Cerca de 8 mil pessoal vão as ruas em um levante contra a redução da maioridade penal



Aproximadamente oito mil pessoas, segundo os organizadores do ato, percorreram as principais avenidas de São Paulo, parte do trajeto sob chuva, no início da noite desta terça-feira, 7, para protestar contra a redução da maioridade penal aprovada na semana passada, em Brasília, após uma manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguir reverter a rejeição da matéria. “Ô Cunha, pode esperar. A sua hora vai chegar”, foi uma das palavras de ordem mais gritadas pelos ativistas durante a passeata, para expressar a indignação com a postura do parlamentar.

Protesto contra a redução da maioridade penal também
aconteceu no Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão.
O número expressivo de manifestantes nas ruas da capital paulista, em uma noite fria e chuvosa, encheu de ânimo as lideranças dos movimentos sociais que integram a frente contra a redução da maioridade penal. Eles acreditam que é possível reverter a manobra de Eduardo Cunha da semana passada. Para virar lei, a matéria ainda precisará ser aprovada em um segundo turno na Câmara, além de ser aprovada em dois turnos no Senado. Nas três votações, é preciso maioria qualificada.

A mobilização popular tem sido a grande força contra o avanço do conservadorismo no país”, ressalta Juninho, do Circulo Palmarino. “A juventude quer educação e não prisão. Não vamos aceitar calados, as manobras de Eduardo Cunha. O ato é importante porque foi construído em ampla unidade com setores democráticos e populares (da sociedade)”, reforça Beatriz Lourenço, do Levante Popular da Juventude.

Protesto

Os organizadores da manifestação desta terça já anunciaram um novo ato para o próximo dia 13, contra a redução da maioridade penal e para lembrar os 25 anos da entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Somos contra alterar o ECA. Propomos que o Estatuto seja de fato implantado no país, coisa que nunca aconteceu”, frisa Douglas Belchior, dirigente da Uneafro.

Para o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Menor, a proposta de alteração do ECA, defendida pelo governo na Câmara, é uma temeridade devido à composição de forças políticas conservadoras que integram o atual Parlamento. “Com esse Congresso é muito perigoso”, comenta preocupado. “Primeiro é preciso verificar se o ECA está sendo cumprido”, completa.

Para derrubar a redução da maioridade penal, o padre também confia na pressão popular. “É preciso mostrar que há quem seja contra. E aqui (na rua) está uma grande parcela da juventude, para mostrar que o Congresso está completamente equivocado, que o (Eduardo) Cunha está insistindo no caminho da violência e da repressão. Fascistas, não passarão”, alfineta Padre Julio.

Repressão

A Polícia Militar acompanhou todo o trajeto com viaturas, motos, ônibus e um forte aparato de policiais. A tropa do braço, com sua armadura e escudos também marcou presença, mas desta vez não interveio. Ouviu, mas não reagiu às palavras de ordem entoadas a plenos pulmões pelos manifestantes. “Não acabou, tem de acabar. Eu quero o fim da Polícia Militar.”

Quando a manifestação atingiu a Praça Roosevelt, onde as lideranças concluíram o ato, a tropa do braço se recolheu aos veículos da Polícia Militar. Várias viaturas da Força Tática e motos da Rocam, no entanto, continuaram estacionadas na rua da Consolação próximas ao cruzamento com a rua Caio Prado, com os giroflex ligados. Os policiais observavam os manifestantes à distância.

Esse cruzamento foi o palco do epicentro da repressão ao protesto do Movimento Passe Livre pela redução da tarifa do transporte público, em junho de 2013, quando o fotógrafo Sérgio Silva ficou cego de uma das vistas ao ser atingido por uma bala de borracha disparada pela Tropa de Choque da PM.

Aula de cidadania

Isaías, 19 anos, com boné do grupo de rap Facção Central, também engrossou a passeata. O menino franzino com consciência de gigante, que descarrega caminhões durante o dia em uma rede de hipermercados e à noite cursa História em uma faculdade particular, deu uma verdadeira aula de cidadania durante a entrevista à reportagem de Caros Amigos.

Com essa política de redução da maioridade penal, o moleque vai ser preso e quando sair da prisão não vai conseguir (arrumar) emprego. Porque não se dá emprego a quem tem passagem (na polícia). Aí o moleque vai voltar pra quebrada e vai ter uma vaga (no tráfico) esperando por ele”, antecipa.

Morador de Perus, região noroeste da capital, ele conhece de perto essa realidade. Já teve um amigo (mano, como ele o define) que foi parar atrás das grades por causa do tráfico de drogas.

E ele questiona: “Por que na Noruega, Finlândia, Irlanda não se discute a redução da maioridade penal? Será que os moleques de lá são melhores do que os daqui? Será que são mais seres humanos do que nós? Não. Não são melhores do que os moleques da quebrada. A diferença é que lá, eles têm um futuro garantido, aqui não. Essa é a realidade.

Racismo

Bruna Tamires de Souza Cruz, 22 anos, estudante de Gestão de Políticas Públicas, na USP Leste, também resolveu se juntar àqueles que protestam contra a redução da maioridade penal. Ela conta que se deu conta de que era negra só após entrar na universidade. “Na escola municipal todo mundo é pobre. Descobri que era negra, quando percebi que não era bem-vinda na USP. Quando começaram a aparecer várias pichações racistas nas paredes dos banheiros, montamos um coletivo de negros e negras da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades).”

Esse foi o pontapé inicial para a conquista da consciência. Mas a entrada na luta contra a redução aconteceu de forma ainda mais dura. A estudante conta que foi vítima de um ataque racista no trem. Moradora de Pirituba, na zona noroeste da capital, ela ia para um evento em Campo Limpo, no extremo sul da cidade, quando ouviu uma passageira criticar seu cabelo Black Power e resolveu reagir.

Ela disse: ‘Que horrível, não sei como alguém pode andar com uma bucha como essa (na cabeça)’. E eu fiquei com muita raiva, muita raiva. Ela tava falando pra todo mundo ouvir. Ela era branca. E o que eu podia fazer pra destruir essa pessoa no argumento? Eu pensei, eu não vou levar isso pra casa. Esse problema não é meu, ela é a racista. Eu não ia acabar com o meu dia, por causa dela. Aí eu levantei e disse (para as pessoas que estavam no vagão): ‘Passageiros e passageiras, eu vou falar sobre a redução da maioridade penal, que é uma política racista, que vai prejudicar negros e negras, como a gente… E eu vi que a mulher começou a se encolher. E as pessoas bateram palmas”, comemora. “De 10 pessoas, se a gente conversar, consegue reverter (a opinião de) umas oito”, conclui.

Liberdade para Islam Hamed

Ativistas da Frente Palestina e da Missão a Gaza se juntaram aos manifestantes contra a redução da maioridade penal e panfletaram um documento exigindo a libertação do brasileiro-palestino que está há 90 dias em greve de fome, para pressionar por sua repatriação ao Brasil. “Redução não é solução. Para as crianças palestinas, prisão é realidade desde o nascimento”, relata trecho do texto distribuído.

O documento informa ainda que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, esteve recentemente em Israel, país exportador de materiais bélicos usados na repressão contra a juventude marginalizada brasileira.

Ministério da Cultura lança três editais de fomento à política nacional de cultura viva



O Ministério da Cultura – por meio de sua Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural – lançou, no dia 2 de julho de 2015, três editais para fomento de iniciativas relacionadas à Política Nacional de Cultura Viva. Ao todo, serão liberados R$ 13,428 milhões, a serem distribuídos entre 210 iniciativas.

O edital para pontos de mídia livre conta com a parceria do Ministério das Comunicações e da Secretaria do Audiovisual do MinC. O edital dedicado à cultura indígena tem a parceria da Secretaria do Audiovisual e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

A solenidade de lançamento ocorreu na Funarte, em São Paulo e os editais estão disponíveis na edição do Diário Oficial da União do dia 3 de julho de 2015, data de abertura das inscrições.

Veja abaixo os detalhes de cada edital.





Um paìs onde racistas só se surpreedem com o racismo dos outros




Como foi bastante divulgado durante a semana, Maria Júlia Coutinho, carinhosamente chamada de Maju, a “garota do tempo” do Jornal Nacional, foi alvo de comentários racistas nas redes sociais. Rapidamente criaram-se campanhas de apoio a ela, pessoas manifestaram-se contra o episódio e a hashtag Somos todas Maju liderou o trend topics do twitter.

Maria Julia Coutinho, Jornalista de meteorologia do Jornal
Nacional, foi alvo de racistas nas redes.
Obviamente que me solidarizo com Maju, como mulher negra que se coloca, sei o que é receber ofensas nas redes sociais de pessoas sem noção. Porém, o que me intriga é a falta de criticidade de muitas pessoas que se solidarizaram.

Quando eu vi algumas pessoas da minha rede de amigos ficarem surpresos com as ofensas, minha vontade foi dizer: queridinhas, é a mesma coisa que vocês faziam comigo na escola, lembram? Lembram meninos, que vocês corriam de mim na época da festa junina dizendo categoricamente: “não vou dançar com a neguinha?” Quase escrevi para um colega que estava revoltado se ele lembrava ter ficado surpreso ao saber que eu fazia mestrado em filosofia política e falava outros idiomas quando me conheceu e ainda disse surpreso “nossa, você é inteligente mesmo, se fosse loira seria um fenômeno”.

Aos que dizem “em pleno século XXI e isso ainda acontece” falta conhecimento da história do Brasil, de que esse país foi fundado no racismo, é estrutural. Eu fico surpresa com a surpresa dessas pessoas. Como eu sempre digo, não precisa ler Franz Fanon, basta ligar a TV. Num país com 52% de população negra, por que essas mesmas pessoas não se surpreendem com a ausência de negros na TV? Por que não criam uma campanha chamada Por uma TV menos eurocêntrica, por exemplo?

Quem trabalha com educação e ficou indignado está trabalhando com a lei 10639? Trata-se de uma lei de 2003 que alterou a lei de diretrizes e bases da educação e obriga a inclusão do ensino da história de África e afrobrasileiras na escola.

Interrompem a aula quando um aluno faz ofensas racistas a outro ou diz que isso é brincadeira e não faz nada?  Quem é empregador, contrata profissionais negras? É urgente que pessoas brancas discutam racismo pelo viés da branquitude, que se questionem. Que reflitam e perguntem a si mesmas: quantas vezes eu contribui com a baixa estima da minha amiga negra ao fazer piadas sobre o cabelo dela? Quantas vezes eu tentei destruir o sonho de uma pessoa negra por achar que a filha da minha empregada negra não podia fazer faculdade com meu filho e sim servir minhas próximas gerações? Quantas vezes eu naturalizei que mulheres negras deviam me servir em vez de entender que elas são empurradas a esses empregos por conta do racismo e machismo estrutural?

Os apresentadores William Bonner e Renata Vasconsellos
posam com cartazes com a frase #SomosTodosMaju.
Sem esses questionamentos não serve de nada mostrar indignação. De campanhas que não mexem nas estruturas e não se questiona privilégios já estamos fartas. Não adianta se revoltar com as ofensas que Maju sofreu julgando que essas são coisas isoladas, que só acontecem às vezes quando o racismo é uma realidade para a qual muitos fecham os olhos.

Não adianta se incomodar com essas ofensas e ser contra as cotas, ser fã do descerebrado do Gentilli, chamar militantes de vitimistas quando apontam racismo. Ou ainda ser a favor da redução da maioridade penal quando se sabe que essa só vai encarcerar jovens negros porque julga-se que jovens brancos ricos ou de classe média são aqueles que de boa família que cometeram um erro.

Não dá pra ter indignação seletiva, revoltar-se com o que aconteceu com a jornalista, mas calar-se quando é com o porteiro, com o menino da periferia.

No Brasil até quem se coloca contra certas atitudes racistas não sabe ou finge não saber como o racismo age. Racismo é um sistema de opressão que nega direitos, vai além de ofensas. Como diz Kabengele Munanga: “o racismo é um crime perfeito no Brasil, porque quem o comete acha que a culpa está na própria vítima, além do mais destrói a consciência dos cidadãos brasileiros sobre a questão racial. Nesse sentido é um crime perfeito”.

Toda solidariedade a Maju e toda indignação perante a hipocrisia. Sim, o Brasil é racista e o ódio racial contra a população negra existe desde que o primeiro navio negreiro aqui chegou.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Neusa Maria Alves




Educadora e primeira Desembargadora Negra do Brasil. Também conhecida como Neuza Pioneira e nascida em um cortiço em Salvador, no bairro de Tororó, jamais foi reconhecida pelo pai, a quem viu esporadicamente até os quatro anos de idade. Em toda sua trajetória contou com o apoio e incentivo da mãe, mulher de “poucas letras”. Dentre os muitos obstáculos que precisou superar aquele vivenciado aos 14 anos, destaca-se em sua narrativa, como o episódio que lhe permitiu perceber a exclusão social da qual são vítimas muitas mulheres e homens negros/as: ninguém a escolheu como par na quadrilha da igreja.

Aluna de escolas públicas durante toda sua trajetória escolar, após a conclusão do curso de formação de professores/as - magistério-, onde ingressou ao completar o ginasial, prestou o vestibular para a Universidade Federal da Bahia, tornando-se aluna do curso de Direito, concluído em 1974. Posteriormente fez especialização em Direito Processual, na Fundação Faculdade de Direito do Estado da Bahia e em Direitos Humanos pela Universidade Estadual da Bahia – UNEB, em convênio com a Escola do Ministério Público do Estado da Bahia.

Durante treze anos exerceu a advocacia: cinco em uma empresa de Consultoria Tributária e mais de oito como advogada da Rede Ferroviária Federal, na Bahia, de onde se desligou após ser aprovada em primeiro lugar, em concurso público realizado em 1988, para o cargo de Juíza do Trabalho. Aqui, entretanto, permaneceu apenas dez meses: aprovada em novo concurso público, tornou-se Juíza Federal, atividade que desempenhou com dignidade por 17 anos.

Além de exercer diversos cargos em sua área, destacou-se também, na Associação dos Juízes Federais do Brasil, seção da Bahia, bem como, no Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher – CDDM/BA, onde permaneceu durante dois anos.

A posse no cargo de Desembargadora Federal, tornando-se assim a primeira mulher negra a ocupar tal posto no país, ocorreu em 2004, após ter seu nome escolhido em lista tríplice apresentada ao Presidente da República.

Seu envolvimento e preocupações constantes com as oportunidades e direitos relacionados à construção da plena cidadania feminina e dos afro-descendentes, fazem com que, apesar dos muitos compromissos próprios do cargo quer ocupa, possa ser encontrada proferindo palestras em eventos organizados por entidades sociais.

Em 2008, doutora Neuza recebeu da Câmara de Vereadores da Salvador, a comenda Maria Quitéria, como reconhecimento a sua atuação e pioneirismo, em um país historicamente marcado pela ausência de oportunidades, sobretudo, aquelas oferecidas a mulheres negras e pobres.

Professor Alex Ratts, da UFG, confirma participação na 6ª edição do Artefatos da Cultura Negra no Cariri



A população afrodescendente no Brasil desencadeou inúmeras iniciativas para superar a exclusão e as práticas racistas, dentro e fora do sistema educacional, que atravessaram o século XX. Como parte desse processo político de luta por educação de qualidade e antirracista é que nos anos de 2003 e 2004 o movimento negro brasileiro recoloca em pauta o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana no país, tornando obrigatório no currículo oficial da Rede Nacional de Ensino de acordo com a Lei 10.639/2003 e nos termos de suas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Parecer CNE/CP 03/2004 e Resolução CNE/CP 01/2004).

A Lei nº. 10.639/03 alterou a LDB nº. 9.394/96 nos seus artigos 79A e 79B que até então não propunha em seu corpo legal a obrigatoriedade da discussão das questões voltadas à temática. Diante desse contexto e movidos pelo desejo de se promover uma educação de combate ao racismo é que nasceu, no ano de 2009, a proposta do Artefatos da Cultura Negra no Ceará, o qual se encontra na sua VI edição.

Este ano o Seminário VI Artefatos da Cultura Negra no Ceará intitulado “Educação Afropensada: Repensar o Currículo e Construir Alternativas de Combate ao Racismo”ocorrerá entre os dias 31 de agosto e 04 de setembro do ano em curso e tem como proposta fundamental rediscutir as principais contribuições dos africanos nos contextos políticos, econômicos, sociais e culturais para o Brasil.

Segundo Cícera Nunes, uma das organizadoras do artefato, alguns nomes já confirmaram presença, a saber, as professoras Joselina da Silva, da UFRRJ e, Jurema Werneck – ONG Crioula/RJ arguirão sobre “Políticas Públicas: Um olhar de Gênero e Raça”. “O Panafricanismo e as Repercussões na América do Sul”, será discutido pelos docentes Henrique Cunha Júnior, da UFC, Carlos Moore e Elisa Larkin Nasciment, do IPEAFRO/RJ.  A “Literatura Infantil com a Temática Africana e Afrodescendente” ficará a cargo dos professores Kiusam de Oliveira, da Secretaria de Educação de Diadema/SP e Heloísa Pires Lima, da UNIP/SP. Cecília Calaça (FLATED) discutirá a respeito da “Arte Africana e Afrodescendente” e “Tradição Oral, Afrodescendência e Educação” será mencionado por Sandra Haydée Petit (UFC). Já Eduardo David de Oliveira (UFBA) argumentará sobre “Religiosidade, Cosmovisão Africana e Educação”, enquanto que Kym Morrison (Universidade de Massachusetts) frisará em sua fala acerca da “Raça na Literatura Historiográfica do pós-abolição no Brasil e nos EUA: Pontos Comparativos”. Já Lilian Cavalcante, da Casa de Cultura Britânica - UFC e, Eduardo Oliveira, da UFBA ministrarão palestras acerca dos temas "Uma Proposta Pedagógica para o Ensino da Literatura Afrodescendentes: A Literatura Servindo de Aporte às Diversidades Identitárias e Culturais" e "Estética da Libertação, Religiosidade de Matriz e Educação Brasileira", respectivamente. 

Professor Alex Ratts, da UFG.
Quem também acaba de confirmar a participação nesta 6ª edição é o professor Alex Ratts, da Universidade Federal de Goiás – UFG. Ratts é doutor em antropologia pela Universidade de São Paulo – USP e no ensejo ministrará palestra sobre a temática “Existir e Movimentar-se com a Palavra: a Geopoética de Beatriz Nascimento”.

Em entrevista ao Informações em Foco, Ratts afirma que durante sua estada no cariri irar lançar o livro com poemas e ensaios de Beatriz Nascimento que organizou com a filha dela. irei tratar também da poética de BN, do seu trabalho com a palavra. Além disso, é sempre importante estar com estudiosxs e ativistas do Cariri”, completou.

O VI Artefatos da Cultura Negra no Ceará resulta de uma parceria do programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará, Universidade Estadual do Ceará, Universidade do Tennesse, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Regional do Cariri e Universidade Cândido Mendes. O evento será realizado na Universidade Federal do Ceará, Universidade Estadual do Ceará e Universidade Regional do Cariri.

Na oportunidade, além das palestras haverá mini-cursos, visitas pedagógicas, oficinas, mesas redondas e lançamentos de livros. As inscrições para apresentação de trabalhos estão abertas desde o dia 08 de junho. Em breve deverá ser divulgada a programação completa, inclusive com os horários e os locais dos encontros.

Blog Informações em Foco é mais uma vez destaque nacional



O sucesso no meio midiático é alcançado de várias maneiras. A luta por reconhecimento é travada sem respeitar os limites do outro beirando o caminho de um sensacionalismo e um elitismo exacerbado. Os grandes polos midiáticos, principalmente os televisivos podem ser incluidos nesse rol de forma mais consistente.

Com o avanço avassalador das tecnologias da informação e comunicação tendo como suporte a internet, ganhou destaque inclusive fazendo frente e virando alterativas aos até então intocáveis meios de comunicação tradicionais (Rádios e TVs), os sites e blogs. No entanto, muitos não conseguiram se dissociar das formas conservadoras e retrógradas de se fazer comunicação e acabam favorecendo setores sociais pertencentes a classe dominante com suas formas de informar. Nesse sentido, muitos sites e blogs começam a se venderem e a se tornarem instrumentos de barganhas política-econômica.

Contrário a essa forma retrógrada e conservadora de comunicação, este portal vem desde o seu lançamento mantendo uma postura de informar para formar opinião a partir de temas que muitos correm para não falar, com destaque para aqueles ligados a área da política e da religião.

E é por pensar assim e se manter nesse caminho da CIDADANIA que quase que diariamente a redação do Informações em Foco recebe ligações e mensagens de incentivo, seja por celular ou via correio eletrônico. 

Como fruto de um trabalho voltado para a formação de opinião este signatário a partir de artigo intitulado Reduzir a Maioridade Penal é um afronta aos direitos da juventude” publicado aqui neste espaço de comunicação e reproduzido no portal Geledes, do Instituto da Mulher Negra, com sede na Capital Paulista, foi convidado a ministrar palestra no Arquivo Público do Município de Rio Claro, estado de São Paulo acerca da Redução da Maioridade Penal e suas Experiências Cotidianas, bem como ações do governo e da comunidade em relação a ela

Para além disso, esse blog é visto ainda como referência na área educacional, principalmente quando o assunto em questão é a valorização da cultura africana e afro-brasileira. Desde o ano de 2014 que este portal assumiu o compromisso de falar sobre negros e negras que com suas ações transformaram a si e a comunidade onde estavam inseridos a partir da série “Personalidades Negras que Mudaram o Mundo”. 


A série tem conseguido um excelente índice de acessos, gerado diversas curtidas, vários comentários tanto na própria rede social como no próprio blog e muitos compartilhamentos, o que para nós não representaria nada se não fosse acompanhada de uma nova visão de mundo e de um novo olhar sobre esse grupo social que contribuiu e ainda contribui na formação do Brasil.

Tal pressuposto pode facilmente ser percebido na imagem (acima) capturada em que há uma mensagem encaminhada via correio eletrônico pela professora Ana Lúcia Castro, do Estado da Bahia.

A professora de Educação Física diz que ao acessar o blog ficou curiosa para saber todos os nomes das personalidades negras que compõem o mosaico e que ilustram o pano de fundo do IF e argumenta que se se tiver uma resposta sobre sua curiosidade se “encarregaria de pesquisar as suas histórias e apresentar aos alunos”.

Ana Lúcia também via correio eletrônico sugere a inclusão na série “a Desembargadora Federal (do TRF 1º) baiana, Neusa Maria Alves”.


Quando a direita se organiza surgem fenômenos de carater nazi-fascistas, afirma Escritor e Teólogo Boff



A ofensiva conservadora atualmente em curso no Brasil faz parte de um processo mundial de rearticulação da direita e representa um perigo real para a democracia e os direitos. No caso brasileiro, essa rearticulação conservadora também é uma reação das classes dominantes que não se conformam com a centralidade que a agenda social adquiriu nos últimos anos e com a ascensão social de cerca de 40 milhões de pessoas. Um dos principais expoentes dessa ofensiva, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é um bandido político que não respeita a Constituição e tem como objetivo, no final de seu mandato, propor a instauração do parlamentarismo e virar primeiro-ministro. A avaliação é do teólogo e escritor Leonardo Boff, que esteve em Porto Alegre neste sábado, para ministrar uma aula pública sobre direitos humanos.


Intitulada "Expressões sobre Direitos Humanos: Mais Amor, Mais Democracia", a aula pública reuniu centenas de pessoas no Parque da Redenção, na tarde fria de sábado. Após a aula, Leonardo Boff conversou com o Sul21, no Hotel Everest, sobre a atual conjuntura política do país e defendeu que, diante da ofensiva conservadora no curso, é preciso travar, em primeiro lugar, uma batalha ideológica sobre que tipo de Brasil queremos: "um Brasil como um agregado subalterno de um projeto imperial, ou um Brasil que tem condições de ter um projeto nacional sustentável próprio. Temos um grande embate a travar em torno dessa ideia. Acho que esse será também o tema central das próximas eleições", diz Boff. A seguir, um resumo dos principais momentos da conversa de Leonardo Boff com o Sul21:

Ofensiva conservadora em nível mundial

Vejo esse quadro com preocupação, pois é um quadro sistêmico. Ocorre também nos Estados Unidos, na Europa, em toda a América Latina. Acabo de vir de um congresso que contou com a presença de representantes das esquerdas de toda a América Latina e todos foram unânimes em dizer que essa etapa das democracias novas, de cunho popular e republicano, que surgiram depois das ditaduras, estão recebendo os impactos dessa ofensiva da direta, organizada e financiada também a partir do Pentágono. Essa direita está se organizando em nível mundial. Isso é perigoso. A história já mostrou que, depois que a direita se organiza, surgem fenômenos de caráter fascista e nazista, surgem regimes autoritários que buscam impor ordem e disciplina”.

Eu não tenho muito medo no caso do Brasil. Acho que aqui nós conseguimos uma ampla base social de movimentos organizados e um núcleo de pensamento analítico político que resiste vigorosamente, mas enfrenta a resistência da grande mídia que, de forma sistemática sustenta teses conservadoras e reacionárias, em consonância com a estratégia traçada pelo Pentágono em nível mundial. O objetivo central dessa estratégia é: um mundo, um império. Todos têm que se alinhar aos ditames desse império, que não tolera a existência de alguma força capaz de enfrentá-lo. O grande medo dos Estados Unidos é com a China, que está cercada por três grandes porta-aviões, cada um deles com um poder de fogo equivalente ao utilizado em toda a Segunda Guerra Mundial, com ogivas nucleares e submarinos atômicos de apoio, entre outras coisas. Isso nos mete medo, pois pode levar a um enfrentamento, senão global, de guerras regionais, com grande potencial de devastação”.

No que nos diz respeito mais direito mais diretamente o grande problema é que os Estados Unidos não toleram a existência de uma grande nação no Atlântico Sul, com soberania e um projeto autônomo de desenvolvimento, que às vezes pode ser conflitivo com os interesses de Washington. O Brasil está mantendo essa atitude soberana e isso causa preocupação a eles, pois a economia futura será baseada naqueles países que têm abundância de bens e serviços naturais, como água, sementes, produção de alimentos, energias renováveis. Neste contexto, o Brasil aparece como uma potência primordial, pois tem uma grande riqueza desses bens e serviços essenciais para toda a humanidade”.

A agenda conservadora no Congresso Nacional

“De modo geral, a sociedade brasileira é conservadora, mas nos últimos anos, especialmente com a resistência à ditadura militar e com o retorno à democracia, se criou um sentido de democracia participaria e republicana, onde o social ganha centralidade e não simplesmente o Estado e o desenvolvimento material e econômico. Incluir aqueles que estiveram sempre excluídos passou a ser um tema central. Isso foi um elemento de progresso e avanço que assustou as classes privilegiadas que perceberam que esses 40 milhões de pessoas estão ocupando um espaço que era exclusivo deles e começam a ameaçar seus privilégios. Os representantes dessas classes não querem que o Estado se defina por políticas sociais, mas sim pelas políticas que, historicamente, sempre beneficiaram as classes dominantes.

Eles conseguiram uma articulação com grandes empresas, com grupos do agronegócio e outros setores para construir uma representação parlamentar. O que vemos hoje é que os sindicatos praticamente não estão representados, os indígenas e negros não estão, o pensamento de esquerda não está. O que temos, na maioria dos casos, são deputados medíocres que representam interesses de grandes corporações nacionais e internacionais, que tem pouca ou nenhuma ligação com um projeto de nação”.

Diante desse quadro, nós precisamos, em primeiro lugar, travar uma batalha ideológica e debater que tipo de Brasil nós queremos, um Brasil como um agregado subalterno de um projeto imperial, ou um Brasil que tem condições de ter um projeto nacional sustentável próprio. Temos um grande embate a travar em torno dessa ideia. Acho que esse será também o tema central das próximas eleições. O povo não quer perder aquilo que conquistou de benefícios sociais nestes últimos doze anos e quer ampliá-los. Essas conquistas são de Estado, não são mais de governos. Esse embate será muito difícil, mas acho que há um equilíbrio de forças que vai permitir, pelo menos, governos de centro-esquerda, não totalmente de esquerda, pois creio que não há condições para isso hoje”.

Sobre Eduardo Cunha, presidente da Câmara

Em primeiro ligar, acho que é um bandido político. Sempre foi conhecido assim no Rio. Um jornalista do Globo fala dele como “a coisa má”. É um homem extremamente sedutor, não respeita lei nenhuma, tem dezenas de processos de corrupção contra ele, mas consegue manipular de tal maneira os poderes que sempre consegue prolongar sua vida. É alguém que não tem nenhum respeito à Constituição e atropela normas do Congresso como bem entende. Creio que a pretensão dele, no final dessa legislatura, é propor o parlamentarismo para ele ser o primeiro ministro, já que não poderá ser presidente pela via eleitoral. É uma pessoa extremamente ambiciosa, manipuladora, inescrupulosa, sem qualquer sentido ético e um fundamentalista religioso conservador e de direita”.

O crescimento do fundamentalismo religioso

Acho que essas bancadas evangélicas fundamentalistas que se espalham pelo país são formações em si legítimas, uma vez que são eleitas, mas ilegítimas na medida em que não se inscrevem dentro do quadro democrático. Querem impor a sua visão sobre a família, a ética individual e pública para toda a sociedade brasileira. O correto seria eles terem o direito de apresentar a própria opinião para ser debatida e confrontada com outras opiniões, respeitando as decisões coletivas. Mas eles querem impor a opinião deles como a única verdadeira e difamar e combater pelos púlpitos qualquer outra alternativa. Acho que devemos atacá-los pelo lado da Constituição e da democracia e enquadrá-los dentro da democracia, pois são pessoas autoritárias e destruidoras de qualquer tipo de consenso que nasce do diálogo”.

Sobre o governo Dilma

Acho que a campanha da Dilma foi mal conduzida. Tudo aquilo que ela combatia, que seriam medidas neoliberais, a primeira coisa que fez, sem discutir com o povo brasileiro, com os sindicatos e sua base de apoio, foi aplicá-las diretamente. Neste sentido, ela decepcionou a todos nós que apoiamos a sua candidatura e o povo é suficientemente inteligente para perceber que houve um engodo. Por outro lado, cabe reconhecer que há uma crise que não é só brasileira, mas mundial, que afeta gravemente países como Grécia, Itália, Portugal e Espanha, com níveis de desemprego e de dissolução social muito mais graves do que os nossos”.

Então, estamos diante de um problema sistêmico, não só brasileiro, mas aqui ele ganhou conotações muito específicas porque o PT tinha um projeto progressista de centro-esquerda, de apoio aos movimentos sociais, comprometido a não tocar em direitos dos trabalhadores e pensionistas. E o governo acabou tomando medidas que considero injustas, pois colocou a carga principal da crise sobre os ombros os trabalhadores e pensionistas, e não em cima dos grandes capitais, das grandes heranças e do sistema financeiro dos bancos. Estes setores foram poupadas e isso eu acho uma injustiça e uma indignidade”.

Então, o povo, com justiça, fica desolado. A gente sabe que a Dilma é ética e não cometeu malfeitos, mas tomou medidas na direção contrária do que pregava. Então é uma contradição visível que não requer muita análise para mostrar. Ela dizia que nem que a vaca tussa iria mexer em direitos, e a primeira coisa que fez foi mexer no seguro desemprego e nas pensões. Houve uma quebra da confiança e, em política, o que conta de verdade é a confiança. Agora, se ela tiver algum sucesso e conseguir não penalizar o país demasiadamente em termos de desemprego e retrocesso no processo produtivo, ela poderá voltar a ganhar confiança, mas é uma conquista muito difícil.”




A hipocrisia midiática: Vocês não são todos Maju


Quando o garoto negro é arrancado da loja na Oscar Freire, vocês não são todos Maju.


Por Fabio Luiz no Facebook e reproduzido no Geledes


Quando a propaganda sugere que a garota negra precisou ser adotada pra ter acesso à educação e refrigerante, vocês não são todos Maju.

Quando um apresentador em Black Face faz um Rap pra vender biscoitos, vocês não são todos Maju.

Quando vocês dizem que tal pessoa tem cabelo “ruim”, vocês não são todos Maju.

Quando vocês seguram suas bolsas no elevador do shopping, vocês não são todos Maju.

Quando vocês não me cumprimentam no hall do prédio, ou trancam o portão ao me ver chegando, não são todos Maju.

Quando vocês dizem que racismo não existe, e uma pessoa que “deu certo” como eu não deveria pensar ou falar sobre isso, vocês não são todos Maju.

Quando, na minha própria agência bancária, demoro 10 minutos pra ser liberado na porta giratória, vocês não são todos Maju.

Quando eu tento pegar táxi num ponto onde não me conhecem, vocês não são todos Maju.

Quando a criança negra aparece bem menos na tela do comercial de suco, ou de fralda, vocês não são todos Maju.

Quando eu sou o único pai “de cor” nas atividades da escola da minha filha, vocês não são todos Maju.

Quando a família de negros que a TV apresenta, numa obra de ficção bem torta, é formada por bicheiros, beberrões, advogados corruptos e mulheres promíscuas, e vocês acham que esse é o toque de realidade da obra, vocês não são todos Maju.

Quando insistem com as piadas de macaco, “preto” só é bom sambando e jogando bola, vocês não são todos Maju.

Quando vocês acham mesmo que são todos lordes britânicos que magicamente apareceram num país da América latina e aqui vivem, vocês não são todos Maju.

Quando não reconhecem os efeitos da escravidão sobre descendentes da diáspora africana, vocês não são todos Maju.

Quando acham que nossas guias coloridas e o nosso batuque são uma afronta ao Deus — impávido colosso da imaginação de quem torceu textos bíblicos pra condicionar mentes, vocês não são todos Maju.