Temer e o desmonte das universidades e da Educação


A marca do governo ilegítimo Michel Temer na área de educação é a de cortes e vetos. Sob o pretexto de busca do equilíbrio fiscal, promove um amplo e profundo ataque aos direitos, privatiza a educação básica e superior e restringe o direito à educação pública de qualidade.

Por Ságuas Moraes, na Carta Educação - A situação das instituições federais de educação em todo o País é de colapso, o que não se verificava há anos. Prejudicam-se milhões de estudantes, docentes, trabalhadores e a sociedade em geral. Após mais de uma década de forte expansão, interiorização e democratização das oportunidades à educação superior, sob os governos Lula e Dilma, com a ampliação das matrículas e o reforço às atividades de ensino, pesquisa e extensão, com forte expansão de iniciativas de fomento e oferta de bolsas, o que se observa agora é retrocesso e desmonte, cortes e mais cortes.

Em relação às instituições federais, a situação é, reitera-se, de abandono quase que absoluto. Estão sem condições de honrar compromissos básicos como água e luz, e manter contratos com trabalhadores, que passam a ser demitidos. O governo Temer promove, ainda, verdadeiro ataque às instituições de fomento, como o CNPq e a Capes, minando os recursos para bolsas e prejudicando milhares de bolsistas e pesquisadores, que poderão ficar sem recursos para tal finalidade já neste mês, prejudicando severamente pesquisas e outras atividades acadêmicas em andamento.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), preocupada com a grave situação nacional que se abate sobre as universidades, manifestou-se diante da conjuntura de cortes e contingenciamento de seus orçamentos, alertando a sociedade sobre um amplo conjunto de problemas que são atualmente enfrentados: perdas orçamentárias do orçamento de 2017 em relação a 2016; limitações impostas pelo governo na liberação de orçamento de custeio e de capital, que estão em patamares absolutamente insuficientes; mais restrição na projeção para o orçamento de 2018, com potencial paralisação de obras e investimentos e de aquisições básicas, como livros e equipamentos de laboratórios.

Depois de desestruturar o Fórum Nacional de Educação e as conferências, limitar o acesso ao FIES, entregando aos bancos o futuro de um enorme contingente de estudantes que mais precisam do Estado, e de aprovar a Emenda Constitucional nº 95, impondo severa restrição de investimentos em educação, o governo Temer agora castiga e precariza as Universidades e seu papel fundamental social e no desenvolvimento do País.

A lista de maldades de Temer contra a educação é muito mais ampla e a última iniciativa foi o veto à prioridade das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) na LDO para o ano de 2018: não há restrição para que Temer use os recursos públicos para se manter no governo, como o enorme rombo gerado no orçamento comprova. Por outro lado, o governo deixa claro que não irá trabalhar para o cumprimento das metas do PNE, que foi aprovado pela Câmara após intenso debate ao longo de quatro anos, em decorrência de qualificadas discussões em uma Conferência Nacional de Educação. Um profundo desrespeito!

As medidas geram enorme desesperança aos estudantes, trabalhadores em educação e toda comunidade escolar e acadêmica, que são aquelas que mais precisam de uma educação pública e de qualidade e que são atacadas pelas atuais e continuadas medidas de desmonte.

Continuaremos na luta pelo PNE, conquista da sociedade aprovada sem quaisquer vetos em 2014. Portanto, nos somamos às mobilizações de universidades, professoras e professores, estudantes, pesquisadores e movimentos sociais em torno da Conferência Nacional Popular de Educação (Conape) que está em curso. Essa conferência representa uma importante trincheira de luta e contribui para a produção de avanços nas políticas educacionais.

Igualmente, estaremos nas frentes parlamentares, como a em defesa das Universidades e da implementação do PNE, fundamentais para o debate no Parlamento e reverberação das demandas da sociedade, para brecar mais retrocessos, privatização e desmontes.

Crédito: Alan Santos/ PR.

Ministério da Educação divulgou dados parciais do Censo Escolar da Educação Básica 2017


Os resultados preliminares do Censo Escolar da Educação Básica de 2017 foram divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Diário Oficial da União, através da portaria 1.069 do Ministério da Educação (MEC) , conforme informou o portal Agência Brasil.

De acordo com a portaria, os resultados referem-se à matrícula inicial na creche, pré-escola, ensino fundamental e médio, incluindo o médio integrado e normal magistério.

O documento traz também os dados sobre o ensino regular e a educação de jovens e adultos (EJA) presencial, fundamental e médio, incluindo a EJA integrada à educação profissional, das redes estaduais e municipais, urbanas e rurais em tempo parcial e integral.


Centenário da Revolução Russa. Nove livros que falam sobre



No dia 7 de novembro, completa-se o centenário da Revolução Russa, levante popular que aconteceu contra o regime czarista em plena Primeira Guerra Mundial e que acabou por dissolvê-lo, dando origem a um regime de governo baseado em ideias socialistas.

Do Carta Educação - O tema é destaque do Seminário Internacional 1917, o Ano que Abalou o Mundo, que será realizado de 26 a 29 de setembro pela Editora Boitempo e o Sesc São Paulo. Realizado no Sesc Pinheiros, o evento reunirá mais de trinta conferencistas nacionais e estrangeiros, além de nomes das ciências humanas, que ajudarão a destrinchar a temática em cursos, palestras, debates, filmes e outros materiais.

Para ajudar nas pesquisas e no desdobramento do tema, o Carta Educação selecionou uma lista de livros que discorrem sobre a origem da Revolução Russa e suas consequências para a sociedade. Confira!

1. Rumo à Estação Finlândia (Edmund Wilson)

O livro é tido como referência, mesmo passados 20 anos da Revolução Russa. A obra apresenta um estudo crítico e histórico das teorias revolucionárias europeias que estabeleceram as bases do socialismo bolchevique. Desde a Revolução Francesa até a Russa, em 1917, Wilson procura percorrer as batalhas intelectuais de um grupo de homens – conspiradores e filósofos, utopistas e niilistas, socialistas e anarquistas -, batalhas que ajudaram a moldar a história do século XX.

2. Os dez dias que abalaram o mundo (John Reed)

A obra parte de um testemunho vivo já que Reed, o autor, conviveu e conversou com os líderes Lênin e Trotski, e acompanhou assembleias e manifestações de rua que marcariam a história da humanidade. A obra também inaugura a grande reportagem no jornalismo moderno – a Universidade de Nova York elegeu o livro como um dos dez melhores trabalhos jornalísticos do século XX.

3. Tudo que é sólido se desmancha no ar (Marshall Berman)

O livro reúne leituras de diversos autores e suas épocas e, por esta razão, apresenta-se como uma obra de investigação do espírito da sociedade e cultura dos séculos XIX e XX. Berman lida com as mais diversas áreas do saber – crítica literária, ciência econômica e política, arquitetura, urbanismo e estética.

4. O túmulo de Lênin (David Remnick)

O livro reúne muito da vivência jornalística de Remnick, que foi correspondente do Washington Post na Rússia entre 1985 e 1991. Durante os anos, assistiu à desintegração do império soviético e a sua transformação numa democracia turbulenta; visitou minas de carvão; foi a estações de trem em busca de pedintes, ladrões e viajantes; esteve nas fazendas da elite, foi à casa de dissidentes do governo e também registrou o relato de fervorosos antissemitas.

5. Doutor Jivago (Boris Pasternak)

Os originais de ‘Doutor Jivago’ contrabandeados para a Itália foram publicados pelo editor milanês Giangiacomo Feltrinelli, integrante do Partido Comunista Italiano, em 1957. ‘Doutor Jivago’ trata da impossibilidade da realização pessoal diante de um estado totalitário em formação. O conturbado amor de Lara, filha de uma costureira russa, e Jivago, tendo a Revolução Russa como um dos principais personagens.

6. A História da Revolução Russa (León Trotski)

Um dos líderes da Revolução Russa, Trotski deixa para a história o seu testemunho. Mais do que um desenrolar de fatos e datas, o livro caminha para o lugar de tese, de interpretação política e sociológica. Trotski apresenta um quadro revolucionário e a personalidade dos homens-destino da Revolução de 1917.

7. O Ano 1 da Revolução Russa (Victor Serge)

O ano I da Revolução Russa é um vibrante e engajado relato da revolução que mudou os rumos da história mundial. Os antecedentes, a luta e os conflitos revolucionários, a relação entre o Partido Bolchevique e o povo russo, a tomada de poder pelos sovietes, todos esses eventos são narrados por Serge poucos anos após terem acontecido.

8. A Vida Privada de Stálin (Lilly Marcou)

Um homem dedicado à família, mesmo com as atribulações de sua vida pública, e generoso, que gostava de ter todos perto de si em almoços na casa de campo. Essa é uma imagem que dificilmente associaríamos a Stálin, o responsável pela morte de milhões de pessoas e um dos personagens mais emblemáticos e polêmicos do século XX. A vida privada de Stálin traça um perfil revelador do homem sempre ofuscado pelo mito.

9. 1989 – O ano que mudou o mundo – A verdadeira história da queda do Muro de Berlim (Michael Meyer)

Em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim foi abaixo, simbolizando o fim da era comunista. O então chefe da sucursal da Newsweek no Leste europeu assistiu a tudo de perto e entrevistou os principais atores envolvidos no cenário anterior à derrubada da Cortina de Ferro. Esse foi o ano que mudou o mundo, marcou o fim da Guerra Fria e o início de uma época de globalização e livre mercado. Mesmo naquele momento, Meyer já desconfiava de que não se via a história toda. Vinte anos depois, esse livro desconstrói os mitos que cercam o acontecimento, nos conta a verdadeira história por trás das notícias dos jornais e mostra seus efeitos nos dia de hoje. O ano de 1989 foi uma fantasia e agora vamos saber por quê.

No ano que se completa o centenário da Revolução Russa, uma lista de livros capaz de abordar sua origem, desdobramentos e consequências. Foto: Reprodução/ Carta Educação.

Michel Temer, o pai intelectual do "Distritão", quer agora mudar o sistema de governo



Passado pouco mais de um ano da destituição de Dilma Rousseff, a persistência das crises política e econômica, o desencanto das ruas, da opinião pública e, pasme-se, dos próprios arautos do processo, clama-se por soluções lapidares. Os criadores, ao olharem para a criatura dos espólios do “impeachment”, arvoram uma nova tese: “Precisamos é de parlamentarismo”.

Por David Carneiro, na CartaCapital - Motivos não faltariam. “O presidencialismo é responsável por crises constantes”. “O presidencialismo não permite a solução de impasses”. “O presidencialismo gerou, entre nós, uma crise de representatividade sem precedentes”. E por aí vai. Haveria, no entanto, corroboração para a descoberta da fonte de todos os males e, da mesma forma, da fórmula para a solução de todos os problemas?

Em estudo realizado ainda em 2004, a respeito da formação de coalizões e do sucesso legislativo sob o presidencialismo e o parlamentarismo, Antônio Cheibub, Adam Przeworski e Sebastian Saiegh contribuem, ao menos, para relativizar o fatalismo em relação aos sistemas presidenciais.

Segundo os autores, cuja base de dados incluiu praticamente todas a democracias de 1946 a 1999, não haveria diferenças acachapantes entre os dois sistemas no que diz respeito ao sucesso na formação de coalizões. Da mesma forma, a conexão entre a formação de coalizões e o sucesso legislativo nos dois sistemas seria no mínimo dúbia.

Também não prospera a autocongratulação do atual ocupante do Palácio do Planalyo, Michel Temer, de que até o início de seu “governo”, o Legislativo, sob o presidencialismo, seria apenas um apêndice do Executivo.

Contra a tese de um executivo presidencial “sobranceiro”, como têm mostrado diversos trabalhos, a exemplo do livro “O Presidencialismo de Coalizão”, de Andreia Freitas, todos os governos da Nova República, para o bem ou para o mal e a despeito dos métodos, funcionaram por meio de amplas negociações, divisões de poder e responsabilidade entre poderes e partidos integrantes das coalizões governamentais.

Em terceiro lugar, os problemas geralmente associados ao “presidencialismo” no debate das últimas semanas parecem pouco ter a ver com um sistema fechado e indivisível cuja a abstração atira-se agora, circunstancialmente, ao altar do desespero político. Na verdade, estão muito mais relacionados a variações institucionais, padrões culturais e escolhas políticas feitas nas últimas décadas.

Mantidos os sistemas eleitoral e partidário atuais, o parlamentarismo seria implementado em um arranjo que, com todas as suas eventuais vantagens, possui consideráveis incentivos para o personalismo e a dispersão. Votaríamos também em um sistema partidário de mais de trinta partidos distintos, nenhum deles dominante, poucos com programa político bem definido.

Desta maneira, ao fim da apuração, seriam grandes as chances de não identificarmos os vencedores, tampouco um programa político vencedor. A situação não seria tão inédita nem tão trágica em cenários que, apesar da fragmentação, conduzissem à maior dominância ou à maior clareza ideológica.

Não é o nosso caso. E o mais irônico é pensar que Temer, um dos proponentes do “parlamentarismo”, foi há pouco tempo o pai intelectual do “distritão”, que, se adotado, representaria um golpe maior ainda no sistema partidário.

De maneira que, mantidos ou piorados, os sistemas eleitoral e partidário, segundo o programa de Michel Temer, não há razões para crer que a formação dos governos, sob o parlamentarismo, dar-se-ia de forma qualitativamente distinta. Em bom português, não há uma única evidência, ao menos incontroversa, que aponte que a patronagem ou a corrupção política arrefeceriam pela simples adoção de um outro sistema.

Muito menos pelo esvaziamento do poder presidencial por meio de um “primeiro-ministro” indicado pelo próprio presidente, modelo oportunamente alcunhado de “semipresidencialismo” de ocasião.

A esse respeito, aliás, ressalvado o fatalismo inverso, para o qual o “parlamentarismo” representaria sempre a alienação popular, têm razão aqueles que lembram que, na nossa história recente, o voto no presidente tem sido um importante instrumento de quebra dos controles oligárquicos, sendo menos sujeitos às patronagens locais e mais aberto ao conteúdo programático.

Arriscar alienar essa conquista, sem sinais claros do desfecho e efeitos da reforma política ora em curso, é arriscar não resolver problema algum, às custas de se poder criar muitos outros.

Não são apenas as evidências e a prudência  que recomendam rechaçar a agenda do parlamentarismo tal qual apresentada, mas os próprios termos de seus proponentes. Carregados de “non sequiturs” e platitudes, sem qualquer compromisso reformista mais sólido e mais amplo, quem insuflou num passado recente a instabilidade oferece agora um regime para curá-la. O que é oferecido está longe, porém, de ser um programa político. Trata-se de um cheque em branco e há poucas razões para assiná-lo. 

Dante de Oliveira, em 1984, discursa a favor da emenda das Diretas Já. Foto: Divulgação.

Constrangido, Michel temer vai ao desfile sem faixa e em carro fechado


Michel Temer assistiu ao desfile da Independência em Brasília na companhia da Mulher Marcela Temer e do filho Michelzinho. Acuado pela perspectiva de que uma nova denúncia contra ele por obstrução da Justiça e organização criminosa seja apresentada pela Procuradoria Geral da República, Temer chegou ao evento em um carro fechado e sem a faixa presidencial, ao contrário de seus antecessores. Normalmente, os presidentes costumam participar do desfile da Independência a bordo de um Rolls Royce conversível da Presidência, de 1953.

Do 247 - No ano passado, ainda na primeira semana como chefe do Executivo, Temer foi vaiado e chamado de "golpista". O desfile acontece no mesmo dia em que que executivos e diretores da JBS devem depor para prestar esclarecimentos da gravação que ameaça a delação premiada que serviu de base da primeira denúncia contra o peemedebista e que acabou sendo arquivada pela Câmara.

Segundo a Presidência, a expectativa era que até 30 mil pessoas assistissem o desfile, porém muitas arquibancadas não foram ocupadas. A segurança barrou pessoas que portavam faixas, cartazes e bandeiras de grande porte ou com mastros. O mesmo procedimento de segurança foi adotado no desfile do ano passado.

Foto: Reprodução/ 247.



Fim das coligações e barreiras são aprovadas pela Câmara em texto de reforma política


Valeu o acordo feito pelas lideranças na última semana, sobretudo as dos partidos da oposição, de que iriam priorizar esta semana a votação de ao menos alguns itens da reforma política, conforme chegou a antecipar o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP). A Câmara dos Deputados aprovou, depois de quase cinco horas, o substitutivo à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/16, do Senado. Foram 384 votos contra 16, o que mostrou que houve unanimidade entre as bancadas em relação ao tema.

Da RBA - A PEC foi relatada pela deputada Sheridan (PSDB-RR), que na última semana tinha pedido mais tempo, justamente, para criar um texto de consenso entre base aliada do governo e oposicionistas.

O texto que foi aprovado foi a base da PEC, mas há outras votações da matéria a serem realizadas na próxima semana, dentre as quais emendas e destaques. A proposta acaba com as coligações para eleições proporcionais e cria uma cláusula de desempenho para os partidos poderem acessar recursos do fundo partidário e o tempo de propaganda em rádio e TV.

Conforme o substitutivo da relatora, haverá uma transição da cláusula de desempenho ao longo das eleições seguintes até as de 2030. Sendo que, para os partidos que desejarem disputar as eleições juntos, a proposta cria o instrumento da federação partidária.

A diferença em relação às coligações é que os partidos têm de permanecer atuando juntos na federação durante a legislatura, sob pena de perda do tempo de propaganda gratuita e de recursos do fundo partidário.

Para a deputada Érika Kokay (PT-DF), apesar de o fim das coligações e a cláusula de desempenho não significarem mudanças estruturais, são avanços para a qualificação do Parlamento. “Os partidos não podem ser legendas colocadas à venda pelo fundo partidário e tempo de rádio e TV. Precisamos qualificar os partidos e qualificar as alianças. Não podemos ter esse nível de fragmentação partidária”, afirmou ela.

A matéria também foi defendida pelo deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), para quem, acabadas as coligações, os bons políticos continuariam tendo lugar nos partidos que restarem.

A medida também vai frear a proliferação de partidos. Aprovado o fim das coligações, dos 40 partidos atuais, 20 morrerão na hora, de morte súbita. Outros dez vão para a UTI. E na hora que acabar esse número enorme de partidos que temos, os políticos vão achar o seu lugar”, disse.

Negociação das bancadas

Ao longo da votação, líderes de diversos partidos negociaram um acordo para que ao menos o texto base da PEC fosse votado hoje, depois de quase um mês de atrasos sucessivos na apreciação da reforma política. A outra proposta, relatada pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP) que estabelece a alteração do sistema eleitoral para o distritão (que prevê voto majoritário) e cria um fundo público para financiamento de campanhas, por ser mais polêmico, ficou para ser apreciado após a conclusão da PEC 282.

A sessão foi interrompida porque dentro de pouco tempo o Congresso nacional inicia nova sessão conjunta para analisar a proposta que altera a meta fiscal do governo para 2017. O texto base já foi aprovado na última sessão, mas o adiamento para hoje foi visto como uma derrota para o governo.

Agora, oposicionistas pretendem trabalhar para mudar boa parte do seu teor, por meio da apresentação de emendas, o que deve fazer com que os trabalhos se estendam até tarde da noite.

Para Érika Kokai, reforma não traz mudanças estruturais. Foto: Câmara dos Deputados.

Prefeito de Altaneira baixa decreto estabelecendo ponto facultativo nesta sexta-feira


Prefeito de Altaneira, Dariomar.
Foto: Divulgação.
O prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues (PT), assinou e fez publicar no Diário Oficial dos Municípios do Ceará o Decreto Nº 020, datado do dia 04, estabelecendo ponto facultativo nos órgãos e estabelecimentos da rede pública na próxima sexta-feira, 08.

Com o feriado nacional no dia anterior referente a “independência política” do país, servidoras e servidores desta municipalidade terão o feriado estendido. A não obrigatoriedade não atinge aquelas/es ligados a serviços e atividades consideradas de natureza essencial, como saúde, segurança pública e coleta de lixo.

O Decreto circulou na edição desta terça-feira, 05, no Diário Oficial dos Municípios do Ceará. 

O povo nem se deu conta da independência


Há tempo, meus botões, iconoclastas à beira do sacrilégio, sustentam que nem tudo nos cardápios da Marquesa de Santos ostentava perfeitas condições de consumo. Eventuais indagações a respeito parecem despidas de sentido. Ocorre, entretanto, que um mexilhão estragado, digamos, poderia ter exercido notável influência sobre o Grito.

Por MinoCarta, no CartaCapital - Sabe-se que Dom Pedro vinha de Santos depois de almoçar com a amante e, ao subir a serra no caminho de São Paulo, deu para experimentar os dissabores da digestão penosa, com consequências abaixo do umbigo.

Nas alturas do Ipiranga, próximas da cidade, um renque de bananeiras cuidou de lhe oferecer abrigo para o cumprimento da operação inevitável, embora nem sempre definitiva, em tais ocasiões. E das sombras o príncipe finalmente emergiu para proclamar a Independência.

Em paz com as entranhas, ou ainda a sofrer do aperto inconcluso? Gritou, segundo as páginas amarelecidas, “Independência ou morte!” A ser verdade factual a frase que a história coloca na boca do príncipe, ela ganha o som da irritação.

Por que propor uma alternativa tão drástica? A palavra morte ali não se justifica, mesmo se em jogo estava uma imponente briga familiar que o opunha ao pai Dom João VI. Sobra a hipótese de que a parada forçada debaixo das bananeiras tivesse sido insatisfatória.

Como se sabe, a retórica oficial no Brasil se esbalda. Claro está que nosso herói não montava o cavalo de Napoleão, como pretende o pintor francês François-René Moreaux ao retratá-lo na chegada a São Paulo. Na opinião dos meus botões, tratava-se de um muar. Na tela, o povo festeja o gesto do seu príncipe, a mostrar consciência de um triunfo há tempo almejado. No meio da festa, enxergo, oh! surpresa, um rosto talvez mulato.

No caso, a verdade factual obviamente é outra. Metade da população era de escravos, e quem não era só com o passar dos meses foi obrigado a dar-se conta da mudança, pela qual, teoricamente, o Brasil deixava de ser colônia. Não demoraria muito para tornar-se súdito do império britânico em lugar do português. Demoraria a Abolição, de fato ainda não extinta até hoje no país da casa-grande e da senzala.

Nesta moldura, figuras como Joaquim Nabuco, Machado de Assis, o Barão de Mauá e Castro Alves são empolgantes exceções. A Editora Hedra tomou a feliz iniciativa de publicar um precioso livrinho, intitulado Alencar – Cartas a Favor da Escravidão.

O autor de Iracema, a virgem índia dos lábios de mel, gostava dos românticos franceses, logorreicos e empolados, e era dado ao culto de uma Idade Média habitada por fadas e ogros. Verificamos agora que José de Alencar pode ser incluído entre os pais fundadores da República do Estado de Exceção, juntamente, entre outros, com os inquisidores do auto de fé em andamento.

Segundo Alencar, radioso seria o futuro dos Estados Unidos e Brasil escravocratas exatamente em função da presença no trabalho deste braço forte e cativo. A tese hiperbólica do escritor, fervoroso leitor de Atala, de Chateaubriand, fábula inspiradora de Iracema, é simples, conforme resume o autor do prefácio do livro da Hedra, Tâmis Parron: “Ao contrário da Antiguidade, os povos bárbaros não mais conquistam os instruídos”.

Resultado: agora, ou seja, segunda metade do século XIX, a civilização captura incultos e os põe a trabalhar com o efeito de “moralizá-los” no mais longo prazo possível. O escravo deveria elevar preces de agradecimento aos seus deuses e é certo que três séculos e meio de escravidão não bastam, longe disso, para o bom êxito da operação de “moralização”.

Alencar não conseguia imaginar o Brasil desgovernado por uma malta de desinstruídos predadores, com raras exceções, Getúlio e Lula, mais, um tanto de raspão, JK.

Alcançaram a grandeza os EUA, poderoso “irmão do Norte”, como outrora se lia nos editoriais do Estadão, pela interferência de novas forças civilizadoras, chegadas em sólidos barcos de passageiros, embora as feiticeiras de Salem retornem, imunes à fogueira, com novos nomes e semblantes.

Enquanto por aqui a casa-grande e a senzala continuam de pé. De fato, os predadores nunca se expuseram de forma tão prepotente em todos os meus 71 anos de Brasil.

O impeachment de Dilma Rousseff, com panelaços e idiotas nas ruas de uniforme canarinho, é o início da debacle conclusiva, a levar ao Estado de Exceção, ou seja, ao atoleiro em que afundamos, como diz Marcos Coimbra na sua coluna desta semana.

Não se trata de defender o governo da presidenta, que, aliás, mereceu críticas muito severas de CartaCapital, ou o PT, que no poder se portou como os demais clubes recreativos a ornar a política nativa, e não foi capaz de enfrentar a manobra golpista.

A cultura da escravidão ensina que o bom combate acontece na proporção de 50 contra 1. É a história da guerrilha do Araguaia, empolgante pela coragem dos 80  moços que enfrentaram 10 mil soldados, mas, ao mesmo tempo, patética.

Os bravos são raros, em geral não somos de briga, a não ser que o adversário esteja em grande minoria ou careça dos meios para se defender. Mestre no assunto, o Duque de Caxias, exuberante figura da nossa interminável galeria de falsos heróis.

De exceção em exceção, as máfias no poder fazem o que bem entendem, em um país que não se fez nação. As ofensas à lei e à razão multiplicam-se ao sabor dos interesses imediatos das quadrilhas, para nos transformar em um Estado medieval e insignificante, colônia exportadora de commodities e de terra vendida, na superfície e no subsolo, a preço de liquidação.

A saída correta teria sido a convocação de eleições antecipadas. Mas como chegar a tanto se os poderes da República obedecem aos capi? Outra saída estaria na revolta popular, forte o bastante para tomar a casa-grande, mas cadê os sans-culottes? CartaCapital reconhece em Lula o único autêntico líder nacional. Mas, se o PT não existe sem seu fundador, o contrário é perfeitamente possível. Lula tem o povo e o PT é dispensável.

Se Lula for preso, conforme prevê a principal exceção deflagrada pelo golpe, a eleição de 2018, desde que se realize, não deixará de ser uma farsa trágica. Recomenda-se preparar os corações para dias ainda mais sombrios. Na próxima semana celebra-se o Dia da Independência 195 anos depois, o dia do tão falado grito que Dom Pedro liberou ao sair detrás das bananeiras. Já então era falácia.

O êxito golpista nos devolve imperiosamente aos tempos da colônia e a verdadeira festa é a da dependência. Só cabe lamentar, diante de uma situação que não vislumbra qualquer gênero eficaz de resistência.

Lamentamos também que alguns personagens dotados de respeitável inteligência, felizmente poucos, se façam de cegos, quando não apoiam o descalabro. É algo que me agasta e amargura entre o fígado e a alma.

A contribuição de Francois-René Moreaux à iconografia oficial: depois do Grito, o principe é recebido em São Paulo. Verdade histórica: o povo nem se deu conta da independência. Foto:  Francois-René Moreaux.