“Bolsonaro é apenas um germe deixado por aquela infecção que durou 21 anos”, diz jornalista


(Foto: Reprodução/ Pragmatismo Político).


Ao destacar que Bolsonaro comparou os crimes da ditadura militar a tapas que se dá no bumbum dos filhos, jornalista da Folha assinala que o parlamentar não passa de um “germe deixado por aquela infecção que durou 21 anos”.

Ter alguém como Bolsonaro recebendo o maior apoio para exercer a Presidência, segundo as pesquisas sem Lula, dá a mais concentrada resposta às perguntas sobre o indescritível desastre brasileiro. Apoio a alguém sem preparo, retrógrado, com bens acumulados sem explicação e defensor da ditadura em suas piores violências, enquanto sondagens mostram também tais apoiadores indignados com as sucessivas exibições das roubalheiras engravatadas, da ferocidade em sandálias e da degradação na política.

Nesse quadro, é oportuna a revelação documental da CIA, o órgão americano para a espionagem e a subversão de direita, da responsabilidade direta dos generais-presidentes Geisel, Médici e Figueiredo, como autorizadores, nos assassinatos e desaparecimentos de centenas de opositores da ditadura. Localizado pelo pesquisador Matias Spektor, da FGV, o documento é de extrema importância. Não por Bolsonaro, que é apenas um germe, não único, deixado por aquela infecção de 21 anos. O que explica sua ideia de que assassinatos e desaparecimentos equivalem a “um tapa no bumbum de um filho”.

O teor do documento não muda só os papéis alardeados dos ditadores, sobretudo o atribuído a Geisel. Corrige as dimensões da ditadura, expondo-a não mais como um regime de força arbitrária, impulsionado no choque de correntes militares menos e mais extremadas, mas, isto sim, como regime unificado por sua essência comprometida com o extermínio humano. Guardadas as devidas proporções, bastante semelhança com o poder ao tempo do falso socialismo no Leste Europeu.

Já na primeira fase de governo do udenista Castello Branco, o “general democrata” que instalou a ditadura, Geisel proporcionou uma indicação clara sobre si mesmo. As denúncias de torturas no imediato pós-golpe, as piores nas dependências da Marinha e da Vila Militar, no Rio, como em Pernambuco e Rio Grande do Sul, fizeram Castello incumbir Geisel, seu chefe da Casa Militar, de uma investigação geral. Era, claro, só um mascaramento da realidade. Mas a desfaçatez de Geisel não teve nem habilidade. Com a tortura sabida e comentada no país todo, seu relatório negou haver ao menos um casinho de arranhões, só para encontrar algum “excesso”. Como resultado prático, era o aviso de que o novo regime não repelia a violência, nem lhe estabelecia limites.

O documento da CIA fundamenta a convicção, contestada por muitos, de que fatos como o atentado do Riocentro não eram de insubordinação, mas de obediência. Daí que Figueiredo, antes de saber direito do que se tratava, prometesse “prender e arrebentar” os envolvidos, e depois lhes desse cobertura. O assassinato de Lídia Monteiro, secretária da OAB, o alegado desastre de Zuzu Angel, tantos crimes polêmicos encontram agora um rastro retroativo e inquestionável, até seu ponto de partida.

É isso o que Jair Bolsonaro defende. É isso o que o general Antônio Mourão defende, puxando a lista dos companheiros que pretendem entrar na política. Suas defesas não são à ditadura como descrita até conhecer-se o documento da CIA, surgido quando alguns inquietam com a quebra do seu devido silêncio.
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Por Jânio de Freitas, Folhapress e reproduzido pelo Pragmatismo Político.

Governador do Ceará afirma que Ciro sempre foi aliado fiel e defende apoio do PT a ele


Camilo Santana defende apoio do PT a Ciro Gomes. (Foto: Reprodução).


O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), defende que o PT apoie a candidatura presidencial do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), seu padrinho político, e indique o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) como vice. Camilo está convicto de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguirá disputar a Presidência nas eleições deste ano.

De acordo com ele, o PT “não pode apostar no isolamento suicida”.

Sempre tenho colocado que Lula é vítima de uma grande injustiça, mas acho que o momento não é de radicalismo. Sei que o desejo de todos nós era o Lula poder ser candidato. Mas entre querer que ele seja candidato e a realidade atual existe uma ponte muito grande”.

Camilo diz ainda que “Ciro é hoje, sem dúvida nenhuma, o principal nome para unir as esquerdas e garantir as conquistas sociais alcançadas durante os 12 anos do PT no poder. Ciro sempre foi um aliado fiel”.

Sobre se apoiará Ciro, independentemente da decisão do PT, o governador disse ainda estar aguardando esse diálogo. “O próprio partido sabe da minha relação com o Ciro, com o Cid, uma parceria, uma relação política muito forte. É uma pessoa em quem acredito. Estou na perspectiva de construir uma aliança ainda no primeiro turno. E vou trabalhar para isso, independentemente de ser o PT na cabeça e o PDT na vice, ou vice-versa”. (Com informações da Revista Fórum).

Servidores Públicos de Altaneira já podem ter acesso a contracheque e outros serviços online


Imagem capturada do Portal do Servidor. 

A Secretaria de Administração e Finanças do Município de Altaneira, por intermédio do Departamento de Recursos Humanos (RH), informou a partir da servidora Kássia Lima que a todos aqueles que possuem vínculo empregatício com o município - efetivos ou por tempo determinado, já podem emitir contracheques pela internet.

Além de contar com a emissão de “Contracheque On Line”, servidores e servidoras podem consultar ainda outros dados financeiros como a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) e Relatórios, por exemplo.  Para tanto, basta acessar o site Portal do Servidor.

Kássia, que está lotada no RH da prefeitura, ao divulgar a informação na sua rede social facebook, deu o passo a passo.  “Ao acessar será necessário entrar com o seu CPF, tendo como senha provisória os três primeiros números e os dois últimos do CPF; depois irá ser direcionado para outra página, na qual irá criar sua senha”, disse. Feito isso, é necessário preencher três itens: cidade, estado e entidade, uma vez que que existem duas bases: Educação e Prefeitura. A partir dai você terá acesso as suas informações. “Feito esse cadastro inicial, no próximo acesso será exigido apenas seu CPF e sua senha”, frisou a servidora.

O acesso a esses tipos serviços pela internet já era uma realidade em vários municípios. Na era da informática e das informações em tempo real, é importante que as gestões estejam a todo tempo se atualizando. Os novos serviços irão facilitar o acesso a dados financeiros e poderão diminuir o fluxo de pessoas em dias que antecedem o pagamento.

Até o fechamento desta matéria não havia nenhuma informação no Portal Oficial do Município e nem na página da prefeitura no facebook.




Em cinco anos orçamento para titulação de territórios quilombolas cai mais de 97%


(Foto: Reprodução/ Terra de Direitos).


Morosidade nos processos e falta de recursos revelam racismo institucional do Estado Brasileiro. Para 2018, estão previstos menos de R$1 milhão para a titulação dos mais de 1,7 mil processos abertos no Incra.

Passados 30 anos da promulgação da Constituição Federal e 130 anos desde a assinatura da Lei Áurea – que no dia 13 de maio de 1888 determinou a abolição formal da escravidão –, políticas públicas voltadas para comunidades quilombolas revelam que o racismo institucional ainda é presente no país.

Exemplo disso é a destinação de recursos públicos para a titulação de territórios quilombolas, que sofreu uma queda de mais de 97% nos últimos cinco anos. Se em 2013 foram usados mais de R$ 42 milhões para a desapropriação das terras onde estão os territórios quilombolas, em 2018 menos de R$ 1 milhão estão previstos.

O valor é insuficiente para titular os mais de 1,7 mil processos sob responsabilidade do Incra. Desse total, 32 áreas de 12 comunidades quilombolas já foram reconhecidas, tiveram o decreto de desapropriação assinado, e aguardam apenas a titulação. De acordo com informações obtidas através da Lei de Acesso à Informação, 15 delas aguardam desde 2016 a aquisição dos imóveis para a receberem o título.

É o caso da Comunidade Invernada Paiol de Telha, no Paraná, que teve o Decreto de Desapropriação assinado pela Presidenta Dilma Rousseff em 2015. Comunidade com o processo de titulação mais avançado no estado, o Paiol de Telha teve 2,9 mil hectares reconhecidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Desse total, quase 1,5 mil hectares foram previstos no Decreto de Desapropriação. No entanto, a titulação da área deve se dar em partes, e 228 estão em processo de desapropriação. Os quilombolas aguardam o título dessa área desde que foram certificados pela Fundação Cultural Palmares, em 2005.

Enquanto a terra não é titulada, as famílias vivem com a insegurança e são impedidas de acessar políticas públicas. Muitas casas ainda não contam com energia elétrica e saneamento básico, como conta a quilombola Ana Maria Santos da Cruz, que também é integrante da coordenação executiva da Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). “Nós não podemos ter um projeto de ter água, de ter energia, ter moradia, porque não temos o título. O pessoal está em situação de miséria”.

Titulação

Apesar de a Constituição determinar que as comunidades quilombolas fazem parte do patrimônio cultural brasileiro e que devem ter suas terras reconhecidas, apenas 6% dos territórios quilombolas possuem o título da área –  na maior parte dos casos, apenas parte dos territórios foram titulados. No Brasil, das 2.847 comunidades quilombolas certificadas – número que é ainda maior se forem consideradas as comunidades que ainda não foram reconhecidas –, apenas 174 foram tituladas.

A certificação é apenas o um dos passos iniciais na luta pela titulação do território. Até obterem o título da terra, as comunidades ainda precisam passar pela elaboração e publicação do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), pela publicação da Portaria de Reconhecimento assinada pelo Incra e pelo Decreto de Desapropriação assinado pela presidência da república.

Segundo dados disponibilizados pelo Incra, estão sob responsabilidade do Instituto 1.715 processos – alguns desses tramitam desde 2004. Além das 12 comunidades que aguardam apenas a titulação da terra, já tendo passado pelas outras fases do processo, cinco comunidades aguardam a assinatura da portaria de reconhecimento. Outras 34 também já tiveram publicado os Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação (RTID) e aguardam o encerramento de fases contestatórias para que possam seguir para o próximo passo e ter a portaria assinada. Mais 31 comunidades estão à espera da assinatura do Decreto de Desapropriação – desses processos, 17 foram encaminhados em 2015 e 2016. Todos estão parados na Casa Civil.

Para Givânia Maria da Silva, membro fundadora da Conaq e ex-coordenadora geral de regularização dos territórios quilombolas do INCRA, o baixo orçamento destinado à titulação e a morosidade em finalizar os processos revela uma atitude racista por parte do Estado. “É o racismo institucional operando pela burocracia”, destaca. “Isso acontece quando o Estado tenta impedir ou colocar obstáculos para aquele que tem direito a uma ação por recorte de raça”.

Uma vitória, outra batalha

Desde 2016, apenas sete territórios foram titulados pelo Instituto em todo o país – três em 2017, e grande parte recebeu o título de apenas parte da área. Até o momento, nenhuma comunidade quilombola foi titulada pelo Incra em 2018.

Esse dado coloca em cheque o argumento utilizado pela Casa Civil em 2017 para a não-titulação de terras. No ano passado, um ofício enviado pela Casa Civil ao Ministério Público Federal indicou a paralisação dos processos de titulação até que fosse finalizada a Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.239 movida pelo antigo Partido da Frente Liberal (PFL) – atual Partido Democrata (DEM). A ação questionava o Decreto Federal 4.887/03 que regulamentava os procedimentos de titulação das áreas. Segundo o documento enviado pela Casa Civil, a orientação para a paralisação dos processos era uma forma de garantir a “segurança jurídica”.

A ação foi julgada no dia 8 de fevereiro deste ano, quando os ministros do Supremo Tribunal Federal consideraram que o decreto é Constitucional e que a tese do Marco Temporal não deveria ser aplicada. Essa tese estabelece que só teriam direito às terras as comunidades que tinham sua posse em 5 de outubro de 1988, algo que desconsidera os processos de expulsão dos quilombolas de seus territórios.

Mesmo com o reconhecimento da constitucionalidade do Decreto, nenhuma comunidade quilombola foi titulada pelo Incra em 2018. Advogado popular da Terra de Direitos que acompanhou a tramitação da ADI 3.329, Fernando Prioste questiona o papel cumprido pelo Poder Judiciário nesse caso. “O judiciário reconhece um direito, mas não tem força – e talvez nem interesse – de fazer com que esses direitos sejam efetivados”, pontua.

Membro fundadora da Conaq e ex-coordenadora geral de regularização dos territórios quilombolas do INCRA, Givânia Maria da Silva reforça que o baixo orçamento destinado à titulação de áreas e o sucateamento de instituições como o INCRA é uma das estratégias para garantir o enfraquecimento da política.  Se por um lado tivemos uma vitória no Supremo em relação ao que desejava o DEM, por outro lado a gente tá assistindo o desmonte absoluto em toda a estrutura do Estado que atua na questão quilombola”, avalia. “Não conseguiram destruir os conceitos e as conquistas que estavam no decreto 4887 e estão agindo de uma forma muito mais rasteira e violenta”.

O menor peso na balança

A diminuição orçamentária do Incra para a titulação de terras quilombolas acontece em um meio ao cenário de ajustes fiscais por parte do Governo Federal, que toma medidas que alega serem necessárias para evitar o suposto rombo e equilibrar as contas públicas. Se observado de perto a destinação dos recursos públicos, percebe-se que as contas, de equilibradas não têm nada.

"Não conseguiram destruir os conceitos e as conquistas que estavam no decreto 4887 e estão agindo de uma forma muito mais rasteira e violenta"

Caso emblemático disso é o valor gasto com auxílio-moradia para magistrados brasileiros. De acordo com a Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado, apenas para o ano de 2017 foram gastos R$ 817 milhões com auxílio-moradia para 17 mil juízes. Esse valor é resultado de um benefício de R$ 4.377, 73 pago mensalmente a todos os magistrados no país, como forma de custear os gastos com habitação, mesmo que o beneficiário tenha casa própria no local onde atua.

O valor gasto com auxílio-moradia para juízes em 2017 é quatro vezes maior do que todo o valor gasto pelo Incra para a titulação de territórios quilombolas desde 2010 – ou seja, em um ano, foram usados quatro vezes mais recursos para a magistratura do que foram gastos para a aquisição de terras quilombolas em oito anos.

Em termos comparativos, os R$ 817 milhões de reais gastos com auxílio-moradia seriam suficientes para titular ao menos 18 vezes as terras de todos os territórios quilombolas que estão na fase final para titulação.

Para Givânia, isso reforça a falta de vontade política para a efetivação de políticas públicas de promoção da igualdade. “A elite brasileira – a mesma que compõe o Senado, o atual Executivo e a Câmara – não aceita que os quilombolas possam ter direito à terra. Tanto é verdade que a ADI 3239 ficou 14 anos tentando desconstruir o que era a definição da política quilombola”.

A garantia e efetivação de direitos previstos na Constituição Federal não parece ser mesmo a prioridade do Governo Federal. Uma portaria publicada em Diário Oficial no dia 10 de abril (Portaria nº75) remanejou mais de R$ 208 milhões de reais de áreas da saúde, transportes, de políticas para mulheres e reforma agrária para a atividades da comunicação governamental. Deste montante, cerca de R$ 203 milhões serão destinados para a comunicação institucional e R$ 5,9 milhões para a publicidade.

Essa transferência de recursos acontece em um cenário de congelamento dos gastos públicos, através da implementação da Emenda Constitucional 95. Denunciada por entidades e movimentos sociais, a EC 95 congela por vinte anos as despesas primárias, onde estão inseridos os investimentos em políticas públicas sociais.

Precarização

A falta de recursos destinados para a titulação de territórios quilombolas é um dos inúmeros desafios enfrentados pelo Incra. Servidores do Instituto tem denunciado a precarização dos trabalhos com o corte de funcionários e com a diminuição de recursos para políticas também de desenvolvimento e da reforma agrária.

Desde que o Decreto Federal que regulamentou a titulação de terras quilombolas foi aprovado, em 2003, o Incra sofreu, até 2016, um corte no quadro de funcionários de 15%: foram reduzidas 864 vagas, apesar do aumento de responsabilidades do Instituto. De acordo com dados da Associação dos Servidores do Incra (Assincra), desde 2003, quando o Incra passou a ser a autarquia responsável pelos processos de titulação na esfera federal, o número de funcionário efetivos passou de 5.164 para 4.300, em 2016.

Resistência

O cenário pouco favorável não amedronta os quilombolas. O advogado popular de Terra de Direitos lembra que as poucas titulações dos territórios feitas pelo Incra são resultado dos esforços do movimento social. Segundo ele, Conaq e comunidades quilombolas têm avançado muito nas mobilizações sociais, com vitórias nas ruas e nos tribunais.

E reflete: "Não haverá efetiva democracia e justiça social no Brasil enquanto as comunidades negras quilombolas não tiveram suas terras plenamente tituladas". (Com informações do Terra de Direitos).

Escola Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, completa 4 anos de atuação


Imagem capturada do vídeo no YouTube.

A Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, completou nesta terça-feira, 15, 4 anos de atuação. A instituição foi a 101ª EEEP a ser inaugurada em 15 de maio de 2014 para atender inicialmente, em regime de consórcio 180 (cento e oitenta) alunos dos municípios de Altaneira, Nova Olinda e Santana do Cariri e hoje conta com 540 discentes distribuídos em 12 turmas entre 1º, 2º e 3º ano.

A escola que oferta os cursos técnicos de Agronegócio, Edificações, Finanças e Redes de Computadores homenageia Wellington Belém de Figueiredo que durante sua existência se dedicou a educação. Ao chegar à Nova Olinda abraçou a missão de alfabetizar todos que não tiveram a chance de frequentar a escola e logo passou a ensinar no Centro Educacional Avelino Feitosa. Foi professor das disciplinas de Português, Inglês e Francês, vindo a falecer no dia 06 de maio de 1988.

O presidente do Grêmio Estudantil, o aluno Wellyton Luiz da Silva Nascimento discursou representando a classe discente e disse  acreditar que o futuro há de ser grande e que podem sim acreditar que o empenho e a dedicação transformarão seus caminhos. “Podemos sim acreditar que nossos sonhos não são apenas sonhos, são a chave para um amanhã melhor. E a Wellington Belém de Figueiredo, nos mostra isso diariamente. E quando falo WBF quero me referir a todos os seus membros”, completou.

Segundo informações do Blog Ubuntu Notícias, da professora Lucélia Muniz, durante todo o dia de hoje, alunos/as, professores/as, coordenação pedagógica, merendeiras, vigilantes, profissionais da limpeza, além de ex-professores/as dedicaram parte de seu tempo para falar de sua experiência na escola e tecer homenagens, conforme vídeo abaixo:

           

Pesquisa CNT aponta que sem Lula, indecisos, brancos e nulos chegam a 45,7%


Sem Lula, indecisos, brancos e nulos chegam a 45,7%, diz CNT. (Foto: Divulgação).

Pesquisa publicada nesta segunda-feira pela CNT aponta que, sem o ex-presidente Lula na disputa ao Palácio do Planalto nestas eleições, os indecisos, brancos e nulos chegam a 45,7% das intenções de votos dos brasileiros. Em pontos percentuais, representa 2,5 vezes mais que a intenção de votos a Jair Bolsonaro, primeiro colocado com 18,3% da preferencia do eleitorado.

Como Lula foi condenado por corrupção passiva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ele pode ser impedido de concorrer por conta da Lei da Ficha Limpa.

Em segundo lugar na pesquisa vem a pré-candidata da Rede, Marina Silva, com 11,2% e Ciro Gomes, do PDT, com 9%.

Já o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB, tem 5,3% da intenção do eleitorado. Ele sofreu uma queda de 3,6 pontos percentuais em comparação o levantamento feito no mês de março.

Álvaro Dias, do Podemos, tem 3% da preferência do eleitorado, enquanto Fernando Haddad, do PT, tem 2,3%. Os petistas não admitem "plano B" caso Lula não chegue até o final do pleito, mas o ex-prefeito de São Paulo é um dos nomes citados para substituir o ex-presidente.

Fernando Collor, do PTC, tem 1,4% dos votos. Já os pré-candidatos Manuela D’Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (PSOL), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (PMDB), Flávio Rocha PRB) e Rodrigo Maia (DEM) não alcançam nem 1% do eleitorado no cenário sem o petista.

Bolsonaro estagnado

A pesquisa mostra que, com ou sem Lula da disputa, a intenção de votos a Bolsonaro muda muito pouco. Com o petista, ele tem 16,7%. Já sem o ex-presidente no páreo, a preferência cai para 18,3%

Em comparação ao levantamento anterior, realizado em março, Bolsonaro segue praticamente com os mesmos índices: 16,8% com Lula e 20% sem Lula.  A margem de erro, de ambas as pesquisas, é de 2,2 pontos percentuais.

No cenário em que Lula venha a disputar, o petista segue liderando, com 32,4% do eleitorado.

Em terceiro lugar está Marina Silva, com 7,6%, Ciro Gomes, com 5,4%, Geraldo Alckmin com 4% e Álvaro Dias, com 2,5%.

Com menos de 1% das intenções estão: Fernando Collor (0,9%), Michel Temer (0,9%), Guilherme Boulos (0,5%), Manuela D´Ávila (0,5%), João Amoêdo (0,4%), Flávio Rocha (0,4%), Henrique Meirelles (0,3%), Rodrigo Maia (0,2%), Paulo Rabello de Castro (0,1%).

Branco, nulos e indecisos, neste cenário, 26,7%.

Foram ouvidas 2.002 pessoas, em 137 municípios de 25 Unidades Federativas, das cinco regiões. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com o número BR-09430/2018. (Com informações deCarta Capital).

‘Há um esforço da elite para apagar a memória da escravidão', diz Douglas Belchior


(Foto: Reprodução/ RBA).


Mesmo tendo três séculos e meio de escravidão registrado em sua história, ainda falta ao Brasil em geral o reconhecimento do que foi o período e suas consequências. De acordo com o professor, ativista e fundador da Uneafro, Douglas Belchior, negar o significado e o peso de sua história é um movimento proposital por parte da elite branca. "Sempre houve um esforço das elites para que se apagasse a memória da escravidão", afirma à RBA.

Mesmo com essa adversidade, Douglas frisa que o movimento negro conseguiu ressignificar o 13 de Maio, Dia da Abolição da Escravatura, que  completa 130 anos hoje. A figura de Princesa Isabel deu lugar aos ícones da resistência negra Zumbi e Dandara, enquanto a data deixou de ser comemorativa e passou a ser de mobilização e de luta.

"O 13 de maio é uma data marcada por protesto, não celebração. Isso foi construído pelo movimento negro nos últimos 40 anos. Até a década de 70, o dia era de comemoração ao ato da Princesa Isabel. Mas, desde a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) e da opção política de fortalecer o dia 20 de novembro (da Consciência Negra), o 13 de Maio é ressignificado, como um protesto e denúncia ao racismo. A figura 'bondosa' da princesa também é ultrapassada, o movimento conseguiu dar a imagem correta à ela (em relação à emancipação da população negra): a insignificância", diz.

Segundo o ativista, a politização da data é importante para que o passado não seja esquecido. Ele acrescenta que o anseio da elite por apagar seu próprio passado se dá pelo medo de um "acerto de contas". "O principal sentimento que os brancos têm com o negro é o medo, não é a raiva. É o medo de essa população resgatar a memória do que foi feita com ela, desse sofrimento histórico e secular. Os brancos têm medo da verdade histórica e do acerto de contas, por isso, sistematicamente tentam apagar a nossa memória e impedem a gente de ter acesso à educação", explica.

O projeto Escola Sem Partido é uma dessas tentativas de apagar a escravidão dos registros históricos e manter o domínio e privilégios da população branca, ressalta Douglas. Para ele, a ideia é uma reação "maldosa e desonesta" para responder à tomada de consciência do povo negro. "Ela se inscreve no bojo dessa estratégia secular dos racistas", critica.

Mesmo com a abolição assinada em 1888, negros e negras do Brasil ainda sofrem diariamente com a herança do período. O professor é direto: "é uma bola de ferro amarrada no pé da história que mantém o Brasil marcado pelas relações próprias da escravidão".

A desigualdade permanente, a opressão e a violência contra o povo negro, além da exclusão de sistemas básicos e do mercado de trabalho, são resultados do período escravagista apontado por Douglas Belchior. Por outro lado, ele lembra que a história não é só sofrimento, mas também é de conquistas.

"Resistir e superar as adversidades são uma marca da história do povo negro no Brasil. Foram 400 anos de escravidão e, depois, um projeto de nação que excluía a população negra. Mesmo assim, nos superamos e permanecemos. Havia um plano de extermínio que não deu certo. A população negra sempre conseguiu sobreviver, essa é a nossa marca. Nossa história não é só de sofrimento e morte é de superação e vitórias", conclui.

Debate com metalúrgicos A Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Comitê Popular de Negros e Negras do ABC realizam nesta segunda-feira (14) o debate público "130 anos de abolição inacabada", que contará com a participação da secretária estadual de Mulheres do PT, Debora Pereira, a secretária estadual de Comunicação do PCdoB, Renata Rosa, e o presidente estadual do Psol, Joselicio Junior.
 No evento, o representante do Psol fará o lançamento do seu livro "Reflexos de Resistência". O ato também terá como tema "Lula Livre" e "Marielle Vive". O evento será realizado a partir das 18h, no Centro de Formação Celso Daniel, na Rua João Lotto, no centro de São Bernardo do Campo.

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Publicado originalmente na Rede Brasil Atual

A polêmica Ciro Gomes e o irracionalismo na política, por Miguel do Rosário


(Foto: Reprodução/ Blog o Cafezinho).


O debate sobre o apoio a Ciro Gomes ficou temporariamente interditado pelo irracionalismo. “Isso não é mais debate, Miguel, é guerra de bugio, como dizemos aqui no sul”, desabafou um amigo, apreensivo com o rumo que as coisas tomaram. Este amigo, um intelectual bem relacionado nos altos círculos do PT, que trabalhou no governo, era um dos mais entusiasmados com a possibilidade de uma aliança do partido com Ciro Gomes. E assustou-se com a gritaria. Mas assustou-se porque deseja a aliança, e tem medo que o barulho atrapalhe a construção de um entendimento.

Miguel, você viu o post publicado agora no 247″, e me mandou o link de um artigo de Carlos D’Incao, intitulado “Afinal quem é Ciro Gomes”. D’Incao é um historiador que tem posições duras contra qualquer um que não seja do PT. Em março deste ano, atacou Guilherme Boulos e Manuela D´Ávila, num artigo bastante agressivo, no qual acusa ambos de fazerem o jogo da direita e serem “esquerdotoches” :

Trecho:

[Boulos e Manuela] fazem exatamente aquilo que o grande capital e as forças neoliberais querem. Ao se lançarem como supostas “opções”, jogam abundante água no moinho da direita, que apresenta de forma entusiasmada uma suposta “nova esquerda”, distanciada da “velha e obsoleta” esquerda de Lula e do PT. E essa “nova esquerda” já nasce batizada: são os “esquerdotoches”. O suposto campo progressista que se diz de esquerda, mas que atua exatamente como a direita quer.Boulos foi o último dos “esquerdotoches”. 
Mas ninguém deu muita bola para o post. Seu artigo contra Ciro teve melhor sorte, pois veio de encontro à onda de sectarismo que varreu o PT nos últimos dias.

O artigo é uma coleção de picaretagens retóricas. Tudo se resume a uma acusação: que Ciro mudou de partido várias vezes e que é de… direita.

Essas acusações de mudança de partido, contra o Ciro, vindas do PT, tem um aspecto profundamente injusto: Ciro passou por várias legendas, sim, mas o fazia para continuar apoiando os governos petistas. Conforme as legendas em que ele entrava iam abandonando o governo e migrando à direita, ele entrava em outro partido, à esquerda, que fazia parte da base aliada dos governos Lula/Dilma, aos quais serviu com rara (e põe rara nisso!) lealdade!

Recapitulemos o histórico partidário de Ciro.

Ciro foi, de fato, filiado ao PDS (ex-Arena), partido de seu pai. Foi o único partido de direita de que participou. Mas já em 1983,  com menos de 25 anos, transferiu-se para o PMDB, que era a esquerda possível naqueles tempos bicudos. Desde o início da década de 90, Ciro fala sobre seu período no PDS com muito constrangimento, enfatizando que era ligado à “esquerda católica”. Não sei até que ponto Ciro tenta negar o passado, mas é fato é que ele jamais se orgulhou de ter participado, mesmo que brevemente, de um partido conservador.

Ciro foi fundador do PSDB, legenda criada em 1988. Todos se lembram que o partido não era a legenda conservadora e neoliberal de hoje: era o partido da social-democracia, de Mario Covas, Bresser Pereira, e de um FHC apoiado por ninguém menos que Lula!

(Foto: Reprodução/ Blog o Cafezinho).

Lembro-me que meu pai, um homem de esquerda e uma pessoa extraordinariamente generosa e comprometida com valores democráticos, foi eleitor do PSDB até o início de 1999, quando morreu. Discutíamos em casa amigavelmente, porque eu sempre fui Lula.

Ser do PSDB, naqueles tempos, não era ser de “direita”. Pelo menos não até o PSDB ser transformado e corrompido pelo poder.

Ciro sai do PSDB em 1996, ou seja, no ano seguinte à chegada do partido ao poder, antes da guinada conservadora de FHC. Antes da privataria. Antes mesmo do jogo sujo da reeleição, quando o partido suborna deputados para aprovar a emenda que permitiria a FHC esticar seu mandato por mais quatro anos.

Por que Ciro Gomes sairia de um partido que estava no poder, e que permaneceria no poder até 2002?

Quando a gente critica um político que muda de partido, devemos ser justos para fazer a seguinte avaliação: foi o político que mudou, ou foi o partido?

Em 1997, Ciro Gomes ingressa no PPS, que era o novo nome do Partido Comunista Brasileiro. A partir daí, Ciro transitará, pelos próximos 21 anos (com exceção de uma estadia relâmpago no PROS), apenas em legendas identificadas programaticamente com o socialismo e esteve sempre ao lado de Lula, em quem (diz o próprio Ciro) vinha votando, no primeiro ou no segundo turno, desde 1989.

Ciro Gomes sai do PPS quando o partido rompe com Lula em 2004, e ingressa no PSB, na época um importante partido da base aliada. Saiu na hora certa.

Ciro sai do PSB em 2014, quando Eduardo Campos, presidente nacional do partido, lança uma candidatura própria, com uma plataforma de direita. Ciro defendia, junto com seu irmão Cid, que o PSB continuasse alinhado ao PT, e apoiasse a candidatura de Dilma Rousseff. De novo, saiu na hora certa.

Nesse processo de transição, Ciro fica alguns meses no PROS, partido recém-criado por uma articulação meio bizarra, de empresários e políticos de direita e esquerda, com objetivo de esvaziar a direita, sobretudo o DEM, e fortalecer a base do governo.

Desde 2015, Ciro Gomes está no PDT, a legenda criada por Leonel Brizola.

As especulações sobre uma aliança entre PT e Ciro Gomes rolam desde 2016, mas se intensificaram há dois meses,  após a condenação de Lula em segunda instância.

A diferença entre políticos profissionais e militantes é que os primeiros precisam enxergar a situação com mais realismo, mais pé-no chão, e os governadores são os mais preocupados com a indefinição do quadro, porque à aflição de administrar seus estados numa relação cada vez mais difícil com a União, e numa conjuntura de terrível crise fiscal e crescente endividamento, soma-se a necessidade de consolidar, desde já, alianças e estrategias para as eleições estaduais.

Alguns blogs políticos da Bahia começaram a publicar notas sobre uma suposta articulação de Rui Costa, governador do PT, em prol de Ciro Gomes. A informação, que vinha da coluna Painel da Folha, disseminou-se como um rastilho de pólvora pela imprensa política baiana, e seria confirmada meses depois, com uma entrevista também à Folha de outro baiano peso-pesado, Jaques Wagner, um dos cérebros do PT e segundo homem na linha “sucessória” de Lula. Wagner afirma a Folha que há, sim, a possibilidade de uma composição com Ciro Gomes.

A entrevista gerou mal estar em algumas áreas do PT, obrigando a presidenta do partido, Gleisi Hoffmann, a fazer um teatrinho com Wagner, fingindo que o enquadrava. O próprio Wagner, de olho nas reações, faz um gesto de recuo, dizendo que o Lula ainda era a prioridade, e que não tinha dito exatamente aquilo que dissera. Alguns petistas começaram a espalhar que houve erro de “interpretação”, fake news, e que a fala de Wagner não tinha jamais existido.

Uma semana depois da entrevista de Wagner, e como num movimento coordenado, Flavio Dino sinalizou na mesma nessa direção, ao defender, em entrevista à Folha, que os partidos de esquerda, PT, PCdoB e PSOL, abrissem mão de suas candidaturas, e apoiassem Ciro Gomes. A declaração de Dino se destinava sobretudo ao PT, naturalmente. Manuela D’Ávila, candidata do PCdB, que aparentemente não foi pega de surpresa, reagiu com uma frase do tipo: “por mim, tudo bem”. Boulos nem comentou, porque é impossível o PSOL participar de uma frente como essa num primeiro turno. A reação agressiva veio desse lulismo difuso, não necessariamente identificado com o PT, além das áreas menos flexíveis da militância petista.

Diante do burburinho, Dino divulga uma mensagem no Twitter, com uma platitude qualquer, também para acalmar os setores mais irritados do PT. Mas não retira o que disse.

A direção petista, por enquanto, parece acuada por setores agressivos da militância, que começaram a fazer campanha contra Ciro Gomes como se ele fosse o principal inimigo.

Mas, ora bolas! O Brasil vive o momento mais dramático da nossa história, e as chances de Lula obter o direito de disputar as eleições, ou de conseguir governar, caso seja candidato e ganhe, são absolutamente nulas.

Com Ciro, temos um candidato bem posicionado nas pesquisas, que ganha da direita tranquilamente no segundo turno, cujo partido tem sinalizado, desde 2016, que deseja o apoio do PT, que tem feito uma campanha ousadamente nacionalista e progressista, defendendo uma vigorosa reindustrialização do país, a volta do investimento público, a revogação da reforma trabalhista, a desapropriação dos campos de pré-sal entregues aos estrangeiros.

E o que faz a militância petista? Começa um campanha de agressão a Ciro Gomes?

Por exemplo: há um vídeo correndo por aí de Ciro Gomes em que menciona um possível apoio a campanha presidencial de Aécio Neves em 2010. O vídeo é  provavelmente de 2008 ou 2009, ou mesmo antes, quando Aécio ainda era um governador popular em Minas, que dialogava muito bem com a esquerda, a ponto de receber, frequentemente, elogios de Lula e Dilma. Aécio teria sido o fiador político da série de investigações de Amaury Ribeiro, que resultariam no livro Privataria Tucana, uma obra fundamental para derrotar o PSDB nas eleições de 2010. As pessoas não se lembram, mas Aécio quase saiu do PSDB naquele ano. Havia um assédio (no bom sentido) do PT e do PMDB para que ele entrasse no PMDB e aderisse ao governo. Até mesmo Dilma, em 2010, segundo a Folha, teria defendido uma “dobradinha” com Aécio Neves nas eleições.

Em 2009, em entrevista a uma rádio em Minas Gerais, Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil do governo Lula, diz que Aécio era um dos melhores governadores do Brasil. Em 2014, a campanha de Aécio vai abusar desses vídeos.

A política dá tantas voltas que algumas coisas hoje parecem inverossímeis. Reportagem da Folha de 15 de maio de 2007 diz que “Lula não descartou hoje a possibilidade de apoiar Aécio Neves para a presidência da república”.


Reparem que Lula cogita inclusive apoiar Aécio Neves mesmo se ele permanecer no PSDB… “O candidato [da base aliada] pode ser do PSDB?”, pergunta Lula, misteriosamente. Se o PT, no auge de sua popularidade, em 2007, quando tinha enfim superado a sua primeira grande crise e obtido uma vitória eleitoral esmagadora em 2006, cogitava apoiar Aécio Neves para presidente da república, por que cargas d´água não pode agora apoiar Ciro Gomes?

O triunfalismo de parte do PT, que fala que o partido é grande, que ganhou quatro eleições, que tem tantos deputados, peca por esquecer o principal: o partido foi derrubado por um golpe que produziu a maior crise política e econômica em muitas décadas. Os mesmos setores que derrubaram Dilma, continuam aí, mais fortes do que nunca. Para vencê-los, é óbvia a necessidade de ampliar o arco de alianças. A ideia de driblar a rejeição ao PT dentro dos círculos de poder (em especial nas corporações), através do lançamento de uma cara nova, precisa ser levada em consideração!

Entendem porque este sectarismo de setores do PT, com essas táticas de divulgar vídeozinhos antigos de Ciro, é tão sem noção? O jogo político naquele tempo era esse mesmo. Lula e seus aliados, entre os quais Ciro Gomes, cercavam Aécio para dividir o PSDB, e conseguir governar. E conseguiram.

Em 2010, Ciro Gomes teria papel central na campanha de Dilma Rousseff, como coordenador de sua campanha no segundo turno.

Outro fator curioso é o súbito esquerdismo radical do PT.

Duas outras peças circularam nas últimas 24 horas contra o Ciro. Um é o artigo de André Singer, que ganhou o seguinte título no 247: “Steinbruch afasta Ciro da esquerda”.

O mesmo blog resumiu o artigo assim:

André Singer analisa, na Folha, a possibilidade de o dono da Companhia Siderúrgica Nacional, Benjamin Steinbruch vir a ser vice de Ciro Gomes, depois de ter se filiado ao PP: “A filiação do empresário de modo a poder ser vice na chapa de Ciro Gomes expressa as ambiguidades que cercam a candidatura do ex-governador cearense”, escreve ele. “O pragmatismo de Ciro é compreensível” continua. “Trata-se de um político profissional disposto a fazer o necessário para ganhar. Atrair um grande capitão de indústria, como fez Lula com José Alencar, soma. Do ponto de vista da esquerda, entretanto, tais manobras complicam a formação de um programa comum”

Várias perguntas se impõem simultaneamente: O que significam essas frases: “o pragmatismo de Ciro é compreensível”, “político profissional disposto a fazer o necessário para ganhar”? Isso são elogios ou xingamentos? Detalhe: Ciro ainda não definiu quem será seu vice. Daí Singer fala que Ciro Gomes está imitando Lula, atraindo um “capitão da indústria”, mas ao mesmo tempo afirma que “do ponto-de-vista da esquerda, entretanto, tais manobras complicam a formação de um programa em comum”. Hum? Se Lula fez, porque Ciro não pode fazer? Por acaso o Brasil vive hoje um grande boom do pensamento revolucionário de esquerda? Singer acha que o eleitorado lulista ficará horrorizado se Ciro Gomes imitar… Lula?

Por fim, e encerrando o post, temos um virulento ataque de Luizianne Lins (PT) a Ciro Gomes. Mais uma vez, recorro ao 247:

A ex-prefeita de Fortaleza e deputada federal Luizianne Lins (PT) rechaçou a possibilidade de o ex-governador Ciro Gomes (PDT) representar a esquerda na eleição presidencial. “De jeito nenhum!”, disse; “Eu não acho que ele tenha trajetória de esquerda, que ele tenha pensamentos de esquerda, eu não acho que tem sintonia com a esquerda brasileira, muito menos acho que o PT o apoiaria ou sairia como vice dele

Isso aí tem um nome: irresponsabilidade. Não sei de onde a deputada tirou tanto esquerdismo. Ela parece estar se referindo a uma eleição de grêmio estudantil. Como vimos, não é, definitivamente, algo que ela aprendeu com Lula.

Além do mais, não é verdade. Qualquer um que assista a uma entrevista de Ciro Gomes, identificará um discurso muito claro de esquerda. Ele defende um processo vigoroso de reindustrialização, ampliação dos investimentos públicos, retomada de uma política externa independente, impostos progressivos, tributação de lucro e dividendos, desapropriação dos campos do pré-sal entregues a multinacionais. Mais esquerda que isso? Querem o que? Que Ciro cante a Internacional Socialista na TV? Me admira muito ver setores do PT aderindo à essa vulgar demagogia ideológica!

Ciro não é, evidentemente, perfeito. Eu sei qual o problema dele com a esquerda “militante”: o jeito “mandão”, o ar arrogante, tipo “coronel”, que as pessoas não costumam identificar nos quadros de esquerda, os quais ou são irreverentes, estilo povão bem humorado, como Lula, que finge uma simplicidade que nunca teve (é muito mais sofisticado que muitos intelectuais), ou são quietos, tímidos, como Pimentel, governador de Minas, e Wellington Dias, do Piauí. Haddad e Jaques Wagner, apesar de intelectuais, falam manso, voz baixa, como pessoas sempre dispostas a pedir desculpas. Procuram sempre se expressar de maneira simples, didática, como se estivessem dando aula para crianças. Neste sentido, são parecidos com os tucanos: Serra, Alckmin, FHC falam como se os ouvintes fossem idiotas ou tivessem seis anos de idade. Falam lentamente, repetindo mil vezes a mesma expressão, como se a gente não tivesse entendido da primeira vez. Ciro fala alto, nervosamente, gesticulando, usando palavras difíceis, como um coronel tentando impressionar o pião, e sempre com um risinho sarcástico no canto da boca. Entretanto, isso é apenas um aspecto superficial de sua personalidade, um trejeito, não tem a ver necessariamente com sua maneira de ver o mundo, que deve ser analisada a partir de suas ideias. Haddad, como presidente, provavelmente seria muito mais tucano do que Ciro Gomes.

Ciro Gomes e seu irmão, Cid, são aliados do PT no Ceará. Apoiaram a eleição de Camilo Santana em 2014, do PT, e hoje apoiam sua reeleição. A manifestação de Luizianne, portanto, beira a traição política: Ciro Gomes é o mais importante aliado de seu partido no Ceará. Para que esse tipo de agressão? É óbvio que há um fator pessoal, menor, por trás.

Seja como for, acho que o ruído em torno dessa possível aliança Ciro Gomes e PT só atingiu esse nível porque é algo realmente possível. O PT precisa ter coragem e enfrentar os setores mais radicalizados de sua militância. Para isso serve a liderança política. O partido tem de conduzir, não ser conduzido, porque ele tem acesso a um conjunto maior de informações do que a maioria das pessoas. A direção do PT precisa emitir sinais claros, fortes, que orientem sua militância no sentido de convergir para um objetivo comum, até porque, no segundo turno, haverá necessidade de união. Talvez já no primeiro.

Ninguém vai esquecer Lula ou interromper a luta por sua liberdade. Muito pelo contrário. A luta por liberdade de Lula ficará muito mais fácil de ser conduzida, se se desligar da utopia impossível de torná-lo candidato. O custo político dessa operação é alto demais, e representará desperdício de recursos políticos, morais e financeiros.

#lulalivre #esquerdaunida
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Publicado originalmente no Blog O Cafezinho