Territórios Criativos promove I Ciclo de Encontros e Partilha de Saberes de Mestres da Tradição


O município de Juazeiro do Norte será palco durante o período de 11 a 14 e 25 a 28 de abril do ano em curso do primeiro Ciclo de Encontros e Partilha de Saberes de Mestres da Tradição.


Os encontros fazem parte da iniciativa da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Ministério da Cultura, através da Secretaria de Políticas Culturais, e da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e se configura como uma ação projeto Prospecção e Capacitação em Territórios Criativos.
Segundo informações colhidas junto ao site do evento o objetivo é “dar visibilidade à produção dos Mestres e Brincantes de tradição no Cariri, estimulando a vitalidade de suas práticas culturais, a transmissão e partilha de saberes no âmbito intergeracional, bem como o registro das formas expressivas do patrimônio imaterial”. Todas as atividades serão realizadas no Centro de Arte, Cultura e Educação Marcos Juciê, situado à Rua Antonio Valter Honorato Teles, S/N, no Bairro Pirajá neste município.

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas aqui. 


Professor Ricardo: "Não há meritocracia sem igualdade de oportunidade”



Para Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor no Insper, discutir meritocracia em um país tão desigual em oportunidades como o Brasil não faz sentido. “Sem resolver a desigualdade de oportunidades, ficar falando em meritocracia é piada. Como discutir o mérito de quem chegou em primeiro lugar em uma corrida onde as pessoas saíram em tempos diferentes e a distâncias diferentes?”, questiona Paes de Barros, um dos principais especialistas em desigualdade social.


 “Não faz nenhum sentido discutir o mérito em uma regata na qual os barcos não são iguais, ou em uma corrida de Fórmula 1 em que não se está sujeito ao mesmo regulamento.” Para ele, o país já avançou ao reduzir a discriminação, que ocorria até nas escolas, contra alunos menos favorecidos.

No passado havia ações, tradições e procedimentos que reforçavam a desigualdade que vinha da família. Porque uma coisa é eu pegar uma criança de família desestruturada e não conseguir ensinar. Outra coisa é dizer: não vou nem ensinar esse aí, porque não aprende mesmo. O professor ia para escola em um bairro pobre e nem se esforçava muito em ensinar. Era discriminação”, afirma Paes de Barros, que acredita que o que falta agora é discriminar os alunos positivamente, dedicando a eles toda a atenção extra necessária.

Hoje, diz, a sociedade considera natural a existência de “educação de pobre e educação de rico”. Essa postura precisa ser combatida. “Você está naturalizando o fato de que uma criança pobre pode aprender menos, e uma criança rica tem que aprender mais. É o conformismo, o naturalismo”, afirma.

Temos que sair de ações que discriminavam negativamente, não para ser neutro, mas para discriminar positivamente”, diz Paes de Barros. “A escola tem que ser um lugar onde a gente reduz desigualdade e trata de maneira diferente pessoas que precisam mais. Pegar os que entram em desvantagem e tentar eliminar essa desvantagem, porque o objetivo final da escola não é lavar as mãos e deixar que a desigualdade seja reproduzida. O objetivo da escola é eliminar essa desigualdade inicial e fazer com que todo mundo saia igual, e aí sim ser meritocrático”, explica.

“A luta pela democracia também é uma luta contra violência de gênero”, diz Dilma



Durante encontro com mulheres em defesa da democracia, realizado hoje (7), no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff reafirmou compromisso com a manutenção de seu governo e contra tentativas de desestabilizar seu mandato. “Vivemos em um tempo estranho. Um momento em que, na clara ausência de justificativas jurídicas e legais que amparem qualquer processo de impeachment, existem aqueles que tentam promover um golpe de estado. São imensos os riscos a que submetem o país”, afirmou.

Dilma lembrou de passagens, nas quais, sob pressão, não teria perdido a habilidade de lidar com as situações.
Em um momento de seu discurso ovacionado pelas mulheres, a presidenta rebateu com veemência os ataques proferidos pela revista IstoÉ em sua edição do último fim de semana. Dilma afirmou que o veículo “vem sistematicamente mentindo, inventando e incitando o ódio e a intolerância. Produziu uma peça de ficção para ofender uma mulher. Com este propósito, de me ofender como presidenta, por ser mulher”, disse.

Ao afirmar que já tomou medidas judiciais para processar a revista, Dilma classificou o texto como “baixo, e que reproduz um tipo perverso de misoginia”. Na edição citada, a reportagem de capa acusava a presidenta de desequilíbrio diante do processo de impeachment, que tramita em comissão especial da Câmara. “É muito interessante notar que, em relação à pressão, há duas hipóteses levantadas contra mim. A primeira que sou autista, pois não reajo (…) a segunda é que me descontrolo. Então, a mulher só tem essas duas possibilidades”, afirmou.

Dilma seguiu lembrando de passagens de sua vida, nas quais sob pressão não teria perdido a habilidade de lidar com as situações. “Estive três anos presa ilegalmente. Fui torturada e sempre mantive o controle, o eixo e a esperança. Enfrentei, como muitas mulheres, um câncer e sempre disse 'enfrenta que você supera'. Estou enfrentando, desde minha reeleição, a sabotagem de forças contrárias e sempre mantenho o controle, o eixo e a esperança.”

Quero dizer que não perco o controle, não perco o eixo nem a esperança porque sou mulher (…) Amo a minha família, amo meu país, amo meu povo. Sempre lutei e continuarei lutando”, afirmou a presidenta, despertando a plateia, que reagiu: “Dilma, eu te amo!”

Ao afirmar que, em seu mandato, sempre buscou mais direitos, mais igualdade e oportunidades, Dilma mencionou alguns dados sobre políticas públicas adotadas. Atualmente, 59% dos estudantes que usam o Fies são mulheres, bem como 53% dos beneficiários do Prouni, 59% dos matriculados no Pronatec, 92% dos titulares do Bolsa Família, 90% dos proprietários de imóveis do Minha Casa, Minha Vida e 94% dos receptores de cisternas instaladas no semiárido nordestino. “Esses números fazem parte de uma estratégia que combate a violência contra as mulheres”, afirmou, também citando as leis Maria da Penha e do Feminicídio.

Neste momento, a luta pela legalidade, pela democracia e contra o golpismo também é uma luta contra a misoginia, machismo e violência de gênero”, afirmou. Sobre o que chamou de “trama golpista”, Dilma acrescentou os recentes casos de vazamentos seletivos, promovidos pelo Judiciário e parte da imprensa, contra seu governo e contra o PT. “Vazam porque não é necessário provar, basta noticiar e acusar usando de testemunhos falsos (…) vazamentos premeditados, direcionados, com o claro objetivo de criar ambiente propício para um golpe. Isso não transforma o Brasil em um país que respeita instituições, liberdade de informação, tampouco a democracia.”

Ao final do discurso, Dilma citou a poetisa brasileira Cora Coralina: “Sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”.

Contas do exercício 2012 do prefeito de Altaneira recebe parecer do TCM favorável à aprovação


Foi compartilhada na rede social facebook na tarde da última terça-feira, 05,  através do perfil do governo municipal de Altaneira intitulado “Altaneira Ações” a notificação do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará (TCM) em que consta o parecer favorável do órgão pela aprovação das contas de gestão referente ao exercício financeiro de 2012 sob a responsabilidade do prefeito Delvamberto Soares (PDT).


A apreciação das contas foi feita por intermédio do parecer sob o número 25/2016  e teve como relator o conselheiro Manoel Veras que mesmo aprovando apontou algumas irregularidades que, segundo o mesmo não oferece dados que prejudiquem o gestor. O conselheiro assim dissertou “em conformidade com o exposto acima, considerando as irregularidades constantes da presente Prestação de Contas, as quais não prejudicaram o contexto geral das contas, conforme apontadas nos Pontos Positivos do presente Parecer, este Relator emite PARECER PRÉVIO FAVORÁVEL À APROVAÇÃO das Contas de Governo do Município de ALTANÉIRA, exercício financeiro de 2012, de 2016”.

As contas seguem agora para análise e apreciação do poder legislativo municipal que na grande maioria das vezes seguem a orientação do Tribunal. É digno de registro que para que elas sejam desaprovadas são necessário dois terços dos votos do parlamento.

Filósofa Márcia Tiburi: Dilma Rousseff sofre “estupro político”



A filósofa e escritora Márcia Tiburi afirmou o que defensores do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) estão fazendo um "estupro político" com a  petista. Segundo Tiburi, no contexto atual, defender a democracia é defender a presidenta.


Dilma, muito nos orgulha o seu lugar de representante de todas as mulheres”. Sua fala foi interrompida por gritos ‘Fora Cunha’ e outras palavras de ordem defendendo que Dilma fique e Cunha vá (embora).

O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), conduz o processo de impeachment contra a presidente Dilma. No começo do mês passado, o peemedebista se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF), que aceitou denúncia do procurador geral da República, Rodrigo Janot, contra o parlamentar.

Cunha é acusado de exigir e receber ao menos US$ 5 milhões em propina de um contrato do estaleiro Samsung Heavy Industries com a Petrobras. Com a decisão, Cunha passa a ser réu na primeira ação penal no Supremo originada das investigações da Operação Lava Jato.


Jovair Arantes, relator da Comissão é favorável ao processo de impeachment da presidenta


O relator da comissão especial o deputado Jovair Arantes (PTB/GO) responsável pela análise do pedido de impeachment do governo federal está neste momento lendo o relatório que, conforme ele já tinha antecipado, é favorável à abertura do processo de impeachment.

Imagem capturada do vídeo da Sessão da Comissão Especial do Impeachment. 
Com o parecer favorável, a câmara deverá tão logo se publique no Diário Oficial da mesma proceder a votação entre os dias 15 e 19 do mês corrente. Note-se que a denúncia em desfavor da presidenta Dilma Roussef (PT) foi feita pelos juristas Miguel Reale, Hélio Pereira Bicudo Junior e Janaina Conceição Paschoal.

É digno de registro, outrossim, que Jovair Arantes é aliado do presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB). O chefe do legislativo federal que possui várias denúncias contra sua pessoa pediu a impugnação de testemunhas que deporiam contra ele no Conselho de Ética. O objetivo é tentar uma vez mais atrasar sua cassação. 

Os deputados tem ainda a possibilidade de pedir vistas durante as duas próximas sessões da Câmara. 

Relatório Pronto

O deputado Chico Alencar (PSOL/RJ) afirmou recentemente que apesar da grande capacidade de defesa e articulação do Advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo que poderia influenciar os indecisos, não seria, porém, levado em consideração na elaboração do relatório. Alencar foi enfático ao afirmar“o relatório que Jovair Arantes já vai apresentar provavelmente amanhã não deve levar em consideração a defesa de Cardozo. Tenho quase certeza que é um relatório já preparado, inclusive com orientação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ)”.

Abaixo você confere alguns detalhes da leitura do relatório que possui mais de 130 páginas e começou a ser lido por volta das 16h00

          

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Melânia Luz



Nas últimas olimpíadas, disputadas em Londres, em 2012, a delegação brasileira foi composta por 123 mulheres, o equivalente a 47% do total de atletas.

Isso é reflexo direto do protagonismo adquirido pelas mulheres no mundo dos esportes, processo que se fortaleceu nas últimas décadas e que consolidou a representação delas nas mais diversas modalidades olímpicas. Esse destaque forçou muitas áreas de nossa sociedade, marcadamente conservadoras, a exemplo da mídia, a ceder mais espaços para o esporte feminino.

Se a paridade de gênero no mundo do esporte está próxima de ser alcançada, embora ainda haja uma sub-representação das disputas e dos feitos esportivos das mulheres na cobertura dada pelo meios de comunicação, o mesmo não podemos dizer quando às questões de gênero somam-se as étnico-raciais, mesmo que entre as principais referências do esporte brasileiro estejam inúmeras mulheres negras, como Marta, Cristiane e Pretinha, no futebol, Daiane dos Santos, na ginástica olímpica, Sarah Menezes, no judô, Fofão, Walewska, Valesquinha e Sassá, no vôlei, e Janeth, no basquete.

Muitas pessoas conhecem a história da nadadora Maria Lenk, primeira mulher a representar o Brasil e a América do Sul numa edição dos Jogos Olímpicos, mais precisamente, nos Jogos de Los Angeles (EUA), disputados em 1932. Seu legado é reconhecido e, como forma de homenageá-la, seu nome foi colocado num dos principais torneios da natação brasileira, batizando também o parque aquático do Complexo Esportivo Cidade dos Esportes, construído no Rio de Janeiro para receber as competições de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais dos Jogos Pan-Americanos de 2007.

Todavia, a maior parte dos brasileiros provavelmente não sabe que 16 anos depois, em 1948, nas Olimpíadas de Londres, Melânia Luz dos Santos realizava algo igualmente importante e digno de ser lembrado e saudado, ao ser a primeira negra brasileira a competir nos Jogos Olímpicos.

Nascida em 1º de junho de 1928, no bairro paulistano do Bom Retiro, Melânia ganhou projeção e fez história na equipe do São Paulo. O alemão Dietrich Gerner, um dos responsáveis por tornar o São Paulo Futebol Clube uma equipe de ponta em diversas modalidades do atletismo, nos idos dos anos 1940, era seu treinador, assim como de Adhemar Ferreira da Silva, futuro bi-campeão olímpico do salto triplo. Gerner foi o técnico da seleção brasileira de atletismo nas Olimpíadas de 1948.

A atleta, embora tenha chegado a participar de competições de salto em altura, especializou-se nas provas de 100 e 200m rasos.

Atuando como velocista, esteve presente na maior parte das conquistas dos Campeonatos Paulistas e Troféus Brasil de Atletismo nos anos 1940 e 1950 pela equipe do São Paulo. Sua grande adversária nas provas de 100 e 200m foi Benedita Oliveira, que competia pelo Palmeiras, a qual se convertia em parceira quando representavam a seleção brasileira.

Aos 20 anos de idade, Melânia Luz integrou a primeira equipe feminina do atletismo brasileiro, nos Jogos Olímpicos de Helsinque (Finlândia), em 1948. Na prova dos 100m rasos não passou da fase eliminatória.

Ao lado de Benedita Oliveira, Elizabeth Clara Muller e Lucila Pini, Melânia também correu o revezamento 4X100m. O quarteto, que chegou a bater o recorde sul-americano da prova, dado à estrutura que os clubes brasileiros possuíam e ao nível técnico das adversárias europeias, não conseguiu chegar à fase final.

Não obstante, o fato de formarem a primeira equipe feminina de atletismo a representar o Brasil numa olimpíada já constituía uma grande conquista para todas, em especial para Melânia, que cravou seu nome na história como a primeira brasileira negra a participar de uma edição dos Jogos Olímpicos, como hoje em dia ela própria reconhece:

“Eu fiquei na história. Eu também competi. Não é que me deixaram.”

O feito de Melânia Luz foi registrado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil, no livro Mulheres Negras do Brasil, que mostra a trajetória dessas mulheres e tenta revelar a razão de serem um dos grupos mais invizibilizados em nossa sociedade e em nossa história. A façanha de Melânia garantiu-lhe um capítulo no livro.


Sua paixão pelo atletismo seguiu-a durante grande parte de sua vida. Melânia, após encerrar sua carreira profissional continuou competindo em campeonatos para veteranos até 1998, quando já tinha 70 anos.

Ao longo da carreira conquistou vários títulos, entre os quais se destacam o bronze nos 100m e as medalhas de prata dos 200m e no revezamento 4x100m no Campeonato Sul-americano do Rio de Janeiro, em 1947; e o ouro no revezamento 4x100m e a prata nos 200m rasos no Campeonato Sul-americano, disputado em Lima (Peru), em 1949.

Como atleta veterana estabeleceu vários recordes: Brasileiro +65, nos 100m rasos (1995), com a marca de 15″40; Sul-americano +60, no revezamento 4x100m rasos (1997), com o tempo de 1’03″16; Sul-americano +70, nos 200m rasos (1998), com a marca de 36″77; Brasileiro +70, 200m rasos (1998), com a marca de 36″77; e Brasileiro +70, no salto em altura (1998), quando alcançou 1,10m.

Por tudo isso, Melânia Luz dos Santos se tornou referência e motivo de orgulho para os atletas negros do Brasil, embora seu nome continue a não ter, no Brasil, a devida projeção.