Quem é quem na Câmara de Altaneira?


Quem é quem na Câmara de Altaneira? (Foto: Júnior Carvalho).


Passados pouco mais de um ano e três meses de atuação da nova composição do legislativo municipal de Altaneira o que mais tem chamado a atenção de altaneirenses – tanto dos que aqui residem quanto dos que estão em outros municípios pertencentes a outros estados da federação -, é a mudança constante de postura e de posicionamentos dos “legisladores/as e fiscalizadores/as” do município.

Em um passado não muito distante era fácil perceber quem era os da base de sustentação do prefeito e aqueles/as que faziam oposição. Hoje está bem difícil identificá-los, identificá-las. Os que antes faziam “tempestade em um copo d’água” e denunciavam tudo, mesmo aqueles fatos que para uma oposição inteligente bastava um diálogo consistente com o gestor para sanar a situação, o ignorava e iam à rádio e aproveitavam as sessões ordinárias para expor os fatos. Ainda assim, exerciam seu papel. Algumas ações inclusive foram dignas de aplausos. Fazer oposição em um regime democrático é saudável para toda e qualquer gestão.

Ter também alguém da base de sustentação a administração que executa com destreza críticas construtivas ao gestor ou gestora, seja prefeito ou secretários/as é ótimo para a gerência dos recursos públicos. Isso facilita os acertos e dificulta, quando não diminui drasticamente os erros. Mas essa é uma missão bem mais difícil, visto a forma como muitos entendem a política partidária, como o dever de quem é oposição é criticar e apontar erros sem especificar soluções e a obrigação da situação é elogiar e detalhar as ações executadas e as que serão feitas sem se preocupar como que os recursos estão sendo gastos.

Mas me permita voltar ao que me propus analisar. Desde que esse novo retrato da Câmara passou a atuar que não se consegue mais identificar quem é quem por lá. Não é possível mensurar com clareza quem é oposição e quem é situação. Isso poderia até ser um ponto positivo para o município, se nessa seara todos e todas estivessem a um só tempo a cumprir realmente o que manda o regimento da Câmara e a Lei Orgânica do Município. Se todos/as a uma só voz estivessem a cumprir seu papel e a representar de fato e de direito os cidadãos e cidadãs altaneirenses. Mas tudo por lá está do avesso. Quem falava demais não fala tanto e até se omite em muitos casos.

Há inclusive em alguns raríssimos momentos inversão de papeis. Quem é oposição executa o de situação. O contrário também é verdadeiro. Existe também aqueles que estão iguais a isopor em água. O caso mais emblemático de inversão de papéis para a forma tradicional de entendimento de política partidária foi percebido na sessão ordinária desta quarta-feira, 18.

Flávio Correia (SDD) fez um discurso firme e consistente que há dois anos atrás seria realizado por outro parlamentar. “Não participo mais de reuniões” governamentais, pois só tenho me desgastado. “Gosta de cobrar e o governo não gosta de cobrança” disse Flávio. O edil que bem recentemente já exerceu o papel de líder do governo foi categórico. “Não aceito mentiras e corrupção”, disse e complementou ao afirmar que quando tentou opinar, não era ouvido.

Mas mesmo que a angústia de Flávio seja momentânea e que não mais se repita com essa efervescência toda, o discurso dele na sessão não foi replicado, sequer comentado pelos pares como em anos anteriores seria. Realmente, pela casa do povo onde este tem frequentado cada vez menos, está tudo do avesso. O assunto tratado por um não tem sequência, em termos de debates.

A Câmara está indo dos discursos e desavenças pessoais de outrora ao despego pelo debate, pelo bom embate político em prol do crescimento com desenvolvimento do município. A busca pela renovação no legislativo municipal é cada vez mais necessária.



Não, Joaquim Barbosa não seria o primeiro presidente negro do Brasil. Já houve um antes


Não, Joaquim Barbosa não seria o primeiro presidente negro do Brasil. Já houve um antes.
(Imagem: Reprodução/ Gazeta do Povo).

No início do século XX, o País já teve um negro na presidência. Mas, inserido em uma sociedade extremamente racista, nem ele se aceitava e tentava esconder sua cor de pele.

O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa foi uma das grandes surpresas da mais recente pesquisa do Datafolha de intenção de votos para presidente. Mesmo sem ter anunciado qualquer disposição em se candidatar e com atuação quase inexistente nas redes sociais, o recém filiado do PSB detém entre 8% e 10% das intenções de voto, figurando entre terceiro ou quarto colocado, dependendo quem são seus concorrentes.

Caso sua candidatura se confirme, tudo indica que seu nome tende a crescer na corrida eleitoral. Barbosa entraria para o rol dos poucos candidatos negros que concorreram à presidência do Brasil. Mas se for eleito, não será o primeiro na história do Brasil. Quem detém este título é Nilo Peçanha, que em decorrência da morte do presidente Afonso Pena (de quem era vice), assumiu o comando do país em 1909.

Ele foi o sétimo presidente brasileiro da Primeira República e o primeiro negro a ocupar o cargo. Mas o fato simplesmente posto dessa maneira não revela as circunstâncias em que aconteceu. Peçanha provavelmente não se considerava negro e tentava esconder os traços de sua herança étnica, segundo afirmou o professor de História da PUC-SP Amailton Magno Azevedo.

A sociedade brasileira durante a primeira República era totalmente racista. Nilo Peçanha era chamado de mulato e ridicularizado pela cor de sua pele. Na família, também enfrentou resistência quando sua sogra não aceitou o casamento dele com Anita, sua esposa. O ambiente político, na época, era muito desfavorável aos negros”, contou o professor.

Este cenário levou o político a negar constantemente suas origens africanas através de discursos e maquiagens que escondiam sua pele escura nas fotografias, segundo consta em sua biografia no Museu Afro Brasil. “Por isso essa memória de Nilo Peçanha como primeiro presidente negro do Brasil nunca se consolidou”, explicou Azevedo.

É válido lembrar também que na época em que foi eleito na mesma chapa de Afonso Pena, apenas uma pequena parcela da população tinha direito ao voto: analfabetos não tinham direitos políticos, ou seja, uma grande parcela da população negra do país, descendentes de escravos não votavam. Além disso, conforme lembra Azevedo, havia um debate em curso naqueles tempos sobre a construção de uma raça brasileira sem a presença indígena e de negros — não à toa, havia perseguição a práticas religiosas de matriz africana, à capoeira e ao samba.

A maneira com que ele agiu em relação à sua cor, tentando esconder a herança negra para não sofrer preconceito é o oposto do que agora faz a geração atual, que afirma sua negritude para combater o racismo”.

Mas desde então nenhum outro presidente negro foi eleito no Brasil. O que explica isso, segundo o historiador, é o modo como os partidos políticos se comportam e se comportam em relação à diversidade e à pluralidade dentro de seus grupos — sejam eles de esquerda ou de direita —, além da rejeição à figura do negro no poder, que pode se dar de uma maneira muito velada.

Um exemplo recente foi quando o ministro do STF Luís Roberto Barroso chamou o ex-ministro Barbosa de “negro de primeira linha”, o que depois ele mesmo admitiu ser uma forma de racismo muito sofisticada “com ares de falso elogio, quando na verdade não é”.

Vida

Peçanha nasceu em Campos de Goytacazes em 1867. Se formou em Direito pela Faculdade de Direito de Recife e, de volta ao Rio de Janeiro, exerceu a advocacia e o jornalismo, defendendo causas da abolição e da república.

O primeiro cargo público que ocupou na República foi o de deputado da Assembleia Nacional Constituinte, em 1890. Já no regime democrático, em 1903 foi eleito presidente do Estado do Rio de Janeiro.

Foi eleito, três anos mais tarde, vice-presidente do Brasil na chapa de Afonso Pena. Com a morte do político mineiro, Peçanha assumiu a presidência, cargo que ocupou por 17 meses.

Anos depois, ele tentou a reeleição à presidência, em chapa composta pelo vice José Joaquim Seabra. Sua candidatura protestava contra o imperialismo destas oligarquias e investiu a candidatura de um forte apelo popular, mas não obteve êxito nas urnas e foi derrotada pelo mineiro Arthur Bernardes. Com isso, Nilo Peçanha se afastou definitivamente da cena política do país. Ele faleceu em 1924. (Com informações da Gazeta do Povo).

Medidas de contenção de gastos anunciadas pelo prefeito de Altaneira é motivo de divergência entre vereadores


Medidas de contenção de gastos anunciados pelo prefeito de Altaneira é motivo de divergência entre vereadores
(Foto: Júnior Carvalho).

Em uma sessão sem nenhuma matéria de autoria dos vereadores e vereadoras para ser apreciada e votada, as discussões desta manhã de quarta-feira, 18, giraram em torno da reunião promovida pelo prefeito Dariomar Rodrigues (PT) com diretores escolares, secretários, o procurador-geral do município e os vereadores na última quinta-feira (12) que anunciou medidas de controle e contenção de gastos em virtude de crise, bem como acerca da eleição para composição da nova mesa diretora da Câmara.

No primeiro item houve divergências entre o presidente da casa, o vereador Antonio Leite (PDT) e o líder da oposição, o parlamentar professor Adeilton (PSD). Ao comentar o tema, Antonio rechaçou as informações veiculadas no Blog de Altaneira (BA) e no Blog Negro Nicolau (BNN) que trouxe à tona declarações do prefeito Dariomar em que este teria atribuído os motivos da crise do município aos ex-gestores. O fato em destaque foi inclusive rebatido pelo ex-prefeito Delvamberto Soares (PDT). “Seria mais prudente o Prefeito assumir que vez gastos desnecessários fora da realidade do Município e deixar de colocar culpa nas gestões passadas”, chegou a frisar Delvamberto.

Segundo informações colhidas junto ao portal oficial da casa, o presidente da Câmara afirmou que durante a reunião Dariomar não teria atribuído a culpa da crise no ex-prefeito Delvamberto, mas tão somente dito que “os prefeitos passados deixaram uma dívida referente ao INSS”.

As palavras do pdtista não foram bem aceitas por Adeilton que as rechaçou. De acordo ele, o prefeito chegou a afirmar sim que o município está em crise por culpa das gestões anteriores e que citou como exemplo o INSS. O vereador destacou que “pela primeira vez” tinha que concordar “com ex-prefeito Delvamberto Soares quando usou as redes sociais para dizer ao atual Prefeito que pare de colocar culpa nas gestões passadas e assuma seus erros”.

Quem também comentou a reunião da semana passada foi o antigo líder do prefeito, o vereador Flávio Correia (SDD). Em um tom mais duro, Flávio argumentou que lamenta o momento difícil pelo qual passa o município, mas que “não participa mais de reuniões”, uma vez que só se desgasta. Segundo ele, “gosta de cobrar e o governo não gosta de cobrança”.

Assumindo um discurso de oposição, embora tenha negado sua saída da base, Flávio mencionou que quando desejava opinar, suas palavras não eram aceitas e ressaltou que “não aceita mentiras e corrupção”. O edil é a favor do corte de gastos, mas que o faça “começando pelas regalias do alto escalão” e solicitou que o prefeito fizesse um corte de 5% no duodécimo da Câmara.

Os demais edis também discursaram, mas suas falas não foram direcionadas para o assunto mais comentado dos últimos dias.

No que tange a eleição para escolha da nova mesa diretora da Câmara, o único a falar foi Flávio. Ele disse que não pretende concorrer ao cargo de presidente, vindo a destacar que “não aceita nenhuma especulação” sobre o assunto e que este só será tratado em dezembro.






Prestes a ser denunciado, Temer cede a pressão de ruralistas e exonera presidente da Funai


(Foto: Reprodução/ Brasil 247).

Após voltar a ser pressionado pela bancada ruralista, Michel Temer exonerou o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Franklimberg Ribeiro de Freitas, que deverá deixar o cargo até a próxima segunda-feira. Demissão veio após um grupo de 40 senadores e deputados ligados ao setor apresentar uma carta ao emedebista alegando que o presidente da Funai estaria desconsiderando projetos de interesse da bancada ruralista.

A bancada ruralista vem sendo um dos principais pontos de apoio de Temer no Poder. O custo deste apoio já teria custado cerca de R$ 30 bilhões aos cofres públicos, seja por meio de perdão de dívidas ou na liberação de emendas parlamentares. A bancada também pressionou Temer para obter vantagens na compensação de crimes ambientais e aprovou a chamada "portaria do trabalho escravo", que mudou as regras previdenciárias para os agricultores e que foi alvo de críticas em nível mundial.

Por meio de nota, a Frente Parlamentar Agropecuária diz que o pedido de "exoneração imediata" aconteceu devido a "demanda trazida por populações indígenas insatisfeitas com o desempenho" de Franklimberg. Ainda segundo a nota, 170 lideranças indígenas teriam assinado a carta que foi entregue a Temer.

O Ministério da Justiça ainda tentou segurar Franklimberg no cargos em sucesso. "É uma semana difícil, pelas celebrações do Dia do Índio. E, na semana que vem, são esperados 5 mil índios", disse o ministro da Justiça Torquato Jardim, em referência ao Acampamento Terra Livre, principal evento de encontro indígena do Brasil que acontece em Brasília entre os dias 23 e 27 deste mês.

Franklimberg, que é general de brigada, assumiu a presidência da Funai em janeiro do não passado sob críticas em função da chegada de militares à instituição no governo Michel Temer. (Com informações do Brasil 247).

Prefeita de Santana do Cariri tem mandato cassado por abuso de poder econômico durante as eleições de 2016


Danieli Machado (PDT) tem mandato cassado pelo TRE. (Foto: Divulgação).


Por seis votos a zero, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) cassou na tarde desta terça-feira (17), o mandato da prefeita e do vice-prrefeito de Santana do Cariri - Danieli Machado (PDT) e Juracildo Fernandes (PCdoB) -, respectivamente, por transgressões eleitorais e abuso de poder político e econômico durante o último processo eleitoral por meio de compra de votos

A pedetista já havia sido condenada em primeira instância e a decisão do TRE veio a ratificar a posição do juiz Herick Bezerra da 53º Zona Eleitoral. A cassação pode ainda ser revertida caso ela resolva recorrer junto ao TSE e este optar por tomar posição distinta da do TRE. 

Danieli que havia se licenciado do cargo em março para tratamento de saúde ainda não se manifestou se vai ou não recorrer da decisão. Os munícipes podem ter novas eleições ainda este ano caso não haja recurso ou se tendo seja confirmado sua cassação.

Quem assume a prefeitura é o presidente da Câmara Gildo Lopes com assento na casa pelo Partido Socialista Liberal (PSL).

As acusações partiram da chapa derrotada nas eleições de 2016 que tinha como concorrente Jesus Garcia (PSD) da “coligação respeito e compromisso com o povo” que veio a apresentar vasta documentações que comprovam as transgressões eleitorais e os abusos de poder político e econômico por parte dos gestores para se elegerem.

As informações da cassação da prefeita e do vice-prefeito já ganhou destaque em alguns sites e blogs, inclusive no portal do TRE.

“Fui ingênuo”: Aécio pede R$ 2 mi para JBS e, depois, se finge de mané


(Foto: Lula Marques).


'Fui ingênuo, cometi erros e me penitencio diariamente por eles. Mas não cometi nenhuma ilegalidade.'' Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, nesta segunda (16), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recorreu novamente ao artifício da imaculada inocência para justificar sua relação incestuosa com o dono da JBS.

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, nesta terça, receber a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele, tornando-o réu por corrupção passiva (uma gravação expôs o senador pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista) e obstrução de Justiça. Votam cinco ministros em cada turma. Foram 5 a 0, para o primeiro crime, e 4 a 1, com relação ao segundo – com Marco Aurélio acatando parcialmente e Alexandre de Moraes rejeitando a acusação.

Não é a primeira vez que Aécio apela ao expediente. Por exemplo, em maio do ano passado, em outro artigo-depoimento na mesma Folha, afirmou a mesma coisa. ''Ingenuidade. Fui ingênuo ao receber uma pessoa [o dono do JBS] naquele momento.'' Pela insistência, deve estar convencido que a tática do ''vai que cola'', que funcionou longamente para uma parte do tucanato acusado de malfeitos, continuará positiva e operante.

Mas não é o único. ''Lamento sinceramente minha ingenuidade – a que ponto chegamos, ter de lamentar a boa-fé! Não sabia que na minha frente estava um criminoso sem escrúpulos, sem interesse na verdade, querendo apenas forjar citações que o ajudassem nos benefícios de sua delação.'' A frase, que poderia ser de Aécio, foi dita por Michel Temer também em maio.

Só alguém muito desesperado é capaz de declarar-se ''café-com-leite'' como artifício de defesa diante de um escândalo de corrupção. Pois ambos sabem que demandaria uma imensa dose de ignorância da população para acreditar nessa desculpa. Ou uma vontade grande de ser enganada.

Aécio talvez queira surfar nas icônicas palavras de Sérgio Machado, no não menos icônico grampo com Romero Jucá (''o primeiro a ser comido vai ser o Aécio''), para mostrar que se autointitular ingênuo pode dar certo. Afinal, nas palavras de Machado, ''0 Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe?''

Utilizar a ingenuidade é uma espécie de recurso arriscado porque parte do país pode até cair no conto de políticos ''mal informados'', mas a maioria não aceita aqueles que se declaram fracos e passíveis de serem levados por conversas moles durante os exercícios de seus mandatos.

Ou seja, não querem um ''mané'' os representando.

A justificativa pode ter seu valor junto a processos judiciais ou políticos que Temer e Aécio estão sofrendo por conta do que foi revelado. É uma versão piorada do ''eu não sabia'', muito em uso nos governos do PSDB, do PT e do PMDB.

Mas como tem sempre um chinelo velho para um pé cansado, há grandes chances dele se eleger pelo menos deputado federal. Se bem que caso o foro privilegiado seja restrito em análise do STF marcada para maio, o downgrade do Senado para a Câmara terá sido inútil.

O cinismo adotado por Aécio constrange. E pior do que termos que engolir a questão ética, sua representação canastrã da ''ingenuidade'' é algo esteticamente imperdoável. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).

Como os presidenciáveis reagiram ao novo Datafolha


(Foto: Reprodução/Pragmatismo Político).


Na manhã deste domingo (15), o Datafolha divulgou a sua mais nova pesquisa para a eleição presidencial de 2018. De acordo com levantamento, apesar da prisão, Lula ainda lidera os cenários em que seu nome aparece na disputa.

O ex-presidente aparece com 31% das intenções de voto na pesquisa estimulada. Em segundo lugar está o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) com 15%.

Depois aparecem, nesta ordem, Marina Silva (10%), Joaquim Barbosa (8%), Geraldo Alckmin (6%), Ciro Gomes (5%), Alvaro Dias (3%), Manuela D’Ávila (2%), Guilherme Boulos (1%), Fernando Collor de Mello (1%), Rodrigo Maia (1%), Henrique Meirelles (1%) e Flávio Rocha (1%). Os demais pré-candidatos não pontuaram.

Neste cenário, brancos e nulos somam 13% e os indecisos são 3%. Nas redes sociais e no meio jornalístico, a pesquisa teve forte repercussão. Os presidenciáveis também comentaram o levantamento. Veja o que eles disseram:

Manuela d’Ávila. A pré-candidata à presidência pelo PC do B comemorou o resultado da pesquisa. Em uma transmissão vivo pelo Facebook, afirmou que os 3% de intenção de votos que ela alcança em um dos cenários foi motivo de “muita felicidade”.

O partido não lançava 1 candidato desde 1946, são mais de 70 anos. Somos 1 partido de ideias e causas que não são adaptáveis e negociáveis para que as candidaturas fiquem mais fofinhas, palatáveis”, disse.

Jair Bolsonaro. O deputado criticou o Datafolha e afirmou que aparece bem colocado nas pesquisas de intenção de voto apesar das “pancadas” que recebe.

O Datafolha não goza de credibilidade no Brasil. Inclusive meu filho, no Rio de Janeiro, deu 7% [no Datafolha] no sábado e no domingo ele teve 14% [dos votos]. Acreditamos que se não tivesse tido essa pesquisa na véspera, meu filho teria ido para o segundo turno”, disse.

Marina Silva diz estar preocupada com o “risco de extrema polarização”. Por meio de nota, Marina destaca que possui interesse pelo debate e não com embate, numa referência a Bolsonaro.

Geraldo Alckmin declarou por meio de um comunicado que está otimista com o início de sua pré-campanha, mas considera os cenários ainda incipientes. Na sua opinião, o eleitor começará a definir seu voto apenas a partir de agosto. “Pesquisas são retratos do momento e o momento é de completa indefinição”.

Ciro Gomes. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse estar satisfeito com o desempenho do ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato da legenda. No cenário em que Lula não participaria da disputa, Ciro conta com 9% das intenções de voto, empatado com Geraldo Alckmin e com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB). “O resultado está bom. Está dentro do que a gente havia previsto. Agora é avançar”, resumiu.

Joaquim Barbosa. Para o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, Joaquim Barbosa teve um desempenho abaixo do potencial esperado pelo partido. Recém-filiado ao PSB, Barbosa oscilou entre 9% e 10% das intenções de voto nos cenários sem Lula. “Acho que o resultado foi aquém do potencial que de fato ele (Barbosa) tem. O que acontece com o ministro Joaquim é que muitas pessoas não lembram o nome. Quando você mostra a fotografia, a pessoa lembra”, afirma Siqueira.

Guilherme Boulos. Para o líder do PSOL, o alto patamar de indecisão entre os eleitores indicam que o pleito deste ano “será o mais imprevisível desde as eleições gerais de 1989”. Em nota, Boulos afirmou que “o alto índice de pessoas que se declaram indecisas ou que votarão em branco, ou anularão seu voto, não permite qualquer prognóstico seguro”.

Gleisi Hoffmann. A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, fez duras críticas à Folha de São Paulo. Afirmou que o jornal manipulou o resultado na manchete ao dizer que a prisão de Lula enfraqueceu em intenção de votos. “[Lula] continua imbatível, mesmo depois da prisão política. A mídia tenta apagar Lula das notícias e das pesquisas, mas o povo não esquece quem é seu maior líder.”

Fernando Haddad. O ex-prefeito de São Paulo afirmou que as pesquisas indicam 1 desejo para que Lula seja solto. Haddad não comentou os cenários onde sua possível candidatura ao cargo mais alto do Executivo foi testada. (Com informações do Pragmatismo Político).

Uma enciclopédia para entender o golpe de 2016


As marchas carolas de 1964 foram reeditadas em 2015 como parte da estratégia do golpe.
(Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas).


Uma dezena de universidades públicas mobilizou-se para criar disciplinas sobre o golpe de 2016, seguindo a iniciativa do professor da Universidade de Brasília Luis Felipe Miguel. Na primeira aula, na segunda-feira 5, o cientista político explicou por que essa palavra é tão repelida justamente por aqueles que a puseram em circulação no Brasil.

Não foi só uma mudança em quem ocupa a Presidência. É uma mudança profunda, que se pretende definitiva, imposta unilateralmente e em desrespeito à lei por grupos de dentro do Estado, nas regras do jogo político. Em uma palavra: é mesmo um golpe”, escreveu o professor.
A academia começa a cumprir o seu papel, e é preciso dar nome aos bois, ainda que estes tenham o infortúnio de ser chamados de Temer, Cunha, Aécio ou Geddel. A esta altura do campeonato, só mesmo golpistas não admitem que Michel Temer é um presidente ilegítimo e o mandato popular de Dilma Rousseff foi roubado por eles.

Porém, a jornalista Maria Inês Nassif alerta no prefácio da Enciclopédia do Golpe - O papel da mídia que, se as futuras gerações se dedicarem a estudar esse período da história brasileira por meio do noticiário da imprensa comercial, certamente considerarão que tudo transcorreu dentro da normalidade institucional.
O que aconteceu é o que aconteceu: não existem duas versões para um Congresso que se reúne e depõe uma presidente legitimamente eleita e entrega o poder a um vice de passado nebuloso; não há duas interpretações para um Judiciário que condena inocentes inventando interpretações sobre textos legais que variam conforme o réu; não há duas visões sobre uma mídia que omite, esconde e manipula”, resume Maria Inês.

A obra de 251 páginas contém 28 verbetes escritos por profissionais e estudiosos da comunicação, cientistas políticos, filósofos e historiadores. Os capítulos tratam de temas variados, que vão desde uma radiografia do conluio entre jornalistas e o Judiciário, passando pela falta de democratização da mídia, o protagonismo político da TV Globo, a tomada das redes sociais por movimentos reacionários e a ainda influente agenda imposta pelos veículos tradicionais. O foco é a centralidade da mídia hegemônica, tida pelos organizadores da obra como a principal responsável pela narrativa dos acontecimentos.

“Indispensável a contribuição da propaganda inutilmente disfarçada de jornalismo para demonizar Lula, alvo maior da manobra golpista, reconhecido como principal entrave ao projeto de um Brasil-satélite no quintal dos EUA, país em demolição atado a instituições medievais, insignificante no plano internacional, exportador ainda e sempre de commodities”, defende Mino Carta, diretor de redação de CartaCapital, na introdução da enciclopédia.
“De fato, uma mídia empresarial totalitária, com força e decisão para capturar e ditar o rumo dos acontecimentos parece ter sido a principal engrenagem motora da ruptura da normalidade democrática”, anota o filósofo Bajonas Teixeira de Brito Junior, da Universidade Federal do Espírito Santo.
Para ele, é possível traçar paralelos entre a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que defendeu o golpe de 1964, com o que define como “pseudo ‘movimentos de protesto’”, como o MBL, Vem pra Rua e Revoltados Online, reeditando a estratégia golpista em 2015.

No conjunto, a enciclopédia presta-se a iluminar sombras de uma cobertura visivelmente negativa praticada pelos maiores e mais privilegiados veículos midiáticos. Ela é classista, por estar em defesa dos interesses empresariais das elites, e não surgiu com o impeach-ment. Mais de um autor defende que o golpe já vinha sendo fermentado desde que o PT assumiu o poder.

A Globo, com seus obedientes mervais, já vinha trabalhando desde o ‘Mensalão’, em 2005, para construir a ideia de que o PT inventou a corrupção no Brasil”, afirma o jornalista Rodrigo Vianna.

Autores dos verbetes descrevem a onipresença da emissora global para a “construção e disseminação de propaganda antipetista e antiesquerda”, segundo Maria Inês. “O processo de impeachment foi um jogo de futebol. A Globo passava a bola para a Folha, que deixava a Veja perto do gol, que tocava para o Sergio Moro completar de cabeça”, explica o jornalista Miguel do Rosário.

Essa triangulação só foi possível por haver um sistema midiático altamente concentrado no Brasil e cujo antídoto, a democratização dos meios de comunicação, jamais chegou a representar uma ameaça real às empresas.

Ora a imprensa atacava ferozmente o governo federal por aventar colocar em pauta esse assunto, ora Lula e Dilma não só recuavam como continuavam a favorecer as grandes corporações destinando generosos recursos por meio da propaganda oficial. Entram nessa combinação as revistas semanais Veja, Época e IstoÉ, como anota o professor Frederico de Mello Brandão Tavares, da Universidade Federal de Ouro Preto. “Em ‘tempos de golpe’, estas revistas (...) funcionam como gatilho para a pauta noticiosa. Vendem opinião como notícia.”
Outro verbete essencial é o caráter misógino do golpe. Para a socióloga Eleonora Menicucci, ex-ministra de Políticas para as Mulheres do governo Dilma, e a jornalista Júlia Martim, a mídia “estimulou em todas as oportunidades as críticas pautadas em questões comportamentais e não políticas”.

Esse conteúdo machista alimentou e fortaleceu um discurso de ódio, que acabou invadindo as redes sociais manipuladas por robôs, perfis anônimos e favorecendo a explosão das fake news, que também virou um verbete. “A imprensa brasileira faz parte da articulação de um golpe protagonizado por uma elite de homens brancos, declarados como heterossexuais e defensores de uma sociedade estruturada no patriarcado.”

Este é o segundo volume da Enci-clopédia do Golpe. O primeiro foi lançado em novembro e procurou explicar como cada um dos golpistas atuou em 2016. Escreveram verbetes, entre outros, os historiadores Luiz Alberto Moniz Bandeira e Fernando Horta, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo (consultor editorial da CartaCapital) e o sociólogo Jessé Souza. (Com informações de CartaCapital).