminuir preconceito.
(Foto: Reprodução/Divulgação/Hypeness).


O projeto da especialista em realidade virtual e designer de interação Clorama Dorvillas é tão ambicioso quanto necessário: revolucionar os treinamentos de inclusão e diversidade para funcionários de empresas através da realidade virtual e aumentada e da experiência dos games.

Para fazer realmente o preconceito na relação com clientes diminuir através de tais treinamentos, o projeto de Dorvillas propõe tirar o funcionário da berlinda e ensina-lo não através da acusação e da vergonha, mas sim através da empatia – de literalmente coloca-lo na pele de quem sofre o preconceito.

(Foto: Clorama Dorvillas).

Para isso, ela criou a Debias, sua empresa de realidade virtual aplicada. A ideia é tornar “divertido o teste e o treinamento de preconceito implícito”.

Segundo o site da empresa, o que o projeto faz é “criar testes eficazes e baseado em provas” através da lógica dos jogos. Seu “jogo” foi batizado de Empathetech, e utiliza a lógica dos avatares em um experimento com 32 mulheres brancas, nas quais metade “experimentam” um avatar de pele branca, enquanto a outra metade um avatar de pele negra.

Em seguida, os grupos trocam de avatar, e o experimento revelou que os usuários não só emularam gestuais e hábitos dos avatares de cor de pele diferente, como saíram da experiência com sentimentos empáticos fortalecidos.

(Foto: O ambiente virtual do Empathetech).

Empresas gastam milhões de dólares em treinamentos ineficazes e praticamente inúteis, que podem provocar um efeito contrário e ainda pior”, diz Dorvillas. “Os treinamentos contra o preconceito não devem envergonhar quem participa. As pessoas precisam se sentir bem quando aceitam outras pessoas. Mudar o preconceito não é algo que acontece da noite para o dia, é um comportamento que precisa ser superado. Queremos dar às pessoas a capacidade de trabalhar em um espaço seguro e confortável”, concluiu.

          


Um diferencial de seu projeto é contabilizar progressos e mudanças em longo prazo, a fim de justamente fazer o usuário sentir-se bem, ao invés de envergonhado com a realidade atávica dos pequenos preconceitos que carregamos.




A realidade virtual passou a ser sua ferramenta para mudar o mundo – utilizando-a como meio para que, do virtual, a empatia se torne real. (Com informações do Hypeness).

Segundo Haddad, novo governo Lula atacará globo, poder dos bancos e irá taxar ricos


(Foto: Reprodução/Brasil 247).

Coordenador do programa de governo da candidatura Lula, Fernando Haddad anunciou que o próximo governo do PT irá atacar com prioridade a concentração dos meios de comunicação, o que significa um confronto direto com a Globo, e a concentração do sistema bancário brasileiro. Além disso, mudará o perfil tributário do país, aliviando a carga sobre os pobres, que são punidos pelo sistema regressivo atual, e cobrando dos ricos, que pagam pouquíssimo imposto no Brasil. Haddad deixou claro que Lula é o candidato do PT, que não há qualquer "plano B" e que o partido está preparado para sustentar a candidatura Lula em todas as instâncias judiciais. 

Haddad concedeu uma entrevista ao jornal Valor Econômico e apontou outros temas prioritários: na área tributária, o programa prevê a criação de um imposto sobre dividendos (o Brasil é o único país do mundo ao lado da Estônia que não tributa impostos sobre os lucros distribuídos a acionistas de empresas), aumentar a alíquota do imposto sobre sobre herança, que é hoje um dos mais baixos do mundo; para implantar um programa de aceleração do crescimento serão usados 10% das reservas cambiais do país (hoje da ordem de R$ 380 bilhões) em projetos de investimento; retomada do Minha Casa, Minha Vida; revogação da reforma trabalhista; mudanças na Previdência Social atacando privilégios e rejeitando o sistema de capitalização ao estilo chileno, que arruinou com os aposentados; ele anunciou também que o tema da ecologia terá grande relevância no programa.

Leia alguns trechos da entrevista a seguir (Com informações do Brasil 247).

Valor: Como está organizado o plano de governo do PT?

Haddad: Tem três dimensões: a econômica, a social e a política. E tem uma quarta, que é a coisa da ecologia, que a gente está dando uma ênfase muito grande.

Valor: Uma análise política conhecida diz que uma força será mais radical quanto mais isolada estiver. O PT poderá fazer a campanha mais isolada de sua história. A proposta é a mais radical?

Haddad: Entendo que a encomenda que o presidente Lula me fez não tinha como pressuposto o isolamento. O pressuposto era a radicalidade da crise, muito agravada pelas medidas de Temer. Um governo claramente anti-nacional e antissocial, que faz todo o peso da crise recair sobre os mais vulneráveis. Em virtude disso, da posição de um governo ilegítimo, a encomenda foi de enfrentar os problemas estruturais para tirar o país da crise. Vamos trabalhar para reunir os partidos de centro-esquerda em torno da candidatura Lula. Agregar.

Valor: O que o plano estabelece sobre os meios de comunicação?

Haddad: Tem dois aspectos em que o programa é radicalmente liberal. Já que você usou o termo radical, estou qualificando a radicalidade. É de uma radicalidade liberal. Quais são? Um deles é concentração dos meios de comunicação. Concentração vertical, horizontal, propriedade cruzada. Vamos propor uma regulamentação que aumente o pluralismo e a diversidade dos meios. Apesar de serem concessões públicas, rádios e TVs sequer têm contrato de concessão com caderno de encargos. Toda concessão pública no Brasil - rodovias, hidrelétricas, linhas de transmissão, distribuidoras, telefonia - todas têm cadernos de encargos.

Valor: Tem parâmetros. Cumprir tantas horas de jornalismo, um percentual de produção própria...

Haddad: A maioria dos quais nem cumprido é. Não tem nem agência para aferir o compromisso das emissoras com diversidade. Sobretudo não permitir que os poderes político e econômico se imiscuam na comunicação, deixando-a a mais livre possível. Compromisso com diversidade, com o contraditório, com liberdade de expressão de camadas vulneráveis, com representatividade étnica. Nada disso tem previsão nas concessões. Mesmo do ponto de vista regional, é tênue o compromisso com temas locais.