Prefeito de Altaneira assina convênios no valor de 1 milhão de reais com o Estado


O prefeito do município de Altaneira, Delvamberto Soares (Pros) assinou nesta quarta-feira, 18, na capital cearense, três convênios com o governo estadual no valor de 1 (hum) milhão de reais.

O valor será distribuído para a construção do Estádio Municipal, da Pavimentação do novo Bairro denominado de Zé Rael, assim como para complementação de pavimentações em vários logradouros. 

A construção do estádio é uma antiga reivindicação de jogadores e ex- atletas e principalmente do atual presidente da Associação Esportiva Altaneirense – AEA, Humberto Batista. A área que será construída essa obra se dará na proximidade do Parque de Eventos João de Almeida Braga, localizada no bairro Cruzeiro. O acesso ao Estádio será facilitado pela continuação das ruas João Barbosa de Oliveira e José Pio de Oliveira.

Ao compartilhar fotos na rede social facebook que ilustra esse artigo Delvamberto frisou “desde que assumi o governo coloquei como metas criar estruturas melhores para o nosso povo, a cada mês vejo essas ações se tornar realidades como Ginásios Esportivos em todas nossas localidades, dando aos nossos jovens e crianças a oportunidade das práticas esportivas em um local adequado”.

O convênio foi fruto de diálogos com os deputados estaduais Sineval Roque e Camilo Santana. 

Reportagem do ESPN sobre Altaneira contradiz explicações e não fala de cultura


Com o título “Seleção altaneira: região castigada do Ceará contrasta com riqueza da Copa” o canal por assinatura exibiu ontem (19/06) reportagem no programa Sporcenters 2ª edição onde mostrou Altaneira como a cidade mais pobre do Ceará em contraste com a Capital do Estado que recebeu grandes recursos para as obras da Copa do Mundo.

Imagem capturada do Portal ESPN por Raimundo
Soares Filho.
O repórter Roberto Salim, visitou nossa cidade, buscando exatamente esses contrastes visitou várias pessoas, cita várias pessoas, mas o enfoque maior foi nos problemas como moradia e saúde.

Além do equívoco de apontar Altaneira como a cidade mais pobre do Ceará a reportagem ainda cita que o Cariri é a região mais castigada do Ceará e ainda confundem a região com o município na legenda do vídeo no portal do canal.

Os habitantes da pequena Cariri, no Ceará, podem se considerar vencedores. Vivendo em uma das regiões mais castigadas do país, eles coexistem com muitos problemas sociais. Próximo a eles está o estádio do Castelão, que recebeu a visita da seleção brasileira no segundo jogo da Copa do Mundo, o que apenas ressaltou as diferenças entre a riqueza do mundial e as dificuldades do povo de Cariri.”

Com certeza a reportagem não foi nada da expectativa criada pelo Garoto Beleza João Alves, pois se esperava a belas histórias esportivas, principalmente a entrevista do atleta Zezinho Batista e os investimentos nos equipamentos esportivos nos últimos anos.


A análise é de Raimundo Soares Filho e foi publicado originalmente no Blog de Altaneira

Qual é a graça?: Professor faz lista com 360 termos racistas


O professor de biologia Luiz Henrique Rosa – da Escola Municipal Herbert Moses, no Jardim América, Zona Norte do Rio –, incomodado com a quantidade de palavras preconceituosas utilizadas por seus alunos, pediu para que cada um deles fizesse uma lista de todos os termos pejorativos que eles usavam. O resultado foi uma lista com mais de 600 palavras, sendo 360 delas de cunho racista. Segundo o professor, que consultou 11 turmas com média de 40 alunos cada, a maior parte dos estudantes da escola é afrodescendente.

"Eles colocaram no papel vários apelidos e eu fui sistematizar as palavras que eles escreveram. Só quando botei no papel é que tive a noção da quantidade de termos racistas que eles usavam", diz. "O mais comum entre os alunos era 'macaco', em seguida aparecem termos relacionados à inferioridade intelectual, aos traços físicos e comportamentais, como 'cabelo duro' e 'negro safado'", explicou Rosa em reportagem para o UOL.

Após o levantamento o professor e os alunos montaram um painel com todas as expressões, para discutir em sala de aula o uso dos termos racistas. Dessa experiência surgiu, no fim de 2009, o projeto "Qual é a graça", que visa também ensinar sobre escravidão no Brasil, a Revolta das Vassouras (uma rebelião de escravos ocorrida em 1838) e o seu principal protagonista, Manuel Congo, até então um desconhecido dos alunos.

O projeto "Qual é a graça" transformou o quintal da escola em uma homenagem aos 200 escravos que pertenciam ao mesmo dono de Congo – que morreu enforcado na cidade de Vassouras (RJ) durante a rebelião dos negros. Os nomes dos personagens da revolta foram gravados em pequenos pedaços de mármore, e cada um deles foi "apadrinhado" por um aluno. Há outras 40 pedras com a inscrição "Deus sabe o nome", em referência aos escravos não identificados.

"Também criamos o 'canteiro navio', onde os alunos plantam e acompanham as espécies por 60 ou 90 dias, que era o tempo que dois navios negreiros demoravam para chegar ao Brasil e em que os escravos permaneciam acorrentados", diz o professor. O jardim, antes abandonado, tem hoje mais de 300 espécies vegetais e é visitado por 20 espécies de borboletas. 

Há plantas relacionadas à história, como a pau-brasil, e à literatura, como a laranja-lima. Após mais de quatro anos de projeto, o professor diz que o resultado é perceptível na comunidade escolar: houve redução do bullying e das brigas entre alunos. "'O Qual é a graça' vai além da questão racial, busca o bom convívio e o combate ao preconceito de todas as formas", afirma Rosa.

O projeto "Qual é a graça" atende à lei 10.639/03, que trata da inclusão do ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo escolar.

Professor carioca cria projeto interdisciplinar contra o preconceito racial

        



Via Brasil247

Levante Popular da Juventude lança nota de Repúdio ao programa Casos de Família do SBT


No dia 16 de junho deste ano, no programa Casos de Família, exibido pela Rede de Televisão SBT (Sistema Brasileiro de Televisão.), sob o comando da apresentadora Christina Rocha, foi montado um palco para que homens que agridem mulheres falassem abertamente que “mulher que não gosta de apanhar, e tem que se comportar”.

Na chamada do programa, a pergunta inicial é: “As mulheres devem suportar tudo por amor?”. Em nenhum momento se questiona qual é a responsabilidade dos homens nessas agressões; pelo contrário, naturaliza-se o tema como problema das mulheres, sugerindo que tudo é questão de haver mulheres que se submetem a violência.

Não bastasse o absurdo de culpabilizar a mulher pela agressões, os homens convidados assumiram que batiam nas mulheres e ninguém, nem a apresentadora, nem os produtores e platéia, denunciaram os casos de agressão.

Já não basta todas as propagandas que nos objetificam e de novelas que exibem estupros inadequados para a faixa etária indicativa da programação, ainda sobra espaço para programas sensacionalistas que promovem o famoso “barraco” na tentativa desesperada de ganhar audiência?

Nós mulheres exigimos um ação efetiva do Ministério Público e da Procuradoria das Mulheres para que os agressores sejam punidos, as vitimas protegidas e o SBT faça uma retratação pública.

Além disso, convocamos todas as mulheres e todos os mulheres a ligarem para o 180 e denunciarem esses cara pela agressões que cometeram a essas mulheres, afinal, por causa das atualizações feitas na Lei Maria da Penha, hoje qualquer pessoa pode denunciar a violência doméstica e a causa não depende mais da vontade da mulher agredida para correr na justiça.

A nota foi publicada pela página Levante Popular da Juventude



Internet, redes sociais, curtidas, comentários, comunicação e falsos moralistas


Estamos a um só tempo conectado. Há quem passe o dia inteiro navegando. Pesquisando, estudando, trabalhando e até praticando o ócio. O mundo da tecnologia propiciou e propicia essa diversidade, essa variedade de ações a se fazer cotidianamente. Mas, com ela veio, ou melhor, foram incorporado ações e atitudes que antes só víamos nas ruas, nos bares, nas calçadas de casas e estabelecimentos comerciais (demagogias, falsos moralistas e rivalidades política-partidária. Esta última longe de fomentar um dialogo). Ao contrário, protagonizam a cultura do eu, o desenvolvimento do falar para o meu grupo. Longe ainda de protagonizar a arte democrática, do respeito ao outro, a opinião do outro.

Some-se a isso o fato de que vira e mexe aparecem os “brincantes” da comunicação. Aqueles que não conhecem sequer o bom senso. Que fazem delas a arte do informar somente quando vai atingir ou reforçar seu ego e do “seu grupo”, não se importante com o zelo de que deve ter um bom comunicador – o respeito pelo leitor e, principalmente, por aqueles que por n razões pensam diferente. Muitos pensam que comunicar, informar é ter como norte e foco principal o (a) gestor (a). Outros ainda têm a audácia de pensar que ela é feita tão somente quando surge fatos que coloque em xeque uma administração e outros ainda (os brincantes e os aprendizes que não querem aprender) pensam que não necessita dar satisfação. 

É ainda aqui, proporcionado inclusive por essa “pedagogia do meu grupo” – ciclo de pessoas que partilham das mesmas ideias, a grande maioria delas ligadas ao polo político - que testemunhamos as curtidas, os comentários e, quando muito, os compartilhamentos – para nos expressar na linguagem facebookiana. Essas chegam até a nos deixar desnorteados. Por exemplo, se um personagem ligado a elite dominante atualizar seus status afirmando que (sei lá – risos) está prestes a tomar banho em poucos minutos iremos perceber várias curtidas e comentários (nem que seja simplesmente para um “kkkk”). No contraponto, se qualquer outro cidadão escrever algo mais sério não irá ter a mesma atenção.

Na mesma linha de raciocínio temos (e em grande número) os curtidores e compartilhadores daqueles que ocupam cargos do alto escalão. Mais notável ainda é quando uma pessoa simples atualiza o status e não há curtidas, nem comentários. Porém, se alguém do centro do poder compartilhar esse status antes ignorado, haverá curtidas pelos que ignoraram.

Finalmente, mas não menos importante, devemos afirmar que há um reforço, com as redes sociais de falsos moralistas, de demagogos, da “pedagogia do meu grupo” e uma volta da política dos “olhos e ouvidos do rei”, o que chamamos carinhosamente de “os corujas das redes sociais".

Personalidades ligadas à cultura altaneirense recebem visitas do Canal ESPN


Equipe do ESPN entrevista populares. Foto: João Alves.
O município de Altaneira foi palco na tarde desta terça-feira, 17/06, de vistas da equipe de reportagem do Canal ESPN.  Não se tem informações de o que ou quem os motivou a realizar as gravações nessa localidade para as suas programações cotidianas, muito menos os nomes dos integrantes do veículo de comunicação.

De acordo com informações e fotografias divulgadas pelo servidor municipal João Alves várias personalidades ligadas à cultura altaneirense foram alvos de entrevistas. Além delas, o prefeito Delvamberto Soares (Pros), o pároco Alberto e populares também estiveram no foco das lentes e das gravações do ESPN.

Artesã Dona Odízia  recebe no seu ambiente de trabalho
a equipe do canal ESPN
A Fundação Educativa e Cultural ARCA, a partir das ações desenvolvidas esteve representada nessa oportunidade com projetos musicais. Assim como a Artesã dona Odízia e o jogador de futebol Zezinho Batista.

Durante sua estada no município a equipe conversou também com Antonio Pereira e Socorrinha Lima, servidores da Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo que ainda encontra-se sem titular. Ainda segundo informações de João Alves o conteúdo das entrevistas será exibido durante a programação do canal nesta quarta-feira, 18/06, a partir das 22 (vinte e duas) horas.

Confira outras fotos do momento








Metade dos alunos da rede privada tem desempenho igual àqueles que vêm de escolas públicas*


Por que fazer o Ensino Médio em uma escola particular? Se a resposta for obter aprendizagem suficiente para passar em vestibulares, grande parte das famílias pagantes  desperdiçou o alto investimento financeiro. A conclusão é de um estudo das notas médias das instituições no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012, feito pelo pesquisador Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP. A análise revela que metade dos alunos da rede privada têm desempenho equivalente àqueles que vêm da rede estadual de ensino.

Segundo o levantamento, 98% dos alunos da rede pública de todo o Brasil alcançaram até 560 pontos – a média foi de 479,4. Já entre as instituições particulares, 52% dos alunos atingiram até 560 pontos, e a média foi um pouco maior, de 558,1 pontos.  “Famílias que fazem sacrifícios e pagam mensalidades com o propósito de ver os filhos na faculdade estão sendo enganadas, ao menos nesse ponto”, afirma o autor da pesquisa. A constatação fica mais alarmante quando comparada ao movimento de saída da classe média do ensino público para o privado. Nos últimos cinco anos, com a melhora geral no nível de renda das classes mais baixas, o total de matrículas na Educação Básica da rede pública caiu 3,8 milhões, enquanto cresceu 1,3 milhão na particular. “Muitos vão em busca de base para o Ensino Superior, mas é uma ingenuidade”, conclui Alavarse.

Professor Paulo Robson e alunos da EEM Santa Tereza
da rede estadual de ensino, em Altaneira.
Foto: Blog do Prof. Paulo.
O próprio recorte feito para chegar às notas médias é um claro indicativo de como o propósito dos estudantes de instituições privadas é a faculdade. Foram contabilizadas as escolas brasileiras que tinham mais de 50 alunos no último ano do Ensino Médio e, entre esses, mais da metade tenha prestado o exame. Instituições federais e municipais foram desconsideradas pela participação reduzida. Das 18,5 mil escolas estaduais do Brasil, sobraram apenas 5,9 mil que preenchiam as características buscadas, ou seja, em mais de dois terços a maioria dos alunos sequer faz o Enem. Já entre as 7,8 mil particulares do País, 5 mil tinham o perfil, mostrando que o Ensino Superior – a que o exame é principal canal de acesso – constitui alvo de seus alunos.

Não se trata de igualdade entre as médias das unidades nos dois sistemas. As tabelas construídas pelo pesquisador mostram que há diferenças entre escolas públicas e particulares. Os pontos a mais das instituições pagas, no entanto, não são suficientes para levar seus estudantes à aprovação direta, por exemplo, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que distribui vagas nas universidades federais por meio das notas do Enem. Equivale a dizer que, embora com notas diferentes, 98% das estaduais e 52% das privadas ficariam com vermelho na avaliação e seriam reprovadas.

O caso das públicas é dramático, mas não é novidade”, afirma Alavarse. Na curva de distribuição das médias das escolas, o que chama mais a atenção é que 16% teriam 449 pontos, se a média de seus alunos fosse a nota da escola. Com isso, não conseguiriam sequer uma certificação de conclusão do Ensino Médio, documento dado a quem não cursou a etapa de ensino, mas faz a prova e obtém acima de 450 pontos. “Se o exame fosse aplicado à escola, esse porcentual não teria direito a diploma”, lamenta.

As escolas estaduais que ultrapassam essa pontuação não vão longe. Se for considerado o estágio de 460 pontos, o total acumulado de escolas vai a 27,9%. “Com uma margem de erro mínima, cerca de um quarto oferece ensino abaixo do que o País estabelece como exigência para se considerar que a pessoa tem o Ensino Médio”, afirma Alavarse. Raras particulares têm essa média. As instituições privadas com notas de até 460 pontos são apenas 0,8% do total.

Chance no vestibular

O patamar em que as duas redes se veem juntas é o que seria exigido nos processos seletivos para curso superior. No Sisu, os cursos mais concorridos exigem acima de 700 pontos no Enem. O pesquisador usou como pontuação mínima para ter chances em carreiras menos disputadas o recorte de 560 pontos. É esse o recorte que deixa de fora 98% das públicas e 52% das particulares pesquisadas. “Estamos falando de uma média para tentar vagas menos concorridas. Se formos falar em carreiras e universidades muito seletivas, apenas aqueles colégios top, inacessíveis para a classe média, dão chance”, avalia.

O estudo de Alavarse foi elaborado para uma apresentação no Conselho Municipal de Educação de São Paulo e ainda não está disponível para consulta na internet. Diante das conclusões, ele e outros colegas do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliações Educacionais, do qual é coordenador na USP, estão debruçados sobre os dados por alunos, para refinar a média por escola. “Isso aprofunda a análise, mas posso adiantar que os resultados seguem na mesma direção.”

Rodrigo Travitzki, integrante do grupo, desenvolveu tese de doutorado sobre os limites do Enem como indicador de qualidade escolar. Uma das constatações é de que pelo menos 75% da média da escola explica-se pela renda familiar e escolaridade dos pais. De acordo com ele, sem levar em consideração o contexto socioeconômico, há uma diferença relativamente grande entre as médias das notas de instituições estaduais e privadas no exame, de 91 pontos. Porém, quando se retira a influência do fator socioeconômico, apenas 26 pontos as separam. “Isso significa que a diferença entre os dois tipos de escola é pelo menos três vezes menor do que se imagina”, afirma.

Para Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a consciência de que boa parte da rede particular não garante ensino de qualidade poderia fazer com que mais pais participassem da busca por melhor educação. “O nosso problema é estrutural, muitos professores são os mesmos nos dois sistemas. Mostrar as carências só na escola pública reduz o debate e fortalece a privatização”, afirma.

O professor Alavarse reconhece, no entanto, que o vestibular não é o único motivo pelo qual famílias escolhem comprar um serviço que está disponível a todos por financiamento público. “Muitos o fazem pelas relações que seus filhos vão ter para a vida ou em busca de segurança e, provavelmente, eles têm alguma razão”, diz.

Uma pesquisa do Ibope Inteligência realizada com pais que tinham filhos em instituições particulares em São Paulo, Distrito Federal, Aracaju, Salvador, Curitiba e Porto Alegre, em 2010, apontou quais são as principais preocupações das famílias com crianças e adolescentes em instituições particulares. Quando perguntados sobre o que levavam em conta, o item mais lembrado, por 84% dos entrevistados, foi “segurança”. “Qualidade de ensino” veio depois, com 81%. Na sequência do que mais importa apareceram “disciplina”, com 74%, e “amizades”, citadas por 56% dos pesquisados.

A advogada Tatiana Panno Lombardi, moradora de Cajamar, na Grande São Paulo, tem um filho de 15 anos matriculado no Ensino Médio em escola particular do município. O resultado do estudo  não a surpreendeu. “Sei que não vai dar para entrar em uma boa universidade só com o Ensino Médio que ele faz, e a gente já imagina que vai pagar cursinho. Mesmo assim, jamais colocaria meus filhos em escola pública”, afirma.

Ela admite que não conhece as instituições da cidade, mas julga que “são péssimas” pelo o  que acompanha na mídia. “É um preconceito, sim, mas, pelo que observamos em termos de notas baixas, greve, falta de professores, violência e drogas, eu não arriscaria.” Atualmente, Tatiana gasta cerca de 750 reais por mês entre mensalidade e lanche com o filho adolescente. A caçula, de 2 anos, também estuda em instituição particular. “Parte importante do nosso orçamento vai para Educação.”

Pais que investem na educação dos filhos fazem falta no ensino público – não só porque poderiam contribuir financeiramente com as escolas. Um estudo do cientista político norte-americano Robert Dahl, morto este ano, mostrou que a saída de famílias mais educadas da rede pública piora as perspectivas das crianças que ficam. A partir de um exemplo de New Haven, em Connecticut, ele explica que essas pessoas teriam mais condições de exigir padrões de qualidade, mas se preocupam menos com a educação pública e mais com as unidades que frequentam. Pior: podem se opor a maiores investimentos em Educação já que são taxadas duplamente pelo serviço.

Alavarse é contrário a campanhas contra a saída da classe média da escola pública: “Não tem de ser boa porque é frequentada por um dado segmento, tem de ser boa e pronto”. Ainda assim, diz, poderia haver equilíbrio entre os resultados, se o contexto socioeconômico fosse equivalente. “A particular se sai melhor porque recebe alunos melhores.”

Para Travitzki, um dos pontos importantes do estudo é mostrar essa proximidade. “Apesar das dificuldades conhecidas na escola pública, bons trabalhos são feitos. Se não reconhecermos isso, podemos entrar num caminho perigoso, promovendo o sucateamento da rede e estimulando a privatização gradual da educação, travestida de busca por qualidade”, afirma. Ilusão que, em 52% dos casos, não resiste ao Enem.

A análise é fruto da pesquisa feita por Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP e foi publicada originalmente no Carta na Escola