Valeu
o acordo feito pelas lideranças na última semana, sobretudo as dos partidos da
oposição, de que iriam priorizar esta semana a votação de ao menos alguns itens
da reforma política, conforme chegou a antecipar o líder do PT na Câmara,
Carlos Zarattini (SP). A Câmara dos Deputados aprovou, depois de quase cinco
horas, o substitutivo à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/16, do
Senado. Foram 384 votos contra 16, o que mostrou que houve unanimidade entre as
bancadas em relação ao tema.
Da
RBA - A PEC foi relatada pela
deputada Sheridan (PSDB-RR), que na última semana tinha pedido mais tempo,
justamente, para criar um texto de consenso entre base aliada do governo e
oposicionistas.
O
texto que foi aprovado foi a base da PEC, mas há outras votações da matéria a
serem realizadas na próxima semana, dentre as quais emendas e destaques. A
proposta acaba com as coligações para eleições proporcionais e cria uma
cláusula de desempenho para os partidos poderem acessar recursos do fundo
partidário e o tempo de propaganda em rádio e TV.
Conforme
o substitutivo da relatora, haverá uma transição da cláusula de desempenho ao
longo das eleições seguintes até as de 2030. Sendo que, para os partidos que
desejarem disputar as eleições juntos, a proposta cria o instrumento da
federação partidária.
A
diferença em relação às coligações é que os partidos têm de permanecer atuando
juntos na federação durante a legislatura, sob pena de perda do tempo de
propaganda gratuita e de recursos do fundo partidário.
Para
a deputada Érika Kokay (PT-DF), apesar de o fim das coligações e a cláusula de
desempenho não significarem mudanças estruturais, são avanços para a
qualificação do Parlamento. “Os partidos
não podem ser legendas colocadas à venda pelo fundo partidário e tempo de rádio
e TV. Precisamos qualificar os partidos e qualificar as alianças. Não podemos
ter esse nível de fragmentação partidária”, afirmou ela.
A
matéria também foi defendida pelo deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), para
quem, acabadas as coligações, os bons políticos continuariam tendo lugar nos
partidos que restarem.
“A medida também vai frear a proliferação de
partidos. Aprovado o fim das coligações, dos 40 partidos atuais, 20 morrerão na
hora, de morte súbita. Outros dez vão para a UTI. E na hora que acabar esse
número enorme de partidos que temos, os políticos vão achar o seu lugar”,
disse.
Negociação das bancadas
Ao
longo da votação, líderes de diversos partidos negociaram um acordo para que ao
menos o texto base da PEC fosse votado hoje, depois de quase um mês de atrasos
sucessivos na apreciação da reforma política. A outra proposta, relatada pelo
deputado Vicente Cândido (PT-SP) que estabelece a alteração do sistema
eleitoral para o distritão (que prevê voto majoritário) e cria um fundo público
para financiamento de campanhas, por ser mais polêmico, ficou para ser
apreciado após a conclusão da PEC 282.
A
sessão foi interrompida porque dentro de pouco tempo o Congresso nacional
inicia nova sessão conjunta para analisar a proposta que altera a meta fiscal
do governo para 2017. O texto base já foi aprovado na última sessão, mas o
adiamento para hoje foi visto como uma derrota para o governo.
Agora,
oposicionistas pretendem trabalhar para mudar boa parte do seu teor, por meio
da apresentação de emendas, o que deve fazer com que os trabalhos se estendam
até tarde da noite.
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Para Érika Kokai, reforma não traz mudanças estruturais. Foto: Câmara dos Deputados. |
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