"Esse governo tem até 2018 para implantar um
programa que não foi respaldado pelas urnas, um programa liberal que se tenta
implantar no Brasil há pelo menos 40 anos, e o golpe parlamentar foi essa
oportunidade de implantar a chamada agenda do mercado." É assim que o
professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp)
Eduardo Fagnani avalia a insistência do governo em aprovar a "reforma" da Previdência, cuja
votação está agendada para 19 de fevereiro, na Câmara dos Deputados.
Em
entrevista à Rádio Brasil Atual, Fagnani é taxativo ao dizer que a propaganda
oficial mente ao dizer que os mais pobres não serão afetadas pela Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 287. "É
uma estratégia. Como se eles estivessem fazendo uma reforma que atinge apenas
os marajás do serviço público. Isso não é verdade", aponta, destacando as
dificuldades que o trabalhador terá para conseguir acesso ao benefício.
"Para ter aposentadoria integral precisa contribuir durante 44 anos, isso
inviabiliza, ninguém mais vai ter aposentadoria integral no Brasil. Isso é
superior ao tempo de contribuição que os países desenvolvidos adotam."
Para
o economista, a combinação dos efeitos da "reforma" trabalhista, que precariza os empregos e diminui as
receitas previdenciárias, com a proposta de mudanças do governo no sistema
previdenciário inviabilizam o sistema, aumentando ainda mais a desigualdade no
país. "Antes da reforma trabalhista,
em média, 50% do trabalho era informal, mas no Maranhão esse índice é de 75%.
Essas pessoas em geral não contribuem para a Previdência e não vão conseguir
ter os 15 anos (de contribuição mínima). Isso não só prejudica as camadas de
menor renda mas a população que mora nas regiões Norte e Nordeste, o que vai
ampliar a desigualdade regional e a desigualdade de renda no país."
(Com informações da RBA).
"Os jovens veem e pensam: vou ter que contribuir 44 anos para ter aposentadoria? Dane-se, não vou contribuir". (Foto: Gilmar Felix/ Câmara dos Deputados).
Apesar
do tímido histórico em proibições de candidatos à disputa pela Presidência da
República, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possui antecedentes em decisões
que impediram candidaturas à cadeira no Palácio do Planalto. Desde 2002, a
Corte impediu o registro de três candidatos. As situações ocorreram antes do
surgimento da Lei da Ficha Limpa, sancionada pelo então presidente Lula em
2010.
Nas
eleições de 2002, os candidatos José Maria Botão Abreu e Pedro Teixeira tiveram
o registro de candidatura indeferido pela Corte Eleitoral. As informações foram
publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, neste sábado (27), com base em
levantamento feito pela assessoria do tribunal. Sobre as primeiras decisões,
envolvendo José Maria Botão Abreu, na época, o então ministro do TSE “Sepúlveda Pertence destacou que a
Coordenadoria de Registros e Informações Processuais do TSE apontou diversas
irregularidades em relação aos partidos e ao candidato requerente, entre elas a
ausência de registro do Partido do Trabalho e da Dedicação e Recompensa, e da
ata de convenção”.
Além
disso, o vice-presidente escolhido por Botão Abreu, Nelson Marchezan, pai do
atual prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), havia falecido
em fevereiro de 2002, fato que também teve relevância na decisão de Sepulveda.
O
terceiro barrado pelo tribunal eleitoral foi o jornalista Rui Costa Pimenta
(PCO), em 2006, que chegou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). O TSE
havia alegado que ele não havia prestado conta relativas a sua campanha
presidencial anterior, disputada quatro anos antes. O recurso no STF foi
rejeitado. Com o impedimento, os votos dados a Pimenta foram transformados em
nulos.
Apesar
de barrada em um primeiro momento, ainda nas eleições de 2006, a empresária Ana
Maria Teixeira Rangel conseguiu concorrer à Presidência pelo Partido
Republicano Progressista (PRP).
“Após Ana Maria ter denunciado uma tentativa
de extorsão dentro do partido para garantir sua candidatura, o então presidente
da sigla protocolou na Corte Eleitoral uma ata de reunião que tornava sem
efeito decisão da convenção da legenda que a havia escolhido como nome para
disputar o Planalto. A candidatura de Ana Maria foi indeferida pelo TSE, mas a
Corte Eleitoral acabou aceitando um recurso depois”, diz a reportagem.
Lei da Ficha Limpa
Criada
a partir de um projeto de lei de iniciativa popular idealizado pelo Movimento
de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), a Lei da Ficha Limpa reuniu 1,6 milhão
de assinaturas. A proposta enfrentou a resistência inicial do Congresso, mas
acabou aprovada sob forte pressão popular em maio de 2010, de forma unânime.
Sancionada pelo próprio Lula, enquanto presidente, a lei torna inelegível por
oito anos o candidato que tiver o seu mandato cassado, renunciar para evitar a
cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado.
Com
base na lei, o ex-presidente Lula pode não concorrer às eleições, já que teve
sua condenação confirmada por um colegiado, em um longo julgamento da 8ª Turma
Criminal do Tribunal Regional Federal (TRF-4) na última quarta-feira (24). O
ex-presidente recorre da decisão. (Com
informações do Congresso em Foco).
“Não
é candidato” ao governo do Estado – no fundo, ainda se acha candidato a
Presidente – mas reagiu depressa à
notícia de que Geraldo Alckmin estaria considerando a possibilidade de fazer de
Márcio França, do PSB, seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes.
“Hipótese
zero“, disse.
E
tem razão.
É
praticamente impossível que a tucanagem esteja disposta a sacrificar sua
cidadela pelo nada.
O
nada, não é preciso dizer, é o próprio Alckmin que vai seguindo os passos de
Cristiano Machado, o mineiro do antigo PSD que foi sendo murchado, abandonado.
A
direita hidrófoba, que sempre inflou o
PSDB, migrou para Bolsonaro.
Os
pragmáticos, sonham com um Luciano Huck para chamar de seu.
Partilham
o sonho com os “intelectuais” do
fernandismo que, sem veículo próprio, vão de táxi com o Gugu da Globo.
No
Nordeste, o governador de SP tem tantas chances quanto uma buchada de bode no
Fasano.
Se
Alckmin conseguir manter-se como candidato do PSDB, será na base do que disse
Fernando Henrique Cardoso de Michel Temer:
“É o que temos”.
Talvez,
com sua notória vinculação com a Opus Dei possa pleitear o que, afinal,
Cristiano Machado ganhou como prêmio de consolação.
O
cargo de embaixador no Vaticano.
Mas
com Francisco de Papa, não sei, não. (Por Fernando Brito, no Tijolaço).
Dirijo-me
aos democratas brasileiros porque só eles podem estar interessados no teor
desta mensagem. Vivemos um tempo de emoções fortes. Para alguém, como eu e
tantos outros que nestes anos acompanhamos as lutas e iniciativas de todos os
brasileiros no sentido de consolidar e aprofundar a democracia brasileira e
contribuir para uma sociedade mais justa e menos racista e menos
preconceituosa, este não é um momento de júbilo. Para alguém, como eu e tantos
outros que nas últimas décadas se dedicaram a estudar o sistema judicial
brasileiro e a promover uma cultura de independência democrática e de
responsabilidade social entre os magistrados e os jovens estudantes de direito,
este é um momento de grande frustração. Para alguém, como eu e tantos outros
que estiveram atentos aos objetivos das forças reacionárias brasileiras e do
imperialismo norte-americano no sentido de voltarem a controlar os destinos do
país, como sempre fizeram mas pensaram que desta vez as forças populares e
democratas tinham prevalecido sobre eles, este é um momento de algum desalento.
As
emoções fortes são preciosas se forem parte da razão quente que nos impele a
continuar, se a indignação, longe de nos fazer desistir, reforçar o
inconformismo e municiar a resistência, se a raiva ante sonhos injustamente
destroçados não liquidar a vontade de sonhar. É com estes pressupostos que me
dirijo a vós. Uma palavra de análise e outra de princípios da ação.
Porque
estamos aqui? Este não é lugar nem o momento para analisar os últimos quinze
anos da história do Brasil. Concentro-me nos últimos tempos. A grande maioria
dos brasileiros saudou o surgimento da operação Lava Jato como um instrumento
que contribuiria para fortalecer a democracia brasileira pela via da luta
contra a corrupção. No entanto, em face das chocantes irregularidades
processuais e da grosseira seletividade das investigações, cedo nos demos conta
de que não se tratava disso mas antes de liquidar, pela via judicial, não só as
conquistas sociais da última década como também as forças políticas que as
tornaram possíveis. Acontece que as classes dominantes perdem frequentemente em
lucidez o que ganham em arrogância.
A
destituição de Dilma Rousseff, a Presidente que foi talvez o Presidente mais
honesto da história do Brasil, foi o sinal que a arrogância era o outro lado da
quase desesperada impaciência em liquidar o passado recente. Foi tudo tão
grotescamente óbvio que os brasileiros conseguiram afastar momentaneamente a
cortina de fumo do monopólio mediático. O sinal mais visível da sua reação foi
o modo como se entusiasmaram com a campanha pelo direito do ex-Presidente Lula
da Silva a ser candidato às eleições de 2018, um entusiasmo que contagiou mesmo
aqueles que não votariam nele, caso ele fosse candidato. Tratou-se pois de um
exercício de democracia de alta intensidade.
Temos,
no entanto, de convir que, da perspectiva das forças conservadoras e do
imperialismo norte-americano, a vitória deste movimento popular era algo
inaceitável. Dada a popularidade de Lula da Silva, era bem possível que
ganhasse as eleições, caso fosse candidato. Isso significaria que o processo de
contra-reforma que tinha sido iniciado com a destituição de Dilma Rousseff e a
condução política da Lava Jato tinha sido em vão. Todo o investimento político,
financeiro e mediático teria sido desperdiçado, todos os ganhos econômicos já
obtidos postos em perigo ou perdidos. Do ponto de vista destas forças, Lula da
Silva não poderia voltar ao poder. Se o Judiciário não tivesse cumprido a sua
função, talvez Lula da Silva viesse a ser vítima de um acidente de aviação, ou
algo semelhante. Mas o investimento imperial no Judiciário (muito maior do que
se pode imaginar) permitiu que não se chegasse a tais extremos.
Que
fazer? A democracia brasileira está em perigo, e só as forças políticas de
esquerda e de centro-esquerda a podem salvar. Para muitos, talvez seja triste
constatar que neste momento não é possível confiar nas forças de direita para
colaborar na defesa da democracia. Mas esta é a verdade. Não excluo que haja
grupos de direita que apenas se revejam nos modos democráticos de lutar pelo
poder. Apesar disso, não estão dispostos a colaborar genuinamente com as forças
de esquerda. Por quê? Porque se vêem como parte de uma elite que sempre
governou o país e que ainda não se curou da ferida caótica que os governos
lulistas lhe infligiram, uma ferida profunda que advém do facto de um grupo
social estranho à elite ter ousado governar o país, e ainda por cima ter
cometido o grave erro (e foi realmente grave) de querer governar como se fosse
elite.
Neste
momento, a sobrevivência da democracia brasileira está nas mãos da esquerda e
do centro-esquerda. Só podem ter êxito nesta exigente tarefa se se unirem. São
diversas as forças de esquerda e a diversidade deve ser saudada. Acresce que
uma delas, o PT, sofre do desgaste da governação, um desgaste que foi omitido
durante a campanha pelo direito de Lula a ser candidato. Mas à medida que
entrarmos no período pós-Lula (por mais que custe a muitos), o desgaste cobrará
o seu preço e a melhor forma de o estabelecer democraticamente é através de um
regresso às bases e de uma discussão interna que leve a mudanças de fundo.
Continuar a evitar essa discussão sob o pretexto do apoio unitário a um outro
candidato é um convite ao desastre. O patrimônio simbólico e histórico de Lula
saiu intacto das mãos dos justiceiros de Curitiba & Co. É um patrimônio a
preservar para o futuro. Seria um erro desperdiçá-lo, instrumentalizando-o para
indicar novos candidatos. Uma coisa é o candidato Lula, outra, muito diferente,
são os candidatos de Lula. Lula equivocou-se muitas vezes, e as nomeações para
o Supremo Tribunal Federal aí estão a mostrá-lo.
A
unidade das forças de esquerda deve ser pragmática, mas feita com princípios e
compromissos detalhados. Pragmática, porque o que está em causa é algo básico:
a sobrevivência da democracia. Mas com princípios e compromissos, pois o tempo
dos cheques em branco causou muito mal ao país em todos estes anos. Sei que,
para algumas forças, a política de classe deve ser privilegiada, enquanto para
outras, as políticas de inclusão devem ser mais amplas e diversas. A verdade é
que a sociedade brasileira é uma sociedade capitalista, racista e sexista. E é
extremamente desigual e violenta. Entre 2012 e 2016 foram assassinadas mais
pessoas no Brasil do que na Síria (279.000/256.000), apesar de este último país
estar em guerra e o Brasil estar em “paz”. A esquerda que pensar que só existe
política de classe está equivocada, a que pensar que não há política de classe
está desarmada. (Com informações do Blog da Boitempo).
Uma
semana depois de Michel Temer reunir-se com pastores midiáticos, em busca de
apoio à "reforma" da
previdência, crentes ligados à Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
lançaram o manifesto “Pastores contra a
Reforma da Previdência”. De acordo com a coordenadora nacional da frente, a
jornalista Nilza Valéria Zacarias do Nascimento, trata-se de um “grito dos evangélicos para que a reforma,
como foi apresentada, não seja aprovada, já que reforçará a perda de direitos,
sobretudo dos mais pobres e afetará consideravelmente a dignidade que se deve
ter na velhice, defendida, inclusive, pela Bíblia Sagrada”, explicou.
O
manifesto trata a tentativa do governo de dificultar o acesso dos brasileiros à
aposentadoria como “maldita” e afirma
que foi “forjada para oprimir o povo
pobre e trabalhador, em seu direito à aposentadoria tranquila e digna”. O
documento afirma ainda que vê como “estranho
e fora do sentido democrático que o presidente de um estado laico, ainda que
seja um golpista, chame religiosos para garantir votos no Congresso”.
O
texto critica duramente pastores aliados ao governo como “coronéis evangélicos”. "Ao
participarem dessas conversas, carimbam e plastificam a carteirinha de
traidores do povo que os via como pastores, isto é, se revelarão como
verdadeiros lobos, ou pior, como pastores de seu próprio ventre, dependendo do
que esse governo oferecerá como moeda de troca, e o que eles aceitarão."
Desde
seu início, em 2016, a Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito reuniu mais
de 6 mil adesões, possui representantes em todos os estados e núcleos já organizados em 15.
“São crentes das mais diversas denominações, como batistas, anglicanos,
metodistas, presbiterianos, congregacionais, assembleianos e de igrejas
independentes”, diz Valéria.
O
pastor Fábio Ferreira Ramos Colen, da igreja Catedral da Paz, em São
Mateus, zona leste paulistana, é um dos
opositores da reforma. “A palavra de Deus
diz ‘ai dos que chamam ao mal de bem, e ao bem de mal. Que mudam as trevas em
luz e a luz em trevas. Que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce’.
O presidente Michel Temer diz que a reforma da previdência vai ser boa para os
brasileiros, mas isso só vai ser bom para os bancos. Lembrando que este mesmo
governo desmontou os direitos trabalhistas”.
Para
o pastor José Marcos da Silva, da Igreja Batista em Coqueiral, em Recife, Temer
tem “se empenhado cabalmente na agenda de
retirada de direitos, sobretudo dos oprimidos”. Ele criticou o que chamou
de “conchavo” entre as lideranças evangélicas e o governo atual. “Eles podem se achar acima da lei, mas não
estão acima da lei de Deus. Aos líderes que apoiaram esse tipo de coisa, quero
dizer que vocês têm a responsabilidade de ser a boca de Deus, sobretudo para os
oprimidos”.
A
campanha reúne depoimentos de pastores na página na rede social da Frente de
Evangélicos pelo Estado de Direito. (Com informações da RBA).
Nilza: reforma da previdência retira direitos dos mais pobres e afeta a dignidade que se deve ter na velhice. (Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução/ RBA).
Fascismo não deve ser legitimado, diz Marcia Tiburi. (Foto: Reprodução/ Brasil 247).
A
filósofa Márcia Tiburi explicou, em sua coluna na Revista CULT, por que
abandonou um programa na Rádio Gauíba, em Porto Alegre, e se recusou a debater
com Kim Kataguiri, um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL).
Márcia
diz não ter sido avisada que Kataguiri seria seu interlocutor no programa,
comandado pelo jornalista Juremir Machado da Silva. Para a filósofa, "não se pode debater com quem se notabilizou
em violentar a inteligência e a cultura".
Abaixo,
a íntegra da carta de Márcia Tiburi publicada na CULT
Caro
Juremir,
Sempre
gostei muito de participar do teu programa. Conversar contigo e com qualquer
pessoa que apresente argumentos consistentes. Mais do que um prazer é, para
mim, um dever ligado à necessidade de resistir ao pensamento autoritário,
superficial e protofascista. Ao meu ver, debates que desvelam divergências
teóricas ou ideológicas podem nos ajudar a melhorar nossos olhares sobre o
mundo.
Tenho
a minha trajetória marcada tanto por uma produção teórica quanto por uma
prática de lutar contra o empobrecimento da linguagem, a demonização de
pessoas, os discursos vazios, a transformação da informação em mercadoria
espetacularizada, os shows de horrores em que se transformaram a grande maioria
dos programas nos meios de comunicação de massa.
Ao
longo da minha vida me neguei poucas vezes a participar de debates. Sempre que
o fiz, foi por uma questão de coerência. Tenho o direito de não legitimar como
interlocutor pessoas que agem com má fé contra a inteligência do povo
brasileiro ao mesmo tempo em que exploram a ignorância, o racismo, o sexismo e
outros preconceitos introjetados em parcela da população.
Por
essa razão, ontem tive de me retirar do teu programa. Confesso que senti medo:
medo de que no Brasil, após o golpe midiático-empresarial-judicial, não exista
mais espaço para debater ideias.
Em
um dia muito importante para a história brasileira, marcado por mais uma
violação explícita da Constituição da República, não me é admissível participar
de um programa que tenderia a se transformar em um grotesco espetáculo no qual
duas linguagens que não se conectam seriam expostas em uma espécie de ringue,
no qual argumentos perdem sentido diante de um já conhecido discurso pronto
(fiz uma reflexão teórica sobre isso em “A Arte de escrever para idiotas”), que
conta com vários divulgadores, de pós-adolescentes a conhecidos psicóticos; que
investe em produzir confusão a partir de ideias vazias, chavões, estereótipos
ideológicos, mistificações, apologia ao autoritarismo e outros recursos
retóricos que levam ao vazio do pensamento.
Por
isso, ontem tive que me retirar. Não dependo de votos da audiência, nem sinto
prazer em demonstrar a ignorância alheia, por isso não vi sentido em participar
do teu programa. Demorei um pouco para entender o que estava acontecendo. Fiquei
perplexa, mas após refletir melhor cheguei à conclusão de que a ofensa que
senti naquele momento era inevitável.
A
uma, porque, ao contrário das demais pessoas, não fui avisada de quem
participaria do debate. A duas, por você imaginar que eu desejaria participar
de um programa em que o risco de ouvir frases vazias, manifestações
preconceituosas e ofensas era enorme. Por fim, e principalmente, meu estômago
não permitiria, em um dia no qual assistimos a uma profunda injustiça, ouvir
qualquer pessoa que faça disso motivo de piada ou de alegria. Não sou obrigada
a ouvir quem acredita que justiça é o que está em cabeças vazias e interessa
aos grupos econômicos que, ao longo da história do Brasil, sempre atentaram
contra a democracia.
Tu,
a quem tenho muita consideração, não me avisou do meu interlocutor. A tua
produtora, que conversou comigo desde a semana passada, não me avisou. Eu tenho o direito de escolher
o debate do qual quero participar. Entendo que possa ter sido um acaso, que
estavas precisando de mais uma debatedor para a performance do programa. Se foi
isso, a pressa é inimiga da perfeição. E, se não cheguei a pedir que me
avisasse se teria outro participante, também não imaginava que o teu raro
programa de rádio, crítico e analítico, com humor bem dosado, mas sempre muito
sério, abrisse espaço para representantes do emprobecimento subjetivo do
Brasil.
Creio
que é importante chamar ao debate e ao diálogo qualquer cidadão que possa
contribuir com ideias e reflexões, e para isso não se pode apostar em
indivíduos que se notabilizaram por violentar a inteligência e a cultura, sem
qualificação alguma, que mistificam a partir de clichês e polarizações sem
nenhum fundamento. O discurso que leva ao fascismo precisa ser interrompido.
Existem limites intransponíveis, sob pena de, disfarçado de democratização, os
meios de comunicação contribuírem ainda mais para destruir o que resta da
democracia.
Quando
meu livro “Como conversar com um fascista” foi publicado, muitos não perceberam
a ironia kirkegaardiana do título. Espero que a tua audiência tenha entendido.
O detentor da personalidade autoritária, fechado para o outro e com suas
certezas delirantes, chama de diálogo ao que é monólogo. Espero que, sob a tua
condução, o programa volte a investir em mais diálogo, que seja capaz de reunir
a esquerda e a direita comprometidas com o Estado Democrático de Direito em
torno do debate de ideias. (Com informações do Brasil 247).
Os
tucanos têm o que comemorar neste início de 2018, ano eleitoral. Além da
condenação de Lula, que pode tirá-lo da disputa presidencial, eles estão se
livrando de processos criminais. Primeiro foi o senador José Serra (SP), agora
será a vez do governador Geraldo Alckmin dar um “olé” nas acusações de
recebimento de propinas no âmbito da operação lava jato.
Enquanto
Lula era julgado e condenado pelo TRF4, em Porto Alegre, na quarta (24), a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pedia ao Supremo Tribunal Federal
(STF) o arquivamento de uma investigação sobre o senador José Serra, baseada na
delação dos executivos da J&F, grupo controlador do frigorífico JBS.
Ato
contínuo, nesta sexta (26), a coluna Radar – da Veja — afirma que Alckmin sairá
ileso no recall da delação da Camargo Corrêa. “O tucano sai ileso dessa também“, antecipa.
O
alvo do judiciário sempre foi Lula e o PT, nunca o combate à corrupção. Basta o
leitor puxar pela memória as malas de dinheiro vivo apreendidas no apartamento
de Geddel Vieira Lima, a bagatela de R$ 51 milhões, ou as gravações em que o
tucano Aécio Neves (MG) pedia R$ 2 milhões em propina para Joesley Batista,
dono da JBS, preso desde setembro de 2017.
Portanto,
não resistiu a um pente fino a sentença do desembargador do TRF4, Leandro
Paulsen, segundo qual “ninguém será
condenado por ter costas largas, nem absolvido por ter costas quentes”. Os
tucanos desmentem solenemente o juiz que condenou o ex-presidente Lula.
Os
fatos, ora os fatos, provam que a justiça no Brasil é para puta, pobre, preto e
petista. (Com informações do Blog do Esmael).
Esta
sexta-feira ,26, é o último dia para se inscrever no Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), que já registrou 3.510.592 inscrições até as 18 horas desta
quinta. Por isso, é preciso ficar atento quanto às notas de corte do curso
desejado para conseguir a vaga. Para buscar vagas nas universidades por meio da
nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os candidatos têm até as
22h59min (horário de Fortaleza) da sexta para submeter duas opções de cursos
que desejam estudar em 2018.
Suillan
Gonzalez, colaboradora do Ministério da Educação (MEC) e professora do Centro
Universitário Salesiano de São Paulo, afirma que o estudante precisa ser
estrategista. Para ela, uma das formas é ver as notas de corte dos anos
anteriores. “É preciso observar bem. Até
mesmo o turno influencia. Normalmente, os cursos noturnos são mais concorridos
que os cursos da manhã”.
Outra
dica é entrar em um curso correlato ao desejado e fazer transferência interna.
“Se um estudante quer Medicina, mas
percebe que não vai conseguir, uma saída é entrar em um curso de áreas
correlatas, como enfermagem, fisioterapia, e tentar transferência”, sugere
a professora. Segundo Suillan, a concorrência interna na universidade é muito
menor em relação à concorrência ampla encontrada no Sisu. “O estudante pode entrar em um curso correlato ao desejado, cursar as
disciplinas, tentar adiantar as que também são ministradas na primeira opção e
aproveitar quando uma vaga ociosa surgir”, aconselha.
Candidatos
O
candidato Yago Oliveira, 18 anos, tenta conseguir, por meio do sistema de
cotas, entrar no curso de publicidade e propaganda na Universidade Federal do
Ceará (UFC). Mesmo com a nota de corte aumentando, Yago se diz confiante. “Apesar do medo, vou insistir e esperar a
lista de espera”, afirma caso não obtenha êxito neste primeiro momento. Até
às 18 horas desta quinta, as universidades cearenses já registravam 206.690
inscrições.
O
candidato Jefté Martins, que tenta o Sisu pela 4ª vez, está confiante na
aprovação no curso de Sistema e Mídias Digitais da UFC. Com a boa colocação na
ampla concorrência, candidato afirma que “se
deu ao luxo” de providenciar a documentação necessária para a matrícula.
Caso fique de fora, o candidato revela que “a
estratégia é ficar inscrito em uma cota com nota de corte mediana para não
chamar atenção das pessoas de outras cotas e, caso não passe, a lista de espera
é uma saída porque as pessoas estão migrando para cursos com notas de corte
menor”.
Mais procurados
O
curso mais procurado é o de Medicina. Segundo o MEC, a opção recebeu 219.300
inscrições.
Veja a lista com os 10 cursos mais
procurados até esta quinta, 25, às 18 horas:
Até às 18 horas desta quinta, as universidades cearenses já registravam 206.690 inscrições. Na imagem, estudantes egressos do ensino médio integrado à educação profissional da EP Wellington Belém de Figueiredo em Nova Olinda. (Foto: Arquivo Pessoal de Nicolau Neto).