Sobre bananas e ódio


O futebol, como todos os demais esportes de caráter popular e massivo depois do início do século XX, foi alvo, e palco, de manifestações racistas. Nos primeiros tempos, na época da fundação dos grandes clubes e associações (ainda no final do século XIX), eram as elites que dominavam as instituições esportivas, que mantinham um férreo controle sobre o mundo dos esportes, considerado um privilégio – o ócio – das classes superiores. Na Inglaterra, ou no Brasil, as associações e ligas de futebol impunham regras que excluíam pobres e estrangeiros – das áreas coloniais na Inglaterra, é claro – e negros e pardos – no caso do Brasil – da participação efetiva nos esportes. Regras que impunham o “desinteresse” e o “amadorismo” aos esportistas, quer dizer, não poderiam ter remuneração de qualquer dito, afastava todos aqueles que não tinham rendas elevadas da prática regular de esportes.

Daniel Alves, lateral do Barcelona, foi alvo recentemente de Racismo.
No dizer de Peter Gay, um historiador que se debruçou sobre a chamada “Era Vitoriana”, as elites das “public school” (escolas das classes superiores inglesas) não queriam seus filhos sofrendo caneladas de operários, caixeiros, ou taverneiros. Assim, durante sua época “heroica”, o futebol foi placo de um amplo espaço de exclusão e discriminação social. Ao mesmo tempo, outras modalidades esportivas, como tênis, hipismo, iatismo, críquete e polo eram considerados esportes mais nobres, menos “suados” e que evitavam as “paixões” das multidões.

No entanto, a força do próprio futebol, sua capacidade de empolgação e seu caráter democrático – afinal todos podem jogar futebol, posto que o “equipamento” (ao contrário do polo, do críquete, do iatismo, por exemplo) é mínimo e barato, e tudo pode ser uma bola e uma baliza – acabou por se impor como um esporte de multidões.

As ligas e associações britânicas procuraram, ainda, ter o cuidado de separar os filhos de sua aristocracia da massa de trabalhadores, providenciando campos e equipes que não deveriam ser frequentadas indiscriminada ou mutuamente, originando equipes elitistas e outras, excluídas, de caráter “popular”. Os trajes e o comportamento do público eram vigiados e serviam como elemento de “separação”, além da criação de camarotes e lugares “VIPs” para as elites no interior dos estádios. Contudo, desde cedo, os clubes de futebol “operários”, como foi o caso Arsenal, acabaram conquistando os corações e a fidelidade das massas de esportistas ingleses, rompendo com a pretensa hegemonia aristocrata nos esportes. Desde sua origem, obra de um grupo de trabalhadores da “Woolwich Arsenal Armament Factory”, que decidiram ter seu próprio time em 1886, o Arsenal pode facilmemnte superar as agremiações da elite universitária das grandes “school” e, em seguida, superar o criquete, o pólo e o hoipismo como um esporte de massas.

Na Alemanha, onde o futebol tornou-se popular desde o final da Grande Guerra, superando os esportes de tipo ginástica coletiva, as associações tentaram afastar estrangeiros e trabalhadores dos gramados oficiais (inclusive os católicos), o que ocasionou uma longa disputa, em especial em torno de uma equipe de jogadores do Schalke 04, que nos anos de 1920, colocou em campo um time de trabalhadores ( eram mineiros ) e com alguns jogadores de origens polonesa e católica, chocando a elite “ariana” das ligas esportivas alemã. Contudo, a firmeza do Schalke 04, o “azulão”, tornou-o, então, o papel de clube socialmente integrador.

Na Alemanha, até 1919, antipatia com o futebol era bastante grande, em particular entre os adeptos do “Turn”, a ginástica coletiva e praticada ao ar livre. Somente o “Turn” era considerado um esporte tipicamente alemão, ligado bem mais ao aperfeiçoamento físico e a disciplina do que a competição (esta seria a noção de “esporte”, competição regrada, tipicamente britânica e contrária a uma “Kultur” germânica). Somente depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a com a morte de milhares de atletas do “Turn” – quase todos voluntários no conflito – que o futebol se generaliza na Alemanha, passando dos campos de rua nas cidades da Renânia para as fábricas. Assim, surgem clubes de feição “operária”, que terão forte oposição e das elites locais, em especial no tocante ao tema do amadorismo – ou seja, o monopólio daqueles que tinham rendas e podiam se dedicar aos esportes “desinteressadamente”.  O Schalke 04 (fundado em 1904, daí o “04”), com uma equipe de jogadores-operários (a maioria mineradores), nos anos ´20 – contemporaneamente ao enfrentamento do Vasco da Gama com a Associação carioca – será punido e desliga da Liga de Futebol por incorporar operários ao time. Na Alemanha como no Brasil a história do futebol é uma história da luta pela inclusão social e pela construção da identidade nacional.

No Brasil, após a experiência notável de Francisco Carregal, o primeiro jogador negro no Brasil, que brilhou entre 1905 e 1910, pelo time do Bangu A. C. – afastado, contudo, dos gramados por insistência da AMEA, a Associação Metropolitana de Esportes Amadores ( uma associação monopolizada então pela elite carioca, com os Guinle à frente ) , coube o Vasco da Gama, no memorável torneio de 1923, trazer negros, pardos e populares para o interior de time de primeira grandeza, mesmo tendo como consequências o rompimento com as instituições dirigentes – divisão essa só sanada com o Jogo da Amizade (América versus Vasco, nos anos de 1930), já sob insistência do Governo de Getúlio Vargas. Destacou-se aí o jogador “Bolão” (que viria a ser treinador do clube, o primeiro negro nesta posição).

Assim, mesmo, em várias equipes, muitas vinculadas a clubes de perfil elitista, o público e, principalmente, o jogador negro (também árbitros) foram, ainda, durante bastante tempo alvo de discriminação, como nas famosas histórias do encobrimento das características étnicas de negros com o uso da “boina” e do “pó de arroz” em pleno gramado, como construiu-se a imagem do Fluminense carioca. Talvez tenha sido o grande jogador “Tesourinha”, já em 1952, no Grêmio, o último grande nome do futebol brasileiro a enfrentar de forma clara as agruras da discriminação racial.

Porém, o preconceito ainda imperou, e atrapalhou, o futebol por bom tempo. O caso clássico foi em 1925, quando o presidente da CBD, Oscar Costa, impediu que jogadores negros ou mestiços fossem escalados para a seleção brasileira que jogaria o Campeonato Sul-Americano em Buenos Aires. Suas razões eram claras: “era necessário preservar a boa imagem do país!”. Venceram os argentinos, em cuja seleção jogava o genial De Los Santos, um herói negro, artilheiro do campeonato!

A popularização do futebol, irresistível depois da popularização do rádio, do jornal da tela (o inesquecível “Canal 100”) e, enfim, com televisão, acabou por tornar o fenômeno esportivo massivo, popular e dar ao mesmo a cara do povo brasileiro: mestiço, empolgado, participativo. Neste sentido, as manifestações de racismo e de má educação, e de ausência de espírito esportivo tornaram-se raras nos nossos estádios até frequentemente. Alguns clubes escolheriam, mesmo, símbolos da negritude, como o “Urubu” flamenguista, como símbolo identitário. Da mesma forma, a Legislação brasileira, desde da Lei Afonso Arinos, de 1951, até a Constituição “cidadã” de 1988, passaram a punir com rigor manifestações racistas, reduzindo a casos esporádicos e, de qualquer forma, chocantes os atos de ofensa racial.

A globalização e a multiplicação de equipes em campos – com clubes jogando em áreas socialmente homogêneas e muitas vezes de mentalidade provinciana -, nos grandes campeonatos nacionais e internacionais, colocando face à face equipes de culturas e tradições diferentes, num momento que o fenômeno de massificação cultural assoma aos meios de comunicação, acentuou, por paradoxo, manifestações de estranheza, inconformismo e, no limite, de ódio étnico e recusa à diferença. A globalização pasteurizadora e, mesmo, a crise econômica mundial depois de 2008 – criando nichos de xenofobia e de desconfiança frente ao diferente e ao estrangeiro até o limite de manifestações fascistas em torcidas como do Lazio ou do Borrusia -  pode, infelizmente, trazer de volta aos nossos estádios – na Itália, Espanha, Inglaterra e também na América do Sul, incluindo o Brasil – manifestações de racismo contra jogadores e juízes, em especial negros e pardos.

Infelizmente, quando os casos começaram a se multiplicar, as associações e federações esportivas, foram lenientes e evasivas. Trataram de tapar o sol com a peneira da miopia. Tal ausência de resposta pronta e direta, incentivou a transformação de manifestações de frustração social e de decepção perante as atuais condições de crise social e desemprego, em ódio racial. Em especial na Europa, em países atingidos por um brutal desemprego (na Espanha cerca de 45% entre os jovens), a força, o sucesso e a boa remuneração de outros jovens, estes jogadores de sucesso e de origens etnicamente diversas, constitui-se em alva de ódio. O combate a este ódio, originado na frustração no atual ambiente de crise, deve ser, claro, enfrentado pela educação e pelo esclarecimento. Mas, tais medidas, de longo prazo, não podem justificar a ausência de uma ação direta das associações, a busca de direitos junto à justiça por parte dos ofendidos.

O racismo é a raiva de uns que causa dor em outros. Assim, além da educação e do uso da lei, importa também, e muito, a corajosa e inteligente reação dos próprios jogadores, negando-se a aceitar a regra do silêncio e do desconhecimento “olímpico” do ódio gratuito. O racismo se responde com educação e ao racista com a força da lei.

A análise é de Francisco Carlos Teixeira, professor da UFRJ e, foi publicado originalmente no Carta Maior

Seduc de Altaneira promove culminância do Projeto Viajando pela Literatura Infantil


A Secretaria da Educação do município de Altaneira, por intermédio da Escola de Ensino Fundamental Joaquim Rufino de Oliveira, promoveu nesta quinta-feira, 08/04, a culminância do Projeto intitulado “Viajando pela Literatura Infantil”, do Eixo do Leitor Paic.

Tendo como propósito estimular no alunado o gosto pela leitura e escrita, o projeto buscou envolver ações de entendimento, formação de opinião, tendo como norte o princípio da formação de estudantes pensantes e participantes.

Entendendo a escola como espaço de produção e socialização do saber, compuseram os objetivos ainda “as dramatizações de parte das obras do escritor Monteiro Lobato” como requisito das leituras em sala por cerca de dois meses, publicou na rede social facebook, a Gerente Municipal do Programa Alfabetização na Idade Certa – PAIC, Micirlândia Soares, inclusive com fotos que ilustram esse artigo. Para tanto, a leitura e comentários de obras junto ao corpo discente é tido como eixo norteador para ajudar no desenvolvimento de leitores críticos.

Participaram da solenidade professores, a direção e a coordenação pedagógica da escola em evidência, núcleos gestores das demais instituições de ensino, o secretário da educação, Deza Soares, alunos e funcionários.

Confira outras fotos do evento














Inscrições para o Enem começam nesta segunda, 12


A edição desta sexta-feira, 09, do Diário Oficial da União trará as regras das provas da edição do Exame Nacional do Ensino Médio – Enem para 2014. As inscrições serão realizadas entre segunda-feira , 12, e o próximo dia 23 no site do exame. As provas serão realizadas nos dias 8 e 9 de novembro. Ciências humanas e ciências da natureza irão compor o primeiro dia no horário das enquanto que 13h às 17h30, enquanto que as provas de linguagens e códigos, matemática e redação, das 13h às 18h30, serão aplicadas no segundo dia.

O pagamento do boleto, no valor de R$ 35, deverá ser efetuado até o dia 28 próximo. A isenção da taxa vale para todos os estudantes de escola pública e para os que comprovarem renda familiar inferior a R$ 1.086.

Estudantes de Altaneira a caminho de Nova Olinda para
prestar o ENEM em 2012.
De acordo com informações do Ministério da Educação - MEC, a expectativa é que se tenha algo em torno de 8,2 milhões de inscrições no Enem, um milhão a mais do que em 2013. O número de alunos que participaram das provas em 2013 foi próximo de 5 milhões.

Ainda segundo o MEC, o edital foi traduzido em libras, a língua brasileira de surdos, e o site do Enem terá uma versão do edital incorporado a um sistema de computação acessível para cegos, chamado Dosvox.

O exame é obrigatório para acesso em instituições de ensino superior públicas e também para estudantes de escolas públicas interessados em bolsas de estudo parciais ou integrais em universidades particulares por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni), bolsas de intercâmbio de graduação pelo Ciência sem Fronteiras e para universitários que querem financiar um curso superior pago por meio do Fies.

Com Rede Brasil Atual

Secult do Ceará divulga atividades relacionadas aos 20 anos sem Moreira Campos na Bienal do Livro


Esta quarta-feira, 7 de maio, marca os 20 anos desde o falecimento de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos: o cearense Moreira Campos. A Secretaria da Cultura do Governo do Estado presta homenagem ao autor e divulga uma série de atividades relacionadas à vida e à obra do grande contista, que serão realizadas na programação da Bienal do Livro do Ceará 2014, marcada para 5 a 14 de dezembro, no Centro de Eventos do Ceará, com realização do Governo do Estado, por meio da Secult e de secretarias e instituições parceiras.

O autor de "Dizem que os cães veem coisas" será o homenageado especial da Bienal, contando com uma série de ações e lançamentos, em sua memória. Começando pela republicação, em dois volumes, da obra completa de Moreira Campos e pelo lançamento de uma obra inédita, "A Gota Delirante". E pela presença de referências a Moreira Campos, a seu tempo e a seus personagens, na ambientação de toda a Bienal. Incluindo uma reprodução do Bosque Moreira Campos, espaço da Universidade Federal do Ceará (UFC), que será recriado cenicamente no Centro de Eventos.

O autor também será celebrado através de uma das mais ricas manifestações da arte e da cultura nordestinas, a literatura de cordel. O renomado cordelista Klévisson Viana produzirá um "romance" especial sobre Moreira Campos, a ser lançado na Bienal do Livro e distribuído para os alunos das escolas da rede estadual de educação.

A Bienal também contará com um grande seminário sobre a obra de Moreira Campos, a construção de seus personagens, as especificidades da tessitura de sua prosa, os recursos de estilo e as várias referências presentes, além da repercussão de seu trabalho, nos planos local, nacional e internacional.

A homenagem a Moreira Campos na Bienal do Livro incluirá ainda duas exposições. "Uma delas será de capas de seus livros, e outra será uma grande exposição de seu acervo e de sua memória", destaca Glícia Gadelha, coordenadora de Ação Cultural da Secult e integrante da comissão de organização da Bienal do Livro 2014. "Haverá ainda exibição de filmes produzidos a partir da obra de Moreira Campos ", destaca Glícia.

Do debate à exposição

O Secretário da Cultura do Governo do Estado, Paulo Mamede, aponta que as atividades especiais em tributo a Moreira Campos e a presença do autor como principal homenageado da Bienal do Livro vão dos debates à difusão, sempre com o objetivo de ressaltar a importância do escritor e de colocar sua obra cada vez mais próxima do público.
"Teremos desde as reflexões e discussões do seminário, que certamente serão muito ricas e contribuirão para novas leituras possíveis da obra de Moreira Campos, até a publicação dos livros e as atividades de abordagem mais direta para um público mais amplo, como as exposições e exibições de filmes", afirma o secretário.

"Além das referências a Moreira Campos no próprio espaço da Bienal, inclusive com o Bosque, que se tornou um espaço importante não só para a Universidade, mas para toda a cidade", enfatiza Paulo Mamede. "Ao mesmo tempo em que teremos autores nacionais e internacionais, integrados em um mesmo evento com os escritores do nosso Estado, todos os cearenses estão convidados a comemorar o centenário de nascimento de Moreira Campos em uma Bienal em que pretendemos garantir um maior acesso popular, uma maior proximidade das pessoas com o livro e a leitura, como caminho para a cidadania cultural", complementa o secretário.

A Bienal 2014

A Bienal do Livro do Ceará 2014 será um evento de grandes dimensões, contemplando diferentes segmentos da cena literária, do infantil ao acadêmico, do juvenil às biografias, dos estreantes aos veteranos, dos livros para públicos mais específicos às publicações de maior apelo e resposta de público. "A ideia é contemplar, com destaque e visibilidade, tanto autores, editoras e livreiros locais quanto nomes e empresas consagrados no cenário nacional, além de escritores internacionais", destaca a secretária adjunta da Secult, Ana Márcia Diógenes.

"Trabalhamos para construir uma Bienal capaz de mobilizar e seduzir diferentes públicos, com variadas interfaces (feira de livros, lançamentos, debates, oficinas, apresentações artísticas), primando pela qualidade. Como objetivo geral, fomentar a cena local, estimular a leitura e aproximar leitores e autores", aponta Ana Márcia.

Outra diretriz da Bienal é a integração com as ações das políticas de educação e de livro e leitura do Ceará, com a presença de estudantes e professores das escolas da rede estadual, de representantes da rede estadual de bibliotecas, a participação dos agentes de Leitura e ações para visibilidade a livros de autores cearenses, publicados com apoio da Secretaria da Cultura através dos editais do Mecenato e de Incentivo às Artes.

Via Secult Ceará

Cinco dos indicados para a CPI da Petrobras enfrentam investigações no STF


Dos dez senadores indicados, até agora, pela base governista para a CPI da Petrobras no Senado, cinco têm pendências no Supremo Tribunal Federal (STF). São alvos de investigações ou ações penais, segundo levantamento do Congresso em Foco. Os nomes dos parlamentares que poderão integrar a comissão, com o objetivo de apurar supostas irregularidades na estatal, foram anunciados na terça-feira (6). Ainda não foram indicados membros pela oposição e nem para a CPI mista.
Cotado para presidir CPI, Vital é investigado por supostos
crimes eleitorais.

Principal aliado do Planalto, o PMDB indicou o senador Vital do Rêgo (PB) para presidir a CPI. Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), ele responde ao inquérito 3506 por suspeita de crimes eleitorais.

Valdir Raupp (PMDB-RO), Acir Gurgacz (PDT-RO), Gim Argello (PTB-DF), Ciro Nogueira (PP-PI), João Alberto de Souza (PMDB-MA), José Pimentel (PT-CE), Aníbal Diniz (PT-AC), Humberto Costa (PT-PE) e Antonio Carlos Rodrigues (PR-CE) também foram indicados como membros titulares da CPI, ainda não instalada.

Raupp responde a quatro ações penais (358, 383, 554 e 577) por peculato, crimes contra o sistema financeiro nacional e crimes eleitorais. No inquérito 2442, é investigado por supostos crimes contra a administração em geral.

Gurgacz é alvo dos inquéritos 3689 e 3348, instaurados para apurar a ocorrência de crimes de responsabilidade e previstos na lei de licitações.

Recentemente indicado para o Tribunal de Contas da União (TCU), Gim Argello desistiu da candidatura ao posto de ministro porque foi pressionado por servidores e até pela presidência do órgão, que defenderam que o ocupante do cargo precisa ter reputação ilibada e idoneidade moral. O petebista, além de já ter sido condenado em primeira e segunda instâncias pela Justiça do Distrito Federal, responde a seis inquéritos (3059, 3570, 3592, 2724, 3723 e 3746) no STF por crimes como apropriação indébita, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva e ativa e crimes eleitorais e da lei de licitações.

No STF, há ainda uma investigação (5020) em andamento contra Ciro Nogueira para apuração de crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. O Congresso em Foco contatou as assessorias dos cinco parlamentares que têm pendências no Supremo. Apenas a assessoria de Valdir Raupp retornou. Disse que ele não comenta pendências judiciais. O site ainda aguarda os esclarecimentos dos outros senadores.

Lista de parlamentares com processos

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), convocou para esta quarta-feira (7), a partir das 20 horas, uma sessão do Congresso para definição sobre a CPI mista. A oposição insiste que seja instalada uma comissão com deputados e senadores e não apenas no Senado. Os governistas defendem que apenas a CPI do Senado investigue a estatal porque considera que tem maiores chances de controlar as atividades.

Via Congresso em Foco

As estratégias de Dilma, Campos e Aécio



Dilma Rousseff

Em nenhum momento, o governo Dilma Rousseff abandonou as políticas sociais. Pelo contrário, aprofundou-as com o Brasil Sorridente, a manutenção da política de reajustes do salário mínimo e isenções da folha que permitiram a ampliação do mercado de trabalho formal.
Seu problema é a postura política em relação aos movimentos sociais (e não só em relação a eles) e aos sindicatos. Sempre os viu de cima para baixo, ela como um poder concedente, não como uma igual, lembrando muito mais a postura de um Getúlio Vargas do que de um Lula.

Dilma sempre se viu como a defensora dos excluídos, dos setores não organizados – o que é uma característica positiva extraordinária.

Os desassistidos não têm quem os defenda, por vulneráveis são pouco exigentes e, também, extremamente reconhecidos a quem os ajuda.

Já os movimentos organizados são petulantes.

Experimente quebrar lanças em favor de determinado movimento social – ou sindical. Ao final do processo, as lideranças dirão que tudo foi possível devido à sua própria pressão política. Políticos sensíveis à causa jamais concedem; são “obrigados a ceder” graças ao espírito de luta das lideranças do movimento.

É irritante, sim, mas essa petulância é um importante sinal de autoafirmação, daqueles recém chegados ao jogo político. É necessário paciência e maturidade para tratar com eles e acompanha-los em seu processo de amadurecimento, entender e aceitar o jogo político das lideranças.

Dilma não parece ter paciência para esse jogo.

Esse é o busílis da questão, o ponto central de desgaste do estilo Dilma em relação a quase todos os setores organizados da sociedade, de movimentos sociais a empresariais.

No atual estágio de desenvolvimento social brasileiro, há pouco espaço para o estilo concedente de Getúlio. O governante tem que se comportar como o líder articulando forças, tratando as lideranças da sociedade como iguais, sem impor soluções.

Em seu período de governo, Dilma procurou a aliança com os chamados setores produtivos da economia, geradores de emprego e desenvolvimento. Mesmo com todas as políticas em relação ao setor, com a ampliação do crédito público, das compras governamentais, das isenções tributárias, Dilma perdeu a batalha tanto junto ao mercado financeiro como ao empresarial em geral– devido ao seu estilo centralizador.

Com seu discurso de ontem, jogou a toalha em relação à conquista do público empresarial e passou a apostar as fichas nos segmentos populares.

Mas atuou com o mesmo estilo com que contemplou setores industriais: do alto do seu poder de presidente, concedeu aos trabalhadores e miseráveis a correção da tabela do Imposto de Renda, o reajuste do Bolsa Família e a manutenção da política de reajustes do salario mínimo. E tudo isso acompanhado de mudanças radicais na retórica.

Essas mudanças de retórica exigem uma estratégia cautelosa de transição que não foi seguida, para não passar a ideia de oportunismo em um momento crítico da sua candidatura

O discurso tem a vantagem de mostrar que Dilma não está inerte. Rompido o imobilismo, é possível que corrija as vulnerabilidades centrais, a teimosia encruada. Mas, para isso, terá que avançar muito além da retórica e cortar na própria carne –na parte central de seu temperamento e estilo de governar.

A reconstrução da credibilidade passa por mudanças ministeriais, para um Ministério de primeira grandeza, por mudanças no estilo autocrático de gestão, pela criação de instâncias de participação da sociedade dotadas de capacidade efetiva de influir em políticas públicas. E pela capacidade de tratar a chamada sociedade civil organizada – de movimentos sociais a empresariais – como um igual.

Eduardo Campos

Já Eduardo Campos está preso a dilemas complexos.

Sua estratégia inicial era se apresentar como um continuador melhorado do governo Lula. Para ganhar massa eleitoral, no entanto, teve que juntar seus ideólogos nacionalistas aos formuladores mercadistas e antidesenvolvimentistas de Marina Silva.

O discurso popular ficou comprometido e ele passou a dedicar todos os esforços para conquistar o público empresarial.

Não avançou muito. A esta altura, parece claro que os grupos de mídia e os maiores grupos empresariais paulistas fecharam com Aécio Neves.

Campos tem o apoio da ala influente, mas restrita, ligada ao Banco Itaú, e dos apreciadores de seu estilo de gestão, nada muito além disso. Sua última cartada será a mudança física para São Paulo, para um corpo a corpo com o mundo empresarial.

Para conquistar espaço junto a esse público, cometeu a impropriedade, ontem, de prometer uma meta de inflação de 3%, que, se fosse viabilizada, jogaria o país em uma recessão considerável e acabaria com a conquista do pleno emprego.

Foi uma mudança de retórica tão radical quanto a de Dilma. E, por radical, deverá provocar mais desconfianças do que adesões.

Aécio Neves

Conseguiu fechar acordo com a mídia. Tem apoio do mercado financeiro, dos grupos empresariais paulistas e conseguiu a adesão do ainda influente grupo de financistas de Fernando Henrique Cardoso.

Isolou José Serra trazendo para sua campanha alguns dos principais serristas, como Aloysio Nunes, Alberto Goldmann e o inacreditável Andréa Matarazzo – para cuidar das finanças (!).

Serra tentou uma rabeira no bonde através de balão de ensaio empinado pela colunista Sonia Racy – de que FHC estaria bancando sua candidatura para vice de Aécio. É mais fácil a torcida do Atlético torcer para o Cruzeiro do que consumar-se essa dobradinha.

Nos próximos meses, os grupos de mídia concederão a Aécio algo que sempre foi sonegado quando era adversário de Serra: visibilidade para o modelo mineiro de gestão.

Em 2010, os jornais preferiam falar dos problemas de contabilização de gastos de saúde do que nos avanços ocorridos em alguns setores. Hoje em dia, tecem loas aos avanços na educação.

Aécio terá que enfrentar desafios muito maiores.

Não dispõe de nenhuma proposta efetivamente popular e de nenhum plano para o futuro. Mostra o futuro acenando com o passado do governo Fernando Henrique Cardoso.

No plano econômico, limita-se ao financismo estéril da política monetária – que, em qualquer plano de governo, deveria ser apenas um apêndice, não o ponto central.

Na sua luta com Campos – para passar para o segundo turno – irá aprofundar os ataques a Dilma e a levantar a bandeira do moralismo, auxiliado pela onda denuncista dos grupos de mídia.
Serão as eleições mais vazias de ideias das últimas décadas.

Não haverá nem o tempero de José Serra. Com Serra na parada, pelo menos havia uma bandeira civilizatória em jogo: a soma das mentes democráticas contra aquele que passou a simbolizar as forças mais obscurantistas, totalitárias e inescrupulosas do país.

O nebuloso 2015

Os próximos anos não serão de bonança. Não há mais espaço fiscal para benesses, há o aprofundamento dos déficits externos e a necessidade de corrigir preços represados.
Mais que isso. Por obra dos grupos de mídia, mas muito como consequência dos tempos atuais, se aprofundará o descrédito nas instituições e a sensação de que tudo é corrupção.

Os três candidatos inspiram muito mais desconfianças do que certezas na maneira de administrar esse novo cenário.

No caso de Dilma, há o desafio de recuperação da credibilidade perdida junto aos agentes econômicos, que certamente piorou com o discurso de ontem. Ganham-se eleições sem seu apoio; mas dificilmente se governa com a credibilidade baixa junto a eles.

Os desafios de Aécio e Campos são maiores.

Ambos conseguiram montar alianças políticas e impor-se em seus respectivos estados em cima de acordos de cúpula. Praticamente liquidaram com a oposição, enquadraram as respectivas Assembleias Legislativas e a mídia estadual.

Governar um estado – mesmo um estado complexo como São Paulo – é tarefa facílima para um governador. Até Geraldo Alckmin consegue.

Já o jogo político nacional é muitíssimo mais complexo.

A eleição de qualquer um deles significaria um pesado desafio de montagem das novas alianças, de preenchimento dos cargos na máquina pública e, principalmente, de administração política dos conflitos sociais. E, qualquer um que seja eleito, terá de carregar o pesadíssimo fardo da subordinação ao poder reconstituído dos grupos de mídia em um momento em que as redes sociais atrapalharão o atendimento das demandas midiáticas e de aliados.

Aécio acumulou mais experiência nacional com a presidência da Câmara e do PSDB, mas restrita aos acordos de cúpula. Campos restringiu-se ao nordeste.

Lula, com mais facilidade, Dilma com menos, conseguiram estabelecer diálogos com movimentos sociais e permitiram avanços em várias áreas ligadas à inclusão. A panela de pressão não explodiu – inclusive porque as condições da economia facilitaram.

Seja qual for o resultado das eleições, 2015 será ano de muitas emoções.

Até agora, nenhum dos três candidatos conseguiu construir sua utopia para apresentar em forma de plano de governo.

A análise é do Luis Nassif e foi publicado originalmente no Pragmatismo Político

Prazo para eleitor tirar seu 1º título termina nesta quarta, 07


O prazo para o eleitor tirar o título pela primeira vez ou pedir a transferência do documento para outro domicílio eleitoral termina na próxima quarta-feira (7). O prazo também vale para pessoas com deficiência que querem pedir transferência para seções adaptadas e para quem não fez o recadastramento biométrico, nas cidades onde os eleitores foram convocados pela Justiça Eleitoral. O primeiro turno das eleições será no dia 5 de outubro.

O prazo também vale para pessoas com deficiência que
querem pedir transferência para seções adaptadas.
Foto: Arquivo/Agência Brasil
Para resolver as pendências, basta procurar o cartório eleitoral mais próximo. Para quem vai tirar o título pela primeira vez, é preciso levar documento oficial com foto, comprovante de residência e certificado de quitação do serviço militar, no caso dos homens maiores de 18 anos.

Para transferir o domicílio, o eleitor deve apresentar documento oficial de identificação com foto, o título de eleitor e um comprovante de residência. Algumas regras também devem ser observadas, como não ter pendências com a Justiça Eleitoral, morar no endereço atual há mais de três meses, ter tirado o primeiro título ou ter feito a última transferência do documento há pelo menos um ano.


Com Agência Brasil/Portal Vermelho